Megaoperação no Rio ecoa no Cone Sul e aciona vigilância máxima nas fronteiras

Paraguai aumentará controle na fronteira com o Brasil

Luciana Taddeo
CNN

Depois de a Argentina anunciar que ativou alerta máximo nas fronteiras por medo a uma “debandada” de criminosos brasileiros devido às operações contra o Comando Vermelho no Rio, o Paraguai também disse nesta quarta-feira (29) que aumentará seus controles.

À CNN, o vice-ministro paraguaio da Segurança Interna, Oscar Pereira, afirmou que haverá um trabalho conjunto entre o departamento de imigração, a Polícia Nacional e a alfândega para um maior controle na entrada ao país pela fronteira com o Brasil. Segundo o ministério do Interior, também haverá maior articulação com o Comando Tripartite de cooperação policial com o Brasil e a Argentina na Tríplice Fronteira.

ALERTA – Ao contrário da Argentina, no entanto, o Paraguai não prevê declarar alerta pelo risco de que criminosos tentem fugir das buscas policiais atravessando a fronteira. Nesta quarta (29), a ministra argentina da Segurança, Patricia Bullrich, determinou que as fronteiras leste e noroeste do país entrem em “alerta máximo” contra a possível fuga de criminosos.

Em documento enviado à Secretaria de Segurança Nacional, ela pede que os agentes posicionados na fronteira recebam um manual de reconhecimento de sinais de integrantes de organizações criminosas. Após a megaoperação policial no Rio de Janeiro, Bullrich afirmou que a Argentina incluiu o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital no Registro de Pessoas e Entidades Vinculadas a Atos de Terrorismo (Repet) do país.

Segundo a ministra, há 39 brasileiros em prisões argentinas, dos quais cinco são do Comando Vermelho e “sete ou oito” do Primeiro Comando da Capital. “Eles estão muito isolados uns dos outros para que não tenham nenhum tipo de poder”, garantiu, em entrevista ao canal La Nación +, afirmando haver um controle “muito estrito” sobre os detentos das duas facções, identificados, segundo elas, pelas tatuagens e práticas de ritos de iniciação nas prisões.

Dino: “Não é contra a polícia. É contra o país aceitar corpos no chão”

Dino chama de ‘trágica’ megaoperação com 119 mortos no Rio

Mariana Muniz
Daniel Gullino
O Globo

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou a operação policial que deixou ao menos 119 mortos no Rio de Janeiro de “circunstância tensa e trágica”. Dino também afirmou que o STF não pode “legitimar o vale-tudo, com corpos estendidos e jogados no meio da mata”. A avaliação do ministro foi feita durante a sessão de julgamentos da Corte desta quarta-feira, pouco antes de ele iniciar o voto em um processo que trata da atividade policial.

“O eminente procurador do Paraná acaba de aludir a essa circunstância tensa, trágica, a que assistimos neste momento no Rio de Janeiro. Não se trata, jamais, de julgar a favor ou contra a polícia como instituição. Como qualquer atividade humana, com certeza há bons e maus profissionais na polícia, como no sistema de Justiça”, afirmou Dino, que foi ministro da Justiça antes de ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao STF.

VALE TUDO – Em outro momento da sessão, o magistrado também fez referência às dezenas de corpos encontrados por moradores na mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, após a operação. “(Nossa posição) Não é nem de impedir a ação da polícia, nunca foi, mas ao mesmo tempo não é de legitimar o vale-tudo com corpos estendidos e jogados no meio da mata, jogados no chão. Porque isso não é Estado de Direito”, completou Dino.

O magistrado é o relator da ação que discute se cabe à vítima comprovar a responsabilidade civil do Estado por danos causados pela força estatal em manifestações populares. O recurso trata de atos praticados por policiais militares na “Operação Centro Cívico”, em 2015, no Paraná, num protesto de servidores estaduais (a maioria professores). A ação resultou em 213 pessoas feridas.

“LAMENTÁVEL” – No mesmo julgamento, o ministro Gilmar Mendes, que é o decano do STF, também classificou a operação no Rio de Janeiro de “lamentável”. O ministro disse que é preciso ter uma jurisprudência que abarque a necessidade de ações policiais com a preservação de direitos fundamentais.

“A toda hora vivemos situações de ações policiais que causam danos às pessoas ou mesmo a morte de várias pessoas, como acabamos de ver nesse lamentável episódio do Rio de Janeiro. De modo que me parece que devemos todos estar atentos à criação de uma jurisprudência que reconheça a necessidade ações policiais, mas que ao mesmo tempo não comporte abusos e muito menos as violações de direitos fundamentais”, pontuou.

AÇÃO LETAL – Nesta terça-feira, uma megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, resultou em ao menos 119 mortos e 113 presos, tornando-se a ação mais letal da história do estado e do país, superando o massacre do Carandiru, em 1992.

O governo estadual classificou a ação como uma “operação contra narcoterroristas”, expressão usada pelo governador Cláudio Castro para justificar o alto número de mortes. A retórica, porém, foi criticada por entidades de direitos humanos, que alertam para o risco de banalização do uso da força letal e reprodução de padrões históricos de extermínio.

A cidade do Rio de Janeiro torna-se refém do abandono e da disputa armada

CV tem arsenal moderno, sofisticado e com grande poder de fogo

Brasil Soberano e Livre: Veja momento em que drone do CV arremessa bomba durante megaoperação no RJ

Criminosos usam drones para lançar bombas na polícia

Isabella Menon
Folha

O CV (Comando Vermelho), mais antiga facção do Rio de Janeiro, dispõe hoje de um arsenal considerado moderno, sofisticado e com grande capacidade letal, de acordo com especialistas. Na operação contra a organização criminosa realizada nesta terça-feira (28), os criminosos ligados ao grupo chegaram a usar drones com granadas contra a polícia, que apreendeu mais de 100 fuzis.

Diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo apontou o poder bélico que a facção demonstrou durante a ação policial.

SITUAÇÃO GRAVE – “A quantidade de armamento e trocas de tiros com armas de uso militar mostram a gravidade da situação”, disse ela, que destacou que o estado não pode ficar refém desses grupos. E considera que mesmo “operações como essa não são suficientes para vencer o poderio bélico do crime organizado.”

Já o especialista em segurança Vinicius Cavalcante, presidente do Conselho Empresarial de Segurança da Associação Comercial do Rio de Janeiro, diz que o armamento da facção é de alto custo e tem grande alcance.

“Há fuzis com carregadores de grande capacidade —para até 40 tiros— e lunetas. Estes são acessórios de difícil obtenção, caros e conferem ao criminosos a capacidade de acertar um alvo de uma distância entre 400 a 500 metros”, diz ele, calculando que cada fuzil equipado pode passar de R$ 60 mil.

FUZIS IMPORTADOS – Cavalcante afirmou que, entre os armamentos, há fuzis de diferentes procedências, como o FAL (Fuzil Automático Leve).

“É o mesmo fuzil que era utilizado pelas Forças Armadas do Brasil, mas não necessariamente são capturados do Exército ou forças policiais, porque já tivemos por aqui histórico de fuzil oriundo da Bolívia e da Argentina”, diz o especialista, que também destaca a presença do fuzil HK-G3, que “parece novo” e deve ter origem nos Estado Unidos ou na Alemanha.

Ele explica que é comum o uso de armas por facções chamadas de “Frankenstein”, ou seja, montados de forma artesanal a partir de peças obtidas no mercado ilegal. Essa prática, comum no México e hoje disseminada no Brasil, permite que criminosos fabriquem armas potentes a partir de pedaços de outras o que, segundo Cavalcante, reduz custos e riscos de apreensão nas fronteiras.

ATÉ DRONES – Ex-policial federal e doutorando do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Roberto Uchôa afirma que as imagens divulgadas demonstram uma variedade de modelos de fuzis de diferentes origens e fabricantes, além de outras armas, como drones lançadores de granadas e bombas.

Uchôa, que é autor do livro “Armas para Quem? A Busca por Armas de Fogo” (ed. Dialetica) diz que é importante uma análise pericial dessas armas para tentar entender os modelos.

Ele calcula que apenas um fuzil, no mercado ilegal, custa entre R$ 60 e 70 mil reais a unidade. “Estamos falando de um prejuízo de cerca de R$ 5 e 6 milhões de reais. Não acho que o Comando Vermelho terá muita dificuldade em repor.”

ALGO INADMISSÍVEL – O especialista considera que a existência de territórios controladas por criminosos em diversas cidades brasileiras deveria ser considerado algo inadmissível, “mas é uma realidade com a qual milhões de pessoas convivem diariamente”.

No Rio de Janeiro, diz ele, foram décadas de controle exercidos ora por facções, como CV, TCP (Terceiro Comando Puro), ADA (Amigos dos Amigos) ou milícias, sendo que o ponto em comum sempre foi a submissão de regiões inteiras ao controle do crime organizado. E isso não pode continuar.

Ciro Gomes pode levar a centro-esquerda a apoiar Tarcísio em 2026

Ciro Gomes se referiu ao PDT, seu partido anterior, como 'puxadinho do PT'

Ciro ficou decepcionado: “PDT é um puxadinho do PT”

Raisa Toledo
Estadão

O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PSDB) disse nesta terça-feira, 28, que gostaria de construir uma proposta de centro-esquerda que reúna “de sindicatos a empresários do agronegócio, ao contrário do sectarismo que está aí”.

“O PDT tinha essa estrada, mas infelizmente sucumbiu aos ‘encantos’ do PT e virou puxadinho, o que não posso suportar”, afirmou a jornalistas antes de palestrar em evento promovido pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Aracaju (SE).

VOLTA AO PSDB – Ciro retornou ao PSDB oficialmente no último dia 22. Foi pela legenda que ele se elegeu governador do Ceará em 1990. Como mostrou o Estadão, sua volta é vista como uma estratégia do partido para reconquistar o comando do Estado, mas entre 70% e 80% do fundo eleitoral serão empregados para eleger deputados nas eleições de 2026.

O presidente do PSDB, Marconi Perillo, não descarta eventualmente lançar Ciro à Presidência, mas ressaltou que o assunto não foi abordado com o ex-governador.

“Seria desconhecer os fatos se não falássemos da importância que o Ciro tem nacionalmente”, disse.

FORA DO PLANALTO – Em setembro, Ciro Gomes afirmou que após quatro derrotas nas urnas, não voltará a se candidatar à Presidência da República. “Não quero mais ser candidato, não. Não quero mais importunar os eleitores.”

Nesta terça-feira, ele disse que continua na política por ter “responsabilidade” com o Ceará e com o País. “Tenho muita vontade de ajudar a construir o movimento baseado nos projetos. Seria o que chamamos de centro, centro-esquerda, que é a cara do Brasil.”

Durante o evento de filiação ao PSDB, lideranças do partido abordaram a expectativa de que o nome de Ciro seja capaz de unificar a oposição contra o governador Elmano de Freitas (PT) em 2026. Ele não confirmou que será candidato ao governo, mas declarou que “o tempo da libertação se aproxima” no Estado e que que “morre pelo Brasil”, mas “mata pelo Ceará”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Quando Ciro Gomes diz que vai fortalecer o PSDB na centro-esquerda, sinaliza que deve apoiar Tarcísio de Freitas à Presidência. A notícia é importante, não há dúvida, mas a candidatura do governador paulista ainda depende de uma grande negociação política. (C.N.)

Piada do Ano! Defesa diz que multa de R$ 126 mil colocará na miséria o general Heleno

Heleno foi condenado ao pagamento de 84 dias-multa

Pedro Augusto Figueiredo
Terra

A defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo de Jair Bolsonaro (PL), recorreu à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda-feira, dia 27, na tentativa de absolver o general da condenação na trama golpista e, ao menos, reduzir o valor da multa.

Heleno foi condenado a 21 anos de prisão e ao pagamento de 84 dias-multa. No valor de um salário-mínimo cada, o montante representa R$ 126 mil. O pedido da defesa é para que a multa seja reduzida para cerca de R$ 21 mil sob o argumento de que o general é “arrimo familiar” e não tem mais capacidade de trabalhar em razão da sua idade e estado de saúde.

SITUAÇÃO DE MISÉRIA – “O montante total da condenação representa praticamente 6 meses de seu salário líquido, sendo que tal pena o deixaria em situação de miséria, fazendo se mister que se sane a omissão quanto à real condição financeira do réu para o arbitramento de uma pena de multa condizente com sua realidade financeira”, pedem os advogados dele.

O pedido faz parte dos embargos de declaração apresentados nesta segunda. Este tipo de recurso serve para esclarecer contradições, omissões ou obscuridades no acórdão do julgamento e não tem potencial para reverter a condenação.

No caso de Heleno, porém, a defesa entendeu que as omissões apontadas têm efeitos infringentes – quando a decisão pode ser alterada – e por isso pediram a absolvição do general.

OMISSÃO –  Segundo os advogados, a Primeira Turma foi omissa ao analisar o argumento de que houve cerceamento de direito de defesa por causa do volume de documentos anexados ao processo e a falta de tempo hábil para analisá-los.

“Os referidos votos mostram-se omissos quanto ao fato de que a presente defesa sustentou não ser possível analisar os autos – e não que não teria tido acesso a eles -, diante da grande quantidade de documentos, da ausência de uma catalogação mínima e do curto período disponibilizado para tal análise”, argumenta o recurso de Heleno, citando os votos de Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

ADIÇÃO SELETIVA – “Não bastasse, os referidos votos mostraram-se igualmente omissos quanto ao esclarecimento acerca da inclusão de documentos ao longo da instrução penal, especialmente no que se refere à adição seletiva desses documentos, conforme expressamente apontado nas alegações finais”, continuam os advogados.

Após os embargos de declaração, os réus ainda podem apresentar um segundo recurso do mesmo tipo, antes do trânsito em julgado, que marca o início da execução da pena. Mesmo após essa etapa, ainda há a possibilidade de uma revisão criminal, usada para contestar condenações definitivas em casos excepcionais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A notícia é Piada do Ano. O general Heleno ganhou duas remunerações (o salário de ministro e a pensão de general 4 estrelas), tinha todas as despesas pagas e um cartão corporativo. Quando viajava ao exterior, ganhava diárias sem nada gastar. Mas é tão torpe que aceita esse tipo de argumento do seu advogado. Conclusão: Heleno jamais será miserável, mas está condenado pelo resto da vida a ser pobre de espírito. (C.N.)

Com 39 faltas não justificadas, Eduardo Bolsonaro entra na zona de cassação na Câmara

Garantia da segurança pública é prioridade para 77% das mulheres brasileiras

STF encerra caso Mauro Cid e a execução da pena será determinada por Moraes

Se os bandidos tivessem se rendido, ninguém teria morrido na Operação

Senado americano aprova projeto para cancelar tarifas contra Brasil

Votação tem caráter simbólico e as taxas não devem imediatamente

Deu no G1

O Senado americano aprovou nesta terça-feira (28) uma resolução para eliminar as tarifas impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros. A proposta ainda tem que passar por muitos obstáculos.

Foram 52 votos a favor e 48 contra, o que significa que cinco senadores republicanos se juntaram aos democratas da oposição para derrubar a declaração de emergência. Essa declaração foi imposta pela Casa Branca em julho como resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e serviu de base para a aplicação do tarifaço sobre as importações brasileiras, que chegou a 50%.

SEM JUSTIFICATIVA – O senador Thom Tillis, do Partido Republicano, foi um dos aliados de Trump que votaram a favor de derrubar as tarifas. Ele argumentou que as motivações dadas pelo governo americano não são uma base forte que justifiquem as sobretaxas.

A votação tem um caráter apenas simbólico, e as taxas não devem cair agora, porque a Câmara dos Deputados, que precisaria aprovar a medida, já decidiu que vai bloquear todas as propostas para derrubar as tarifas de Donald Trump ao menos até março.

QUEDA DE BRAÇO – O Congresso americano também vive uma queda de braço sobre o Orçamento dos Estados Unidos, uma disputa que paralisou outras votações e deixou o governo americano temporariamente sem dinheiro até para pagar salários.

Os presidentes Donald Trump e Lula se encontraram no fim de semana na Malásia para discutir o tarifaço. Os dois concordaram em manter o diálogo, mas, por enquanto, nenhum acordo foi fechado.

Bolsonaro recorre para reduzir pena, mas tendência é manter condenação

Guimarães Rosa e suas fadas alvas, que cantavam almas aladas…

Ícone da literatura brasileira, Guimarães Rosa completaria 110 anos — Brasil de Fato

Guimarães Rosa jamais esqueceu o sertão e suas veredas

Paulo Peres 
Poemas & Canções

O médico, diplomata, romancista, contista e poeta João Guimarães Rosa (1908-1967), nascido em Cordisburgo (MG), é um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos, sendo o romance “Grande Sertão: Veredas”, em que ele qualifica como uma “autobiografia irracional”, a sua obra mais conhecida.

Entretanto, Guimarães Rosa também enveredou pelos veios poéticos, conforme expõe a sua visão bucólica no poema “Amanhecer”.

AMANHECER
Guimarães Rosa

Amanhecer
Floresce, na orilha da campina,
esguio ipê
de copa metálica e esterlina.

Das mil corolas,
saem vespas, abelhas e besouros,
polvilhados de ouro,
a enxamear no leste, onde vão pousando
nas piritas das acácias amarelas.

Dos charcos frios
sobem a caçá-los redes longas,
lentas e rasgadas de neblina.
Nuvens deslizam, despetaladas,
e altas, altas,
garças brancas planam.

Dançam fadas alvas,
cantam almas aladas,
na taça ampla,
na prata lavada,
na jarra clara da manhã…

Moraes pauta para 7 de novembro o julgamento da denúncia contra Tagliaferro

Piada do Ano! O Globo elogia Milei como um “exemplo para o Brasil”

Presidente da Argentina, Javier Milei, discursa em Buenos Aires após vitória de seu partido nas eleições legislativas de meio de mandato

O Globo elogia Milei, porém jamais critica Lula da Silva

Deu na TimeLine

Até o jornal O Globo publicou editorial defendendo os ajustes fiscais tocados por Javier Milei. O título é: “Voto de confiança em Milei é recado para toda a América Latina”. O subtítulo: “Apoio ao programa de ajuste fiscal mostra eleitor consciente de que déficit não deve ser tratado com leniência”.

Logo no início, o texto diz o seguinte: “A Argentina não pode desperdiçar a oportunidade que seus eleitores deram ao presidente Javier Milei nas eleições do último domingo”.

VOTO DE CONFIANÇA – “O resultado foi um voto de confiança renovado no programa de ajuste fiscal — ambicioso e doloroso, mas necessário — de Milei”, diz o editorial, acrescentando:

“Seu êxito não apenas encerraria a sucessão de ciclos da incúria fiscal que amaldiçoa os argentinos, mas também serviria de exemplo a toda a América Latina, em especial ao Brasil, onde déficits públicos têm sido tratados com leniência, alimentando o endividamento de modo irresponsável e pondo em risco qualquer perspectiva de crescimento sustentado e desenvolvimento duradouro”.

Neste editorial, O Globo, que tanto apoia o presidente Lula da Silva, esqueceu de destacar que déficit e dívida pública são justamente as principais marcas do governo brasileiro.

LULA DESCONTROLADO – Os editores da família Marinho esqueceram que o governo Lula terá gastos de pelo menos R$ 399 bilhões acima dos limites legais de 2023 a 2026. A conta inclui tudo o que ficou fora da conta do teto de gastos em 2023 e do marco fiscal em 2024 e 2025. Também considera o que já está contratado ou prestes a ser liberado para ser gasto a mais em 2026.

Houve licença especial do Congresso para acomodar gastos em 2023, na chamada PEC fura-teto. Depois, no ano seguinte, foi aprovado o novo marco fiscal. O estouro do teto ficou em R$ 31,8 bilhões. Mas chegará a R$ 47 bilhões em 2025. E subirá mais, para R$ 67 bilhões, em 2026.

O governo Lula também  retirará R$ 208,4 bilhões das regras fiscais se desconsiderados os precatórios (sentenças judiciais) de 2023 a 2026. A PEC fura-teto representa 69,6% deste valor.

DÍVIDA ASSUSTA – A dívida bruta do governo estava em 75,3% do PIB em dezembro de 2018, no último mês do governo Michel Temer. Houve aumento na pandemia, mas depois baixou.

Encerrou 2022 a 71,7% do PIB. Agora, está em 77,5% do PIB (com dados de agosto, os últimos disponíveis).

O resultado dessa deterioração é que a confiança dos investidores diminui, e eles exigem juros mais altos dos papéis do governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGCom a grana do governo irrigando os cofres dos irmãos Marinho, os jornalistas da organização Globo são obrigados a fazer contorcionismos para elogiar Mieli sem criticar Lula, pois cada um é o avesso do outro. Nesse contexto, o editorial elogiando Milei vira Piada do Ano. (C.N.)

Trump arma ofensiva diplomática na Ásia e tenta equilibrar poder entre China e América Latina

Trump tem em sua agenda um encontro decisivo com Xi Jinping

Pedro do Coutto

Após o encontro cordial com o presidente Lula da Silva na Malásia, Donald Trump segue ampliando sua estratégia global de reaproximação comercial. O presidente norte-americano tem agora em sua agenda um encontro decisivo com Xi Jinping, na China, onde pretende firmar acordos que possam redefinir a balança de poder econômico entre Washington e Pequim.

Segundo fontes diplomáticas, Trump oferecerá isenções tarifárias a países do Sudeste Asiático — entre eles Tailândia, Vietnã, Camboja e a própria Malásia — numa clara tentativa de reforçar a presença dos Estados Unidos na região e conter a influência crescente da China sobre seus vizinhos.

“NEGOCIADOR GLOBAL” – O movimento é típico do estilo político de Trump: pragmático, transacional e fortemente voltado à imagem de “negociador global”. A visita à Ásia acontece em meio a uma série de reviravoltas na política comercial americana, que nos últimos meses impôs e agora revisa tarifas com objetivos de pressão diplomática.

A nova rodada de viagens presidenciais tem um duplo propósito — reposicionar os Estados Unidos como centro das cadeias produtivas globais e reconstruir pontes com parceiros estratégicos afetados por medidas protecionistas anteriores.

A China, por sua vez, teria aceitado um acordo parcial envolvendo o mercado da soja, um dos pontos de maior atrito entre as duas potências. Para Trump, a concessão chinesa representa uma vitória simbólica: ela sinaliza que Pequim está disposta a flexibilizar barreiras em troca de estabilidade e previsibilidade no comércio bilateral. Esse gesto também tem impacto direto sobre o Brasil, já que o país é um dos maiores exportadores de soja para o mercado chinês e pode ver o equilíbrio global desse setor se modificar.

APROXIMAÇÕES – A ofensiva asiática de Trump é parte de um jogo mais amplo de aproximações simultâneas. Ao estender a mão a Lula da Silva e acenar positivamente à China, o presidente norte-americano tenta redesenhar um mapa de alianças comerciais que combine política de resultados com pragmatismo geoeconômico.

Em um contexto global de tensões e disputas, Trump aposta em sua capacidade de negociar com todos os lados, mesmo com líderes ideologicamente opostos, para consolidar um novo eixo de influência baseado em vantagens econômicas e parcerias seletivas.

OPORTUNIDADE – Para o Brasil, esse novo tabuleiro representa tanto uma oportunidade quanto um desafio. Se Lula souber aproveitar o canal de diálogo aberto na Malásia, poderá garantir espaço para o país em futuras negociações multilaterais e até equilibrar sua posição entre Washington e Pequim.

O fato é que Trump, em seu retorno ao centro do poder mundial, parece disposto a usar a diplomacia econômica como principal arma para reposicionar os Estados Unidos. E cada gesto seu, da América Latina à Ásia, tem o potencial de redefinir a dinâmica comercial global nas próximas décadas.

Bolsonarismo cobra Tarcísio por omissão diante de Trump e teme avanço diplomático de Lula

Tarcísio não demonstrou interesse em atuar nessa frente

Bela Megale
O Globo

Aliados de Jair Bolsonaro passaram a criticar Tarcísio de Freitas por não atuar na construção de uma relação direta com a gestão Donald Trump. Há algumas semanas, o governador foi aconselhado a buscar contato com o presidente dos Estados Unidos por meio de empresários que teriam trânsito junto ao governo americano.

Segundo aliados do ex-presidente, Tarcísio não demonstrou interesse em atuar nessa frente e sinalizou que sua prioridade é cuidar dos temas ligados ao estado de São Paulo. A possibilidade de entrar em rota de colisão com Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também não teria animado o governador, segundo pessoas próximas à família do capitão reformado.

“VENCEDORES” – A leitura dos bolsonaristas é que a esquerda e Lula saem “vencedores” com a crescente aproximação e troca de acenos entre Lula e Trump — por mais que o discurso público do grupo, especialmente do clã Bolsonaro, siga em direção oposta.

A avaliação é que Tarcísio poderia fazer uma espécie de contraponto a Lula se conseguisse abrir um canal direto com a gestão Trump. Para os bolsonaristas, se o governador pretende se cacifar como opção para disputar a Presidência contra o petista em 2026, será necessário atuar nesse segmento internacional. Tarcísio, no entanto, segue afirmando que seu plano é concorrer à reeleição ao governo de São Paulo.

Crise no Rio força reunião de emergência: governo transfere presos e envia ministros ao estado

Pesquisas que já indicam “vitória” de Lula são grotescamente manipuladas

Charge do Newton Silva (Arquivo Google)

Carlos Newton

Em meio ao festival de pesquisas anunciando não somente que Lula recuperou sua antiga popularidade, mas também que a maioria dos brasileiros aprova sua maneira de governar e que a reeleição dele já é considerada certa, acaba de ser discretamente divulgada uma pesquisa que aponta justamente o contrário.

Esse levantamento foi feito pelo Ibespe, instituto criado pelos especialistas do antigo Ibope, que passou a funcionar dedicado apenas à audiência das TVs abertas, com base naqueles aparelhinhos plugados em receptores de TV, que ninguém sabe onde estão instalados, é um segredo maior do que a morte de Odete Roitman ou o assassinato de Marielle Franco.

GOVERNO SABIA… – O fato concreto é que a maioria dos brasileiros acredita que o esquema fraudulento de descontos em aposentadorias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi feito com conhecimento do governo do presidente Lula da Silva. O levantamento mostra que 53,1% dizem que há envolvimento do governo petista, enquanto 31% discordam. E 16% não sabem ou não responderam.

De acordo com a pesquisa Ibespe, a maioria aumenta entre os que não votaram nem em Lula (PT) nem no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesse segmento que busca a terceira via, 55,1% acreditam que o governo Lula tem relação com os desvios, enquanto 20,3% pensam o oposto, e 24,6% não sabem ou não responderam.

Entre os evangélicos, que é o novo alvo eleitoral de Lula, a maioria aumenta bem mais, pois 66,2% acreditam que o governo petista tem envolvimento no esquema, e apenas 18,7% deles não creem nisso. Não sabem ou não responderam, dentro desse segmento, 15%.

ALTA AUDIÊNCIA – Os entrevistados também responderam se acompanham ou não a CPI do INSS, no Congresso Nacional. Segundo a pesquisa, 55% deles afirmam que estão. Já 41% dizem que não, e 3,2% não sabem ou não responderam.

No Estadão, reportagem de Levy Teles e Vinicius Valfré mostra que, devido à alta audiência, os integrantes da CPI do INSS usam os trabalhos para turbinar suas redes sociais e ganhar seguidores.

A pesquisa ouviu 1.012 pessoas entre os dias 1.º e 4 de outubro. A amostra tem margem de erro de 3,1 pontos porcentuais para cima ou para baixo.

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P.S. –
Ora, se 53,1% dos eleitores dizem que há envolvimento do governo petista no escândalo do INSS, enquanto somente 31% discordam, como explicar esse festival de pesquisas que indicam vitória de Lula em 2026. Como dizia o macaco que trabalhava no programa “O Planeta dos Homens”, eu só queria entender… Bem, a única explicação que resta é o dinheirão que o governo e o PT estão injetando nos institutos de pesquisa. Como dizia a intelectual Dilma Rousseff, “a gente faz o diabo para ganhar eleição”. (C.N.)

Lei da Menoridade Penal é um escracho num país como o Brasil

Aiden Fucci confessou o crime em fevereiro deste ano

Aiden, que deu 112 facadas na colega, confessou o crime

Vicente Limongi Netto

A sociedade brada, com indignação e revolta. Passou da hora de trocar o verbo apreender pelo verbo prender. Menores de 16 anos, segundo a lei, estão aptos para votar. Ao mesmo tempo, menores de 16 anos, chegando a 12 e até 10 anos, seguem livres, matando, roubando e sequestrando.

Não são presos, apenas apreendidos. Por isso, são frios. Jamais mostram arrependimento, pois sabem que logo estarão soltos.

PRISÃO PERPÉTUA – Nos Estados Unidos, há pouco tempo, Aiden Fucci, um menor de 16 anos, foi condenado a prisão perpétua, porque matou uma colega de escola quando tinha 14 anos e ela apenas 12 anos. Sem direito a infames saidinhas ou agravos.

O Brasil precisa também de leis duras, severas, justas, para menores bandidos e assassinos. Matam para roubar celular, mochila ou bicicleta.

Agora, em Brasília, a justiça (Eu disse justiça? Perdão, foi mal) soltou um menor que participou do assassinato de uma jovem, em que esquartejaram o corpo da vítima.

MAIS SEVERIDADE – Justiça infame é isso. Menores destroem famílias e continuarão impunes, assassinando sem dó e piedade, homens, mulheres, idosos e jovens da idade deles.

Deputados e senadores precisam tratar do tema com severidade. Alterando a idade penal. O pleito é de interesse público.

Não é possível, será triste e lamentável que só tomem providências quando um conhecido ou membro da família for vítima dos monstros menores de idade.