
Paradoxos da opinião pública refletem incoerência de operação
Mauro Paulino
Alessandro Janoni
O Globo
“Se um reino não é regido pelos princípios da razão, honras e glórias são motivo de vergonha”. Este trecho do raciocínio de Confúcio, no século V antes de Cristo, explica o esforço do governo do Rio de Janeiro em buscar lógica estratégica no risco que correram milhares de moradores e agentes de segurança pública na operação policial de 28 de outubro nos complexos da Penha e do Alemão.
A ineficácia histórica do método, enfatizada ao longo do último dia 28, no noticiário em tempo real, cedeu espaço à uníssona “operação bem-sucedida” nos dias seguintes, tendo como símbolo a alegoria de um muro, no caso, o do Bope, na contenção de suspeitos e execução dos que reagiram na tentativa de fuga. Imagens, escolhidas pela polícia para divulgação, buscam reforçar a tese.
RELATIVIZAÇÃO – O número de 121 mortos foi relativizado pelo governador Cláudio Castro (PL), que considera vítimas apenas os quatro policiais fatalmente alvejados durante a missão. Dos 117 restantes, cerca de metade tinha mandado de prisão, mas nenhum estava arrolado na denúncia do Ministério Público que embasou a ação. Além disso, o líder do Comando Vermelho, Doca-Urso, principal alvo da investida, conseguiu escapar.
Se tais métricas eram insuficientes para corroborar o sucesso da operação, a busca por outros números deveria livrar Castro da vergonha à qual Confúcio se refere — pesquisas de opinião pública de diferentes institutos passaram a ocupar ostensivamente o noticiário e redes sociais. Atlas Intel, Paraná Pesquisas, Datafolha e Genial/Quaest divulgaram seus levantamentos.
POLÊMICAS – Apesar de no geral os dados mostrarem apoio majoritário da população do Rio à ação, contrastes, especialmente em segmentos de moradores de favelas (autodeclarados, georreferenciados ou abordados no setor censitário?) renderam polêmicas metodológicas. O fenômeno reforça a importância da divulgação de detalhes técnicos dos estudos para que o leitor-cidadão avalie a informação que recebe.
Durante períodos eleitorais, a lei obriga o registro da metodologia e instrumentos de coleta na Justiça Eleitoral. Fora da época, os institutos geralmente produzem relatórios que devem trazer as informações metodológicas.
Há diferenças, por exemplo, nos universos contemplados nos estudos que foram divulgados. Em alguns os dados referem-se à população do Estado do Rio de Janeiro, há quem tenha se limitado apenas à cidade, outro à Região Metropolitana e um dos institutos divulgou também pesquisa nacional on-line.
PONDERAÇÃO – Os métodos de abordagem variam, o que depois pode gerar a necessidade de ponderação dos dados — além da pesquisa por internet, há quem tenha feito amostra telefônica (também com viés em alguns estratos) e outro, a tradicional domiciliar.
A ponderação dos resultados se faz necessária caso o perfil da amostra coletada não seja representativo do universo, ou seja, não reflita como um espelho as características demográficas e socioeconômicas da população que se pretende estudar, como a do Rio, por exemplo.
Nos relatórios disponíveis (nem todos ainda tinham sido publicados na íntegra quando este artigo estava sendo redigido) os institutos não revelam as variáveis utilizadas na ponderação. Apenas dizem que o fazem por meio de modelagem e algoritmos proprietários.
RESULTADOS DIFERENTES – O questionário também é importante. Tanto na formulação das perguntas quanto na ordem que aparecem no questionário. A escala da pergunta de alguns institutos é dicotômica, força a resposta entre duas alternativas (aprova ou desaprova, por exemplo). Em outras, a escala de Likert de cinco pontos, com o grau de concordância sobre frases, produzem resultados diferentes — em uma das perguntas somou-se a taxa de “concorda totalmente” (38%) com a de “concorda em parte” (18%) para se chegar à conclusão de que a maioria considerava a operação um sucesso.
Na ordem das perguntas, se a avaliação do governo Cláudio Castro for aplicada depois das questões sobre a operação da semana passada, a variável sofre influência direta. Nada garante que se fossem explorados outros temas, a aprovação ao político do PL melhoraria.
PARADOXO – onsiderando-se que parte dos fluminenses encontra lógica no ocorrido, há um outro trecho de Confúcio que ilustra o paradoxo da opinião pública sobre o episódio. “Se um reino é regido pelos princípios da razão, a pobreza e a miséria são objeto de vergonha”.
Ou seja, se, segundo as pesquisas, a maioria acha que ações desse tipo fazem sentido, mas não são efetivas, não melhoram a realidade ou a segurança da população do Rio, aprovar planos que coloquem em risco a vida de policiais e de outros trabalhadores em vão, só pode ser motivo de vergonha.
O CV e o PCC estão ameaçando o esgoto, só pode ser.
Adendos, em:
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Vamos nos juntar a Maduro e cantar IMAGINE…
Quem são de fato e reais os tais membros do pseudo grupo CV e o PCC, se os próprios governadores das regiões ” Sul , Sudeste e Centro – oeste ” os estão protegendo , uma vez que nenhum grupo criminoso que se presem admitem que os seus apareçam nos noticiários ” radiofônicos e televisivos ” Brasil afora , ou seja , as autoridades honestas do estado nacional , estão sendo enganadas , ao focarem suas ações nos tais grupos CV e o PCC , atribuindo-lhes diversos crimes , quando na verdade os criminosos estão encrustados na estrutura do estado nacional .