Candidatura de José Dirceu deve tirar votos de outros deputados de esquerda

Dirceu no ato de 1º de Maio: preocupação com PT no interior

Dirceu fez campanha no ato público do Primeiro de Maio

Samuel Lima e Matheus de Souza
O Globo

Ministro da Casa Civil no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Dirceu não assumiu publicamente, mas quer retornar à Câmara dos Deputados em 2027, de onde está afastado há 20 anos, cassado por conta do mensalão. A candidatura conta com o incentivo do próprio Lula, mas desperta dúvidas entre petistas.

Além de dar munição a opositores pela imagem relacionada às condenações, ponderam alguns, há o diagnóstico em parte do partido de que a postulação seria mais uma reverência interna do que uma estratégia eleitoral eficaz, porque falaria a um nicho ideológico, mas sem trazer mais votos para o partido.

DISPUTA INTERNA – Dirceu, que foi deputado federal de 1999 a 2005, disputaria eleitores contra seus próprios correligionários. Sobretudo os que, como ele, têm uma base mais dispersa no território paulista.

Um parlamentar do PT menciona, sob condição de anonimato, o risco de o ex-ministro afetar candidaturas como a do deputado federal Rui Falcão, que aceitou a briga pela presidência do PT contra Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP), o nome preferido de Lula.

Oriundo do movimento estudantil na ditadura, como Dirceu, e uma das lideranças do partido na década de 1980, Falcão já exerceu a presidência do partido por seis anos e foi um dos responsáveis por trazer de volta à legenda Marta Suplicy, além de indicá-la como vice na chapa derrotada de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela prefeitura de São Paulo no ano passado.

EXERCER O DIREITO – Falcão diz que a candidatura do ex-ministro não causa desconforto na bancada federal e que ele pode exercer o “direito de ir às urnas”. Dirceu não atendeu aos pedidos de entrevista.

Na bancada paulista do PT, políticos como Alencar Santana, de Guarulhos (SP), Luiz Marinho, atual ministro do Trabalho, e Kiko Celeguim, ex-prefeito de Franco da Rocha (SP), apresentam um voto mais regionalizado, em tese mais imune ao apelo do “comandante”, como Dirceu é conhecido.

Já Arlindo Chinaglia, deputado federal de sete mandatos, e Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, têm um mapa de eleitores que se assemelha mais à situação de Falcão e entrariam na disputa direta com José Dirceu.

TEM RESPALDO – Articuladores do partido dizem que Dirceu tem respaldo para buscar a vaga de deputado, o que já foi explicitado por Lula em reunião interna sobre a sucessão da ministra Gleisi Hoffmann no comando do PT.

A justificativa é que ele nunca se afastou da sigla e da construção política ao longo dos anos, continua respeitado e está apto perante à Lei da Ficha Limpa para retornar ao Congresso.

Na comemoração de seus 79 anos ao lado de apoiadores e militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em março, em São Paulo, Dirceu confirmou o pedido de Lula para que , além de trabalhar pela eleição de Edinho à presidência do PT, estudasse a possibilidade de se candidatar a deputado federal.

SENADO INVIÁVEL – Nos bastidores, há quem defenda que Dirceu tente o Senado. Seria uma estratégia arriscada, uma vez que o partido não elege um senador no estado desde 2010, com Marta Suplicy.

Enquanto não há uma decisão formal sobre a candidatura, Dirceu promove encontros com políticos e aliados e busca reorganizar as bases do PT no estado. Em um evento do Prerrogativas, grupo de advogados próximo a Lula liderado por Marco Aurélio de Carvalho, realizado no início de abril na PUC-SP em alusão aos 61 anos do golpe militar, o ex-ministro afirmou que a direita “sabe o que quer”, mas a esquerda não.

Segundo o deputado estadual Mário Maurici (PT), que se encontrou com Dirceu em março, ele está mais preocupado com o partido no interior. Para o ex-ministro, enquanto igrejas evangélicas e movimentos como o Rotary Club, de viés mais conservador, têm grande capilaridade, faltam organizações sociais e alinhadas com a esquerda.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Dirceu e Lula foram grandes amigos. Quando Lula assumiu. em 2003, não sabia fazer nada, quem governava era Dirceu. Com o tempo, Lula foi aprendendo a manha e aproveitou o mensalão para romper com Dirceu, embora depois ficasse lhe devendo um grande favor. Foi Dirceu quem organizou a defesa de Rosemary Noronha, a segunda-dama de Lula, acusada de corrupção. Os dois ex-amigos ficaram muitos anos sem se falar. De lá para cá, só estiveram juntos uma vez. Não se pode dizer que tenham retomado a amizade. É cada um para o seu lado. Eles têm a mesma idade, mas Dirceu já fez diversas plásticas e Lula apenas uma. (C.N.)

11 thoughts on “Candidatura de José Dirceu deve tirar votos de outros deputados de esquerda

    • “….Antigamente, o PT obedecia a Lula, porque sabia que o presidente era mais importante do que o partido. Mas a idade avança, Lula já não diz coisa com coisa, chamou o Macron de Sarcozy, e o partido já está perdendo o respeito, o que é um erro, porque o PT acaba assim que Lula for desta para a melhor, como se dizia outrora. (C.N.)….”

      Assim que o Gabirú de Nove Dedois partir desta para pior, direto para a Churrasqueira do Juizo Infernal, para encontrar seus “cumpanheros”, a Seita das Trevas acaba…..”….

      E nossos velhinhos aposentados viverão mais felizes…..

      aquele abraço

  1. já foram o quê?, caro Newton. são carne e unha. jamais estiveram distantes. A nao ser quando estavam em cadeias separadas. Petistas em busca de mais poder, sempre, não se afastam. São dois cretinos dissimulados. Dirceu de volta a cãmara federal é a desgraça politica cada dia mais ampliada. pobre do Estado por onde o patife Dirceu escolher para disputar a câmara. PT fede, cada vez mais.

    • Dirceu de volta a cãmara federal é a desgraça politica cada dia mais ampliada. pobre do Estado por onde o patife Dirceu escolher para disputar a câmara. PT fede, cada vez mais.

      Perfeito…

      Acompanho o relator

  2. Deu no Claudio Humberto.
    Reuniões reservadas no Congresso discutem uma virada histórica no combate à corrupção: responsabilizar os partidos pelos desfalques causados por seus prepostos em órgãos públicos, como no caso do Ministério da Previdência, entregue por Lula (PT) ao PDT “de porteira fechada”. A ideia é bloquear os fundões eleitoral e partidário, sem prejuízo de ações penais, até o ressarcimento total. Para não perder a “galinha dos ovos de ouro”, o PDT ameaçou até romper com Lula, que cedeu e trocou Carlos Lupi por Wolney Queiroz. Seis por meia dúzia.

  3. Se os partidos forem responsabilizados pelos seus membros, o PT vai falir.
    Devolver o que roubaram nestes três governos é impossível.

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