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Enquanto isso, na Ucrânia, nada de novo no front ocidental
Jamil Chade
do UOL
O presidente dos EUA, Donald Trump, acusou nesta terça-feira Israel e Irã de violarem o acordo de cessar-fogo. Segundo a Casa Branca, ele teria ligado do Air Force One, nave que o transportava para a cúpula da OTAN, ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, dando uma mensagem “direta” sobre a necessidade de suspender os ataques.
“O primeiro-ministro entendeu a gravidade da situação e as preocupações expressas pelo presidente Trump”, disse a Casa Branca. Em seguida, Netanyahu anunciou que seu país se abstém “de novos ataques”.
EXPECTATIVAS – “Na ligação, o presidente Trump expressou seu profundo apreço por Israel, dizendo que o país havia alcançado todos os objetivos da guerra. Ele também expressou confiança na estabilidade do cessar-fogo”, disse o comunicado do governo dos EUA.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou que respeitará o acordo de trégua se Israel também o fizer. ”Se o regime sionista não violar o cessar-fogo, o Irã também não o violará”, afirmou durante uma conversa telefônica com o primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, de acordo com o site da presidência.
Fontes diplomáticas confirmaram ao UOL, entretanto, que o status do cessar-fogo “é uma grande incógnita”. A esperança de negociadores é de que as acusações e disparos da madrugada desta segunda-feira sejam apenas um esforço político de ambos os lados para ter “a última palavra” antes de os canhões silenciarem.
TRAGA SEUS PILOTOS – Diante das acusações mútuas entre Israel e Irã, Trump foi às redes sociais e ordenou que Israel parasse os ataques. “Israel, não jogue essas bombas. Se vocês fizerem isso, será uma grande violação. Traga seus pilotos para casa agora”, disse. Minutos depois, o presidente afirmou que Israel não atacaria o Irã. “Todos os aviões vão fazer a volta e ir para casa”, afirmou, reassegurando a validade do cessar-fogo.
Na segunda-feira, para a surpresa da comunidade internacional, Trump afirmou que tanto Israel como o Irã tinham aceitado o acordo e que ele iria entrar em vigor seis horas depois daquela declaração, à meia-noite do horário de Washington.
Os dois países, porém, se mantiveram em silêncio e houve dúvida se o acordo existia de fato. Mas, no horário estabelecido, o governo israelense confirmou que concordou com a proposta, 12 dias após dar início ao conflito militar direto com o Irã.
CONFIRMAÇÃO – “Israel agradece ao presidente Trump e aos EUA por seu apoio na defesa e sua participação na eliminação da ameaça nuclear iraniana”, disse o governo.
“Em vista da realização dos objetivos da operação e em total coordenação com o presidente Trump, Israel concordou com a proposta do presidente para um cessar-fogo bilateral”.
O acordo, porém, foi atingido depois de Israel ter “alcançado todos os objetivos da operação, removendo a dupla ameaça existencial imediata de si mesmo – tanto no campo nuclear quanto no de mísseis balísticos”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Temos uma oportuna e fugaz esperança de paz, até porque Israel e Irã já estavam ficando sem munição. Infelizmente, porém, seguem os ataques em Gaza, porque Israel não recua do sonho da usurpação de todo aquele litoral. E neste eterno mundo cão, nada de novo no front ocidental. (C.N.)
Na política e na guerra é preciso prestar atenção
No bombardeio americano no Irã em conflito com Israel, Trump não mencionou uma vez sequer o nome de Netanyhau que, apequenado no episódio, ficou sem crédito na história.
Trump, assim como o ex-mito, seu fã, nunca foi de ‘colocar azeitona na empada’ de ninguém.
Nem é preciso perder tempo com o que ele diz, mas se deve ficar atento ao que ele faz.
E a guerra que continua aqui nesse governo do molusco, o crime organizado tomou conta e o governo o protege
“porque Israel não recua do sonho da usurpação de todo aquele litoral”
Esse sonho de usurpação não existe. Israel tinha o domínio de Gaza, devolveu todo aquele litoral aos “palestinos” e começou a ser bomdardeado diariamente.
Parece que o Trump anunciou um cessar fogo sem conversar com os russos. Resultado: o Irão meteu um míssil em Israel e vitimou dezenas de pessoas, Bibi mandou retaliar e Trump ficou à deriva. Após bagunçar os planos nucleares do Irão, o laranjão deveria deixar o Bibi terminar o serviço; dar sobrevida ao regime dos aiatolás é confusão futura na certa.
Quando a pessoa é manipulada, não procura ver os fatos de ambos os lados, passa a ser uma marionete nas mãos de quem detem om poder. Não existe santo na história. Isso você não vai encontrar na mídia ocidental (tem como colocar legenda em portugues no youtube).
https://www.youtube.com/watch?v=Iq6J7Q6L0yw&t=419s
Os ataques dos Estados Unidos ao Irã aumentarão a proliferação de armas nucleares .
Em 21 de junho, os Estados Unidos atacaram três localidades no Irã com a sua imensa força militar. Os alvos foram Fordow, Isfahan e Natanz — três áreas onde o Irã abriga suas instalações de energia nuclear. É importante destacar que as instalações nucleares iranianas são legais e continuam a ser inspecionadas e validadas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O Irã ingressou na AIEA em 1958, pouco depois da criação da agência da ONU. Desde então, tem sido um membro da AIEA e seguido as diretrizes gerais estabelecidas para o uso pacífico da energia nuclear. Apesar da enorme pressão do Norte Global sobre a AIEA para que sancione o Irã, os relatórios da agência têm sido claros: o Irã não violou as regras e não é um Estado detentor de armas nucleares. Além disso, o Irã não ameaçou os Estados Unidos nem atacou o país ou os seus interesses. Simultaneamente, não houve nenhuma resolução do Conselho de Segurança da ONU sob o Capítulo VII da Carta das Nações Unidas que autorizasse os EUA a atacar o Irã. Portanto, os Estados Unidos e Israel violaram o direito internacional ao conduzirem uma guerra de agressão contra o Irã.
O Irã afirmou que não há contaminação nuclear nas áreas das instalações, o que indica que os Estados Unidos não conseguiram penetrar esses centros altamente protegidos. Até agora, parece haver pouco interesse no governo Trump em expandir essa campanha de bombardeios e levar a sua guerra agressiva às cidades do Irã, como fez o governo Bush no Iraque.
Mas não há garantias de que a guerra não se ampliará, indo além dos ataques às instalações de energia nuclear. Se o Irã não se render nas negociações previstas, é bem possível que os Estados Unidos e Israel bombardeiem Teerã, tentem assassinar a liderança iraniana e busquem derrubar o governo.
Tanto os Estados Unidos quanto Israel subestimaram o Irã. A World Values Survey mostra que os iranianos respondem com clareza e em grande número a perguntas que refletem orgulho nacional: 83% disseram que têm orgulho de seu país, e 72% afirmaram que estão prontos para lutar por sua pátria (nos EUA, esse percentual é de apenas 59). Nos comícios anuais da Revolução de 11 de Fevereiro, um número enorme de pessoas comparece e marcha com entusiasmo. Os ataques ao Irã não enfraqueceram essa determinação — pelo contrário, parecem tê-la aumentado.
Apesar dos ataques, as pessoas têm ido às ruas para demonstrar a sua raiva e sua resolução em combater quem quer que ataque o Irã e sua soberania. Não será fácil para os Estados Unidos e Israel desestabilizarem a República Islâmica e colocar no poder seus aliados, como Reza Pahlavi, descendente do xá do Irã, que vive em Los Angeles, nos EUA.
O alto índice de patriotismo no Irã e a determinação do povo iraniano impedirão os Estados Unidos de tentar invadir o país (a população do Irã é de 90 milhões, enquanto a do Iraque é de 45 milhões; como os EUA não conseguiram subjugar o Iraque, é improvável que consigam dominar uma população duas vezes maior e extremamente jovem — com idade média de 33 anos). Um bombardeio covarde ao Irã já é uma coisa, mas uma invasão militar está fora de questão para países que não querem enfrentar uma resistência vigorosa, de rua em rua.
O maior incentivo à proliferação de armas nucleares será esse ataque ao Irã. A destruição do Estado líbio pela OTAN e pelos EUA (2011) e agora esse ataque estadunidense-israelense ao Irã provam para países como a Coreia do Norte que o escudo nuclear é necessário. De fato, a recusa da Coreia do Norte em desnuclearizar o seu aparato militar mostra ao Sul Global que, se quiserem proteger a sua soberania, um exército convencional não é suficiente. É provável que o Irã se retire do Tratado de Não Proliferação Nuclear (1968), suspenda a sua cooperação com a AIEA e desenvolva uma arma nuclear. Egito, Arábia Saudita e Turquia provavelmente seguirão o mesmo caminho, desestabilizando totalmente o Oriente Médio, enquanto Mianmar deve aumentar a sua cooperação com a Coreia do Norte para obter mísseis e uma arma nuclear. É um escudo lógico para países que veem a soberania do Irã ser violada não por ter uma arma nuclear, mas por não ter uma.
Aos poucos, grupos cada vez maiores de pessoas têm ido às ruas, horrorizadas com as implicações desse ataque hiperimperialista de Israel e dos Estados Unidos. Declarações de grupos ao redor do mundo condenam esses ataques e reafirmam que paz e desenvolvimento são os desejos dos povos, não guerra e retrocesso. Não há dúvida entre os povos do Sul Global: esse ataque de Israel e dos EUA não tem relação com o comportamento do Irã, mas tudo a ver com os objetivos de guerra do Norte Global de dominar o Oriente Médio.