
Cândido das Neves, um dos maiores letristas
Paulo Peres
Poemas & Canções
O instrumentistas, cantor e compositor carioca Cândido das Neves (1899-1934), apelidado de Índio, descobre na “Última Estrofe” que a melancolia dos versos do trovador era semelhante a sua, porque ambas tinham como causa o término de um amor e, consequentemente, a saudade que isto acarretou. A música foi gravada por Orlando Silva, em 1935, pela RCA Victor.
Quando a voz já bem cansada
Eu ouvi de um trovador
Nos versos que vibravam de harmonia
Ele em lágrimas dizia
Da saudade de um amor
Falava de um beijo apaixonado
De um amor desesperado
Que tão cedo teve fim
E desses gritos de tormento
Eu guardei no pensamento
Uma estrofe que era assim:
Vinha perto a madrugada
Quando em ânsias minha amada
Nos meus braços desmaiou
E o beijo do pecado
O teu véu estrelejado
A luzir glorificou
Lua…
Hoje eu vivo sem carinho
Ao relento, tão sozinho
Na esperança mais atroz
De que cantando em noite linda
Essa ingrata volte ainda
Escutando a minha voz
A estrofe derradeira, merencória
Revelava toda a história
De um amor que se perdeu
E a lua que rondava a natureza
Solidária com a tristeza
Entre as nuvens se escondeu
Cantor, que assim falas à lua
Minha história é igual à tua
Meu amor também fugiu
Disse eu em ais convulsos
E ele então, entre soluços
Toda a estrofe repetiu
Lua…
A última estrofe, além de ter a melhor letra e a melhor melodia de Cândido das Neves, é sua canção mais popular.Não ha seresteiro que a desconheça , com seus versos apaixonados (“Lua , vinha perto a madrugada / quando em ânsias minha amada / nos meus braços desmaiou…”), tão representativo do parnasianismo exarcebado de seu autor.
Coube a Orlando Silva uma participação importante na história de ” A última estrofe”.Gravada inicialmente por Fernando Castro Barbosa.No entanto, foi na voz de Orlando Silva que a composição tornou-se um sucesso , acompanhando-o por toda carreira.
Prefiro um céu estrelejado!
Correção: Não há…
Eu voltei para procurar o erro
Que tanta redundância, em um mesmo nome: Cândido = Branco; Neves = Brancas!
Adorei!
Uma história comum, transformada em versos com um vocabulário tão apropriado que imaginei o cenário todo: o bar, a lua, o seresteiro, o poeta sofredor e a saudade!
Quanto a dor e lágrimas…Fernando Pessoa diz são fingidas! rsrsrs
Serão as lágrimas e a dor fingidas ?