Projeto do Metanol pode ser aprovado, mas Lei da Dosimetria é inconstitucional

Classificação da Constituição de 1988 | Jusbrasil

A Constituição só pode ser alterada por emenda (PEC)

Jorge Béja

Dois novos projetos de lei sobre matéria do Direito Penal deverão ser postos em pauta no Congresso Nacional. Um, a respeito do agravamento das penas dos chamados “Crimes contra a saúde pública”, cujas tipificações, que não são poucas, vão do artigo 267 ao artigo 285 do Código Penal. A motivação do agravamento das penas decorre do metanol nas bebidas, que tem sido fatal para a saúde e para a vida de quem bebe.

Outro projeto é a denominada “Lei da Dosimetria”, cujo propósito é reduzir, através desta nova regra, as penas impostas aos condenados pela tentativa de golpe e que culminou no 8 de Janeiro de 2023.

CASO DO METANOL – Quanto ao primeiro projeto, nenhuma objeção ou impossibilidade legislativa. Pode e deve o Congresso mexer para majorar as penas previstas no Código Penal (CP) no tocante aos crimes contra a saúde pública. 

É muito branda a pena de detenção de um a três anos, além de multa, para quem “fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a fim medicinal”, tal como previsto no artigo 278 do CP.

Já no tocante ao segundo projeto, que é o da “dosimetria”, caso o Congresso venha editar a aprová-lo, reduzindo as penas impostas aos condenados pela tentativa do golpe, a nova lei já nascerá com a marca e o timbre da inconstitucionalidade, flagrante e incontornável.

LEI ILEGAL – Tratando-se de comutação de pena, a prerrogativa para tanto é exclusiva do Presidente da República, conforme previsto no artigo 84, inciso XII da Constituição Federal:

Artigo 84 – Compete privativamente ao Presidente da República…..XII – conceder indulto e comutar pena, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei“.

Parece que a euforia e o entusiasmo dos que defendem a edição da chamada “Lei da Dosimetria”, decorrem do desconhecimento do significado do verbo comutar. Muito ouve-se falar em “anistia”, “indulto”, “perdão”… No entanto, não se ouve dizer nem falar sobre “comutação de pena”. 

COMUTAÇÃO – Em qualquer dicionário, jurídico ou não, comutar significa substituir uma pena, um castigo, por outro(a) mais brando(a). Ou seja, menos gravoso e menos pesado do que a punição que o condenado está cumprindo.

Vamos a dois renomados e sempre consultados dicionários da língua portuguesa: “Comutar, verbo transitivo e transitivo indireto. 1 – Fazer a troca, a substituição de. 2 – Mudar (pena, castigo) por outro menor” (Dicionário Aurélio). “Comutar, verbo transitivo (do latim commutare). Permutar. Redução de uma pena por outra menor” (Lello Universal).

É possível e compreensível que se defenda a dualidade de competência para a adoção do instituto da comutação da pena, seja da parte do Presidente da República, seja do Congresso Nacional. Embora na Constituição Federal não exista a concorrência, o concurso de competência para tal fim, a Carta da República, ao empregar na cabeça do artigo 84 o verbo comutar no seu grau superlativo (privativamente), outorga exclusivamente ao Presidente da República — e a ninguém mais —- o referido poder de reduzir pena criminal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGBelíssima aula magna de Direito, ministrada por um jurista raro e de extraordinária cultura. (C.N.)

Indefinição de Bolsonaro trava alianças e fortalece Lula nos estados

A eterna confusão poética entre o amor verdadeiro e o falso

Veredas da Língua: DANTE MILANO – POEMASPaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Dante Milano (1899-1991), nascido em Petrópolis (RJ), é um dos poetas representativos da terceira geração do Modernismo. Em “Poema do Falso Amor”, Milano mostra a diferença entre o falso e o verdadeiro amor, para questionar: Qual dos dois é o verdadeiro?

POEMA DO FALSO AMOR
Dante Milano

O falso amor imita o verdadeiro
Com tanta perfeição que a diferença
Existente entre o falso e o verdadeiro
É nula. O falso amor é verdadeiro
E o verdadeiro falso. A diferença
Onde está? Qual dos dois é o verdadeiro?

Se o verdadeiro amor pode ser falso
E o falso ser o verdadeiro amor,
Isto faz crer que todo amor é falso
Ou crer que é verdadeiro todo amor.
Ó verdadeiro Amor, pensam que és falso!
Pensam que és verdadeiro, ó falso Amor!

Lula e Trump: a importância do diálogo que reposiciona o Brasil

Lula esvazia narrativa de exclusividade da direita radical

Marcelo Copelli
Revista Fórum

O recente diálogo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizado nesta semana, ultrapassa o campo da diplomacia formal. Trata-se de uma iniciativa política marcada por movimentos estratégicos e senso de realidade, que recoloca o Brasil no centro das discussões internacionais e evidencia, ao mesmo tempo, a solidão crescente da extrema direita — tanto em Brasília quanto em Washington.

Mais do que uma simples troca de palavras entre dois chefes de Estado, o encontro mostrou que, na política internacional contemporânea, ideologias rígidas cedem espaço a acordos instrumentais e interesses concretos.

PARCEIRO ESTRATÉGICO – O tom cordial surpreendeu analistas acostumados a vê-los em polos opostos: o presidente dos Estados Unidos, sob pressão por resultados econômicos domésticos e tensões comerciais com a China, identificou no Brasil um parceiro estratégico; Lula, por sua vez, interpretou o momento como uma oportunidade de ampliar o canal de diálogo com Washington sem renunciar à defesa da soberania nacional.

Segundo fontes do Departamento de Estado e da chancelaria brasileira, a pauta incluiu temas como energia, biocombustíveis e reindustrialização, além de uma sinalização sobre a possível revisão de tarifas que afetam produtos brasileiros, como café e aço. Esses tópicos demonstram que o contato não se limitou à retórica: desde o início, houve tentativa de convergir interesses econômicos com impacto direto sobre setores exportadores e cadeias produtivas nacionais.

Politicamente, o efeito imediato é claro. Ao estabelecer um canal direto com Washington, Lula esvazia a narrativa de exclusividade que parte da direita radical buscava manter em torno das relações com os Estados Unidos. Figuras que se apresentavam como pontes privilegiadas — como o deputado Eduardo Bolsonaro — veem seu protagonismo reduzido: a centralidade passa a ser institucional e presidencial, e não mais dependente de canais informais.

PERDA DE LEGITIMIDADE – O bolsonarismo, embora ainda detenha influência em setores do eleitorado e do Congresso, perde, com este episódio, parte de sua legitimidade no plano externo. Convém distinguir ato político de resultado concreto.

A conversão do entendimento diplomático em medidas práticas — como redução tarifária, acordos de cooperação setorial e mecanismos de acompanhamento técnico — dependerá de negociações prolongadas. Nos Estados Unidos, tais decisões enfrentam o crivo do Congresso e a resistência de setores industriais; no Brasil, o desafio será transformar o capital diplomático do diálogo em ganhos tangíveis para a economia.

Para fortalecer a análise pública, será fundamental observar indicadores objetivos: comunicados oficiais com prazos e metas, deliberações sobre tarifas, reações dos mercados e associações setoriais, além de sondagens que avaliem o impacto político interno dessa iniciativa.

TENDÊNCIA GLOBAL – Anne Applebaum, colunista da revista norte-americana The Atlantic, observou que “o novo realismo de Lula ecoa uma tendência global: líderes que compreendem que o poder hoje está na habilidade de conversar com adversários, e não apenas com aliados”. É uma leitura que traduz com precisão o espírito dessa movimentação diplomática — um aceno à política da convergência, mais do que à diplomacia da confrontação.

A aproximação entre Lula e Trump representa um reposicionamento estratégico do Brasil: sinaliza capacidade de interlocução ampla e pragmática, enfraquece o apelo de discursos personalistas e devolve ao país um papel relevante no diálogo global.

Lula, ao reabrir uma via direta com o presidente dos Estados Unidos, envia uma mensagem ao mundo e ao Brasil: o país está de volta à mesa onde se decide o futuro — e, desta vez, sem depender dos extremos que tentaram sequestrar a sua voz.

Em vídeo, Tarcísio reage a Haddad e acusa o PT de mentiras e manipulação

Governador diz que ‘paciência tem limite’

Bruno Ribeiro
Folha

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fez seu mais duro ataque direto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ao se defender de críticas após ser apontado como um dos principais articuladores da derrubada da MP (medida provisória) que aumentava impostos.

Em vídeo nas redes sociais, além de acusar o PT de praticar ofensas e mentiras, ele disse: “Tenha vergonha, Haddad, respeite os brasileiros.” A assessoria do ministro informou que ele não iria comentar. O ministro havia dito que o governador defendeu a derrubada da medida para “proteger a Faria Lima”.

GRAVAÇÃO – O vídeo foi gravado durante visita do governador à fábrica da Toyota, em Porto Feliz, no interior do estado, na manhã da última quinta-feira (9), pouco após a declaração do ministro. O governador havia ido vistoriar a fábrica, danificada por uma tempestade no mês passado. Tarcísio fez o registro com a equipe de redes sociais que o acompanha diariamente.

Na véspera, Tarcísio negou à Folha que tivesse articulado a derrubada da MP. Contudo, à noite, quando o governo foi derrotado, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), agradeceu o empenho dele e de outros governadores pelo resultado.

A seus auxiliares, segundo a reportagem apurou, Tarcísio repetiu que não telefonou a lideranças partidárias pedindo a derrubada da MP. O líder do PL teria conversado com ele e dito a Tarcísio que se empolgou no momento da vitória, de acordo com a versão que circula no Palácio dos Bandeirantes — a reportagem não conseguiu falar com Sóstenes.

DESCULPAS –  A gravação de Tarcísio, que começa com ele dizendo que “paciência tem limite”, foi feita um dia depois de ele publicar um vídeo pedindo desculpas à população por causa de uma fala feita por ele durante uma entrevista coletiva que repercutiu mal e foi explorada nas redes sociais pela esquerda.

Na ocasião, ele disse que passaria a se preocupar com a crise da contaminação de bebidas alcoólicas por metanol quando ela atingisse também a Coca-Cola, sua bebida preferida. Segundo a Folha apurou, desde a semana passada o governador havia subido o tom das críticas ao PT no que seria uma reação pela forma como o tema das bebidas foi abordado.

Em uma entrevista coletiva no começo da crise, ele disse que não havia indícios de participação do “crime organizado” na adulteração de bebidas. Mas o Ministério da Justiça informou que investigava indícios de que o metanol que foi parar no álcool consumido pela população pudesse ter sido importado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

ATRITOS –  A interlocutores, em conversas recentes, ele relembrou atritos recentes e informações desencontradas no episódio das desapropriações da favela do Moinho, no centro da capital, quando petistas fizeram uma série de críticas à condução do caso pelo governo paulista.

“Há meses a gente vem sendo alvo de uma ampla campanha de desconstrução de imagem e reputação por parte do PT. Ofensas, mentiras nas redes sociais — tudo certo, nada diferente do que a gente sempre viu no PT”, disse no vídeo.

“A estratégia do PT sempre foi essa: vender o mundo perfeito na publicidade, gastando seu dinheiro para isso, e espalhar também o medo e o ódio contra quem pensa diferente deles”, complementou.

IMPACIÊNCIA – Tarcísio tem demonstrado mais impaciência ao reafirmar que seu plano é tentar a reeleição em São Paulo no ano que vem, embora siga sendo considerado o principal nome da oposição para concorrer à Presidência contra Lula (PT). Horas antes de gravar o vídeo, uma nova pesquisa Quest/Genial apontou que a aprovação do petista segue em tendência de alta iniciada em julho e que o petista venceria ele e os demais potenciais adversários no segundo turno.

Na campanha de 2022, quando concorreu ao governo contra Haddad, Tarcísio havia feito críticas ao rival, a quem chamou de “pior prefeito da história de São Paulo”. Após a posse, contudo, a relação por um período foi de cordialidade, e eles chegaram a trabalhar juntos pela reforma tributária.

À noite, perfil do PT nas redes sociais divulgaram um vídeo em que, sem citar Tarcísio, Haddad diz que a MP “buscava garantir investimentos em saúde, educação e previdência, cobrando uma contribuição justa dos super-ricos” e que a oposição defendeu “bilionários, bancos e bets” –atacar o grupo é parte da estratégia de comunicação do partido.

Lula em ascensão: o novo ciclo político que se desenha no Brasil

Lula lidera em todos os cenários de 1º e 2º turnos, diz Quaest

Pedro do Coutto

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira pelo O Globo confirma um movimento que já vinha sendo captado nas últimas semanas: a popularidade do presidente Lula da Silva voltou a crescer e se reflete diretamente no cenário eleitoral para 2026. Segundo o levantamento, Lula vence todos os confrontos de segundo turno testados, com margens seguras sobre seus principais adversários.

O petista superaria Ciro Gomes por 41% a 32%, derrotaria Tarcísio de Freitas por 47% a 33%, venceria Michelle Bolsonaro por 46% a 34%, e ampliaria a vantagem sobre nomes como Ratinho Júnior, Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Eduardo Bolsonaro — todos ficando na casa dos 30%. O quadro é de conforto político e de consolidação de liderança.

FATORES – O avanço de Lula se explica por um conjunto de fatores. Nos primeiros meses de 2025, o governo enfrentou críticas pelo custo de vida e pela lentidão na retomada econômica. Mas a partir do segundo semestre, a agenda começou a mudar de tom. O Planalto intensificou ações na economia, apostou em gestos simbólicos de política externa — como o diálogo direto com o presidente Donald Trump e o encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o senador Marco Rubio, nos Estados Unidos — e retomou protagonismo em temas internacionais, o que reforçou a imagem de estabilidade e liderança.

O gesto de aproximação entre Brasília e Washington, inclusive, foi interpretado como um sinal de maturidade diplomática e desarmou, de vez, as teses conspiratórias de parte da extrema direita que chegou a alimentar a fantasia de uma “intervenção americana” no Brasil.

A conjuntura também favorece Lula pela fragilidade e dispersão de seus adversários. Tarcísio de Freitas, considerado nome promissor da direita moderada, já sinalizou que disputará a reeleição em São Paulo e, portanto, dificilmente estará no páreo presidencial.

RESISTÊNCIA – Michelle Bolsonaro mantém popularidade no eleitorado conservador, mas enfrenta resistência interna e falta de estrutura partidária. Já Ciro Gomes, apesar de ser o adversário mais competitivo nos testes, ainda sofre com altos índices de rejeição e desgaste de imagem. Os demais governadores citados — Zema, Caiado, Ratinho Júnior — têm força regional, mas não nacional.

Por outro lado, Lula mantém uma base sólida, estimada em cerca de um terço do eleitorado, e se beneficia da fragmentação dos opositores. Quanto mais nomes surgem na direita, maior tende a ser a vantagem do presidente, que segue concentrando o voto útil do campo progressista e parte do centro. A pesquisa também aponta um crescimento na aprovação do governo, que chegou a 48%, seu melhor patamar em 2025, segundo a Quaest.

OSCILAÇÕES – O cenário, no entanto, não é definitivo. A economia ainda será determinante, e oscilações em indicadores como inflação e desemprego podem redesenhar o humor do eleitorado. Além disso, há o risco da “fadiga política”: Lula, no seu terceiro mandato, precisa equilibrar narrativa e entrega, sem parecer distante das demandas cotidianas. O desafio é transformar a liderança momentânea em hegemonia duradoura, consolidando um ciclo que una estabilidade institucional, crescimento econômico e governabilidade.

Por ora, a fotografia é inequívoca: Lula chega à reta final de 2025 em ascensão, com o cenário eleitoral a seu favor e uma oposição ainda em busca de discurso, unidade e rumo. O país, que há poucos meses parecia dividido entre desalento e radicalização, começa a assistir a um novo equilíbrio — mais pragmático, menos inflamado e, sobretudo, mais atento aos resultados do que às retóricas. O tempo dirá se essa tendência se transformará em destino.

Anistia ao 8 de Janeiro reacende debate sobre ditadura na Câmara dos Deputados

Bolsonaristas têm insistido na pressão por anistia

Ana Gabriela Oliveira Lima
Folha

O debate sobre os ataques do 8/1 e a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) impulsionaram a discussão sobre ditadura militar na Câmara dos Deputados. Um levantamento feito pela Folha aponta que deputados e convidados falaram sobre a ditadura militar ao menos 250 vezes ao longo de dois anos e cinco meses no plenário da Casa, de acordo com discursos e notas taquigráficas registradas no site da Câmara.

Do total de manifestações, 46% citam explicitamente a anistia ao 8 de Janeiro ou a destruição das sedes dos três Poderes. O levantamento foi feito a partir da busca pelo termo “ditadura militar” no período de 8 de janeiro de 2023, data dos ataques golpistas em Brasília, a 10 de junho de 2025, dia em que Bolsonaro foi interrogado na ação penal que levou à sua condenação por liderar a trama golpista.

MENÇÕES – O político foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão no processo julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ainda cabe recurso. Das 250 menções encontradas na busca, 114 (46%) tratam da anistia ou do 8 de Janeiro e 136 (54%) não o fazem diretamente, ainda que o tema possa aparecer de maneira não nominal ou explícita nesses casos.

O resultado vem de uma filtragem feita pela Folha. Ele não contempla toda e qualquer menção que poderia vir de outras buscas. De forma isolada, por exemplo, o termo “ditadura” gera quase mil documentos porque contabiliza até menções com pouco contexto.

Bolsonaristas têm insistido na pressão por anistia, mas a articulação do centrão na Câmara dos Deputados buscou adaptar a proposta para uma redução de penas, batizada como PL da Dosimetria.

PICO – O dia com mais manifestações sobre ditadura foi o 1º de abril de 2025, efeméride do golpe militar de 1964. A data teve pico de 35 menções. Em segundo lugar, ficou 26 de novembro de 2024, em razão da repercussão do indiciamento de Bolsonaro no processo da trama golpista, ocorrido cinco dias antes. A terceira data com mais citações é 26 de março de 2025, quando o ex-presidente virou réu no caso.

Quando a análise dos discursos na Câmara recai sobre a maneira como a ditadura militar aparece na fala dos parlamentares, há desde uma visão majoritária que denuncia os horrores do regime até manifestações favoráveis ao golpe de 1964.

No geral, os partidos que mais abordaram o tema foram o PT, com 112 menções do total de 250, e o PSOL, com 59. Em terceiro, vem o PL (21 menções). As três legendas têm, respectivamente, 67, 14 e 88 deputados na Câmara.

GRUPOS – A reportagem dividiu todas as menções encontradas em cinco grupos: 1) manifestação contra regimes ditatoriais; 2) a favor ou que justifique uma ditadura; 3) com foco na anistia ao 8 de Janeiro; 4) crítica que relativiza a gravidade de uma ditadura ou compara o período atual de democracia a um cenário ditatorial; 5) comentários neutros ou muito breves para serem categorizados. A classificação foi feita a partir do teor predominante da mensagem, ainda que o conteúdo pudesse se enquadrar em mais de um caso.

Do total de manifestações, o maior grupo, com 188 menções, fez observações que se destacaram por serem contra regimes ditatoriais. Ele abordou o tema usando expressões como “período traumático” e obscuro, relembrando torturas e mortes, a exemplo de fala de Chico Alencar (PSOL-RJ), no dia 25 de outubro de 2023, sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog.

Aparecem também nos discursos lembrança sobre posicionamento de Bolsonaro a favor de torturadores e homenagens a perseguidos pelo regime de 1964. Outro destaque é a referência a obras artísticas, do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, a blocos afro como espaço de resistência. O período também é lembrado para falar sobre a importância de penalizar os envolvidos no mais recente ataque golpista.

PT E PSOL – Nesse grupo, predominaram PT e PSOL. A classificação sem partido foi dada a convidados que estiveram na Câmara e cuja ligação partidária não foi registrada no site da Casa. Na análise, cinco discursos, todos de parlamentares do PL, foram classificados como sendo a favor, negando ou justificando a ditadura.

Em um deles, o deputado Zé Trovão (PL-SC) chama o golpe de 1964 de “papo furado”. “É muito fácil a esquerda, que não tem sequer o mínimo de respeito por esta Casa, ficar com esse discursinho mole, esse papinho furado de 64, de ditadura! A ditadura só existiu para vagabundo! A ditadura só existiu para terrorista!”, afirmou em 1º de abril deste ano. O discurso foi feito em contexto de defesa para votação de projeto para anistia.

Outro exemplo vem de Nelson Barbudo (PL-MT), na mesma data, ao dizer que “os militares bateram pouco nessa cambada que passa aqui a me afrontar”. Há ainda outro discurso de Barbudo, um de José Medeiros (PL-MT) e outro do General Girão (PL-RN).

ANISTIA EM DESTAQUE – Um terceiro conjunto de parlamentares falou do assunto destacando uma anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. Dez menções foram classificadas nessa categoria, sendo 9 do PL e 1 do PSD.

O discurso predominante nesse caso é o a favor de uma anistia, citando o fato de isso já ter ocorrido com pessoas que “sequestraram e mataram”, em referência ao perdão de 1979 dado a pessoas que lutaram contra a ditadura.

Aparecem ainda menções a figuras condenadas pela invasão dos três Poderes, como Débora Rodrigues, que ficou conhecida por ter pichado com batom a estátua A Justiça. Também é comum alusão à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), citada como “criminosa” pertencente ao grupo já anistiado.

MOBILIZAÇÃO – Um quarto conjunto falou em ditadura comentando o que seria hipocrisia da esquerda ao não criticar regimes autoritários de países alinhados ideologicamente. Ele também mobilizou a ideia de que há atualmente no Brasil uma ditadura do Judiciário ou que a liberdade de expressão está em risco.

Nove discursos foram classificados na categoria, 7 do PL, 1 do Podemos e 1 do Novo. Um deles é do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele critica a esquerda e fala que o Brasil vive atualmente “coisa de ditadura”.

“DITADURA DA TOGA” – O discurso sobre uma “ditadura da toga” é frequente entre parlamentares de direita e extrapola as menções identificadas nesta pesquisa, que focou discursos no site da Câmara a partir do termo “ditadura militar”. Sozinho, o termo “ditadura da toga” gera ao menos 75 menções no site no período analisado, a maioria do PL.

Um último grupo, com 38 falas, foi classificado como neutro ou não identificado por se referir de maneira breve ao termo pesquisado. Do total das 250 menções, os parlamentares que mais falaram foram Érika Kokay (PT-DF), com 21 discursos, seguida de Chico Alencar e Ivan Valente (PSOL-SP), com 18 cada, os três com falas contra regimes antidemocráticos.

Trump quer saber se Lula vai apoiar a China, e tudo vai depender disso

Genial/Quaest: 49% veem Lula mais forte após encontro com Trump na ONU

Devagar, Trump quer afastar Lula da influência chinesa

José Perez

O presidente Lula da Silva ganhou um presente de Donald Trump e está aproveitando exaustivamente,  para usar no marketing político e fortalecer sua campanha eleitoral pelo quarto desmerecido mandato.

Com sua visão limitada, o petista não consegue perceber que Trump e os EUA não estão nem aí para a família Bolsonaro nem para qualquer retaliação sobre a questão das tarifas, mas estão de olhos bem abertos para outros assuntos.

O QUE INTERESSA – A principal questão é que Trump não aceita o crescente alinhamento do Brasil aos BRICS, enfraquecendo ainda mais seu domínio geopolítico no Terceiro Mundo ou Sul Global como repete Lula.

O presidente norte-americano também fica particularmente furioso quando vê Lula defender o fim do dólar como moeda-padrão no comércio global.

É claro que os Estados Unidos jamais aceitarão a subserviência do Brasil à China, que é o principal concorrente ao domínio norte americano em todas as áreas, sobretudo em desenvolvimento tecnológico e setores industriais de ponta, incluindo produção de armas estratégicas.

USAR COMO EXEMPLO – As negociações com o governo norte-americano são delicadas e precisam ser tocadas com o máximo de cuidado, porque existe a possibilidade de os Estados Unidos usarem o Brasil como exemplo.

Trump tem tempo e pode ir empurrando a negociação lentamente. Sabe que no ano que vem haverá a eleição no Brasil e os Estados Unidos podem ajudar o Centrão a fechar a torneira e emplacar Tarcísio de Freitas num grande acordão.

Com Tarcísio no poder, fica mais fácil o Brasil se reaproximar dos Estados Unidos. Está é a questão principal. Quanto ao problema com o Supremo, Trump não vai recuar enquanto não liquidar o ministro Alexandre de Moraes, que acaba de ser desmascarado pelos Estados Unidos na “invenção” de provas contra Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, um erro jurídico desmoralizante.  

Planalto turbina publicidade online e mira público fora da bolha petista

A estratégia teve início em meados de julho deste ano

Por Juliana Braga,
Guilherme Balza
G1

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) mais que dobrou os gastos com publicidade na internet no último ano. Desde janeiro, foram gastos R$ 69 milhões, 110% a mais do que os R$ 33 milhões no mesmo período de 2024.

A pasta tem apostado em influenciadores para furar a bolha petista nas redes. A estratégia teve início em meados de julho deste ano, após um primeiro semestre dominado por notícias negativas, como a crise do PIX, alta no preço dos alimentos e escândalo do INSS.

VERBA PUBLICITÁRIA – Em 2024, período em que a Secom era chefiada pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), o governo gastou 13,76% da verba publicitária com comunicação digital. Na gestão de Sidônio Palmeira, que assumiu o cargo em janeiro deste ano, o percentual chega a 25% do orçamento total. Na época de Pimenta, havia uma destinação maior de verba publicitária para rádios localizadas em cidades menores e para televisão.

Outra mídia que teve uma expansão robusta, de 93%, foi o cinema, saindo de R$ 1,1 milhão para R$ 2,1 mi. O avanço coincide com o bom momento do cinema nacional, vencedor de um Oscar pela primeira vez com o filme “Ainda Estou Aqui”.

INFLUENCIADORES – Quando o governo decide fazer uma campanha, as agências devem apresentar propostas também de comunicação digital, e não só de publicidade na TV e no rádio. Os influenciadores não são contratados diretamente pela Secom e, sim, pelas quatro agências publicitárias com as quais o Palácio do Planalto tem contratos firmados. Em média, os influenciadores recebem R$ 20 mil por campanha.

Segundo fontes do Planalto, seria inviável pagar cachês para os principais influenciadores do país, como Felipe Neto, Virgínia ou Whindersson Nunes. A Secom tem escolhido “influenciadores médios”, com públicos específicos e com capacidade de dialogar com a população que não está no campo petista, incluindo um público de centro ou centro-direita.

BASE PETISTA – Em uma das ações, por exemplo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, respondeu a perguntas de influenciadores do mercado financeiro. Algumas ações, no entanto, buscam fortalecer a relação com a própria base petista. É o caso das postagens protagonizadas pela influenciadora Laura Sabino, que possui seguidores majoritariamente de esquerda.

Os nomes dos influenciadores são sugeridos pelas agências contratadas pelo governo e submetidos ao crivo do Palácio do Planalto. Em uma das ações, o governo escolheu o apresentador João Kleber, conhecido pelo quadro “Teste de Fidelidade”, como protagonista. Ele aparece interagindo com o público no calçadão de Osasco, região metropolitana da capital, e questiona os entrevistados se eles são fiéis ao Brasil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Mais uma matéria da Organização Globo, do jeito que o Planalto gosta. Ao invés de criticar Lula da Silva por estar gastando na campanha eleitoral um dinheiro que o governo sequer possui, a matéria elogia o presidente por estar endividando cada vez mais o país. (C.N.)

EUA comprovam que Moraes prendeu Filipe Martins “sob acusação falsa”

Filipe Martins

Filipe Martins comprovou ser perseguido por Moraes

Marcelo Godoy e Hugo Henud
Estadão

O governo dos Estados Unidos desmentiu nesta sexta-feira, 10, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e afirmou que Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, não entrou em território americano em 30 de dezembro de 2022, data usada pelo magistrado para justificar a prisão preventiva na ação penal do golpe.

Em nota oficial, o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) informou ter realizado uma “revisão minuciosa das evidências disponíveis referentes às alegações de entrada” e concluído que não há registro da entrada de Martins no país na data indicada.

MORAES ACUSADO – “Após a conclusão da análise, foi determinado que o Sr. Martins não entrou nos Estados Unidos nessa data”, diz o comunicado. “Essa constatação contradiz diretamente as afirmações feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, indivíduo recentemente sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos contra o povo brasileiro.”

O texto afirma ainda que o registro incorreto utilizado por Moraes para embasar a prisão de Martins foi incluído de forma errônea nos sistemas oficiais da agência, que abriu investigação interna para apurar o caso.

“A inclusão desse registro inexato nos sistemas oficiais permanece sob investigação, e o CBP tomará as medidas apropriadas para evitar futuras discrepâncias”, afirma a nota.

USO INDEVIDO -A CBP também declarou “condenar veementemente qualquer uso indevido desse registro falso para sustentar a condenação ou prisão de qualquer pessoa”, e reafirmou seu “comprometimento com a integridade dos registros de fronteira e com os princípios de justiça e direitos humanos”.

O advogado Ricardo Fernandes, que defende Martins, classificou a nota do governo americano como “grave” e disse que ela confirma que seu cliente foi mantido preso de forma abusiva e ilegal por mais de seis meses. Segundo ele, o o registro usado por Moraes para justificar a prisão era fraudulento e não poderia ter embasado qualquer decisão judicial.

“Isso agora está sendo investigado não só pelo CBP, mas também pelo FBI e por outros órgãos dos Estados Unidos, que buscam apurar como o registro falso foi inserido e utilizado e o grau de envolvimento de autoridades brasileiras nessa trama”, disse o advogado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG É triste ter de recorrer a um governo estrangeiro para provar estar sendo perseguido no Brasil. O comunicado comprova a leviandade com que Moraes tem se comportado como ministro do Supremo e mostra que o governo norte-americano está correto ao reagir contra o comportamento do magistrado brasileiro. Portanto, o Senado precisa providenciar o impeachment de Moraes, ao invés de continuar protegendo um juiz que comete esse tipo de barbaridade jurídica, prendendo um cidadão sob acusação falsa, e o então presidente do STF, Luís Roberto Barroso, fingiu que não notou nada de errado. (C.N.)

Barroso admite protagonismo excessivo do STF, mas defende papel da Corte na democracia

A conta invisível da política: bilhões em campanhas, nenhuma transparência

Charge do Zé Dassilva (Arquivo do Google)

Dora Kramer
Folha

Um fundo eleitoral de R$ 5 bilhões somado ao quase R$ 1 bilhão da verba reservada aos partidos, acrescido dos recursos das emendas, faz do avanço do Congresso sobre o Orçamento da União um saco sem fundo.

Pela terceira eleição consecutiva, se não houver alguma espécie de freio, a de 2026 receberá valores quatro vezes maiores ao que o Executivo propõe como patamar razoável para o financiamento de campanhas.

JUSTIFICATIVA – O argumento cínico é o de que a democracia custa caro. Isso sem que os congressistas apresentem contas precisas sobre os gastos. A nação não sabe exatamente para onde vai o dinheiro, qual a real necessidade do montante pretendido e de que maneira se dá a distribuição.

Há critérios, em tese, mas na prática prevalece o poder discricionário das direções partidárias, cujas decisões não passam por escrutínio rigoroso da Justiça Eleitoral. Eventuais irregularidades, quando, e se, interditadas, são perdoadas por constantes anistias concedidas no Parlamento pelos interessados.

O poder dado às cúpulas conversa diretamente com a tentativa, na PEC da Blindagem, de conferir foro privilegiado aos presidentes de partidos ao mesmo tempo em que os deixaria fora do alcance da Justiça, devido à exigência de aval do Congresso para abertura de ações no Supremo Tribunal Federal.

REJEIÇÃO POPULAR – A indecência morreu na força da rejeição popular. Única potência capaz de se contrapor à completa falta de cerimônia dos congressistas com o dinheiro daqueles dos quais se dizem representantes.

O caso pede reação à altura. Talvez não para acabar com o financiamento público, ou propor a volta das doações empresariais sob regras e fiscalização rigorosas, mas, ao menos, para exigir justificativas e prestação de contas transparentes e detalhadas.

Se é isso o que se reclama do uso das emendas —que, aliás, funcionam como financiamento público paralelo, pois irrigam as bases de seus autores mesmo fora dos períodos eleitorais— lícito impor também regras de decoro à dinheirama destinada às campanhas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGSe há alguma coisa que não funciona é a fiscalização das contas dos partidos políticos. Já tive a oportunidade de manusear esse tipo de contas e constatei a impunidade dos dirigentes dos partidos. É raríssimo haver punição e suspensão das cotas, um verdadeiro escândalo. Mas quem se interessa? (C.N.)

Aliados veem em Eduardo Bolsonaro o pivô da crise na direita

Charge do Baggi (Instagram)

Bela Megale
O Globo

A pesquisa Quaest divulgada na úktima quarta-feira foi um banho de água fria para os aliados de Jair Bolsonaro. O levantamento mostra que a aprovação ao governo Lula chegou à casa dos 48%, enquanto a desaprovação está no patamar de 49%. Ambas estão tecnicamente empatadas na margem de erro. Com isso, o presidente voltou ao patamar de popularidade que não tinha desde janeiro.

Parlamentares alinhados a Jair Bolsonaro apontam dois fatores principais para a queda de 16 pontos na diferença entre aprovação e reprovação de Lula em cinco meses: Eduardo Bolsonaro e a divisão da direita.

PREJUÍZO – A leitura de lideranças de partidos como PL e PP, aliados de Bolsonaro, é que a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos — em busca de sanções contra o Brasil para pressionar pela anistia do pai — só tem prejudicado a direita. A avaliação é que a população vê o deputado federal “trabalhando contra o próprio país”, o que acaba beneficiando Lula.

Eduardo é acusado por congressistas de atuar em um projeto pessoal que “destrói a centro-direita” e embaralha o cenário político. O próprio deputado federal já declarou publicamente que não apoiará um nome de direita alinhado ao que chama de “sistema” e afirma ver o pai como refém do próprio partido, o PL, e de lideranças de centro.

CANDIDATURA – Eduardo já disse que se lançará candidato à Presidência em 2026 mesmo que nomes como os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Júnior (Paraná) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro decidam concorrer ao Palácio do Planalto contra Lula.

Além disso, deputados e senadores aliados de Bolsonaro avaliam que a divisão da centro-direita, com embates públicos entre integrantes do grupo, fragiliza o campo eleitoral. Eles citam, por exemplo, as divergências entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o presidente do PP, Ciro Nogueira, nos últimos dias. Também destacam as críticas de Eduardo Bolsonaro a Tarcísio e ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Trump merecia ter sido laureado com o Prêmio Nobel da Paz?

Trump pensou que ia ganhar o Prêmio Nobel da Paz

Vicente Limongi Netto

Mundo respirando melhor, com sinais de paz em Gaza e promessa de entrega dos reféns israelenses. Fim de uma quadra tenebrosa de agonia que se arrasta há mais de um ano. Alegria entre os familiares com o retorno dos presos.

Inegável a participação efetiva do presidente Donald Trump para o sucesso das negociações. Trump sai engrandecido, tinha reais chances de receber o Nobel da Paz que tanto almeja, mas foi derrotado pela oposicionista venezuelana Maria Corina Machado.

Olhando com carinho para o Brasil, acabando com a antipática e cruel taxação de 50% para os produtos brasileiros, Trump será cantado em prosa e verso, como tema de enredo de poderosas escolas de samba do carnaval.

Será condecorado por Lula com a Ordem do Rio Branco, a maior comenda brasileira, e verá seu rosto estampado, perto do céu, no majestoso Cristo Redentor.

BELO DISCURSO – Emocionante e comovente discurso de despedida do ministro Luiz Roberto Barroso, no Supremo Tribunal Federal. Comunicado foi de surpresa. Barroso precisou de muitos goles d’água para manter o fôlego e prosseguir até o final.  Jurista que dedicou 40 anos de vida ao Direito e à democracia. Um Intelectual que honraria o fardão da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Outra notícia do Supremo: o ministro Alexandre de Moraes autorizou a ida de um barbeiro para atender, em casa, ao ex-presidente Bolsonaro.

A esta altura da confusa e tensa quadra política, é uma temeridade entrar navalha no ambiente da prisão domiciliar de Bolsonaro..

CULTURA – Sucesso a noite gratuita, estrelada e musical com artistas como Crioulo e Clarice Falcão, pelo lançamento do futuro Centro Cultural do Sesc-DF. O novo espaço pretende ser referência internacional. Inauguração prevista para setembro de 2028.

O presidente da Fecomércio, José Aparecido Freire ,enfatiza que o objetivo é tornar a iniciativa um marco de desenvolvimento cultural para os brasilienses e gente do mundo inteiro que frequenta a capital.

Com aval do MP-SP, penduricalhos viram moeda para pagar empréstimos bancários

Charge reproduzida do Arquivo Google

Bruno Ribeiro
Folha

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) firmou convênio com o Bradesco que permitirá a promotores e procuradores tomar empréstimos bancários descontados diretamente dos chamados penduricalhos — valores extras reconhecidos pela própria instituição como devidos à categoria.

No início do ano, o procurador-geral Paulo Sérgio de Oliveira e Costa reconheceu administrativamente que integrantes do MP-SP tinham direito a receber o equivalente a uma semana extra de salário por mês trabalhado entre 2015 e 2023. O montante pode superar R$ 1 milhão por promotor e beneficia cerca de 1.900 pessoas.

JUSTIFICATIVA – Esses pagamentos adicionais são chamados de “compensação por assunção de acervo”, sob a justificativa de excesso de processos. A prática é respaldada por decisões do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do STF (Supremo Tribunal Federal).

Na última semana, Oliveira e Costa divulgou comunicado à categoria informando sobre a assinatura de um convênio com o Bradesco para concessão de adiantamentos de créditos a promotores e procuradores, da ativa ou aposentados, com pagamento consignado nos valores mensais de “créditos reconhecidos em processos administrativos”.

Em nota, o MP-SP afirmou que o acordo “viabiliza as condições técnicas para que os membros da instituição, se desejarem, possam contrair empréstimos com desconto em folha, administrada pelo Bradesco”, sem detalhar taxas ou prazos.

O banco, por sua vez, disse que o contrato “representa um importante acréscimo no escopo” de sua atuação no setor público. A instituição afirma manter mais de 2.000 contratos com órgãos públicos e processar mais de 4 milhões de contas. Segundo nota, o acordo com o MP-SP se deu via licitação.

CONSTRANGIMENTO – A medida gerou constrangimento entre parte dos próprios promotores, que veem benefício excessivo à categoria, que tem função de zelar pelo cumprimento das leis, e questionam quem assumiria as dívidas caso os pagamentos extras sejam suspensos por decisão judicial ou mudança legal.

O anúncio do convênio ocorreu no mesmo dia em que foi protocolada na Câmara a proposta de reforma administrativa, que pretende reduzir os supersalários no serviço público.

Em junho, o fundo especial do MP-SP foi reforçado após acordo de Oliveira e Costa com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que destinou 30% dos valores recuperados em ações contra lavagem de dinheiro à instituição.

AÇÃO NO STF – Em agosto, em meio aos descontentamentos de parte da categoria com os pagamentos excessivos, o promotor aposentado Jairo Edward de Luca ingressou ação no STF pedindo a anulação das normas que abriram brechas para o pagamento dos penduricalhos. Ele tinha R$ 1,3 milhão a receber.

“Tais reflexões exigem análise quanto ao caráter antirrepublicano do benefício, inclusive quando se admite que corresponda a um dia de folga para três dias de trabalho, usualmente vendido porque ninguém pode ou vai querer descansar por tanto tempo sem prejudicar radicalmente a qualidade do serviço público”, disse o promotor, em seu processo.

Oswaldo Montenegro se divide em metades e tenta completar com amor

Oswaldo Montenegro chega a Porto Alegre para quatro dias de shows

Oswaldo Montenegro está perto dos 70 anos

Paulo Peres
Poemas e Canções

O cantor e compositor carioca Oswaldo Viveiros Montenegro, na letra de “Metade”, define-se dividido em metades diferentes, apenas o amor lhe ocupa as duas metades. A música foi gravada pelo próprio Oswaldo Montenegro no LP Trilhas, em 1977, produção independente.

METADE
Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio…

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade…

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo…

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão…

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei…

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço…

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer;
Porque metade de mim é plateia
E a outra metade é canção…

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade… também.

Cidade do Pará na ‘lista suja’ do trabalho escravo recebeu R$ 11 milhões em emendas

Charge do Baggi (Arquivo do Google)

Eduardo Barretto
Estadão

A pequena cidade de Placas (PA), incluída na “lista suja” do trabalho escravo, recebeu pelo menos R$ 11,3 milhões de emendas parlamentares entre 2018 e 2024. Fiscais do Ministério do Trabalho flagraram o crime em 2024 contra três trabalhadores na zona rural da cidade de 19 mil habitantes. A pasta atualizou nesta semana o cadastro de empregadores que submeteram funcionários a condições análogas à escravidão.

Ao longo de seis anos, a cidade obteve emendas de 11 parlamentares paraenses. Seis deles exercem o mandato atualmente: senador Zequinha Marinho (Podemos), senador Jader Barbalho (MDB), deputado José Priante (MDB), deputado Airton Faleiro (PT), deputado Olival Marques (MDB), e deputado Henderson Pinto (MDB).

“CRITÉRIOS LEGAIS” – Entre os parlamentares procurados, apenas Marinho respondeu. Afirmou que os repasses “seguem rigorosamente os critérios legais e administrativos”. Leia o comunicado ao fim desta reportagem. A prefeitura de Placas não respondeu.

O Ministério do Trabalho incluiu 159 novos empregadores na ‘lista suja’ do trabalho escravo na última segunda-feira, 6, um aumento de 20% em relação ao levantamento anterior. São 101 pessoas e 58 empresas. Ao todo, o cadastro público conta com 691 empregadores.

As fiscalizações de trabalho escravo envolvem, além do Ministério do Trabalho, órgãos como a Polícia Federal, o Ministério Público do Trabalho, a Defensoria Pública da União e o Ministério Público Federal. Denúncias sigilosas podem ser feitas por meio do Sistema Ipê, do governo federal.

COMUNICADO DO SENADOR ZACA MARINHO:

“Todas as emendas encaminhadas pelo parlamentar para prestação de serviços e aquisição de bens em benefício da população paraense seguem rigorosamente os critérios legais e administrativos exigidos pelo Poder Executivo. No caso específico do município de Placas (PA), com 18.668 habitantes, destaca-se sua alta dependência de transferências externas para manter os serviços básicos. Segundo dados do IBGE, em 2024, 94,79% das receitas municipais vieram de fontes externas, evidenciando a necessidade de apoio financeiro complementar para garantir o atendimento à população.”

Carla Zambelli anuncia greve de fome após Justiça italiana negar recurso

Justiça do país determinou que a bolsonarista permanecerá presa

Luis Felipe Azevedo
O Globo

Em carta endereçada ao Ministério da Justiça da Itália, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirma que iniciará uma greve de fome em protesto após a Justiça do país negar recurso apresentado pela defesa na quarta-feira. Com a decisão, foi determinado que a bolsonarista permanecerá presa em regime fechado enquanto espera o processo de extradição.

Zambelli afirma ao ministro Carlo Nordio que ele acolheu “a decisão injusta e sem provas de um juiz brasileiro, que foi recentemente sancionado pelo presidente (Donald) Trump”, em referência a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“PERSEGUIÇÃO” – Zambelli afirma ser “vítima de uma perseguição política” e diz que uma “pressão” do governo brasileiro contra o ministro italiano provocou a decisão desfavorável a ela.

“O senhor está do lado que apoia Hamas, tráfico de drogas, terrorismo, irã, regimes narcoditadores como na Venezuela, ditadura de Cuba, entre outros pela América do Sul e África. De mãos dadas com o presidente que disse não à extradição de Cesare Battisti, mesmo ele não sendo cidadão brasileiro”, disse a deputada sobre Nordio. Na carta divulgada pela defesa da parlamentar nas redes, Zambelli alega que “se o governo fez pressão” ao ministro italiano, a “greve de fome também fará”.

FIM DE LICENÇA –  A licença de 127 dias do mandato de Zambelli terminou na semana passada. A deputada federal deixou o Brasil depois de ser condenada a dez anos de prisão, em maio, pelo STF, e pediu afastamento por 120 dias e mais sete dias para “tratar da saúde”.

No mês seguinte, a Câmara confirmou o afastamento da função e o bloqueio de seus vencimentos, conforme ordenou a Corte. Zambelli acabou presa em julho, na Itália, após ser incluída na lista da Interpol. Atualmente, aguarda a deliberação das autoridades italianas sobre a extradição. Com o fim da licença, Zambelli teria de retomar o cargo no lugar do suplente, Coronel Tadeu. Mas, como está presa na Itália, passará a acumular faltas.

PERDA DO MANDATO – O regimento da Casa prevê a perda sumária do mandato caso as ausências injustificadas ultrapassem mais de um terço das sessões em um ano, como no caso do correligionário Eduardo Bolsonaro, que vive nos Estados Unidos desde março, em um autoexílio. No entanto, Zambelli já enfrenta um pedido de cassação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, mesmo entre seus pares do PL, há pouca expectativa de que ela escape da punição.

Zambelli também foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a cinco anos e três meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal no episódio em que a deputada perseguiu um homem com uma arma em punho na véspera do segundo turno da eleição de 2022 em São Paulo.

As imagens viralizaram à época e, após o pleito, Jair Bolsonaro passou a atribuir sua derrota nas urnas à antiga aliada, de quem se afastou. Os ministros do STF, por sua vez, rejeitaram a tese de legítima defesa por parte da parlamentar, uma vez que o agredido, o jornalista Luan Araújo, estava desarmado e tentou fugir da deputada.

A derrota da taxação dos mais ricos e o limite político da justiça fiscal no Brasil

Lula afirma que ‘problema com os EUA será resolvido’ e reforça defesa do multilateralismo