A batalha de São Paulo na guerra do poder

Gaudêncio Torquato
“Não sou conduzido, conduzo”. O lema do brasão da cidade de São Paulo expressa de modo adequado a importância do Estado mais poderoso da Federação no pleito eleitoral deste ano.

Mas a posição de liderança no processo eleitoral não pode ser entendida apenas em decorrência do poderio econômico do Estado que possui um PIB de R$ 1,5 trilhão, representando 31,2% do PIB nacional. A força de São Paulo vai além da liderança no ranking eleitoral, com seu 23% do eleitorado brasileiro. O Estado exibe o maior grupamento de eleitores racionais. Ao longo dos últimos anos, a comunidade criou múltiplas ilhas no arquipélago do poder, tornando-as canais para fazer chegar demandas aos governantes e representantes, praticando, assim, exercícios de democracia direta.

Costuma-se dizer que o pleito será decidido pela passagem do transatlântico eleitoral pelo Triângulo das Bermudas, constituído por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios. Ou, ainda, que Minas é quem decide, sob o argumento de que o Estado do Sudeste é uma encruzilhada que representa a síntese do país. Ora, quando há na disputa dois candidatos mineiros (Aécio e Dilma), a tese parece fraquejar. O fato é que São Paulo possui os maiores exércitos da guerra eleitoral. As ondas de seu mar costumam empurrar para longe os eventos que geram protestos, denúncias, discursos positivos/negativos, avaliações de candidatos, percepções sobre o cotidiano.

CLASSES MÉDIAS

As alavancas de empuxo são constituídas pelas classes médias: a emergente classe média C, a tradicional classe B e a classe média A, de renda elevada. Os discursos mais críticos e salientes provêm desses aglomerados, que se unem em cobranças e na disposição de votar contra o status quo. Tal posicionamento pode resultar nos chamados “não votos”, contabilizados hoje pelas pesquisas em cerca de 30%, soma de abstenção, votos nulos e brancos. Mas há uma forte coluna que jogará seus votos no continuísmo, particularmente os núcleos e as bases ancoradas nos vãos da administração pública.

Nunca foi tão forte o clamor pela micropolítica, programas e projetos destinados às melhorias da estrutura urbana. À frente das bandeiras, desfilam grupos organizados, categorias profissionais sob comandos de novas lideranças e movimentos que pregam ruptura. Em suma, o nível de conscientização é mais elevado.

Isso posto, desponta a questão: a disputa paulista terá influência nas lutas eleitorais de outras regiões? Tal influência se dá no plano de formação da opinião pública. O fragor da luta não começou agora com a abertura oficial da campanha de rua. Poucos se dão conta de que o rebuliço que toma conta do país, desde junho do ano passado, começou em São Paulo. E as ondas revoltas continuarão.

O país acompanha o que se passa nesta praça de guerra. Não dá para acreditar que o velho axioma resista ao pleito de outubro: “entre mortos e feridos, todos se salvaram”. A batalha de São Paulo será decisiva. (transcrito de O Tempo)

0 thoughts on “A batalha de São Paulo na guerra do poder

  1. Tenham todo cuidado porque o Movimento Comunista Internacional – MCI – avança sobre o Brasil a passos largos. Foi assim em 64, o que motivou a Revolução, que trouxe incontáveis benefícios ao País. No entanto, lamentavelmente, os que foram expulsos ou pediram asilo em outras Nações, anos depois voltaram e tomaram o Poder. Hoje, muitos deles assistem ao avanço do MCI e não fazem absolutamente nada para conter os comunistas.
    Lembrai-vos de 64. O filme vai se repetindo.

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