O ouro da corrupção é ameaça global, com a erosão da confiança pública

Proteger o que é público é um compromisso de todos

Pedro do Coutto

Vivemos um tempo em que a corrupção deixou de ser um fenômeno restrito a determinados países ou governos e se transformou em uma ameaça global, infiltrando-se tanto em administrações públicas quanto em instituições de prestígio.

O episódio narrado sobre o roubo de joias no Museu do Louvre, em Paris, serve como uma poderosa metáfora desse cenário. O fato de ladrões terem conseguido penetrar em um dos espaços mais vigiados e simbólicos do mundo — supostamente com ajuda interna — revela que nenhuma estrutura, por mais sólida que pareça, está imune quando a ética e a integridade se fragilizam por dentro.

FERRUGEM SILENCIOSA – A corrupção é isso: um roubo que não vem de fora, mas que nasce no interior das próprias instituições, corroendo-as como ferrugem silenciosa. No Brasil, a mesma lógica se aplica a órgãos públicos que deveriam ser sinônimo de confiança e proteção social, como o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Recentemente, investigações da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal revelaram um esquema bilionário de fraudes, com descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Estima-se que cerca de R$ 6,3 bilhões tenham sido desviados entre 2019 e 2024, em um esquema que envolvia associações e sindicatos falsamente conveniados.

Beneficiários, muitos deles idosos e vulneráveis, descobriram que parte de seus rendimentos havia sido retida sem autorização. O caso escancara um problema estrutural: o enfraquecimento dos mecanismos de controle interno e a complacência com práticas ilícitas que se tornaram quase rotina na administração pública.

CONFIANÇA SOCIAL – A corrupção, quando se alastra, não destrói apenas os cofres, mas a confiança social. Ela mina a credibilidade do Estado e fragiliza o pacto democrático. Quando um aposentado descobre que foi lesado por quem deveria protegê-lo, o dano é mais profundo do que o financeiro: é simbólico, é moral.

A sensação de impotência e de injustiça amplia o distanciamento entre o cidadão e o poder público, alimentando o descrédito nas instituições e abrindo espaço para discursos populistas que exploram o ressentimento social. Esse ciclo é perigoso porque transforma o cansaço moral em combustível político.

A história mostra que, onde há fragilidade institucional, a corrupção se instala com mais facilidade. O Brasil, herdeiro de uma cultura patrimonialista, ainda mistura o público e o privado em sua lógica de funcionamento. O velho hábito do “toma lá, dá cá” continua presente nas relações entre o Executivo e o Congresso, e os escândalos se repetem como se fossem capítulos de uma série sem fim.

PREJUÍZOS E DÉFICITS – A crise nos Correios, que vem acumulando prejuízos bilionários, e os déficits em fundos de pensão, como o Postalis, são sintomas de um mesmo mal: a captura do Estado por interesses particulares. Soma-se a isso a queda nas receitas, o avanço da tecnologia que reduziu a demanda por serviços tradicionais e a má gestão de recursos aplicados de forma temerária na bolsa de valores. O resultado é um quadro de instabilidade que atinge não apenas o erário, mas também a confiança do trabalhador brasileiro.

Enquanto isso, no cenário internacional, o mundo também enfrenta suas próprias crises de moralidade e poder. O conflito em Gaza, reacendido por ataques israelenses que deixaram dezenas de mortos, mostra que até mesmo os compromissos de trégua podem ser rompidos por interesses políticos.

ESTRATÉGIA –  O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, pressionado internamente, parece prolongar o conflito como estratégia de sobrevivência política. Do outro lado, os Estados Unidos observam com cautela, enquanto Donald Trump tenta equilibrar seu papel de mediador com a necessidade de mostrar força.

A diplomacia se mistura ao cálculo eleitoral, e a paz vira um ativo político. Nesse tabuleiro global, o roubo de joias em Paris, o desvio de verbas no INSS e as bombas lançadas em Gaza parecem eventos distintos, mas partilham um mesmo denominador comum: a degradação da ética pública e da responsabilidade moral no exercício do poder.

É inevitável, portanto, reconhecer que a corrupção, seja em forma de fraude administrativa ou de guerra política, nasce da mesma semente — a do egoísmo humano que transforma o bem comum em bem próprio. Combater esse mal exige mais do que punições exemplares: requer uma mudança cultural, uma educação ética que valorize o serviço público como vocação, não como oportunidade.

VOZ E MEIOS – O fortalecimento das instituições de controle, a transparência ativa e o empoderamento da sociedade civil são caminhos indispensáveis. O cidadão precisa voltar a ter voz e meios de fiscalizar o Estado. É inaceitável que alguém trabalhe a vida inteira e veja parte de sua aposentadoria ser desviada por esquemas obscuros, enquanto os responsáveis permanecem impunes.

O Brasil tem leis modernas, como a Lei Anticorrupção, mas ainda peca na aplicação e na fiscalização. É preciso que a justiça funcione sem seletividade, que os agentes públicos e privados envolvidos em desvios sejam punidos com rigor e que as estruturas de poder deixem de proteger seus próprios integrantes.

ZELO PELO COLETIVO – Só assim será possível reconstruir o elo de confiança entre governo e sociedade. A corrupção, no fundo, é o espelho da nossa incapacidade de zelar pelo coletivo. Quando um museu perde suas joias, um aposentado perde seu benefício e um país perde sua integridade, o que se rouba não é apenas o ouro ou o dinheiro — é a dignidade de um povo.

O desafio que se impõe ao Brasil, e ao mundo, é o de reerguer as muralhas da confiança. Proteger o que é público não é apenas uma tarefa do Estado, mas um compromisso de todos. A honestidade precisa voltar a ser um valor inegociável, e não uma exceção admirável. É tempo de compreender que o verdadeiro tesouro de uma nação não está nas joias do Louvre, nem nos cofres do INSS, mas na solidez moral de suas instituições e na ética de seus cidadãos.

Lula anuncia Guilherme Boulos como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência

Tensão entre Trump e vizinhos da região acende alerta no Planalto

Brasil tem de ter cautela em negociação, avaliam diplomatas

Ricardo Abreu
G1

O governo brasileiro vê com preocupação o aumento da tensão entre os Estados Unidos e países da América Latina, como Venezuela e Colômbia. Mas o alerta não se dá só pela questão territorial ou de instabilidade na região. A crescente troca de ameaças entre Donald Trump e os governos venezuelano e colombiano pode atrapalhar um momento crítico de negociação entre Brasil e Casa Branca, em que Lula e Trump tentam se entender para discutir o tarifaço.

Depois do encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, na última quinta-feira (16), ficou acertado que uma primeira reunião técnica, entre negociadores brasileiros e uma equipe do governo norte-americano, será agendada para os próximos dias, de forma virtual.

TARIFAÇO – O diálogo ocorre em meio a uma forte crise nas relações bilaterais, iniciada em julho, quando Trump anunciou tarifas de 50% a produtos brasileiros importados pelos americanos. Os EUA alegaram que o Brasil adota práticas desleais de comércio e promove uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As tarifas entraram em vigor no início de agosto.

A mudança na relação entre os dois começou após um breve encontro nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro, e foi seguida por um telefonema de 30 minutos entre Lula e Trump no dia 6 de outubro, no qual foram abordados temas econômicos, incluindo o tarifaço.

CRÍTICAS –  Neste domingo (19), Trump elevou o tom da crise ao chamar o presidente colombiano, Gustavo Petro, de “traficante de drogas ilegal” que incentiva a “produção massiva” de entorpecentes. Ele afirmou ainda que os EUA vão cancelar “pagamentos e subsídios em larga escala” ao país sul-americano e alertou Petro de que “é melhor encerrar” as operações de drogas “ou os Estados Unidos as encerrarão por ele, e não será feito de forma gentil”.

Petro acusou o governo dos EUA de assassinato e exigiu respostas após o mais recente ataque americano em águas do Caribe. Os ataques ocorrem em uma região próxima à costa da Venezuela, onde Trump admitiu ter autorizado ações da Agência Central de Inteligência (CIA). O governo venezuelano, que enviou caças, submarinos e navios de guerra, não descarta uma invasão por terra.

Segundo Trump, a operação busca combater os cartéis de drogas venezuelanos. Os EUA também acusam o presidente do país, Nicolás Maduro, de liderar o Cartel de los Soles, grupo classificado recentemente pelo governo Trump como organização terrorista internacional.

PAUTA DE DISCUSSÃO –  Em meio à escalada da tensão, Lula planeja comentar a crise na Venezuela no encontro presencial que deve ter com Trump, ainda sem data marcada. Auxiliares afirmam que o presidente brasileiro pode usar um tom de alerta sobre a situação, querendo deixar claro a Trump que uma intervenção militar americana na Venezuela irá desestabilizar toda a região, criando um cenário mais propício para o narcotráfico.

Na quarta-feira (15), o presidente dos EUA afirmou ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano e disse estar estudando ataques terrestres contra cartéis do país.

ENCONTRO FUNDAMENTAL –  O governo brasileiro avalia que é muito importante que a reunião entre Lula e Trump aconteça ainda em 2025. Lula embarca nesta terça (21) para a Malásia, para participar da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). O Planalto e o Itamaraty trabalham com a possibilidade de que o encontro bilateral aconteça durante essa viagem, mas ainda há incertezas sobre a compatibilidade das agendas dos dois mandatários.

Segundo auxiliares do governo, há um esforço em andamento para construir a reunião Lula-Trump este ano. Diplomatas acreditam que, uma vez realizado, o diálogo presencial em mais alto nível, entre os dois presidentes, dará um norte para a discussão.

“Há, no horizonte, muitas tentativas externas de pautar agendas paralelas e atrapalhar a relação bilateral. Tem muita espaçonave desgovernada no caminho, e a presença dos chefes de Estado, o quanto antes, é fundamental para impedir qualquer interferência”, disse uma fonte. O Palácio do Planalto recebeu indicativos da Casa Branca de que os americanos também enxergam como ideal organizar a reunião com rapidez.

Defender Alexandre de Moraes significa contestar a democracia

Gilmar Fraga: liberdade de expressão | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Carlos Newton

Circulam nas redes sociais informações tão absurdas que chegam a causar perplexidade e revolta. Uma deles é a de que Donald Trump vai erradicar o esquerdismo no mundo, num projeto que já está começando pela Venezuela, depois passará pelo Brasil, Cuba, Nicarágua e qualquer outro país que sair do sério, digamos assim.

Meus amigos, é impressionante o que se diz de Trump, que seria uma espécie de Super-Homem sem criptonita. Fala-se que estaria empenhado também em destruir a Rússia, o Vietnã, o Irã e até a Índia, que manifesta uma tendência ideológica bipolar, , sem falar na China, que já estaria condenada ao fracasso e à humilhação diante do irrequieto novo líder do capitalismo mundial. 

BEST-SELLERS – Dizem também as redes sociais que um dos principais gurus desse movimento mundial é o jornalista brasileiro Paulo Figueiredo, autor de uma obra sobre política global que já estaria liderando a lista dos best-sellers nos Estados Unidos.

Tomado pela curiosidade, fui conferir a famosa lista do New York Times e não encontrei nenhum autor brasileiro entre os atuais best-sellers.  Fiz então uma busca mais apurada e descobri que o neto do general João Figueiredo jamais publicou livro algum.

Diante dessa desfaçatez, fica absolutamente clara a importância do jornalismo profissional, que também está sujeito a manipulações, é óbvio, mas não passa adiante esse tipo de desinformação.

###
P.S. – O pior é que essas fake news são incontroláveis em países minimamente democráticos. Somente se consegue coibir esse tipo de desinformação em nações ditatoriais, que exercem censura prévia, conforme o ministro Alexandre de Moraes tenta implantar no Brasil, mas os Estados Unidos e outros países não aceitam, em nome da liberdade de expressão que caracteriza a democracia. Em tradução simultânea, isso significa que teremos de aturar essas deformações sociais, até encontrar solução. Pense sobre isso. (C.N.)

Itamaraty pede reforço de R$ 352 milhões e aponta risco de despejo em embaixadas

Aécio reaparece, multiplica gastos em mídia e mira presidência do PSDB

Aécio gasta mais de R$ 100 mil em divulgação nas redes

Salma Freua
O Tempo

Nas últimas semanas, muitos brasileiros se surpreenderam ao ver o deputado federal Aécio Neves (PSDB) na televisão e nos jornais. A reaparição do ex-governador de Minas Gerais, que em 2014 quase alcançou o posto mais alto da política brasileira, chama atenção após um longo período de afastamento dos holofotes. Com as eleições de 2026 se aproximando e diante de um novo contexto na política brasileira, a estratégia de Aécio mudou, incluindo maior investimento em outro tipo de mídia: as redes sociais.

A coluna Aparte analisou os anúncios das contas de Aécio Neves no Instagram e no Facebook em 2024 e 2025, por meio da Biblioteca da Meta, ferramenta que permite consultar todos os posts impulsionados por usuários nas plataformas da empresa. Enquanto em todo o segundo semestre do ano passado o deputado investiu cerca de R$ 400 em publicações patrocinadas, de julho a outubro deste ano, o valor já ultrapassa R$ 115 mil. O salto é de 28.650%.

POSTAGENS – O investimento variou ao longo dos meses: cerca de R$ 35 mil em julho, R$ 45 mil em agosto, R$ 36 mil em setembro e R$ 1.800 em outubro (até terça). Parte das postagens é compartilhada com os perfis do PSDB e do Instituto Teotônio Vilela (ITV), instituto de formação política do partido que é presidido por Aécio.

Os principais temas dos posts impulsionados incluem aparições de Aécio na mídia nacional, críticas aos governos do presidente Lula (PT), em nível federal, e de Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, além de publicações que relembram de forma positiva sua gestão à frente do estado.

Também aparecem conteúdos voltados à divulgação de emendas parlamentares destinadas a diferentes cidades mineiras, comentários sobre pautas de destaque na política nacional, como o PL da Anistia e a PEC da Blindagem, e a defesa de um chamado “centro político”, conceito que o PSDB passou a utilizar para se diferenciar dos dois principais polos atuais, PT e PL.

FINANCIAMENTO – A coluna procurou a assessoria de Aécio Neves para falar sobre as publicações e sobre quem financia o impulsionamento dos posts. Por meio de nota, a equipe do deputado informou que os conteúdos relacionados à divulgação de emendas parlamentares são pagos pelo mandato, enquanto as demais publicações são custeadas pelo PSDB e pelo Instituto Teotônio Vilela.

“Principal projeto do instituto, o Farol da Oposição dedica-se à fiscalização das ações do governo, à proposição de soluções para os desafios do país e à divulgação das ideias, programas e legado dos governos do PSDB”, afirmou a assessoria. Por lei, todos os partidos devem manter um instituto de formação política financiado com 20% do fundo partidário.

Ainda segundo a equipe, as publicações colaborativas entre o PSDB, o instituto e as “principais lideranças do partido” são recorrentes e buscam “ampliar a visibilidade das ações e do legado do partido nos estados brasileiros”. “Esses gastos são todos legais, transparentes e declarados publicamente”, finaliza a nota.

REPOSICIONAMENTO –  Embora suas últimas aparições possam parecer repentinas, a estratégia de Aécio de voltar aos olhos do público começou no ano passado. Nas eleições para prefeito de Belo Horizonte, ele declarou apoio a Fuad Noman (PSD). O gesto, no entanto, não foi repercutido pela campanha de Fuad.

Após o pleito, o deputado adotou postura crítica em relação ao governo estadual, comandado por Romeu Zema (Novo) e pelo vice e pré-candidato Mateus Simões (Novo). Desde então, tem se manifestado sobre os principais temas da política nacional e estadual, do “tarifaço” à possível privatização da Copasa. Além disso, aproveita o tempo de propaganda partidária do PSDB na rádio e na TV para repercutir essas críticas.

“RECALL” – A ideia seria reativar o “recall” do Aécio entre os mineiros, segundo interlocutores do PSDB ouvidos pela coluna. O investimento nas redes sociais não teria necessariamente caráter eleitoral. Segundo a assessoria, Aécio ainda não definiu se será candidato em 2026, e a decisão deve sair no início do ano que vem.

Interlocutores afirmam que ele já teria definido que não vai disputar a reeleição à Câmara e estaria avaliando o Senado ou o governo de Minas. Outra possibilidade é não disputar nenhum cargo, mas tentar se tornar um “player” na política nacional. Em novembro, ele já deve assumir a presidência nacional do PSDB. Por ora, os resultados das pesquisas eleitorais têm animado o tucano: ele aparece entre os nomes lembrados para o Senado e o governo de Minas.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG“Inocentado” de corrupção igual a Lula, o neto que desonrou Tancredo Neves tentará subir de turma, como se diz no turfe. Mas sua carreira é um fracasso, pois perdeu para Dilma Rousseff em Minas Gerais. É um político de segunda. (C.N.)

Fux pede ajustes em voto que condenou Bolsonaro e adia acórdão no STF

Publicação do acórdão dá início ao prazo para apresnetação de recursos

Daniel Gullino
O Globo

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou na última semana para realizar ajustes gramaticais em seu voto no julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pedido ocorreu em meio à elaboração do acórdão, documento que oficializa o resultado do julgamento.

Para a preparação do acórdão, os ministros devem apresentar a versão completa de seus votos, que nem sempre corresponde ao que foi dito durante a sessão. Fux já havia enviado seu voto, mas solicitou a devolução para realizar correções no texto. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo e confirmada pelo O Globo

PRAZO – A publicação do acórdão é importante porque dá início ao prazo para as defesas apresentarem recursos contra o resultado do julgamento. O início do cumprimento da pena só pode ser determinado após a análise desse recurso.

O regimento interno do STF estabelece um prazo de 60 dias para a publicação do documento. O prazo começou a contar após a aprovação da ata da sessão em que a análise foi concluída, o que aconteceu no dia 24 de setembro.

Os gabinetes de cada ministro têm 20 dias para liberarem os votos escritos e também a transcrição do que foi dito nas sessões. Caso o prazo não seja respeitado, a Secretaria das Sessões elabora os textos e encaminha todo o material ao gabinete do relator, que neste caso é ministro Alexandre de Moraes. Ele será responsável pela redação do acórdão e da ementa, que é um resumo da decisão.

GOLPE DE ESTADO – Bolsonaro foi condenado, no dia 11 de setembro, a 27 anos e três meses de prisão, por uma tentativa de golpe de Estado. Os demais sete réus também foram considerados culpados e condenados a penas entre dois e 26 anos de prisão.

Após a publicação do acórdão, começa o prazo para que as defesas apresentem recursos à decisão. No caso dos embargos de declaração, utilizados para esclarecer contradições ou omissões no julgamento, esse prazo é de cinco dias.

Também é possível apresentar embargos infringentes, para tentar rever o resultado, em 15 dias. O entendimento do STF, no entanto, é que esse recurso só é válido contra uma decisão da turma se houver dois votos pela absolvição. No caso de Bolsonaro e da maioria dos réus, só houve um, do ministro Luiz Fux.

Ibama cai na real e aprova poço de petróleo na foz de Amazonas

Entidades ambientais repudiam parecer da AGU sobre exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Petrobras acredita ter descoberto mais um supercampo

Nicola Pamplona
Folha

A Petrobras afirmou nesta segunda-feira (20) que obteve do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) licença para a perfuração do primeiro poço em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas.

A estatal falou que a perfuração “está prevista para ser iniciada imediatamente” e deve durar cinco meses. Ou seja, estará em curso enquanto o planeta debate medidas para combater a mudança climática na COP30, em Belém —também a base das operações de perfuração. A conferência do clima da ONU na capital do Pará será realizada de 10 a 21 de novembro.

APENAS PESQUISAR – “Por meio desta pesquisa exploratória, a companhia busca obter mais informações geológicas e avaliar se há petróleo e gás na área em escala econômica. Não há produção de petróleo nessa fase”, afirmou a Petrobras, em nota.

O Ibama, também em nota, disse que a licença foi emitida “após rigoroso processo de licenciamento ambiental”, que contou com três audiências públicas, 65 reuniões técnicas setoriais em mais de 20 municípios e um simulado da operação de perfuração.

O processo de licenciamento desse poço levou quase cinco anos, com diversos embates dentro do próprio governo. O bloco exploratório 59 da bacia Foz do Amazonas, onde o poço será perfurado, foi leiloado pelo governo em 2013.

APRIMORAMENTO – O pedido de licença para pesquisar petróleo no local quase foi arquivado algumas vezes. Em abril de 2023, a área técnica do Ibama pediu arquivamento do processo, mas não foi respaldada pelo presidente Rodrigo Agostinho. Depois, disso, diz o órgão ambiental, conversas com a Petrobras levaram a diversas melhorias no projeto.

Entre elas, continua, estão o centro de despetrolização de animais em Oiapoque (AP) e a mobilização de sete novas embarcações para resgate de fauna.

“As exigências adicionais para a estrutura de resposta foram fundamentais para a viabilização ambiental do empreendimento, considerando as características ambientais excepcionais da região da bacia da Foz do Amazonas”, disse o Ibama.

LULA PRESSIONOU – Nos últimos meses, além da pressão da Petrobras e de políticos da região Norte, o pedido da Petrobras passou a receber forte apoio público do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sob o argumento de que o país não pode abrir mão da receita do petróleo.

“A conclusão desse processo, com a efetiva emissão da licença, é uma conquista da sociedade brasileira e revela o compromisso das instituições nacionais com o diálogo e com a viabilização de projetos que possam representar o desenvolvimento do país”, disse a presidente da estatal, Magda Chambriard.

Localizado a 175 quilômetros da costa do Amapá, o poço batizado de Morpho é a primeira tentativa para confirmar se há no Brasil reservatórios de petróleo semelhantes aos descobertos pela americana ExxonMobil na Guiana —um dos países hoje com maior taxa de crescimento na produção.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
É um dia de festa para todo o país. Como dizia Nelson Rodrigues, os idiotas da objetividade querem evitar o progresso da nação. Desta vez, porém, o bom senso falou mais alto. (C.N.) 

Lula impõe freio de arrumação no PT e mira palanques fiéis para 2026

A implosão da direita: anatomia do efeito Eduardo Bolsonaro

No Dia do Poeta, devemos lembrar como a poesia enfeita nossa vida

20/out – Dia Nacional do Poeta | WAGNER'S BLOGPaulo Peres
Poemas & Canções

Hoje é o Dia do Poeta e, neste sentido, publicamos a definição de “Ser Poeta”, na visão da artista plástica e poeta Efigênia Coutinho, nascida em Petrópolis (RJ). A seu ver, a poesia será sempre um meio de comunicação de sentimentos na escrita. “Tenho um ritmo pessoal, operando desvios de ângulos, mas sem perder de vista a tradição, procurando atingir o núcleo da ideia essencial, a imagem mais direta possível, abolindo as passagens intermediárias”, afirma.

SER POETA
Efigênia Coutinho

A noite sempre cálida me espera,
Tenho em versos a recente emoção
Da inquietude que abraça a quimera,
Enquanto no meu peito pulsa a oração.

A noite ouve o acalanto, esta voz
Que brada a rima solta, e então viajo;
E busco o sopro terno do ninar em nós,
Onde se farta o frêmito voraz, que trajo.

Lá, ao vento espalhado, e envolto,
Meu verso solto, que diz: mortal, eu sou
Na arte que te fecunda e faz envolto…

Porque ser poeta é ser alguém que embelezou
A prosa e o lado vil do caso vário,
E deu-se a Deus que equilibra este rosário.

Congresso desafia o arcabouço e ameaça a estabilidade das contas públicas

O custo da impunidade: R$ 3,3 milhões para sustentar mandatos sem presença

Entre a ficção e a fatura: o orçamento de 2026 e o dilema do governo Lula

Charge do Clayton (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

O governo Lula entra em um dos momentos mais delicados de sua gestão: a elaboração do orçamento para 2026, ano eleitoral e, portanto, decisivo tanto do ponto de vista político quanto econômico.

No papel, trata-se de um documento técnico, racional, equilibrado; na prática, é um tabuleiro onde se cruzam cálculos eleitorais, promessas sociais e a dura realidade fiscal de um país que convive há décadas com déficits estruturais e um endividamento crescente. O desafio de Lula e de sua equipe econômica é produzir uma peça que agrade ao eleitor e, ao mesmo tempo, mantenha a confiança dos mercados — duas forças que raramente se conciliam.

TRAÇOS DE FICÇÃO – Na essência, o orçamento público brasileiro sempre carregou traços de ficção. Não por má-fé, mas porque a distância entre a previsão e a execução é enorme. As receitas projetadas frequentemente não se confirmam, e as despesas, que deveriam ser controladas, acabam se multiplicando ao sabor das pressões políticas.

Além disso, boa parte do orçamento é engessada: previdência, folha de pagamento, benefícios constitucionais e dívidas judiciais absorvem quase todo o espaço de manobra. O que sobra, os chamados gastos discricionários, é pouco mais do que uma margem simbólica — e, em ano eleitoral, essa margem é disputada como ouro.

A peça orçamentária enviada pelo governo ao Congresso prevê um superávit primário de R$ 34,5 bilhões, o equivalente a 0,25% do PIB, segundo dados da Reuters. À primeira vista, é um número positivo, uma sinalização de compromisso com a responsabilidade fiscal.

EQUILÍBRIO FRÁGIL – Mas basta um olhar mais atento para perceber que o equilíbrio é frágil: o cálculo exclui quase R$ 58 bilhões em despesas obrigatórias, como precatórios, e se essas obrigações forem incluídas, o resultado se transforma em déficit. É um equilíbrio que depende de premissas otimistas e de um ambiente econômico estável — algo pouco garantido no Brasil contemporâneo.

Ao mesmo tempo, paira sobre o orçamento um elemento que raramente é debatido com a devida profundidade: o peso dos juros da dívida pública. O Banco Central estima que o estoque da dívida brasileira já se aproxima dos R$ 9 trilhões, superando de longe o valor total do orçamento.

O pagamento de juros, que não aparece nas contas primárias, consome parcela crescente das receitas e transforma a meta fiscal em uma ilusão parcial. De acordo com o FMI, o Brasil precisa de um ajuste fiscal de cerca de 3% do PIB para estabilizar a trajetória da dívida — algo politicamente árduo, especialmente quando o horizonte é eleitoral.

ROTEIRO CONHECIDO – A tensão é clara: de um lado, a pressão popular por mais investimentos, programas sociais, habitação, infraestrutura e aumento real do salário mínimo; de outro, o receio de que uma guinada populista comprometa a credibilidade do governo junto aos agentes financeiros. O risco é que, na tentativa de equilibrar as duas pontas, o governo acabe reproduzindo um roteiro conhecido: promessas generosas, cortes improvisados e um déficit que se disfarça em números de conveniência.

O próprio conceito de “orçamento” no Brasil tornou-se algo elástico. É um instrumento que orienta as ações do Estado, mas que depende de variáveis políticas e econômicas imprevisíveis. Como já observou o economista Marcos Mendes, ex-consultor do Senado, “o orçamento brasileiro é uma ficção útil: serve para planejar, mas raramente para cumprir”. Essa elasticidade, porém, cobra seu preço. Quanto mais o país posterga a consolidação fiscal, mais caro fica o serviço da dívida, e menos sobra para políticas públicas reais.

DILEMA – Em 2026, o governo enfrentará um dilema inevitável: ou mantém o discurso da responsabilidade fiscal, com superávits modestos e contenção de gastos, correndo o risco de desagradar a base social que o elegeu; ou cede à tentação de ampliar benefícios e investimentos, apostando que o crescimento compense o desequilíbrio. É uma escolha entre o pragmatismo e a popularidade — e ambos custam caro.

No fim das contas, o orçamento é mais do que uma planilha: é um retrato das prioridades políticas de um governo e um termômetro da confiança que ele inspira. Se o texto orçamentário para 2026 conseguir conciliar prudência e sensibilidade social, Lula terá conseguido o raro feito de unir realismo e esperança.

Mas se prevalecer a lógica da ficção — onde as contas fecham apenas na teoria — o país corre o risco de repetir um velho enredo: prometer mais do que pode cumprir e pagar o preço, com juros e desconfiança, nos anos seguintes.

PL descobre brecha da Constituição para salvar mandato de Eduardo Bolsonaro

É imoral o milionário Barroso ter “segurança vitalícia” paga pelo povo

Barroso exerce último dia como ministro do STF nesta sexta-feira

Vaidoso, o ministro diz que pretende viajar pelo mundo

Carlos Newton

Como diria Helio Fernandes, causa repulsa ao cidadão-contribuinte-eleitor a informação de que o ministro aposentado Luís Roberto Barroso terá segurança permanente, paga pelo Supremo, até o final de sua vida. E o pior é saber que a decisão que assegura essa segurança vitalícia a todos os ministros foi tomada em junho em ação relatada justamente por Barroso.

É duro viver num país pré-falido como o Brasil, cujos problemas sociais são chocantes e agridem a opinião pública, mas as autoridades continuam tomando decisões desnecessárias e ultrajantes, que se avolumam e fazem o endividamento da administração aumentar de forma permanente.

QUASE 3% – A dívida pública brasileira não para de crescer e atingiu cerca de R$ 8,14 trilhões em agosto de 2025, representando um aumento de 2,59% em relação ao mês anterior, segundo o Tesouro Nacional.

As causas do aumento incluem a apropriação de juros e a emissão de títulos, apesar de o resgate de títulos ter sido maior em julho. As instituições financeiras, fundos de pensão e fundos de investimento são os maiores detentores da dívida interna.

E a situação agora vai piorar, com o governo Lula da Silva abrindo as torneiras públicas para “comprar e pagar” sua nova reeleição, na sua teoria se que “o dinheiro vai sair de onde não deveria estar, para então ser gasto onde precisava estar”. Como se vê, até o deputado Tiririca faria melhor, pois pior não fica.

TAPA NO ROSTO – Em meio a esse clima de irresponsabilidade, a notícia da “segurança vitalícia” de Barroso, publicada por Gabriela Boechat na CNN, representa um tapa no rosto dos brasileiros que tanto trabalham para sobreviver.

Assim como os outros ministros do STF, Barroso já está até acostumado com a segurança permanente, que o acompanha inclusive quando está no exterior, fazendo palestras sem a menor importância para seu ex-inimigo Gilmar Mendes.

Na verdade , Barroso deveria ser o primeiro a se insurgir contra o privilégio, porque tem recursos próprios suficientes para pagar qualquer tipo de segurança. Em 2026, o STF prevê gastar R$ 72 milhões. É um bocado de dinheiro, que daria para construir um belo hospital.

###
P.S.Barroso é um advogado riquíssimo, que defendia grandes empresas brasileiras e multinacionais. Agora, está apavorado com a possibilidade de perder o apartamento e o escritório de luxo que tem em Miami, primorosamente mobiliados, e outros bens ameaçados pelo governo Trump com a Lei Magnitsky. Aliás, foi para preservar esse patrimônio que Barroso pediu demissão do Supremo na sexta-feira, mas está levando a segurança gratuita a reboque. É lamentável. (C.N.)

Assassinato de aluno do Colégio Militar, por causa do celular, choca Brasília

Isaac Augusto de Brito Vilhena de Moraes

Issac foi morto por um jovem de 15 anos , que foi detido

Vicente Limongi Netto

Comoção em Brasília com a morte, a facadas, do estudante Issac Augusto Vilhena de Moraes, de 16 anos, enquanto brincava com amigos, na entrequadra 112/113 sul. Motivo: o já banal e tormentoso, em todo o Brasil, roubo de aparelho celular.

Ninguém, no país inteiro, tem mais sossego. A insegurança é avassaladora. A mendicância é parceira dos ladrões e assassinos.

COLÉGIO MILITAR – Nascido em São Paulo, Issac veio cedo para Brasília, porque o pai, Lucas Vilhena é médico do Exército. Aluno querido do Colégio Militar, Issac sonhava em passar no vestibular da Universidade de Brasília, para cursar Tecnologia e Informática.

Pasmem, o assassino é o jovem Augusto, com 15 anos de idade. Dias antes já havia sido detido por uso de drogas. Está na Delegacia da Criança e do Adolescente.

Faz tempo que defendo a diminuição da idade penal de 18 anos de idade. Hoje é comum jovens menores de 18 anos, como o próprio Augusto, de 15 anos que esfaqueou e matou Issac, já serem autores de roubos, assaltos e assassinatos.

NO CONGRESSO – A discursão sobre o tema precisa voltar ao Congresso Nacional, onde certamente, existem dezenas de projetos defendendo a adoção, urgente, da medida.

Famílias são destruídas. Nossos filhos e netos ficam à mercê de jovens assassinos que deveriam estar na escola. Deus guarde Issac com as belezas da vida. Que sonhava viver. Exemplos que plantou serão marcas nos corações jovens. A fidalguia de Issac iluminará Brasília. As brincadeiras com os amigos da quadra e do colégio serão guardadas em sorrisos permanentes.

No céu, Issac tornou-se a alma feliz da juventude. Representada por ele com dignidade, ternura e amor. 

Atenção! Democracia brasileira vive seu momento mais instável desde 1988

Cármen Lúcia cobra mais mulheres no STF e lança recado velado a Lula

Magistrada tem expectativa por mais mulheres na corte

Ana Gabriela Oliveira Lima
Folha

A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou na última quinta-feira (16) que tem sempre expectativa de que haja mais mulheres na corte. A fala se dá em contexto no qual o presidente Lula (PT) vai indicar um novo ministro para substituir Luís Roberto Barroso, cuja aposentadoria antecipada foi oficializada no Diário Oficial da União no último dia 15.

À Folha a ministra afirmou que haver mais mulheres seria importante para garantir que a visão colegiada no tribunal represente a sociedade brasileira. “Os espaços, não apenas de poder, mas os espaços de participação, de atuação de mulheres e de homens é que fazem com que as visões sejam colegiadas, no sentido mesmo de a sociedade brasileira estar toda representada. Nós somos 52% da população brasileira, quase 53% do eleitorado. Então é importante que em todos os lugares nós tenhamos mulheres. Temos mulheres muito competentes no direito. Grandes juízas, grandes procuradoras, advogadas públicas, muitas grandes professoras aqui mesmo, na USP”, afirmou.

HOMENAGEM – A fala se deu durante evento na Faculdade de Direito da USP, no centro de São Paulo, onde a ministra foi homenageada, deu uma palestra e participou de uma sessão de autógrafos de um de seus livros, “Princípio constitucional da solidariedade”.

Atualmente a ministra é a única mulher na composição da corte. Com o anúncio da aposentadoria antecipada de Barroso, aumenta a pressão para que o presidente Lula indique mais uma mulher para o Supremo e também leve em consideração o critério racial.

O petista escolheu apenas uma mulher, a própria Cármen, em 10 indicações que já pôde fazer para a corte ao longo de seus três mandatos. Fora ela, só duas outras mulheres compuseram o tribunal, Rosa Weber e Ellen Gracie, nomeadas por Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso, respectivamente. As três são brancas.

COTADOS – Como mostrou a Folha, os principais cotados para a vaga de Barroso são o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Bruno Dantas, o advogado-geral da União, Jorge Messias, favorito ao cargo, e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Cármen foi homenageada no evento com a medalha professor Dalmo Dallari, iniciativa da Anape (Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal), por sua trajetória jurídica.

Ao receber a medalha, ela fez a primeira manifestação que daria ao longo do evento, em tom discreto, em homenagem às mulheres. “Nós mulheres sabemos nos colocar e nos vestir”, afirmou ao colocar em si a medalha.

DIVERSIDADE – Cármen citou mulheres, negros e indígenas silenciados historicamente ao discorrer sobre os 37 anos da Constituição. Ela falou sobre a importância de pessoas diversas estarem juntas e trocarem experiências para construírem um Brasil efetivamente democrático.

A ministra também citou as mães como aquelas que são exemplo de solidariedade, princípio constitucional discutido em seu livro. “Não há solidariedade maior que Deus tenha deixado como exemplo que não a das mães”, afirmou.

Cármen lembrou o artigo 3º da Constituição, que cita como objetivo fundamental da República uma “sociedade livre, justa e solidária”, e disse que a solidariedade fica em risco quando predomina na sociedade a desconfiança.

REDES SOCIAIS – Ela focou a influência atual das redes sociais em dinâmicas políticas no Brasil, com fake news que colocam em descrédito o sistema de direito e podem levar à erosão democrática. “Trabalho com a ideia de que a democracia vive do princípio da confiança”, afirmou, associando cidadãos confiantes ao exercício da solidariedade.

Presente na cerimônia, Patricia Werner, procuradora do estado de São Paulo e diretora-presidente da Esnap, escola superior da Anape, reforçou a fala da ministra sobre a necessidade de mais mulheres no STF. Ela afirmou que é preciso sanar a falta de diversidade em cenário no qual há abundância de mulheres competentes para ocupar o cargo. Disse também que “inclusão e igualdade são um grande tema” para as procuradoras, também mobilizadas sobre a discussão a favor de uma mulher no STF.

Cármen Lúcia tem vocalizado discursos a favor das mulheres. Em mais de uma ocasião, ela citou o silenciamento praticado contra elas, seja em discurso, em 2024, durante sessão solene do 8 de Março, seja na ação penal que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão por liderar uma trama golpista. “Nós mulheres ficamos dois mil anos calados, nós queremos ter o direito de falar”, disse ela na ocasião, ao ceder tempo de fala ao ministro Flávio Dino.

Justiça condena ex-chefe da Funai de Bolsonaro por perseguição a servidores