Carlos Chagas
Depois, ficam indignados quando a gente escreve ser tudo uma farsa. Mas é. O atual Congresso, para não falar nos anteriores, nada fez até agora para viabilizar a verdadeira reforma política. Continua nas perfumarias, pretendendo aprovar apenas alterações insignificantes no plano eleitoral, mas ignorando o plano institucional. Limitou-se o atual Congresso, até agora, a bancar o falso esquartejador, anunciando que vai por partes, mas nada de importante virou lei, quer dizer, nem limitação do número de partidos, nem financiamento público de campanhas, nem voto distrital, muito menos fim da reeleição.
Da mesma forma o ex-presidente Lula e a presidente Dilma, que desde 2003 diziam ser a reforma política da exclusiva competência do Congresso, hoje assumem a liderança apenas retórica da proposta.
Onde está a farsa? No fato de que sequer este ano fizeram qualquer coisa concreta, apesar de decorrido um semestre. Na volta das férias parlamentares e a um passo do recesso branco pré-eleitoral do ano que vem, deputados e senadores continuam anunciando a hora de mudar as instituições político-partidárias. Só que não mudam. Placidamente, deixaram que o Judiciário ocupasse todos os espaços. Os tribunais permanecem legislando sem ser incomodados.
Acordaram, Congresso, presidente e ex-presidente? Apenas se tiver sido em plena madrugada. Continuarão de pijamas. Nada farão, apesar do jogo de cena. Sequer propostas pacíficas se desenvolverão, quanto mais as polêmicas.
Fica cada vez mais claro que nada mudará, no que depender do Congresso e do Executivo. Mas como é preciso demonstrar o contrário, ocupam colunas de jornal e tempo nas telinhas e microfones anunciando iniciativas de toda ordem. Também, como exigir s que alterem a lei favorável a seus privilégios ou contrariem seus próprios interesses? Pretender que os detentores do poder criem dificuldades ao seu partido e aos aliados? Nem no dia em que o Sargento Garcia prender o Zorro.
GOLPE NA LÓGICA PORTUGUÊSA
Nossos avozinhos são historicamente conhecidos pela lógica implacável. Ninguém esquece a história do turista brasileiro que, dirigindo pelo interior de Portugal, perdeu-se e indagou de um camponês se aquela estrada seguia para Lisboa. A resposta foi seca: “não senhor”. O carro seguiu mais cem metros e o turista encontrou uma placa indicando o caminho da capital. Irritado, voltou para protestar contra o péssimo informante, que retrucou haver dito a verdade: “a estrada não vai para Lisboa, meu senhor. A estrada fica aqui. Quem vai para Lisboa são os automóveis…”
Pois até em Portugal anda tudo de pernas para o ar, inclusive a lógica. O atual presidente da União Européia, o português Durão Barroso, interpelou o ex-presidente Lula, exigindo do governo brasileiro garantias de que o Brasil não plante cana de açúcar na Amazônia, bem como garantias de que não estamos substituindo a cultura de grãos pela matriz do etanol.
Ora, pois, pois. Pela lógica, o ônus da prova cabe a quem acusa, não ao acusado. Perde o raciocínio luso sua maior característica, certamente por malandragens econômicas, já que o etanol brasileiro contraria os interesses do tal G-8, clubinho dos países mais ricos do planeta.
Chega a ser hilariante a promessa dos países ricos que se comprometem a reduzir a emissão de gases poluentes em seus territórios, até 2050. Naquele ano, quem garante estar a Humanidade ainda por aí?
Sr.Carlos Chagas,
Nascido em 1940,eu posso garantir que aqui já não estarei. Mas a Humanidade, podes crer,estará por aí bela
e faceira, continuando a aprontar das suas.
Prezado sr.Carlos Chagas,manda essa turma plantar batatas.P prezado comentarista macaco velho no bom sentido,acredita em sã consciência que alguém que esta no poder quer ,alguma mudança.O povo não é bobo,porém sabe que não é fácil mudar um sistema de mais de quinhentos anos corrupto.