Emílio Moura, um poeta entre o desejo e a angústia

Exílio - Emílio Moura

Moura, destacado poeta mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, professor e poeta mineiro Emílio Guimarães Moura (1902-1971), no poema “Poema Patético”, revela como o amor entremeia emoções diferentes entre o desejo e a angústia.

POEMA PATÉTICO
Emíl
io Moura

Como a voz de um pequeno braço de mar
perdido dentro de uma caverna,
Como um abafado soluço que irrompesse de súbito de um quarto fechado,

Ouço-te, agora, a voz, ó meu desejo, e instintivamente recuo até as
origens de minha angústia,
Policiada e vencida, oh! afinal vencida por tantos e tantos séculos
de resignação e humildade.
Em que hora remota, em que época já tão distanciada, foi que os ares
vibraram pela última vez, diante de teu último grito de rebeldia?

Quantas vezes, ó meu desejo, tu me obrigaste a acender grandes fogueiras
dentro da noite.
E esperar, cantando, pela madrugada? Mas, e hoje? Hoje a tua voz ressoa dentro de mim, como um cântico de órgão.
Como a voz de um pequeno braço de mar perdido dentro de uma caverna,
Como um abafado soluço que irrompesse, de súbito, de um quarto fechado.

One thought on “Emílio Moura, um poeta entre o desejo e a angústia

  1. Nossa existência é um acaso
    ======================

    Sentimos o aroma das flores
    Indagamos sobre o universo
    Temos, todos, prazeres e dores
    Podemos rimar e fazer versos

    Nutrimos o amor e a maldade
    Idealizamos em nossos ismos
    Mas somos cegos á verdade:
    É por acaso que existimos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *