À beira de nova recessão, não se pode agir de forma irresponsável

Resultado de imagem para guedes e a recessão charges

Charge do Frank (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Está cada vez mais difícil comentar qualquer assunto, com esse clima beligerante e negativo do atual momento que atinge a conjuntura internacional e, especialmente, o Brasil. Estamos sob ameaça de uma nova recessão, que tende a se agravar devido à guerra econômica e comercial dos Estados Unidos contra a China, que se tornou a maior rival da América e hoje é a inimiga da vez, que os norte-americanos elegeram para ser combativa e destruída, como fizeram com a URSS durante 40 anos, até a dissolução da república soviética, hoje dividida em pedaços como uma pizza.

Detalhe: a República da China tem a mesma tendência a ser dividida, pois é formada por países distintos, com idiomas, hábitos, religiões e costumes diferentes, exatamente como a antiga União Soviética.

PRIMEIROS PINGOS – Vejam bem, uma chuva torrencial começa com os primeiros pingos, até surgir a pororoca que arrasta casas e pessoas nas enchentes terríveis. No caso chinês, Hong Kong está em chamas, os habitantes clamam por um liberdade que a China ainda não pode dar.

Se for aberta uma janela, todas as portas também se abrirão e será o fim da ditadura do Partido Comunista criado por Mao Tsé Tung. Alguém duvida que a China seguirá o caminho da outrora URSS?

Pois bem, a crise de 2008 reverbera agora no Brasil e no mundo, com  seus reflexos danosos, que algum dia disseram que era “apenas uma marolinha”. Hoje, até a outrora poderosa Alemanha, como motor e locomotiva da Europa e do Euro, enfrenta dificuldades econômicas, também se encontrando à beira da recessão. Do outro lado, a America Latina, incluindo Brasil e Argentina em particular, está sangrando em meio as dificuldades econômicas.

MOMENTO RUIM – Então, este não era o melhor momento para impor dificuldades aos agentes econômicos e as pessoas, com reformas destinadas a tirar direitos e garantias trabalhistas do proletariado e da classe média e transferir para o capital especulativo, as indústrias e o comércio.

É o caso da implantação do imposto intitulado de CPMF, com o argumento de que financiará a Previdência Social e desonerará o empregador do desconto de 20% para o INSS sobre a folha salarial. O que desejam é o modelo em voga no Chile, no qual somente o trabalhador contribui para sua aposentadoria, aliás, uma esmola que coloca para escanteio, todo aquele que se aposenta.

Se passar a capitalização, será o fim dos idosos. E, ainda, não teremos a garantia de que os empresários contratarão mais pessoas, na ânsia de reduzir os índices de desemprego crescente.

A FORÇA DO ESTADO – A história demonstra, que para sair das crises, o maior empreendedor sempre foi o Estado e o exemplo da crise econômica de 1929 nos EUA é a maior prova para as novas gerações de economistas neoliberais. Mas, eles não se dão conta disso, pois creio não se preocuparem com o estudo da história das nações.

No entanto, mesmo sob ataques, ousarei comentar um tópico do que disse Carlos Alberto Sardenberg em recente artigo no O Globo.

O jornalista de economia adentra na política para defender um novo Contrato Social, pensando talvez em ressuscitar o gênio Jean-Jacques Rousseau ,enciclopedista do Renascimento.

LEI É LEI – Concorda Sardenberg com Deltan e sua ousadia dos mais jovens contra os poderosos de colarinho branco e defende seus exageros ao arrepio da lei. Bom, é o caso de concluir, que se a lei não é boa, dane-se a lei, bastando interpretá-la como lhe convém!

Quando a lei não é respeitada, por quem quer que seja, cidadãos ou juízes, a verdade perece e viceja o autoritarismo.

18 thoughts on “À beira de nova recessão, não se pode agir de forma irresponsável

  1. O meu caro Roberto Nascimento é uma das cabeças mais brilhantes da TI.

    Inteligente, culto, grandes conhecimentos sobre vários temas, analista político de qualidade, seus textos são informativos e esclarecedores, e este não foge à regra!

    Concordo com o comentário quase que totalmente, mas por um pequeno detalhe, a meu ver importantíssimo para o momento atual que vivemos, contesto a frase que é também o último parágrafo:
    “Quando a lei não é respeitada, por quem quer que seja, cidadãos ou juízes, a verdade perece e viceja o autoritarismo.”

    Justamente porque hoje não temos justiça no País, onde impera a impunidade, a corrupção, os poderes constituídos estão podres, corroídos pela desonestidade, incompetência, roubos, a Lava Jato mesmo sendo desmoralizada e por meios ilícitos, precisa agir de maneira mais contundente com os ladrões do povo e do Brasil!

    De nada adianta a correção, seguir a lei, obedecer os trâmites judiciais, se essa formalidade continuar ocasionando a corrupção, a bandidagem, pois essa gentalha, mesmo no governo, é a primeira a deixar de lado a Constituição e demais códigos menores!

    Ora, meu caro Roberto, enquanto somos obrigados a reverenciar as leis nos seus mínimos detalhes, os ladrões desrespeitam o povo e desobedecem as normas em larga escala!

    Esta é a única observação que deixo, salientando a qualidade do texto, as verdades nele contidas.
    Se quisermos prender os golpistas, temos de ir pelo atalho, fechando um olho para certos pormenores que jamais são levados em conta.

    Um forte abraço.
    Saúde, muita saúde.

    • Prezado amigo. obrigado pelas palavras que me deixam envaidecido.

      Não há nenhuma divergência de fundo, apenas na forma. Todos os corruptos devem pagar pelos seus crimes. A justiça deveria ser mais célere com todos os cidadãos que se desviam das condutas legais. O que me surpreende é a seletividade da atuação do MP e de alguns juízes. Os vazamentos da Lava Jato eram direcionados para os inimigos, porém, os amigos do PSDB foram poupados. Aécio, Jucá, Lobão dentre outros menos votados estão aí, livres, leves e soltos. O Eike parceiro do Cabral está em prisão domiciliar e o Palocci também. E nesse particular que me referi naquele parágrafo. Infelizmente não ficou muito claro.
      Todavia, só pelo fato de você ter lido já valeu a pena como dizia, o poeta português Fernando Pessoa

  2. Com as condições atuais, Estado consumindo 37% do PIB de Carga Tributária + um Deficit Nominal ( o que leva em conta Amortização e Juros da Dívida Pública), e +- 8% do PIB, totalizando +- 43%do PIB, estamos ENGESSADOS.
    Nessas condições podemos ainda criar Crédito via BC e darmos uma arrancada, mas seria mais um “voo de galinha”.
    Ou reduzimos o tamanho do ESTADO via AUSTERIDADE e flexibilizamos as Leis Trabalhistas, Tributárias, Políticas, etc, como vimos fazendo, ou ficamos ENGESSADOS, estagnados.
    A outra alternativa seria partirmos para um Regime Corporativo tipo Fascista, fechar as fronteiras do País e buscar Autarquia Econômica via Plano Central . Isso implica em TOTALITARISMO POLITICO, mas dessa forma seria possível acabar com o DESEMPREGO relativamente rápido, mas a custa de grande queda do Padrão de Vida.

    A crítica que fazemos ao Plano BOLSONARO-PAULO GUEDES é de não dar PREFERENCIA ao Capital Brasileiro, único capaz de criar TECNOLOGIA NACIONAL e que CAPITALIZA 100% aqui dentro.
    No resto não temos muita alternativa.
    Temos que nos DESENGESSAR, de preferência via medidas que venha. aumentar nosso Padrão de Vida Média do POVO.
    Abração.

    • Flávio José Bortolotto. Comungo do comentário do ilustre Francisco Bendl abaixo.
      Precisamos de um New Deal. Mas, o que vemos são remédios neoliberais que estão matando a economia todo mês.
      Só se ouve corte de direitos, demissão, aumento de impostos, venda de empresas que dão lucro e ainda sim nada, a economia patina rumo a recessão.
      Será que não está na hora de substitui o Guedes?

  3. Mestre Bortolotto,

    Esclareça-me o seguinte:
    Na década de trinta, após a quebra da bolsa norte-americana, em 29, aquele país entrou na Grande Depressão.

    Fome, miséria absoluta, pobreza em escala nacional, tristeza, frustração, decepção, inércia.

    Roosevelt, então, criou o New Deal, e investiu os dólares que havia em caixa para dar trabalho para o povo.
    E desenvolveu os Estados Unidos em ferrovias, rodovias, túneis, elevadas, pontes, aeroportos, escolas, hospitais … não só dando emprego aos necessitados como deixando a sua nação tão próspera, que ao estourar a Segunda Guerra, os americanos foram os maiores responsáveis pela vitória dos aliados!

    Pergunto:
    Por que o governo não faz o mesmo??!!

    Abração, de novo.
    Mais saúde.

    • Prezado Colega Sr. FRANCISCO BENDL,
      O senhor que é um dos melhores Escritores do TRIBUNA DA INTER ET ONLINE, me honra com pergunta.
      ? tão bonito quando se escreve um Artigo como o seu sobre o PT não ter sucessor p o Presid. LULA, e sua opinião sobre o Gov. CIRO GOMES, e se ter quase uma centena de troca de Opiniões com cortesia. Muito se aprende assim.
      Lembremos que Senhoras e Jovens nos lêem. Temos que ter cuidado.

      A nosso ver, as condições dos EUA em 1933 e Nós em 2019 são muito diferentes.
      Os EUA de F D ROOSEVELT tinham Carga Tributária de +- 15% de um grande PIB, e seu Endividamento era baixo, +- 20 % do PIB.
      Então e Governo USA tinha um espaço de se Endividar muito mais do que Nós cujo nosso Governo já está Endividado em + de 80% do PIB e de perfil curtíssimo de +- 6 anos.
      Podemos ainda fazer alguma coisa mas bem menos.
      Dá o que pensar a Presidenta DILMA ter feito o Projeto e propor o Capital Internacional,especialmente o Chinês, fazer e operar por 30 anos o Trem Bala Rio-Sao Paulo- Campinas e Ninguém se interessar.
      Ninguém se interessou por essa “Ponte Aérea”.
      Provavelmente porque não tem CONFIANÇA nas Leis de Garantia da Propriedade do Brasil.
      Assim, fica tudo mais difícil p Nós.

      A nosso ver, o melhor caminho é mostrar RESPONSABILIDADE FISCAL do Governo viver com os próprios meios, e garantir de verdade a PROPRIEDADE.
      Em caso de dúvida os Capitais de fora não vem e isso até não é o pior, mas nossos Capitais voam para fora.

      Abração.

      • Boa resposta Sr. Flávio.

        Todavia, o tal Trem Bala foi uma quimera, um sonho de noite de verão da Dilma. A geografia entre as duas cidades beneficiadas joga os custos da obra para as alturas e o preço das passagens seria maior do que uma passagem de avião.
        Tanto, que o projeto não avançou, por tratar-se de megalomania.
        O Brasil abandonou literalmente a malha ferroviária, que é muito mais barata do que a rodoviária, principalmente para o transporte de grãos para os Portos nacionais. Já temos uma ferrovia que une os dois Estados mais ricos da Federação, mais razoável seria modernizá-la, mas, quem dá bola para essas coisas. Somos um país rico, não é verdade?

        • Prezado Autor Sr. ROBERTO NASCIMENTO,

          Parabéns pelo excelente Artigo chamando atenção para a desaceleração do crescimento Econômico Mundial e como deveríamos manobrar para voltarmos a crescer forte.
          Tanto o senhor como o Sr. FRANCISCO BENDL advogam um New Real p o Brasil.
          Pelo ainda alto Deficit Fiscal e alto Endividamento Federal, por este lado não temos muita margem de manobra sem desencadear fortíssimas pressões inflacionárias e
          a nosso ver, primeiro precisamos arrumar a casa, ou forçando a barra poderemos fazer um voo de galinha.

          Muitos criticam o Brasil por ter grande prioridade Rodoviária, em detrimento da Navegação e Ferrovias.
          O que não se fala é que uma Legislação excessivamente protetiva dos Trabalhadores Navais e Ferroviários, fortíssimos Sindicatos, etc, encareceram muito os Custos e as Empresas foram falindo passando para as mãos do Governo, até onde o Governo aguentou.
          Na Economia nada acontece por acaso.
          A nosso ver o Governo BOLSONARO está no caminho certo, só errando em não dar prioridade para o CAPITAL BRASEIRO, o único que cria TECNOLOGIA NACIONAL e CAPITALIZA 100% aqui dentro.
          Com um Mundo Globalizado e inter-Conectado, temos que flexibilizar, se não nos colocaremos fora do Mercado.
          Vai levar uns 2 anos mas depois cresceremos SUSTENTADAMENTE. A URSS estava errada e a China está certa, criando Riqueza e Empregos, e a Cuba dos Castros também vai para esse caminho.
          Nenhum Regime cria mais Riqueza e Empregos do que o RUDE CAPITALISMO DE MERCADOS. Depois de enriquecer, então podemos partir para o WELFARE STATE.
          Se invertermos a ordem não chegamos lá.
          Eu gostaria que fosse diferente, mas não é.
          A vida é uma luta ……..

          Abração.

          • Muito bem explicado, Caro Fávio Bortolotto.

            Todavia, o capitalista brasileiro é dependente dos recursos do Estado. A prática aqui é socializar os lucros e capitalizar os prejuízos.
            Tanto que a venda das empresas do Estado ou sua concessão são feitas depois de milhões investidos no negócio estatal. Modernizam depois vendem e a arrecadação da venda nos leiloes sempre é menor do que o real valor das empresas. Por esta razão, vende-se a rodo e o Estado continua endividado a ponto de contigenciar (cortar) recursos da Educação, da Saúde, da Cultura, etc,,.
            Além do mais, essa receita já foi implementada no regime militar pelo Ministro Delfin Nertto, que cansou de falar que deveríamos deixar o bolo crescer para depois dividir. Até agora, felizmente estou vivendo e constatando que o Estado de Bem Estar Social está longe de chegar esse dia glorioso. Os economistas sempre fazem e falam o mais do mesmo, todavia, vamos de atraso em atraso perdendo o bonde da história.
            Juro que gostaria de acreditar na sua tese, mas, vou ficando a cada dia mais descrente dos nossos homens públicos.

  4. Os ataques ao pai da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachellet são inaceitáveis.
    O general chileno Alberto Bachellet foi torturado e morto na prisão por cometer o erro de defender a Constituição e a democracia e por ser contra a deposição do presidente eleito Salvador Allende derrubado e morto no Palácio La Moneda em 1973.
    O usurpador e golpista, o general Augusto Pinochet, prendia os opositores que se opuseram ao seu regime de direita, foi um período sangrento e infeliz para os chilenos.
    Depois comprovou-se que era uma ladrão dos cofres públicos, um impostor. Tinha milhões de dólares na Inglaterra. nada como o tempo para desnudar figuras messiânicas, na pele de diabos do seu povo: ” Entre os muitos vícios do diabo está em ser o pai da mentira e maior enganador, nas palavras do Frei Catalano de Bolonha, nas palavras de Dante na obra prima Divina Comédia.
    O obscurantismo está tão gritante, que o falastrão ministro, o “bonitão” Paulo Guedes chamou a primeira dama da França de feia. Um ataque gratuito a professora Brigitte Macron, anulando-se para glorificar seu chefe a quem tudo deve, o emprego, a alma, sua existência no governo. Desculpou-se quando viu a reação interna e interna, mas, o estrago já estava feito.
    O que espantou a todos foi a reação da platéia de empresários cearenses, onde ele palestrava as bobagens de sempre. A platéia aplaudiu o comentário entusiasticamente a demonstrar a deselegância e a falte de educação dos presentes.
    O ataque a Brigitte e a Michelle Bachellet são ataques a todas as mulheres do mundo. Mexeu com uma mexeu com todas. É preciso reagir a tantos retrocessos, as vulgaridades e ao horror contra as mulheres, remetendo ao período medieval.
    Esse retrocesso não pode continuar. .

    • Estupendo comentário final em prol de todas as mulheres do mundo.
      Na verdade os animais (com todo o respeito pelos animais) estão no comando deste desgraçado país.
      Atenciosamente

  5. Gostei do artigo.
    Não podemos torcer para que leis e a Constituição seja deixada de lado somente porque desejamos para esse ou aquele sejam punidos.
    Ultimamente, leio comentários a respeito do STF sobre decisões tomadas. Apesar de que em algumas houve equívocos como a de Toffolli abrir um inquérito, muitas decisões foram acertadas. Como sempre digo, o STF deveria ser guardião da Constituição e suas decisões não deveriam ser interpretações pessoais para agradar a massa.
    Por isso respeito muito juízes como o Marco Aurelio que que sempre é coerente nos seus votos.
    Lei deve ser lei, mesmo que desagrade a muitos Hoje parece que qualquer decisão tomada e que possa parecer uma brecha para a defesa de Lula é criticada. A lava jato se tornou para grande parte da população a lei suprema e é licenciada para cometer abusos ao arrepio das leis. Não deve ser assim.
    Quanto aos comentários sobre a situação econômica concordo que o Estado é o maior responsável para melhorá-la. A reforma da previdência é necessária, mas deveria ser diferente (os que ganham menos deverias ser preservados). A capitalização pura não é uma boa coisa, um teto mínimo (uns 4 SM é razoável). A desoneração de empresas através da diminuição da contribuição previdenciária não gerará mais empregos. É só ver o que aconteceu com as medidas tomadas por Dilma.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.