Corrida ao trono: indefinição de Bolsonaro paralisa alianças e acirra disputa nas direitas

Eduardo Bolsonaro abre guerra contra aliados e isola ainda mais a direita

A genialidade de Sinhô, considerado o grande mestre do samba

Nosso Sinhô Do Samba (1988) | Toque Musical

Sinhô, em caricatura da época

Paulo Peres
Poemas & Canções

O carioca José Barbosa da Silva, conhecido como Sinhô (1888-1930), é considerado um dos mais talentosos compositores de samba, para muitos o maior da primeira fase do samba carioca.

Com letra romântica e queixosa, o samba ”Jura” pede uma promessa de amor. Sinhô descreve um momento de dor de cotovelo de quem foi traído ou não confia na   sinceridade do amor que a mulher lhe dedica. O samba foi gravado, originalmente, por Mário Reis, em 1928, pela Odeon.

JURA
Sinhô

Jura, jura, jura
pelo Senhor
Jura pela imagem
da Santa Cruz do Redentor
pra ter valor a tua jura
jura, jura
de coração
para que um dia
eu possa dar-te o amor
sem mais pensar na ilusão

Daí então dar-te eu irei
o beijo puro da catedral do amor
Dos sonhos meus, bem junto aos teus
para fugirmos das aflições da dor

Em 134 anos, o Supremo teve só três mulheres e nenhuma ministra negra

Entidades cobram que Lula nomeie uma mulher para a vaga

Geovanna Hora
Estadão

Após o anúncio da antecipação da aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a ser pressionado por entidades e artistas, como a cantora Anitta, para indicar uma mulher para a vaga.

Ao longo de 134 anos de história, o STF já teve 172 ministros. No entanto, entre eles, apenas três eram mulheres – e nenhuma delas era negra. A primeira mulher ministra do STF foi Ellen Gracie, nomeada por Fernando Henrique Cardoso em 2000 para a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Luiz Octavio Pires e Albuquerque Gallotti. Ela também foi a primeira mulher a presidir a Corte, entre 2006 e 2008.

APOSENTADORIA –  Única mulher na composição atual, a ministra Cármen Lúcia foi nomeada por Lula para a vaga aberta devido a aposentadoria do ministro Nelson Jobim em 2006. Ela deve se aposentar até 2029, quando completará 75 anos.

Após a aposentadoria de Ellen Gracie em 2011, a presidente Dilma Rousseff escolheu a ministra Rosa Weber para integrar a Corte. Essa foi a última vez que uma mulher foi indicada para o STF. Ela se aposentou em 2023 e foi substituída pelo ministro Flávio Dino, nomeado por Lula.

Entidades da sociedade civil têm feito pressão para que uma mulher ocupe a vaga deixada por Barroso. Em uma carta conjunta, as organizações Fórum Justiça, Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos e Plataforma Justa afirmaram que “não é por falta de excelentes nomes de mulheres que Lula deixará de indicar uma ministra para a Suprema Corte”.

POSSÍVEIS CANDIDATAS – Elas também listaram nomes de 13 possíveis candidatas. Entre as sugestões, há mulheres que já ocupam cargos de destaque, como a presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, e a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edilene Lobo.

A pressão também é feita por artistas. Anita usou as redes sociais, na terça-feira, 14, para afirmar que tem certeza de que “existem mulheres qualificadas para o cargo no nosso País onde a maioria da população é mulher”. “Compartilho com toda esperança”, escreveu em seus stories do Instagram.

No entanto, os principais cotados para o cargo são todos homens, como o advogado-geral da União, Jorge Messias, o senador Rodrigo Pacheco(PSD-MG), o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, e o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGEssa estatística é bobagem. A que realmente interessa é a seguinte pergunta, que não quer calar: Entre os 170 ministros, quantos tinham notório saber e reputação ilibada? Se você responder “só o Toffoli e o Moraes, ganha um fim de semana na aprazível praia de Guantánamo, em Cuba. (C.N.)

No PSDB, Ciro Gomes é um forte candidato ao governo do Ceará

Ciro Gomes deve se filiar no PSDB na quarta-feira | Política | Valor  Econômico

Ciro Gomes estava sendo disputado por PP e União Brasil

Renata Souza
CNN Brasil

O presidente estadual do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, que também é prefeito do município de Massapê, anunciou por meio das redes sociais a filiação do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes ao partido.

“O PSDB está em festa porque eu estou aqui anunciando oficialmente a filiação do ex-prefeito de Fortaleza, do ex-governador do estado do Ceará, do ex-ministro Ciro Ferreira Gomes ao PSDB”, afirmou Ozires em vídeo publicado em seu Instagram.

QUARTA-FEIRA – Segundo o prefeito, Ciro será recebido no partido em um evento na próxima quarta-feira (22).

“Na próxima quarta-feira, às 9h40 da manhã, no hotel Mareiro, da Beira Mar, vamos lá receber com uma salva de palmas, um abraço bem caloroso, o nosso ex-governador e futuro governador do Ceará, Ciro Ferreira Gomes”, detalhou.

Na gravação, Ozires diz que o ex-senador Tasso Jereissati foi o “principal responsável” por convencer Ciro a escolher o PSDB. Como mostrou a CNN Brasil, Ciro estaria avaliando convites feitos por legendas como PSDB, PP e União Brasil.

CANDIDATURA – O líder estadual da sigla ainda afirmou que, em breve, o ex-ministro anunciará sua intenção de disputar o governo do Ceará nas próximas eleições.

“Em poucos dias, ou em poucos meses, o próprio Ciro Gomes vai estar anunciando a candidatura dele ao governo do estado do Ceará. O Ceará quer Ciro de novo”, disse.

Ciro governou o estado anteriormente, entre 1991 e 1994, pelo PSDB.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Ciro e Tarso são grandes amigos e excelentes políticos. Tarso faz falta ao Senado, pela experiência e seriedade. Ciro também faz falta, mas precisa aprender a não ofender os adversários com acusações até verdadeiras, mas que não consegue provar.  Tem perdido tantas causas de indenização na justiça que está perto da falência pessoal. Apenas isso. (C.N.)

Michelle reage a pressão por sucessão e culpa governo Lula por tarifaço de Trump

Michelle disse que o Bolsonaro é alvo de uma “farsa judicial”

Deu no O Globo

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) queixou-se em entrevista à AFP sobre a pressão para que o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro, escolha um nome para representar a direita nas eleições presidenciais de 2026. Na conversa com a agência francesa, publicada na última sexta-feira, Michelle também culpou o governo federal pelo tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump.

A ex-primeira-dama também disse que o marido, condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal no processo da trama golpista, é alvo de uma “farsa judicial”. Para ela, as sanções dos Estados Unidos “vieram por culpa dos nossos governantes” e de “autoridades brasileiras (…) que violam direitos humanos e princípios democráticos”.

“AINDA É CEDO” – Na entrevista, que foi concedida por escrito, Michelle diz que “ainda é cedo” para falar em candidaturas. O nome da ex-primeira-dama é cotado para disputar os cargos de vice-presidente ou senadora.

“Qualquer decisão que eu venha tomar em relação a possíveis candidaturas passará por um debate profundo com o meu marido, com minhas filhas, com o PL e, em especial, será fruto de muita oração para que eu tenha o discernimento quanto à missão que Deus, eventualmente, queira me confiar”, disse Michelle.

QUEIXA – “Bolsonaro é e continuará sendo o maior líder da direita no Brasil”, acrescentou ela, que também se queixou das tentativas de impor ao ex-presidente “uma antecipação de indicações de candidatos”.

Em outro trecho da reportagem da AFP, Michelle fala sobre o feminismo. A agência afirma que Jair Bolsonaro é “criticado por expressões machistas” e lembra episódios como quando o ex-presidente referiu-se à filha como “fraquejada”. Para a ex-primeira-dama, o feminismo “deixou de se preocupar com as necessidades reais das mulheres para mergulhar nos objetivos duvidosos da agenda ‘woke'”.

O país dos sem-amanhã: o trabalho digital e o colapso silencioso da Previdência

Há lugares no Reino Unido onde os judeus já não podem entrar…

Torcedor no gramado agita grande bandeira azul clara com letras vermelhas 'ASTON VILLA' em estádio cheio, com fumaça e iluminação intensa ao fundo.

Jogo do Aston Villa decidiu proibir a entrada de judeus

João Pereira Coutinho

Sou anglófilo, como boa parte da minha geração. Mas essa anglofilia é mais imaginária do que real: a Inglaterra que me interessa existe na minha cabeça —feita de livros, músicas, arte, filmes e de lugares que pertenceram a outro tempo.

Como dizia Eça de Queirós sobre o “francesismo” dos portugueses, eu também importo tudo: ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciências, modas e bobagens —que me chegam em caixotes pelo paquete, como nos velhos navios de correio.

OUTRO PLANETA – A Inglaterra real de hoje é outro planeta: uma sociedade tribalizada, que formou ou acolheu fanáticos antissemitas — e que tolera passeatas que clamam pelo genocídio. Amigos judeus me dizem com frequência que já não se sentem seguros em certos lugares do país.

Acredito neles. E confirmo seus temores: o Daily Telegraph informa que a partida entre Aston Villa e Maccabi Tel Aviv, pela Liga Europa, não terá a presença da torcida israelense.

“Questões de segurança”, dizem as autoridades de Birmingham —um belo eufemismo, uma bela rendição. Julgava eu que a função da polícia seria garantir essa segurança sem excluir, à partida, um grupo nacional inteiro.

SEM SEGURANÇA – Se há selvagens entre os torcedores do Maccabi, que eles sejam vigiados e impedidos de entrar. Se há selvagens antissemitas do outro lado, que eles também o sejam.

Mas essas evidências não parecem pesar na Inglaterra atual. Semanas atrás, o conhecido clérigo muçulmano de Birmingham, Asrar Rashid, escreveu nas redes sociais: “Quando a torcida de Tel Aviv chegar, não teremos qualquer piedade para com eles.”

Na minha opinião, eis um exemplo perfeito de “discurso de ódio” com incitamento à violência. Não consta, porém, que Rashid tenha sido investigado pela polícia.

HUMORISTAS – Esses privilégios parecem recair apenas sobre certos humoristas —como Graham Linehan, detido no aeroporto de Heathrow em setembro após postar uma piada sobre criminosos que se fazem passar por mulheres trans para cumprir pena em presídios femininos.

O primeiro-ministro Keir Starmer condenou com veemência a exclusão da torcida israelense. Mas o que pensa fazer? Enviar o Exército a Birmingham para confrontar radicais islamistas?

Ou permitir que o termo “Judenrein” —contra o qual seus antepassados lutaram— acabe por se instituir no país que ele governa? Melhor não apostar.

Estratégia! Ao restringir terras raras, a China ataca “ponto fraco” de Trump

Dois caminhões amarelos transportam montes de terra contendo elementos de terra rara em porto na China. Ao fundo, pelo menos cinco guindastes vermelhos se erguem acima dos caminhões.

Importante terminal de terras raras em porto da China

Osmond Chia Role
BBC News

O Ministério do Comércio da China publicou na semana passada o documento “Anúncio nº 62 de 2025”. Este não era, porém, um simples comunicado burocrático. O texto conseguiu abalar a frágil trégua tarifária da China com os Estados Unidos.

Ao detalhar amplas restrições às exportações de terras raras — grupo de 17 elementos químicos, como neodímio, lantânio, ítrio e cério, usados na fabricação de produtos tecnológicos e equipamentos de alta precisão —, o documento em certa medida reforça o controle de Pequim sobre o fornecimento global desses minerais essenciais e lembra o presidente americano, Donald Trump, do quanto a China ainda detém poder de influência na guerra comercial.

MONOPÓLIO – A China detém quase o monopólio da extração das terras raras e seu refino, que é o processo de sua separação de outros minerais. As terras raras são cruciais para a produção de diversas tecnologias, incluindo smartphones, painéis solares, carros elétricos e equipamentos militares.

Um caça F-35, por exemplo, requer mais de 400 quilos de terras raras em seus revestimentos furtivos, motores, radares e outros componentes.

Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão de autorização do governo chinês para exportar produtos que contenham até pequenas quantidades de terras raras e deverão declarar o uso pretendido.

TRUMP REAGE – Em resposta, o presidente americano ameaçou impor uma tarifa adicional de 100% nos produtos chineses e colocar controles de exportação em softwares estratégicos.

“Isso é a China contra o mundo. Eles apontaram uma bazuca para as cadeias de suprimentos e a base industrial de todo o mundo livre, e nós não vamos permitir isso”, disse o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

Na quinta-feira (16/10), a China respondeu que os EUA “provocam deliberadamente desentendimentos e pânico desnecessário” sobre os controles chineses acerca de terras raras.

USO CIVIL – “Se os pedidos de licença de exportação estiverem em conformidade e forem destinados a uso civil, serão aprovados”, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio da China.

Nesta semana, as duas maiores economias do mundo (EUA e China) também impuseram novas taxas portuárias sobre navios uma da outra.

A intensificação da guerra comercial encerra meses de relativa calmaria após a trégua acertada em maio por autoridades americanas e chinesas.

VANTAGEM DA CHINA – Especialistas ouvidos pela BBC afirmam que as restrições às terras raras darão vantagem à China na negociação.

As novas medidas da China devem “abalar o sistema” ao atingir vulnerabilidades das cadeias de suprimento americanas, disse o professor de negócios internacionais, Naoise McDonagh, da Universidade Edith Cowan (Austrália). “O momento frustrou o cronograma de negociações que os americanos esperavam”, afirmou.

Detalhe: as exportações chinesas desses materiais respondem por cerca de 70% do fornecimento mundial dos metais usados em imãs de motores de veículos elétricos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Quem lê a imprensa amestrada fica pensando que Trump está demolindo a China, mas a realidade é bem outra. Já botou o galho dentro e vai diminuir as tarifas da China. Quanto ao Brasil, estima-se que o país detenha até 23% das reservas conhecidas de terras raras no mundo e já explora jazidas em Minas e Goiás. No entanto, responde por menos de 1% da produção, porque é um país deitado eternamente em berço esplêndido. (C.N.)

 

 

O professor Sidney Ribeiro, do Instituto de Química da Unesp (Universidade Estadual Paulista), explicou à BBC News Brasil que o país acumula décadas de pesquisas acadêmicas sobre esses minérios e já faz a mineração de terras raras em Estados como Minas Gerais e Goiás.

 

 

A China tem trabalhado intensamente para conquistar sua posição dominante no processamento global de terras raras globais, afirmou Marina Zhang, da Universidade de Tecnologia de Sydney (Austrália).

 

O país formou uma base de especialistas na área e tem uma rede de pesquisa e desenvolvimento anos à frente dos concorrentes, acrescentou.

 

Embora os EUA e outros países estejam investindo pesado para reduzir a dependência da China no fornecimento de terras raras, eles ainda estão longe de atingir esse objetivo.

 

Com grandes reservas próprias, a Austrália é vista como uma potencial rival da China, mas sua infraestrutura de produção ainda é pouco desenvolvida, o que torna o processamento caro, explicou Zhang.

 

“Mesmo que os EUA e todos os seus aliados transformem o processamento de terras raras em um projeto nacional, eu diria que levará pelo menos cinco anos para alcançarem a China.”

 

Desafiando Moraes, Eduardo Bolsonaro diz que não será preso mesmo se condenado

Charge do Baggi (Arquivo do Google)

Deu no Terra

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afirmou que não seria preso caso seja condenado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o parlamentar, o crime de interferência em processo judicial – do qual ele é acusado – tem pena de até quatro anos, o que permitiria a substituição da pena.

Eduardo foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por negociar na Casa Branca a sanção de autoridades brasileiras de modo a interferir no julgamento de seu pai pela tentativa de golpe de Estado. Como consequência, o Brasil teve sobretaxa de 50% nas exportações aos EUA, além de ministros do Supremo e da Esplanada que tiveram seus vistos cassados.

COAÇÃO – Segundo o congressista, a pena para coação no curso de processo não ultrapassa quatro anos de prisão. O Código Penal Brasileiro determina que penas inferiores a esse período podem ser convertidas em outras restrições de direitos.

“Ainda que eu seja condenado nesta várzea que chamam de Justiça, eu — pela lei — jamais iria para a cadeia, pois sou primário, e a pena máxima para coação é de quatro anos de cadeia”, disse, em suas redes sociais. “Ou seja, seria — ou deveria ser — substituída obrigatoriamente por uma cesta básica ou prestação de serviços à comunidade. Num Estado Democrático de Direito, ninguém vai preso durante o processo se, ao final, ele não resultaria em cadeia”, completou.

Eduardo mudou-se para os Estados Unidos em fevereiro e, desde então, tem articulado com o governo Trump para cassar vistos de ministros do Supremo e aplicar a lei Magnitsky contra Moraes. Se for condenado, ele ficará inelegível.

Tarcísio admite pessimismo e acusa o governo Lula de mirar sua imagem

Após desgaste, Câmara gasta R$ 5 milhões com consultoria para melhorar imagem

Motta foi vaiado por professores em cerimônia com Lula

Carolina Linhares
Brasília

A Câmara dos Deputados, presidida por Hugo Motta (Republicanos-PB), contratou por R$ 4,97 milhões uma consultoria da FGV (Fundação Getúlio Vargas) para modernizar a comunicação da Casa nas redes sociais. O contrato, assinado no início deste mês, vale até agosto de 2026.

A contratação faz parte do esforço de Motta para melhorar a imagem da Câmara, desgastada após a aprovação da PEC da Blindagem e a realização de manifestações em todas as capitais, no fim de setembro, contra a medida e contra a anistia aos condenados por golpismo, que também está em discussão na Casa.

ALVO DO GOVERNO – Além disso, após a derrubada da Medida Provisória de aumento de impostos, a Câmara voltou ao alvo do governo Lula e do PT, que reacenderam a campanha de que o Congresso é inimigo do povo e protege privilégios dos mais ricos em detrimento dos mais pobres.

Nesta quarta-feira (15), Motta foi vaiado ao participar de evento do Dia do Professor com Lula no Rio de Janeiro. Diante da reação do público, o presidente se levantou e ficou ao lado do deputado, em uma tentativa de conter os ânimos.

Lula, por outro lado, fez críticas ao Congresso durante seu discurso. “Hugo é presidente desse Congresso e ele sabe que esse Congresso nunca teve a qualidade de baixo nível como tem agora. Aquela extrema direita que se elegeu na eleição passada é o que existe de pior”, afirmou.

PRODUÇÕES – De acordo com o contrato, o serviço de consultoria inclui realização de oficinas, mentorias, manuais, além da entrega de relatórios mensais. Também serão criados dois laboratórios —um de inteligência artificial aplicada à comunicação para dar apoio no planejamento, produção e monitoramento de conteúdo, e outro de audiovisual para produzir vídeos e podcasts.

A consultoria prevê ainda estratégia de resposta a crises e monitoramento de menções nas redes sociais para identificar a percepção pública da Câmara e quais são os temas mais relevantes no momento. Em paralelo, Motta assinou, na terça-feira (14), a política de comunicação social da Câmara com diretrizes para os conteúdos institucionais da Casa. Um dos objetivos é aproximar os cidadãos, utilizando linguagem simples, acessível e didática para esclarecer o processo legislativo.

O documento proíbe que os canais oficiais da Câmara favoreçam opiniões ou posições políticas, divulguem informação sabidamente inverídica e descontextualizem ou distorçam falas e imagens. A política determina que a comunicação seja imparcial e conviva com a pluralidade política dos deputados, além de observar o equilíbrio, a transparência e a precisão.

IMPORTÂNCIA DO PARLAMENTO – Entre os objetivos, está enfatizar “a importância do Parlamento para a democracia” e “fortalecer a imagem institucional por meio de informações que contribuam para o melhor entendimento dos atos e processos decisórios da Câmara”.

Após o episódio da PEC da Blindagem, Motta procurou melhorar a imagem da Câmara com uma série de entrevistas a diversos veículos. Ele também promoveu uma mudança na pauta do plenário, privilegiando temas de impacto na população, como segurança, educação, proteção de crianças e adolescentes, além da ampliação da isenção do Imposto de Renda.

DISTORÇÕES – No último dia 22, Motta, que defendeu a PEC da Blindagem durante a votação da medida no plenário, afirmou que “ver toda essa discussão ser distorcida não é correto”.

“Agora é chegado o momento de tirarmos da frente todas essas pautas tóxicas. Talvez a Câmara tenha tido na semana passada a semana mais difícil e desafiadora, mas nós decidimos que vamos tirar essas pautas tóxicas porque ninguém aguenta mais essa discussão. O Brasil tem que olhar para frente”, disse ainda, em um evento do banco BTG, em São Paulo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Dinheiro jogado fora. Nem mesmo a fortuna do Forte Knock, nos EUA, conseguiria melhorar a imagem da Câmara. É uma missão impossível, sem o Tom Cruise. (C.N.)

Na guerra das exonerações, Lira vira alvo e Motta aposta em vácuo de poder

Exoneração de indicados do Centrão pode dar mais poder a Motta

Octavio Guedes
G1

A exoneração de indicados do Centrão pelo governo Lula (PT) após a derrota na votação da Medida Provisória (MP) que aumentava tributos não está desagradando todos os integrantes do bloco.

Quem deve estar gargalhando por dentro (com todo respeito, é lógico) com essa espécie de Comando de Caça ao Centrão é o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

RECLAMAÇÃO – Motta sempre reclamou não ter sob o seu controle as ferramentas para ter o comando efetivo da Câmara. Isso porque a distribuição dos cargos entre os partidos do Centrão no governo Lula, leva a assinatura do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que também sempre teve influência na distribuição das emendas.

O sonho de Motta é passar a ter controle sobre esses instrumentos e, finalmente, comandar a Câmara. Esse sonho, entretanto, não necessariamente vai se tornar realidade. Nas exonerações feitas até agora, o governo Lula tem poupado afilhados de Lira, como o presidente da Caixa Econômica Federal, como mostrou esta reportagem do G1.

“Não dá para mexer com Lira, sem saber se o projeto de lei que isenta de IR quem ganha até R$ 5 mil vai voltar para a Câmara, onde ele é o relator. Se for aprovado pelo Senado sem alterações e não voltar para Câmara, o governo fica menos dependente do Lira”, explica um integrante do governo.

Nos 104 anos de Helio Fernandes, leia  um artigo de Sebastião Nery sobre ele

Morre o jornalista Helio Fernandes, aos 100 anos - Janela ...

Helio Fernandes trabalhou até morrer, aos 100 anos

Carlos Newton

Helio Fernandes, o maior jornalista brasileiro, teria completado nesta sexta-feira 104 anos. Vamos transcrever este artigo de Sebastião Nery, escrito em 1977 e inserido no seu livro “Ninguém me contou; Eu Vi – De Getúlio a Dilma”.

O artigo trata de um personagem da história da imprensa brasileira que se notabilizou pela combatividade e, também, pelo idealismo, em tempos difíceis nos quais o idealismo predominava acima de interesses pessoais.

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O GUERRILHEIRO DA NOTÍCIA

Sebastião Nery

No fim de 1968, já cansado do anonimato profissional na editoria política da TV Globo, entrei de manhã no escritório de José Aparecido, no edifício Avenida Central, encontrei Hélio Fernandes conversando sobre as amarguras de um jornal de opinião em um regime de exceção.

– Você, por exemplo, Nery, por que não escreve na “Tribuna da Imprensa?

– Sou nordestino de Jaguaquara. Lá na minha terra a gente só entra na casa dos outros se for convidado. Não escrevo porque você nunca me convidou.

– Pois está convidado. Quando quer começar?

– Hoje. Quanto você me paga?

– Nada. A “Tribuna” não tem dinheiro para um profissional como você. Mas tem toda a liberdade que você quiser usar.

À noite, estava eu na redação da “Tribuna da Imprensa”, na rua do Lavradio, no Rio, entregando minha primeira coluna. Escrevi durante dez anos, todos os dias. Nunca Hélio Fernandes viu a coluna antes, nunca me pediu para mudar nada. Às vezes discordava depois, discutíamos, eu tocava em frente. Com a liberdade que era o meu salário.

Para usar um adjetivo muito dele, um diretor do jornal exemplar. Não fora a censura, eu estaria lá até hoje, dando meu recado político. Como lá estariam Paulo Francis, Oliveira Bastos, Monserrat, Evaldo Diniz, Genival Rabelo, tantos outros. Mas voltaremos.

O engenheiro Joaquim Cardozo, o poeta genial do cálculo e do verso, é quem melhor localizou, em um poema seco, o campo de trabalho do jornalismo: “As coisas estão se reunindo por detrás da realidade. O jornalista é o homem que assiste à reunião das coisas por detrás da realidade. Vai lá e as flagra no seu quente instante. E conta, quer gostemos delas ou não”.

Ciro Gomes renasce no PSDB e prepara volta ao Ceará

A farsa dos Correios: estatal falida, dívida nova e o mesmo roteiro de sempre

Charge do Zé Dassilva (Arquivo do Google)

Malu Gaspar
O Globo

Já virou lugar-comum para quem acompanha o noticiário no Brasil dizer que vivemos mergulhados num recorrente Dia da Marmota. A expressão, para os não familiarizados, é uma referência ao filme “Feitiço do tempo”, com Bill Murray, em que o protagonista acorda toda manhã para viver o mesmo dia em que os mesmos fatos se repetem, mas só ele percebe. Há vários “Dias da Marmota” rolando no Brasil neste momento, mas poucos vêm de tão longe e são tão sintomáticos quanto o dos Correios.

A estatal divulgou um plano de reestruturação com medidas genéricas, de corte de despesas, demissões e venda de ativos e a renegociação de contratos com fornecedores para recuperar a competitividade. Não foi informado quantas demissões, qual a economia estimada, se haverá metas de eficiência ou em que prazo se daria a tal recuperação.

SOCORRO BILIONÁRIO – O único dado concreto é que a empresa precisará de um socorro de R$ 20 bilhões para não quebrar. Como o governo Lula briga neste momento com o Congresso por mais recursos, alegando dificuldades fiscais, fica feio dizer que enterrará uma bolada dessas numa estatal obsoleta e deficitária. Ficou combinado então que o empréstimo será feito por um consórcio de bancos, com garantia do Tesouro. Na prática, se os Correios derem o calote, o contribuinte pagará a conta. Não é dinheiro da União, mas é.

Considerando que esse já é o segundo plano de demissão voluntária desde o início do ano e que o empréstimo de R$ 20 bilhões já vem para cobrir outro de R$ 1,8 bilhão feito agora em junho, fica evidente que a reestruturação é cortina de fumaça para esconder um fato eloquente: os Correios são “insalváveis”. Ao longo das últimas décadas, suas funções mais relevantes foram as de cabide de emprego e foco de corrupção.

Para que fique clara a dimensão desse Dia da Marmota, foi ali que nasceu o primeiro escândalo de corrupção do primeiro mandato de Lula, lá em 2005, quando veio à tona um vídeo mostrando um apadrinhado do hoje bolsonarista Roberto Jefferson enfiando no bolso maços de dinheiro de propina recém-recebida. Pressionado, Jefferson revidou revelando o mensalão, e o resto é História.

FUNDO DE PENSÃO – Em 2010, a direção dos Correios, já franqueada por Lula e Dilma Rousseff ao PMDB, aplicou o dinheiro do fundo de pensão dos funcionários, o Postalis, em títulos da Venezuela e da Argentina e numa série de empreendimentos fraudulentos que se tornaram alvo de operações da Polícia Federal, com prisões e delações premiadas. O rombo, estimado em mais de R$ 15 bilhões, é pago até hoje pela estatal, por seus funcionários e pelos aposentados, que chegam a sofrer 80% de desconto no contracheque.

Depois do trauma, Michel Temer e Jair Bolsonaro incluíram os Correios no plano de privatizações e começaram a preparar a empresa para a venda, com planos de demissão voluntária, fechamento de agências, automatização e encerramento de operações deficitárias — exatamente o mesmo cardápio de agora.

Combinados com a explosão do comércio digital na pandemia, os ajustes fizeram a companhia passar a dar um lucro que chegou a R$ 2,3 bilhões em 2021. A partir de 2022 — ano eleitoral e o último da gestão Bolsonaro —, a coisa voltou a degringolar.

CONCURSO – Ao assumir, Lula anunciou concurso para contratar mais 3,5 mil funcionários, botou quadros do PT para mandar na companhia e sepultou a ideia de privatização. Quem defende a decisão diz que os Correios preenchem uma função social porque vão aonde ninguém vai, como comunidades conflagradas pela violência ou muito longínquas, em que entregar encomendas não dá lucro. Por isso, dizem, são insubstituíveis.

É o mesmo argumento usado nos anos 1990 contra a privatização da telefonia. Naquela época, os celulares e a internet engatinhavam, mas era claro que estatais obsoletas e corruptas não teriam a menor condição de competir com a nova tecnologia. Hoje ninguém mais sente falta dos orelhões, das fichas, nem de receber herança em ações da Telebras, e o Brasil é um dos países do mundo com mais celulares per capita.

NEGÓCIOS – É graças a esses aparelhos que boa parte da população das periferias, das favelas e até dos ermos da Floresta Amazônica faz negócios, enviando e recebendo encomendas não só pelos Correios, mas também pelos mercados livres e amazons da vida.

A experiência já mostrou que, com regulação bem feita, é possível estimular a competição e evitar a exclusão social. Dá até para obrigar as companhias a criar um sistema eficiente de distribuição de CEPs para que nenhum brasileiro fique sem endereço formal. O que não dá é para continuar torrando dezenas de bilhões do meu, do seu, do nosso para manter uma operação claramente insustentável. Nem a marmota de Bill Murray merece isso.

Seria bom ir embora pra Pasárgada, junto com Manuel Bandeira

Manuel Bandeira, organizador de antologias | Biblioteca Central Irmão José  Otão – PUCRS

Bandeira ficou de bem com a vida

Paulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho ficou conhecido como Manuel Bandeira (1886-1968) . “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação de toda minha obra”, explicava o poeta, salientando;

“Vi pela primeira vez o nome Pasárgada, que significa campo dos persas, quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego e isto suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias . Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: Vou-me embora pra Pasárgada!”.

VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Manoel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Paságarda tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora para Pasárgada.

Maia acusa Tarcísio de trair o centro e mergulhar na “agenda maluca” do bolsonarismo

O encontro Mauro Vieira–Marco Rubio e o recomeço Brasil-EUA

O tom cordial sinalizou o fim de uma etapa de hostilidade

Pedro do Coutto

O encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, marcou uma inflexão importante nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Após meses de tensão e trocas de declarações públicas, a reunião foi descrita por ambos os lados como “positiva” e “produtiva”, segundo fontes do Itamaraty e de veículos internacionais.

O tom cordial sinalizou o fim de uma etapa de hostilidade de Washington em relação a Brasília e abriu caminho para uma nova fase de diálogo, em que as divergências políticas cedem espaço ao pragmatismo diplomático. O ponto central da conversa foi o compromisso de buscar um encontro entre Lula e Donald Trump “na primeira oportunidade possível”, gesto simbólico que reafirma a disposição de ambos os governos em normalizar as relações institucionais.

MATURIDADE – A ausência de pressões explícitas da Casa Branca sobre o governo brasileiro, especialmente em relação ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, foi vista como sinal de maturidade política e reconhecimento da soberania nacional. Ainda assim, sob a superfície da cordialidade há desafios que não devem ser ignorados.

O Brasil enfrenta uma assimetria comercial evidente, agravada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos nacionais, e precisará negociar com firmeza para proteger seus setores produtivos. O silêncio de Rubio sobre o futuro de Bolsonaro não representa necessariamente um esquecimento, mas uma estratégia diplomática: reduzir tensões sem abandonar a capacidade de influência sobre o cenário político brasileiro.

O gesto de aproximação é, portanto, tanto político quanto tático. Ao mesmo tempo, Mauro Vieira reafirmou em Washington que o Brasil não aceita interferências externas em seus processos institucionais, destacando a autonomia do Judiciário e o respeito à separação de poderes — um ponto central para reposicionar a imagem do país no exterior.

DIÁLOGO – O resultado imediato é positivo: o Brasil recupera espaço de diálogo com seu principal parceiro hemisférico e afasta a sombra do isolamento. Mas a vitória diplomática ainda é parcial. O país precisará transformar a boa vontade em resultados concretos — redução de tarifas, ampliação de acordos comerciais e garantia de tratamento equilibrado em temas ambientais e energéticos.

Caso contrário, o novo clima de cordialidade pode se tornar apenas um intervalo entre crises. O desafio da política externa brasileira, agora, é sustentar essa reaproximação sem abrir mão de princípios e sem confundir pragmatismo com submissão. O encontro entre Vieira e Rubio não encerra uma disputa; apenas redefine o tabuleiro, num momento em que o Brasil tenta afirmar-se como potência autônoma em meio à reorganização global das alianças.

Confiante numa vitória em 2026, Lula prejudica a governabilidade

Lula parece disposto a testar cacife recém-adquirido

Críticas de Lula ao Congresso comprometem seu governo

William Waack
Estadão

Lula parece ter afastado de si qualquer preocupação sobre como vai governar, se ganhar a próxima eleição. Que ele acha que já levou. A soberba é um pecado grave também na política, mas esse problema é só dele.

O problema para o resto do País é avaliar em que medida as táticas político-eleitorais para permanecer no poder, ganhando a eleição, ofendem um princípio milenar da estratégia. Princípio que consiste em não destruir aquilo que se quer conquistar e manter.

JOGANDO CONTRA – Lula tem atuado contra a sua própria governabilidade em duas direções, cujos sinais de convergência são gritantes hoje mesmo. O primeiro é a armadilha fiscal pela qual garante que gastos vão subir sempre mais que as receitas.

Sim, é sempre possível fazer depois das eleições o que se garantia antes que jamais seria feito. Dilma provocou uma formidável recessão por executar o ideário lulopetista, e achou que um “cavalo de pau” após a vitória em 2014 passaria em branco. Foi um dos fatores que lhe custaram a cabeça dois anos depois.

A segunda direção na qual Lula atua para complicar a própria vida é declarar como “inimigo do povo” o Congresso do qual dependerá para fazer qualquer coisa.

EXISTE RISCO – Se no dia de hoje os especialistas em pesquisas de opinião e as agências de risco atestam uma forte competitividade de Lula frente a possíveis adversários, por outro lado ninguém assume um Congresso mais, digamos, “benigno” ao presidente após 2026. Ao contrário.

Lula tem subestimado o grau de resistência social a ele e ao PT, um tipo de fenômeno de grande abrangência que o apelo das tradicionais políticas assistencialistas e bondades por parte do governo não tem sido capaz de superar.

Essa resistência está associada a fatores estruturais de longo prazo – o que explica o motivo de Lula ser visto por uma maioria do público como alguém com prazo de validade esgotado.

PONTO CRUCIAL – Os fatores geopolíticos notoriamente fogem ao controle de Lula, mas ele não enxergou ou falhou num ponto crucial para o País: evitar que fosse feita por nós uma escolha de Sofia. E ela está sendo feita, em favor da China, no confronto gigantesco com os Estados Unidos. A turbulência nesse sentido será pra lá de severa para qualquer governo brasileiro, especialmente um eventual quarto governo Lula.

Uma parte relevante do que se poderia chamar de “elite” em vários segmentos da economia brasileira está acabrunhada diante de três cenários hostis imediatos: o da geopolítica, o das contas públicas e o do desequilíbrio institucional, que Lula pensa poder controlar via aliança com o STF.

A sensação é a de capitães à deriva, ouvindo o mar batendo nas pedras.