Abusos de poder e penduricalhos fazem “sucesso” na mídia mundial

Transparência Internacional - Brasil on X: "Mais um jornal internacional  critica os comportamentos antiéticos, conflitos de interesses e abusos de  poder da elite do Judiciário brasileiro. Dessa vez, o mais importante jornal

Seminário de Gilmar é ironizado pelo jornal da Suíça

Deu no Poder360

O jornal suíço NZZ publicou uma matéria na qual diz que há um “abuso de poder” dentro do judiciário brasileiro. O texto afirma que há benefícios e vantagens usufruídos por juízes e promotores do país. Segundo o NZZ, a operação Lava Jato funcionou na elite jurídica como “tentativas de limitar a transparência e a responsabilidade”

O veículo de notícias cita o Fórum Jurídico de Lisboa, realizado em Portugal pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Ficou conhecido como “Gilmarpalooza”.

COMPARAÇÃO – “Imagine o seguinte cenário na Suíça: uma vez por ano, um juiz de um tribunal federal convida-o para uma grande reunião jurídica num resort de luxo no Caribe. Não apenas metade do tribunal e várias dezenas de advogados proeminentes são convidados, mas também políticos, conselheiros governamentais e altos funcionários. O evento de vários dias é patrocinado por empresas que são clientes dos advogados ou cujos casos estão atualmente em julgamento”, disse o texto.

 A reportagem também cita como “privilégios” as condições de trabalho dos magistrados, incluindo 60 dias de férias anuais e a possibilidade de “vender” parte dessas férias e remunerações e benefícios que ultrapassam o teto constitucional.

A operação Lava Jato é citada como um marco para a justiça brasileira, no entanto, de acordo com o veículo, ela teria revelado “maior resistência” entre a elite jurídica, por “tentativas de limitar a transparência e a responsabilidade”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria enviada por Delcio Lima mostra que a esculhambação brasileira e seus penduricalhos estarrecem o mundo. Mas os juízes, procuradores etc., não estão nem aí. Na Irlanda, o mais importante jornal comenta o boicote à Lava Jato e a história de Toffoli, Lula e Odebrecht, com a história do amigo do amigo do meu pai, É um país sem vergonha na cara, como diria o genial historiador Capristrano de Abreu. (C.N.)

Para equipe de Haddad, trajetória de endividamento é o maior desafio

Equipe econômica vê pouco espaço político para nova revisão de gastos

Pedro do Coutto

O crescimento da dívida pública preocupa acentuadamente a Fazenda e o ministro Fernando Haddad vê pouco espaço político para mais cortes. É uma situação realmente complicada, e cuja saída não se vislumbra a curto ou médio prazo. A piora na trajetória da dívida pública para os próximos anos acendeu o alerta dentro da equipe econômica para a necessidade de tentar reverter expectativas negativas, embora as resistências políticas a medidas adicionais de revisão de gastos ou aumento de receitas sejam um obstáculo ao governo de Lula da Silva.

Assessores de Haddad destacam que as contas públicas de 2024 apresentam uma melhora em comparação a 2023, com chances reais de o país atingir um superávit nos próximos anos. No entanto, esse avanço pode não ser suficiente para estabilizar a dívida pública. A equipe econômica já reconhece a necessidade de buscar novas fontes de receita para equilibrar o Orçamento de 2025 — um desafio que enfrenta resistência no Congresso e se tornou ainda mais sensível após a recente disseminação de fake news sobre a suposta taxação do Pix, prontamente desmentida pelo governo Lula.

DÍVIDA  – Em dezembro, o Tesouro Nacional estimou que a dívida bruta do Brasil pode alcançar um pico de 83,1% do Produto Interno Bruto em 2028, caso o governo não consiga aprovar novas medidas de arrecadação. No entanto, esses números podem estar subestimados, já que foram calculados com base em uma taxa de juros inferior à atual. De acordo com as expectativas do mercado, o endividamento pode superar 90% do PIB em 2029, sem perspectiva de redução.

Grande parte dessa deterioração está relacionada ao aperto na política monetária. Quase metade da dívida federal está atrelada à taxa básica de juros, a Selic, que foi elevada para 12,25% ao ano, com mais dois aumentos de um ponto percentual cada já previstos para o início de 2025. Além disso, há um consenso de que o governo precisa melhorar a coordenação das expectativas e evitar ruídos em torno de suas medidas econômicas.

O Banco Central já destacou em seus comunicados que a condução da política fiscal é um elemento determinante nas decisões sobre os juros. A percepção dos agentes econômicos em relação ao pacote de medidas fiscais influenciou de forma relevante os preços dos ativos no mercado financeiro. Embora considerado tímido por economistas — avaliação contestada pelo governo —, o pacote foi ainda mais enfraquecido pelo Congresso Nacional. Além disso, a equipe do ministro Fernando Haddad perdeu a disputa interna que vinculou o pacote de gastos à ampliação da isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física para rendas de até R$ 5 mil.

PROPOSTAS – Apesar de ter sido celebrada pela ala política do governo, essa medida acabou ofuscando as propostas de contenção de despesas e aumentou a incerteza do mercado sobre o compromisso do presidente Lula com o ajuste fiscal. Embora o projeto ainda não tenha sido formalmente enviado ao Congresso, o anúncio resultou em uma disparada do dólar, que ultrapassou R$ 6, e levou as taxas de juros a atingir recordes históricos.

A Fazenda, segundo reportagem da Folha de S. Paulo deste domingo, deixou evidente o caráter preocupante da questão que impede o governo de realizar uma série de obras que estão em seu calendário. O ministério assim fica atrelado a uma verdadeira teia diante de uma situação de grande pressão. Seria importante traduzir para números absolutos a incidência de percentuais sobre as operações financeiras. Um desses sentidos se refere à observação concreta do peso do endividamento.Os governos não costumam fazer isso.

Quando o governo percebe que não há espaço para mais cortes, ele fortalece a ideia de que está completamente confuso quanto às ações que tem colocado em prática. São coisas que precisam ser encaradas de frente, uma vez que uma das maiores preocupações do Tesouro Nacional é ter que sofrer pressões por uma carga cada vez maior pela impressão de mais papéis. A diferença entre a dívida e a arrecadação pública aumenta cada vez mais. O desafio para Lula é encontrar uma saída para ter algo a oferecer.

Artigo no Wall Street Journal afirma que “Lula é um desastre anunciado”

Wall Street Journal to Launch New Global Edition - WSJ

Wall Street Journal ataca Lula de uma forma implacável

Deu no BrasilAgro

O ex-presidente que hoje ocupa a cadeira presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acaba de ser alvo de uma crítica devastadora no respeitado Wall Street Journal, um dos jornais mais influentes do mundo.

A publicação, conhecida por sua isenção,  desmascarou Lula como o símbolo do declínio econômico e democrático do Brasil e da América Latina. Essa matéria não deixa dúvidas: o “ex-metalúrgico” é uma ameaça à estabilidade da região.

ANÁLISE IMPLACÁVEL – O artigo “Lula: um desastre anunciado”, assinado por uma integrante do Conselho Editorial do jornal, faz uma análise profunda e implacável da gestão petista, apontando para um cenário de desordem econômica, incompetência administrativa e autoritarismo disfarçado de democracia.

Enquanto Lula tenta vender ao mundo a narrativa de que seu governo é voltado para os pobres, os números não mentem: o Brasil está mergulhado em uma crise fiscal, inflação alta e fuga de investimentos, tudo consequência direta das políticas desastrosas do seu governo.”

A autora do artigo não poupa palavras ao descrever Lula como um dos principais responsáveis pelo colapso das economias da América Latina. Sob sua liderança, o Brasil, que já foi visto como uma potência emergente, está hoje à beira do abismo econômico, com um governo que privilegia aliados ideológicos e ignora as demandas do mercado.

AMEAÇA GLOBAL – Para o Wall Street Journal, Lula não é apenas um problema para o Brasil, mas uma ameaça global, pois sua influência corrosiva se espalha como uma doença pela América Latina. E o que Lula faz enquanto o Brasil afunda? Dá prioridade a relações com ditadores, como Nicolás Maduro, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua.”

O artigo critica duramente a aproximação de Lula com regimes autoritários, afirmando que sua postura mina os valores democráticos e envia um péssimo recado ao mundo: o Brasil sob o PT não é confiável. O preço das políticas populistas… As promessas populistas de Lula têm um custo alto – e quem paga a conta é o povo brasileiro.

O artigo “destaca como as políticas econômicas do governo petista estão levando o Brasil para um cenário de desindustrialização, aumento da pobreza e estagnação econômica.”

BENESSES – Enquanto isso, o presidente continua distribuindo benesses para aliados políticos, ampliando privilégios para sindicatos e expandindo um estado inchado e ineficiente. A crítica também recai sobre o tratamento dado aos empresários e investidores, tratados como inimigos pelo governo petista.

“Lula está construindo um ambiente hostil para negócios, desestimulando o empreendedorismo e espantando capitais estrangeiros”, afirma o artigo. Resultado: o Brasil, “que deveria estar crescendo e se consolidando como uma potência global, caminha a passos largos rumo ao declínio.”

O Wall Street Journal “vai além da questão econômica e expõe o autoritarismo disfarçado do governo Lula.” A perseguição a opositores, o controle sobre a mídia e a tentativa de enfraquecer instituições democráticas são apontados como práticas comuns do petismo.

PROJETO DE PODER – O jornal menciona “que Lula está mais interessado em consolidar seu poder e garantir a perpetuação de seu projeto de poder do que em resolver os problemas reais da população.”

Os ataques à liberdade de expressão, como as tentativas de censura nas redes sociais, são apresentados como evidências de que o governo atual não tolera críticas e busca transformar o Brasil em um estado controlado pelo PT. É um retrato sombrio de um país que já foi sinônimo de democracia vibrante e que hoje está refém de um partido obcecado pelo controle absoluto.

Um alerta ao mundo, o texto termina com “um alerta claro: Lula não é apenas uma ameaça ao Brasil, mas ao mundo. Sua visão de um estado centralizador e aliado de regimes autoritários é um modelo falido que pode levar toda a América Latina ao colapso.

FRACASSO – O artigo conclui que, “enquanto Lula continuar no poder, o Brasil estará destinado ao fracasso, e a região, ao retrocesso.”

Enquanto isso, o povo brasileiro enfrenta as consequências desse governo desastroso: inflação, desemprego, aumento da criminalidade e a perda de confiança nas instituições. Lula, que se apresenta como “o pai dos pobres”, é, na verdade, o pai do caos – e o Wall Street Journal deixou isso muito claro.

A crítica contundente do jornal norte-americano não é apenas um golpe na imagem internacional de Lula, mas um reflexo do que todos já sabemos: sua gestão é uma tragédia anunciada. O Brasil merece mais. O Brasil merece líderes que coloquem o país no caminho do progresso, e não no fundo do poço.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviado por Délcio Lima, o artigo é exagerado demais, dá importância demais a Lula e ao Brasil. Fica parecendo que estamos à beira do Apocalypse Now, o que é uma bobagem. O Brasil aguenta esses dois anos derradeiros de Lula e depois se livra dele e do PT para sempre. Não vai acabar por causa desse político safado, ladrão e irresponsável. (C.N.)

Barroso não conseguiu responder às críticas do Estadão ao Supremo

Charge 14/07/2023

Charge do Marco Jacobsen (Folha de Londrina)

Carlos Newton

A pedido do comentarista Dorivaldo Carlos Vieira da Silva, estamos publicando o artigo insípido, incolor e inodoro que o ministro Luís Roberto Barroso publicou no Estadão, para reclamar das críticas que o mais antigo jornal brasileiro tem feito ao Supremo Tribunal Federal.

Vieira da Silva considerou uma falha da Tribuna da Internet não ter divulgado as “desculpas” de Barroso, e tem toda razão.

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O STF QUE O ‘ESTADÃO’ NÃO MOSTRA
Luís Roberto Barroso

No último ano, o jornal O Estado de S. Paulo produziu mais de 40 editoriais tendo por objeto o Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgãos que presido. Por um lado, tal fato revela a importância que o Judiciário tem na vida brasileira, seu papel na preservação da estabilidade institucional e nas conquistas da sociedade.

O Brasil é o país que ostenta o maior grau de judicialização do mundo, o que revela a confiança que a população tem na Justiça. Do contrário, não recorreria a ela.

TOM RAIVOSO – E, no entanto, praticamente todos os editoriais foram duramente críticos, com muitos adjetivos e tom raivoso. Ainda que não deliberadamente, contribuem para um ambiente de ódio institucional que se sabe bem de onde veio e onde pretendia chegar.

Ao longo do período, o jornal não vislumbrou qualquer coisa positiva na atuação do STF ou do CNJ. Faz parte da vida. Parafraseando Rosa Luxemburgo, liberdade de expressão é para quem pensa diferente. Mas o que existe está nos olhos de quem vê.

Passaram despercebidas algumas transformações relevantes e perenes para o Judiciário. Foram criados os Exames Nacionais da Magistratura e dos Cartórios, para garantir mais qualidade e integridade nos concursos dessas carreiras.

PRINCIPAIS MEDIDAS – Foram implementadas resoluções que estabeleceram: paridade de gênero nas promoções por merecimento para os tribunais; redução de milhares de reclamações trabalhistas mediante homologação das rescisões pela Justiça do Trabalho.

E mais: aumento expressivo da arrecadação dos municípios pela exigência de prévio protesto da certidão de dívida ativa antes do ajuizamento da execução fiscal; extinção de mais de 4 milhões de execuções fiscais inviáveis.

Além disso, envio de mais de R$ 200 milhões para ajudar a recuperação do Rio Grande do Sul, com verbas das penas pecuniárias que estavam em juízo, em meio a inúmeras outras medidas.

PRODUTIVIDADE – O Supremo Tribunal Federal é o tribunal mais produtivo do mundo, tendo proferido mais de 114 mil decisões apenas em 2024. Entre elas, destacam-se: enfrentamento ao etarismo, permitindo que maiores de 70 anos escolham o regime de bens do casamento; rejeição ao assédio judicial a jornalistas.

E ainda:  imposição de um critério mínimo de reajuste para o FGTS dos trabalhadores; execução imediata da pena após condenação pelo Tribunal do Júri; enfrentamento à judicialização da saúde, com a previsão de critérios para fornecimento de medicamentos.

Assim como a atuação decisiva no acordo de Mariana (MG), que resultou na destinação de R$ 170 bilhões para vítimas do desastre.

OUTRAS DECISÕES – Naturalmente, toda e qualquer decisão é passível de divergência ou crítica. Menciono algumas referidas nos editoriais. O STF de fato determinou o uso de câmeras na farda em operações policiais militares.

Há quem ache que a violência policial descontrolada contra populações pobres é uma boa política de segurança pública. Mas não é o que está na Constituição.

O STF ordenou a elaboração de um plano para o sistema prisional. Há quem ache natural presos viverem sob condições indignas de violência e insalubridade. Mas não é o que está na Constituição.

USO DE DROGAS – O tribunal estabeleceu qual a quantidade de drogas distingue porte para consumo pessoal e tráfico. Há quem ache natural a polícia decidir que a mesma quantidade nos bairros de classe média alta é porte e na periferia é tráfico, em odiosa discriminação de classe e de raça. Mas não é o que está na Constituição.

Por igual, é possível ser contra a demarcação de terras indígenas e a favor de invasores, grileiros, garimpeiros ilegais e os que extraem ilicitamente madeira. Mas não é o que está na Constituição. Da mesma forma, há quem fique indiferente diante do desmatamento, das queimadas e da destruição dos biomas brasileiros. Mas não é o que está na Constituição.

Em suma, é possível não gostar da Constituição e do papel que ela reservou para o Supremo Tribunal Federal. Mas criticar o Supremo por aplicar a Constituição é que não é justo.

AFÃ POR HOLOFOTES – A referência ao “afã por holofotes” tem pouco sentido. Nós julgamos “na frente dos holofotes”, com transmissão por TV aberta. É a lei. Somos o tribunal mais transparente do mundo. Desagradar segmentos importantes faz parte do trabalho de bem interpretar a Constituição.

Os editoriais procuram dar especial ênfase a pesquisas de opinião com porcentuais negativos. Tais pesquisas revelam, no máximo, o que um grupo de pessoas pensa, e não o que é a verdade.

Quando o Supremo determina a desintrusão de 5 mil garimpeiros de uma terra que possuía mil indígenas, uma pesquisa na região revelaria grande impopularidade do tribunal.

COISAS DIFERENTES – Popularidade e legitimidade são coisas completamente diferentes. A propósito, nenhum ministro do STF recebe remuneração acima do teto constitucional.

O Supremo Tribunal Federal tem três grandes missões: assegurar o governo da maioria, preservar o Estado de Direito e proteger os direitos fundamentais.

Sob a Constituição de 1988, temos 36 anos de eleições regulares, estabilidade institucional e avanço nos direitos de todos os brasileiros, inclusive de mulheres, negros, gays, comunidades indígenas e pessoas com deficiência. Com plena liberdade de expressão, inclusive para críticas injustas. Sinal de que, mesmo sendo impossível agradar a todos, temos cumprido bem o nosso papel.

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BARROSO NÃO RESPONDEU NENHUMA CRÍTICA

Barroso usou um artifício. Ao invés de responder às críticas do Estadão, que foram feitas com a mesma intensidade  pela Folha e até pelo Globo, com menor entusiasmo, o presidente do Supremo simplesmente mudou de assunto.

As críticas dos jornalões ao STF se referem à reintepretação” de leis, como a criação de “flagrante perpétuo”, “presunção de culpa”, “inquérito do fim do mundo”, “fiança para crimes inafiançáveis”, “censura prévia nas redes sociais, com processo sigilosos”.

OUTRAS CRÍTICAS – Os jornais condenam também a decisão individual de um ministro para perdoar dívidas de cerca de R$ 20 bilhões de empresários que confessaram crimes de corrupção ativa, inclusive do amigo do amigo de meu pai.

Também foi criticada a aceitação de que mulheres e filhos de ministros exerçam advocacia em causas do Supremo, assim como a aprovação do festival de penduricalhos que engordam salários de juízes, procuradores etc., sob os auspícios do Supremo.  

A mídia condena, ainda, a promiscuidade de ministros com empresários corruptos em seminários no exterior, bancados por estatais, com participação de magistrados que só viajam acompanhados de seguranças. E Barroso não deu uma só palavra sobre tudo isso. Só faltou repetir: “Perdeu, mané!”. (C.N.)

Cenários desafiadores trazem pressão máxima ao governo Lula em 2025

 

Iotti | GZH - Página 59

Charge do Iotti compara Lula a um santo de barro

Ricardo Corrêa
Estadão

Para onde quer que se olhe se enxerga evidências de que 2025 será um ano extremamente difícil para o Brasil e, em especial, para o governo Lula. Cenários interno e externo desafiadores colocam em perspectiva a necessidade de responsabilidade e de alguma dose de harmonia política e institucional que faltou na primeira metade do mandato do presidente.

No âmbito externo, a perspectiva nunca foi tão áspera. Dois dos maiores parceiros comerciais do Brasil, os Estados Unidos e a Argentina, têm hoje governos que não apenas não têm afinidade com o presidente brasileiro como nem sequer querem dirigir a palavra a ele.

EFEITO TRUMP – O estreitamento de laços entre Donald Trump e Javier Milei é um entrave e a própria incerteza sobre os rumos que o norte-americano dará a sua política de declarado protecionismo devem preocupar bastante o governo brasileiro.

Após comemorar um acordo entre Mercosul e União Europeia, que perseguiu por anos, o Brasil vê a tensão no continente europeu tornar ainda mais penoso que as novas etapas do processo avancem.

Há crises políticas e turbulências na França e na Alemanha, principais motores da UE, com reflexos não apenas na evolução do acordo mas nos humores do mercado pelo mundo. Enquanto isso, as até aqui persistentes guerras na Ucrânia e no Oriente Médio continuam pressionando preços internacionais.

CORTE DE GASTOS – O dólar está nas alturas mundo afora e, em especial, no Brasil, em meio a desacordo entre a política fiscal do governo e as expectativas do mercado. E, ainda que quisesse cortar mais do que quis até agora, o governo enfrentaria enormes dificuldades em um Congresso que nem o mínimo aceitou fazer.

O foco de uma das legislaturas mais sedentas por dinheiro público na história são as emendas parlamentares alvo de disputa no Judiciário. A correta decisão de Flávio Dino de enquadrar o orçamento secreto em todas as suas formas em regras que exijam o mínimo de transparência ampliou em 2025 um problema que o governo Lula terá que enfrentar.

Acostumado a colocar a faca no pescoço de presidentes nos últimos mandatos, o Parlamento deve começar o ano em ebulição e com sede de vingança. Aprovou o tímido pacote fiscal – desidratado, é verdade – em troca da liberação por Lula de emendas que, em parte, o Supremo Tribunal Federal (STF) bloqueou.

VINGANÇA ESPERADA – Mas como foi um ex-ministro do governo Lula e o último indicado por ele quem deu o veredicto, a vingança tende a vir sobre o Executivo, com ameaças de inviabilizar a segunda metade do governo petista.

De um lado, há incerteza se Hugo Motta, que teve no apoio do governo ponto fundamental para conseguir consolidar sua candidatura virtualmente eleita ao comando da Câmara, vai impor tantas dificuldades quanto o truculento Arthur Lira. A decisão de Flávio Dino no STF é um teste para ver onde ele pode chegar no enfrentamento com os demais Poderes.

De outro, porém, ninguém no governo tem qualquer esperança de que Davi Alcolumbre será uma sombra do que foi o parceiro Rodrigo Pacheco no comando do Senado. Na Casa Alta, certamente as faturas ficarão mais altas para o governo federal que enfrenta situação de fragilidade política na Câmara.

TEMPERATURA MÁXIMA – Por mais que seja parceiro de bastidores de figuras do Judiciário, Alcolumbre tende a jogar mais duro no duelo entre Poderes, o que pode fazer com que a temperatura política no Brasil se eleve, o que é sempre pior para o governo de plantão.

Já haveria necessariamente uma elevação das tensões com o necessário julgamento da turma que tentou dar um golpe de Estado entre o final de 2022 e o início de 2023. Em especial, aquele que pode levar o ex-presidente Jair Bolsonaro à prisão.

Pouco importarão as fartas evidências ou provas nas tramas que levaram ao 8 de janeiro, à fraude dos cartões de vacinas, ao desvio e tentativa de venda de joias do acervo presidencial ou ao esquema da Abin paralela, este o último ainda na fase de inquérito.

POLARIZAÇÃO TOTAL – Em um País que se acostumou com a polarização política levada às últimas consequências, julgar aquele que mobiliza pelo menos um terço do eleitorado nunca será tarefa trivial. Colocá-lo na cadeia e mantê-lo detido certamente custará bastante tranquilidade no País.

Enquanto isso, o Palácio do Planalto também terá que enfrentar negociações com legendas mais ao centro e à direita que, ao contrário do início do mandato, agora começam a olhar muito mais para os recados que o eleitorado deu em 2024 e que balizarão suas decisões em 2026.

Manter União Brasil, Republicanos e PSD em cargos no governo até será possível, dado o apetite dessas siglas, mas fazê-los ainda mais fieis no Congresso e colocá-los oficialmente na chapa de 2026 é tarefa bem mais complexa. Todos eles ensaiam candidaturas ou apoios a figuras de oposição à atual gestão.

Carlos Drummond era o “burocrata irreverente” do Castelo

Estátua de Drummond faz sucesso em Copacabana,

Alvaro Costa e Silva
Folha

Todo mundo sabe – principalmente os ladrões de óculos – que a estátua de Carlos Drummond de Andrade fica na avenida Atlântica. Obra do artista Leo Santana, inspirada em foto de Rogério Reis, foi inaugurada em 2002, no centenário do poeta. Uma escolha de lugar perfeita, o que nem sempre ocorre com homenageados.

Drummond está sentado num banco, de pernas cruzadas e de costas para a praia. Morando havia muitos anos entre Copacabana e Ipanema, já não se espantava com o mar.

MELHOR LOCAL – Se a estátua ficasse na esplanada do Castelo não seria tão visitada. No entanto, o Castelo foi o canto de Drummond no Rio. Ele era ali uma figura popular, que podia ser vista quase todos os dias não apenas ao vivo, de terno e gravata, pasta na mão e andando com os braços colados ao corpo como no retrato exposto na vitrine da loja de um fotógrafo profissional. “Como se fosse um top-model ou um garoto-propaganda”, brincava o amigo Otto Lara Resende.

Em 1944, Carlos, o funcionário público, entrou pela primeira vez no Palácio Capanema, a sede do Ministério da Educação no Castelo. Trabalhou no prédio durante quase 30 anos. Escreveu no seu diário:

“Lá embaixo, no jardim suspenso do Ministério, a estátua de mulher nua de Celso Antônio, reclinada, conserva entre o ventre e as coxas um pouco da água da última chuva, que os passarinhos vêm beber, e é uma graça a conversão do sexo de granito em fonte natural”.

ESCONDE-ESCONDE – No documentário “O Fazendeiro do Ar”, de Fernando Sabino e David Neves, o burocrata irreverente aparece e desaparece num esconde-esconde entre as pilastras do Capanema.

No recém-lançado “A Intensa Palavra” —seleção de crônicas inéditas em livro publicadas no Correio da Manhã entre 1954 e 1969—, Drummond flagra no Castelo um menino de 10 anos vendedor de limão soluçando com a cabeça entre as mãos: “O rapa levou meus limões e arrebentou o caixote”.

O Palácio Capanema —que escapou por pouco da arquitetura de destruição promovida no governo Bolsonaro— será reaberto após 10 anos. Não há estátua de Drummond, mas quem olha o vão de pilotis e a fachada com azulejos de Portinari percebe uma sombra feliz.

Crescimento da China deve cair para 4,5% em 2025 com tarifas dos EUA

Banco Mundial prevê que China vai crescer só 2,8% este ano, metade da meta  do PC chinês | Exame

Trump ameaça criar uma sobretaxa às exportações chinesas

Deu na CNN
Reuters

O crescimento econômico da China deve desacelerar para 4,5% em 2025 e esfriar ainda mais para 4,2% em 2026, segundo pesquisa da Reuters, com as autoridades a caminho de implementar novas medidas de estímulo para amenizar o impacto dos iminentes aumentos de tarifas de importação pelos Estados Unidos.

O Produto Interno Bruto (PIB) provavelmente cresceu 4,9% em 2024 – bem próximo da meta anual do governo de cerca de 5%, impulsionado por medidas de estímulo e fortes exportações, de acordo com a mediana das previsões de 64 economistas consultados pela Reuters.

TENSÕES CRESCENTES – No entanto, a segunda maior economia do mundo enfrenta tensões comerciais crescentes com os EUA, uma vez que o presidente eleito Donald Trump, que tem prometido tarifas pesadas sobre os produtos chineses, retornará à Casa Branca na próxima semana.

“Os possíveis aumentos das tarifas pelos EUA são o maior obstáculo para o crescimento da China este ano e podem afetar as exportações, o investimento das empresas e o consumo das famílias”, disseram analistas do UBS em nota.

“Prevemos (também) que a atividade imobiliária continuará recuando em 2025, embora com um impacto menor sobre o crescimento.”

DIZ A PESQUISA – É provável que o crescimento tenha melhorado para 5,0% no quarto trimestre em relação ao ano anterior, acelerando em relação ao ritmo de 4,6% do terceiro trimestre, à medida que uma enxurrada de medidas de apoio começou a entrar em vigor, mostrou a pesquisa.

Em termos trimestrais, a previsão é de que a economia cresça 1,6% no quarto trimestre, em comparação com 0,9% entre julho e setembro, de acordo com o levantamento. O governo divulgará os dados do PIB do quarto trimestre e do ano inteiro, junto dos números para a atividade de dezembro, nesta quinta-feira.

Analistas esperam que mais estímulos sejam apresentados este ano, mas dizem que o escopo e o tamanho das ações podem depender da velocidade e da agressividade com que Trump implemente as tarifas ou outras medidas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Anote aí: a briga comercial entre Estados Unidos e China será muito proveitosa para o Brasil. Nosso agronegócio vai deitar e rolar nas exportações. A notícia é importantíssima para nós. (C.N.)

Solução para a falta de credibilidade do governo é regular as redes sociais?

Charge do Laerte (Folha)

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Ainda é difícil quantificar o dano que a polêmica do Pix causará à popularidade do governo Lula. A repercussão negativa tomou o Brasil. Nas redes, nos táxis, nas redações; onde você vai, encontra alguém preocupado com o Pix; muitos já preferem negociar em dinheiro.

Defensores do governo atribuem esse receio às fake news. Se ao menos as redes —e, imagino, o WhatsApp— fossem severamente regulamentados, a mentira de que o governo criou uma taxa do Pix teria morrido no berço. As plataformas seriam obrigadas a deletar os posts com erros sobre a instrução da Receita.

FAKE NEWS – Na onda de críticas, há sim fake news. Mas nem todas as críticas podem ser classificadas assim. Muitos dizem que o governo, embora ainda não tenha criado uma taxa, no futuro criará. E há ainda quem alegue que, com as informações mais abrangentes do Pix, a Receita prepara uma investida contra trabalhadores informais.

Em qualquer fake news específica, mais importante do que a oferta —quem criou a primeira mensagem dizendo que o governo cobraria taxa do Pix, algo trivial— é entender a demanda; ou seja, por que uma fake news “pega”.

Lembremos que, no governo passado, Paulo Guedes defendeu literalmente um imposto sobre o Pix e demais transações. E, no entanto, isso não colou nele, porque não havia a percepção de que o governo estava ávido por arrancar mais moedinhas do cidadão comum.

AO CONTRÁRIO – Com o governo Lula, ocorre o oposto. Ao longo dos últimos dois anos, o governo se esmerou em arrecadar mais. Não criou novos impostos ou taxas, mas fechou uma série de exceções e brechas tributárias, inclusive sobre cidadãos comuns.

Foi no contexto da “taxa da Shoppee” que a própria primeira-dama veio a público garantir que consumidores não pagariam taxa nenhuma, apenas as empresas. O tempo mostrou que —óbvio!— os consumidores pagam a taxa sim. Se lá atrás o receio popular mostrou-se correto, por que agora não seria?

Meses atrás, centenas de memes com Haddad e taxas em nomes de filme rodaram a internet. O medo de que ele taxe o Pix ou feche o cerco contra trabalhadores informais alimenta a discussão sobre o monitoramento da Receita.

OUTROS EXEMPLOS – É comum que erros e mentiras se misturem ao debate de propostas. Ano passado, acusou-se o Congresso de querer “privatizar as praias”. Nada no projeto propunha privatizar praia alguma. No governo Bolsonaro, a proposta do voto impresso era criticada por supostamente destruir o segredo do voto ao permitir que o eleitor levasse o comprovante para casa. Isso jamais fora proposto, mas sempre volta para turvar o debate.

Curiosamente, em nenhum desses casos ouvimos brados indignados pela regulação das redes contra “fake news”. Pelo contrário: cabia aos defensores mostrar que os críticos estavam errados. E é assim mesmo que tem que ser.

GRAÇAS AO DEBATE – Agora, quando o alvo é o governo Lula, propor a supressão de parte do discurso da oposição é quase um sinônimo de lutar pela democracia.

É justamente no debate, e graças ao debate, que a população passa a conhecer temas politicamente relevantes. O debate público real não é e jamais poderá ser uma fria troca de análises técnicas. Nele estão presentes intenções, projeções, exageros, equívocos e, infelizmente, até mentiras.

Cabe ao governo melhorar sua comunicação e sua credibilidade, e não colocar suas esperanças numa regulação draconiana para suprimir vozes contrárias.

Para Haddad, o inferno são os outros, incluindo o próprio Lula

Na tarde desta sexta-feira (17), o ministro da Fazenda Fernando Haddad  concedeu uma entrevista à CNN Brasil e afirmou que a família do  ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem ligação com a enxurrada

Haddad deu uma entrevista contraditória

Caio Junqueira
CNN

Os 70 minutos da entrevista de Fernando Haddad à CNN deixaram claro que, para ele, o inferno são os outros, parafraseando o filósofo francês Jean Paulo Sastre. E, para quem fizer questionamentos e apresentar fatos econômicos, a desculpa/saída será sempre pela política

Assim, a culpa da crise do Pix é de Bolsonaro, mas a culpa da crescente dívida pública é de Paulo Guedes. Ou a culpa da perda de credibilidade econômica do governo é do mercado.

PRÁTICA ANTIGA – Atribuir ao outro responsabilidades que também são suas é uma prática antiga na política, que, na boca de um ministro da Fazenda, ganha outra dimensão.

Portanto, não haverá autocrítica e não haverá mudança de rota na condução da economia do país.

E, para quem fizer questionamentos e apresentar fatos econômicos, a saída será sempre pela política.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O problema de Haddad é, principalmente, a falta de autonomia e de autoridade na condução da política econômica. As medidas que sua equipe preconiza são sempre vetadas por Lula da Silva, sob os mais escalafobéticos argumentos. E Haddad tem de engolir em seco e tentar tocar a empreitada para a frente, numa situação de absoluto constrangimento. E vida que segue, como dizia João Saldanha. (C.N.)

Uma desesperada declaração de amor, na sensibilidade de Adalgisa Nery

Há 43 anos morria a poetisa carioca Adalgisa Nery | Eliomar de Lima | OPOVO+Paulo Peres
Poemas & Canções

Nesse poema, a jornalista e poeta carioca Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira (1905-1980), mais conhecida como Adalgisa Nery, por ter sido casada com o pintor Ismael Nery, fala do seu amor em todos os sentidos.

EU TE AMO
Adalgisa Nery

Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.

Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.

Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.

Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda estás ausente.

Eu te amo
Desde a criação das águas,
desde a ideia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.

Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.

Acordo de cessar-fogo ainda não significa a reconstrução de Gaza

Ataques deixam 13 pessoas mortas em Gaza e quatro em Israel - Jornal O Globo

Quem vai pagar a reconstrução da cidade?, eis o problema

Hélio Schwartsman
Folha

O acordo de cessar-fogo em Gaza é uma boa notícia. Dará algum respiro aos palestinos que vêm há mais de um ano sendo dizimados pelos bombardeios do Estado judeu e permitirá que os reféns israelenses voltem para casa. Mas o acerto não toca no ponto essencial. O que será feito de Gaza?

O governo do premiê Binyamin Netanyahu nunca teve um plano para o pós-guerra. Na verdade, Netanyahu poderia ter concordado com um cessar-fogo semelhante ao atual vários meses atrás, o que teria poupado a vida de dezenas de milhares de palestinos e de dezenas de reféns israelenses. Não o fez porque a suspensão da guerra então contrariava seus interesses.

NOVA REALIDADE – O jogo agora mudou por duas razões. A primeira é a expectativa de mudança de poder nos EUA. Trump assume dia 20. A segunda é que a estratégia de Netanyahu de prolongar e ampliar o conflito aliviou a pressão política sobre seu governo.

O premiê não eliminou o Hamas, o que sempre foi uma missão impossível, mas o enfraqueceu bastante. Também conseguiu degradar as capacidades do Hezbollah no Líbano. Tais feitos representam uma derrota para o Irã, visto por muitos israelenses como o real inimigo.

Isso teve reflexo nas pesquisas eleitorais. Logo após os ataques terroristas do Hamas, as sondagens davam a gestão de Netanyahu como liquidada. Hoje, seu partido, o Likud, vai ganhando pontos.

NETANYAHU – A aceitação do cessar-fogo até pode levar ao fim do governo, já que desagrada aos partidos mais à direita da coalizão. Mas não dá para descartar que, após uma nova eleição, Netanyahu consiga se manter no poder sem esses aliados.

Voltando a Gaza, a solução sustentável é colocar o território sob administração árabe. Não há como fazer isso sem trazer para o jogo a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa a Cisjordânia.

O problema é que Netanyahu passou toda a sua carreira trabalhando para enfraquecer a ANP, a fim de evitar a criação do Estado palestino. O premiê israelense, se não for apeado do poder, estaria disposto a rever isso? Ninguém jamais perdeu dinheiro por apostar contra a paz no Oriente Médio.

Haddad diz que Bolsonaro pode estar por trás de notícias falsas sobre Pix

Bolsonaro e sua família têm sido alvo de fiscalizações da Receita

Pedro do Coutto

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou suspeitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro esteja envolvido na disseminação de notícias falsas sobre uma suposta taxação de transações via Pix. Ele atribuiu essa campanha a descontentamentos de Bolsonaro com investigações realizadas pela Receita Federal contra ele e sua família.

“Tenho para mim que Bolsonaro está um pouco por trás disso, porque o PL financiou o vídeo do Nikolas”, disse Haddad à CNN Brasil, referindo-se ao deputado Nikolas Ferreira, que fez insinuações sobre uma possível taxação futura do Pix. Fabio Wajngarten, ex-chefe de Comunicação do governo Bolsonaro, rebateu a acusação, chamando a fala de Haddad de “mentirosa” e prometendo processá-lo.

DESINFORMAÇÃO – A polêmica teve origem em uma norma da Receita Federal, que entrou em vigor este mês. A medida gerou desinformação sobre uma possível tributação do Pix, levando à revogação da norma. Haddad apontou que o desconforto de Bolsonaro com a Receita estaria relacionado a investigações envolvendo compra de imóveis, o caso das joias e a rachadinha. O ministro também comparou a propagação de desinformação a um vírus e defendeu a atuação do governo para corrigir as informações falsas.

Sobre sua postura mais enfática, Haddad justificou: “Foi uma agressão tão grande ao Estado brasileiro que decidi adotar esse tom”.  Ao ser questionado sobre sua postura firme em relação ao ex-presidente, Haddad explicou que adotou um tom mais enfático por considerar o episódio “uma agressão tão grande ao Estado brasileiro”.

COMUNICAÇÃO – A questão do Pix e da desinformação propagada pela oposição ratifica que o governo precisa alinhar a sua comunicação. A partir do momento em que recuou e revogou à norma, abriu precedentes para que bolsonaristas tentem reforçar seus discursos nas redes sociais, mesmo que às custas das falsas informações, para tentar minas as ações do Planalto.

Conforma já dito, o presidente Lula da Silva decidiu reformular o sistema de comunicação de seu governo que não está apresentando os resultados esperados , deixando passar em branco programadas da mais alta importância e cuja divulgação acrescentaria pontos importantes para a sua administração e para a campanha de 2026. Lula será candidato à reeleição, é claro, até porque não existe outro nome capaz de reunir tantas correntes eleitorais.

DIVULGAÇÃO – É verdade, entretanto, que muito do que já foi conquistado não tem sido divulgado, caindo no esquecimento quanto aos fatores de mobilização da sociedade. A população deve ser informada semanalmente, e não se expor à confusão armada pelos que tentam minar os projetos em andamento.

A presença do governo nas redes sociais constitui uma lacuna que precisa ser preenchida, pois com o passar do tempo perde-se oportunidades de fazer chegar à opinião pública o que está sendo realizado e de que forma os projetos têm sido concretizados.

INVESTIMENTOS – Há ministérios que não estão funcionando adequadamente e os seus titulares não se motivam, fazendo com que as divulgações necessárias não sejam feitas de forma correta e efetiva. A taxa de investimentos públicos subiu acentuadamente, mas a propagação das ações não acompanhou essa evolução com o que seria paralelamente o avanço dos investimentos públicos.

O presidente Lula tem todas as condições para divulgar o seu governo, e realizações nele contidas. Não faltam resultados concretos, basta que a sua comunicação seja também efetiva.

Por que a fala de Nikolas mereceu mais confiança que a palavra de Lula?

Lázaro Rosa | Rapaz! Se eu sou o Lula usaria esse chapéu todos os dias.  Ficou massa | Instagram

Lula apresenta um discurso bem enganador

Dora Kramer
Folha

A mentira danosa, fruto da má-fé, existe desde sempre, como bem soube o PT quando a aplicou contra a então candidata à Presidência Marina Silva (Rede) na campanha de 2014, acusando a hoje ministra do Meio Ambiente de se aliar a banqueiros para tirar comida do prato dos brasileiros.

Lula também estava consciente da força de um boato ao pespegar no governo do antecessor o dístico da “herança maldita”.

JOGO SUJO – Portanto, por mais condenável que seja o jogo sujo, não se pode dizer que a cigana o enganou sobre a contingência de se ver às voltas com uma oposição feroz e sem freio moral.

Se esperava o ambiente de doçura da época em que seu oponente era o PSDB, Lula exibe falha grave no radar sempre celebrado como dos mais afiados da República. Ou não sabia com quem estava lidando ou se superestimou, hipótese mais provável.

A dúvida importa menos que a certeza de que o presidente não se preparou adequadamente para o terceiro mandato. Ignorou a realidade tanto sob o aspecto das mudanças na sociedade quanto do ponto de vista do enfrentamento aos adversários.

GOVERNO FRÁGIL – O recente episódio do Pix —mal comunicado e pior ainda cancelado— é um resumo dessa história em que uma instrução burocrática da Receita se transforma numa crise.

E essa crise escancara a fragilidade de um governo cheio de instrumentos de poder, mas incompetente no manejo das armas.

Uma correção de rumos poderia começar pela busca de uma resposta à seguinte pergunta: por que as pessoas estão mais dispostas a acreditar menos no presidente da República do que num deputado lacrador, cujo viés caricato já o fez subir à tribuna de peruca loura para ridicularizar pessoas trans?

TERRENO FÉRTIL – As jogadas trapaceiras atraem, mas não fazem o serviço sozinhas. Precisam da ajuda de um terreno fértil para vicejar.

No caso, a falta de confiança plantada por um governo que não sabe tirar proveito das vantagens de ser situação.

Para complicar, fala aos integrantes do grupo “nós” e deixa entregues à boa sorte da oposição os incluídos na categoria “eles”, aos quais se reserva o tratamento de cidadãos de segunda classe.

Acredite se quiser, Bolsonaro tem chance de ser candidato em 2026

Sem anistia para golpista | Brasil 247

Charge do Nando Motta (Brasil 247)

Carlos Newton

Jair Bolsonaro teve a sua chance e não aproveitou. Fez tanta coisa errada, achando estar dentro das quatro linhas da Constituição, que acabou perdendo a reeleição e emparedando sua carreira no futuro próximo. Apesar de ter sido condenado na Justiça Eleitoral e estar agora respondendo a diversos inquéritos no Supremo, mesmo assim Bolsonaro ainda acredita em recuperar a elegibilidade, e realmente há condições de acontecer esse milagre político, acredite se quiser.

Reforçada pelo criminalista Celso Vilardi, a equipe jurídica está trabalhando simultaneamente em várias possibilidades. A primeira dela é apresentar uma ação rescisória no Tribunal Superior Eleitoral para reverter a condenação, que os advogados consideram “discutível”, porque o placar foi de 5 a 2.

NÃO É PROIBIDO – Sabemos que sonhar não é proibido nem paga imposto. Mas a defesa pode apresentar uma ação rescisória para rediscutir a inelegibilidade em agosto de 2026, com a nova composição do TSE, dois meses antes da eleição.

Nunes Marques assumirá a presidência do tribunal e André Mendonça também estará no colegiado. Seriam dois votos a favor de Bolsonaro, que precisa do apoio de quatro dos sete ministros. E desta vez Cármen Lúcia será substituída por Dias Toffoli, visto por Eduardo Bolsonaro, como “mais equilibrado” que a antecessora, segundo o repórter Augusto Tenório, do Metrópoles.

Assim, ficaria faltando apenas um dos quatro votos restantes de ministros provisórios para devolver a elegibilidade de Bolsonaro.

VOTAR A ANISTIA – Outra possibilidade é a anistia. Com toda certeza o Congresso vai votar uma lei de anistia agora em 2025 e Bolsonaro tem esperanças na aprovação. Segundo a jornalista Eliane Cantanhêde, os comandantes militares estão interessados na concessão do benefício, que atenderia também os condenados do 8 de Janeiro.

Essa possibilidade é considerada factível, porque o próprio presidente Lula estaria interessado, para possibilitar a candidatura de Bolsonaro, que o petista considera mais fácil de derrotar do que outro candidato de direita, como Tarcísio de Freitas ou Ratinho Júnior.

Por fim, Bolsonaro afirmou neste sábado que sonha também com a ajuda do presidente americano Donald Trump, mas é uma ilusão à toa, porque essa possibilidade simplesmente não existe.

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P.S.
Parece brincadeira, mas Bolsonaro realmente tem chance de reverter a situação. O Tribunal Superior Eleitoral é formado por sete juízes: três do Supremo, dois do Superior Tribunal de Justiça e dois advogados especialistas. Bolsonaro já tem dois votos e precisa de mais dois. Um deles pode ser de Toffoli, caso Lula peça que ele absolva Bolsonaro. Mas a maior chance é a anistia pelo Congresso, devido às condenações excessivas determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, que ainda não apreendeu que na vida o radicalismo não leva a nada. Comprem pipocas. (C.N.)

Governo não admite erros e perderá apoio no Congresso, diz Nogueira

Ciro Nogueira defende poder no Orçamento: 'Sou para-raios de Guedes'

Nogueira diz que Rui Costa é o maior problema de Lula

Deu na CNN

O presidente do Progressistas (PP) e opositor ao governo federal, senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou à CNN que o recuo do ato do Pix mostra que o governo precisa “virar a chave”. O parlamentar atribui ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a postura de deixar o problema seguir até ficar “sem solução”.

“Não se trata de composição de ministérios, se trata de virar a chave. É preciso haver uma mudança de postura total do governo e aí, o problema é o próprio presidente Lula. Ele tem que ter aptidão para governar. Os problemas não podem chegar nele quando estão sem solução”, disse à CNN.

AFASTAMENTO – O presidente do PP acredita que, se o governo não fizer uma reorganização em 60 dias, vai ter um “afastamento radical” entre oposição e governo no Legislativo. “Eu mesmo sou uma pessoa que vou querer puxar isso”, comentou.

Nogueira, que foi ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL), ainda critica a atuação de Rui Costa (PT), atual mandatário da pasta.

“O ministro da Casa Civil é um desastre. Ele é uma pessoa que tem de coordenar todos os ministros, mas é uma pessoa que os ministros não gostam, então, é complicado”, disse.

RECUO DA RECEITA – O senador é usuário assíduo das redes sociais e comentou, nesta quarta-feira (15), em uma publicação, o recuo do governo sobre o ato da Receita Federal para o Pix.

“O governo revoga a desastrosa medida do Pix, mas não admite o erro. Culpa tudo e todos: os brasileiros ou são idiotas enganados por mentiras ou os “mentirosos”, mas o governo nunca erra! Chega de andar na contramão do Brasil!”, disse na postagem.

A CNN procurou a Casa Civil e o Palácio do Planalto para comentar a respeito das afirmações de Nogueira, mas não obteve respostas até a publicação desta matéria.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não é o primeiro nem será o último a criticar o chefe da Casa Civil. O fato concreto é que Rui Costa não tem vocação para coordenar o governo. Na ansiada reforma ministerial, que o governo vive a prometer, Rui Costa teria de ser o primeiro demitido. Mas acontece que ele fez um acordo com Lula, em 2020, para não ser candidato a nada e ficar fazendo campanha na Bahia. E assim se tornou indemissível. (C.N.)

Bolsonaro vai processar Haddad por criar fake news contra ele e a família

Desembarque de Bolsonaro tem apoio tímido, xingamento e improviso; veja  vídeo

Bolsonaro deu entrevista depois de Michelle embarcar

Deu na CNN

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (18) que irá processar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por declarações sobre a suposta compra de imóveis com recursos de rachadinha e a participação dele em uma fake news sobre a falsa taxação do Pix.

O ex-chefe do Executivo também criticou o cenário econômico do país e disse que Haddad é uma “piada” ao compará-lo com o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.

FAKE NEWS – “Vou processar o Haddad. Eles não têm o que fazer, sempre me acusam de alguma coisa. Falou, inclusive, que eu comprei 101 imóveis, sem origem de dinheiro”, declarou o ex-presidente em entrevista a jornalistas no Aeroporto de Brasília.

“Falou que comprei 101 imóveis, sem origem de dinheiro; fizeram um trabalho, pegou meia dúzia de familiares; e me acusa de ter arranjado dinheiro via ‘rachadinha’, nunca tive cargo no governo federal, nem de faxineiro”, completou.

Bolsonaro afirmou ser perseguido e disse que, para ele, a única alternativa é recorrer à Justiça. “Acusa por acusar. Eu só tenho um caminho. Acreditar na Justiça e processá-lo, como eu vou fazer”, afirmou.

NO AEROPORTO – Bolsonaro foi, neste sábado, acompanhar a esposa, Michelle Bolsonaro, até o Aeroporto de Brasília para viagem aos Estados Unidos. A ex-primeira-dama irá comparecer à posse do presidente Donald Trump na segunda-feira (20). Bolsonaro não foi autorizado a viajar e ainda está com passaporte retido por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

À CNN, Bolsonaro já havia dito que iria processar Haddad por ter relacionado ele com a fake news sobre a taxação do Pix, que levou a um recuo do governo sobre ampliar a fiscalização de transações.

Na sexta-feira, (17), em entrevista à CNN, Haddad disse que, no entendimento dele, Bolsonaro está por trás do vídeo publicado por Nikolas Ferreira (PL-MG), no mesmo dia em que o governo federal decidiu revogar a medida de fiscalização do Pix.

BRONCA DA RECEITA – “O Bolsonaro tem uma bronca da Receita Federal pelas questões já conhecidas… A Receita Federal descobriu o roubo das joias, abriu a investigação das rachadinhas, abriu a investigação sobre os mais de 100 imóveis comprados pela família Bolsonaro”, disse o ministro na ocasião.

Segundo Bolsonaro, a intenção do governo Lula com o monitoramento de pagamento por Pix visava possíveis cobranças no futuro. Ele também afirmou que o Pix foi criado em seu mandato. A ferramenta, no entanto, foi idealizada em governo interiores e implementada na gestão do ex-presidente.

“Quando o PT, do Haddad, vê que por dia se movimenta mais de R$ 100 bilhões, por dia, o que que ele vê nisso aí? Uma maneira de buscar alguma coisa. Não é taxando, no primeiro momento. Ninguém está falando em taxar aqui. Mas, quando vê, vai preparando o clima para meter a mão no bolso do informal, das pessoas mais simples e por que não dizer também para perseguir algumas pessoas?”, afirmou Bolsonaro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Comprem pipocas. Há cada vez mais novelas rolando na política nacional, cujos protagonistas merecem o Oscar de Efeitos Especiais para cima do povo. (C.N.)

Decisão da Suprema Corte dos EUA sobre TikTok sinaliza nova guerra fria

TikTok: o que é e como funciona a rede social - Olhar Digital

Americanos querem “nacionalizar” a rede social chinesa

David French
The New York Times

O bom senso constitucional prevaleceu. Na manhã desta sexta-feira (17), uma Suprema Corte unânime manteve a Lei de Proteção dos Americanos contra Aplicações Controladas por Adversários Estrangeiros, que efetivamente proibirá o TikTok nos Estados Unidos, a menos que se desfaça do controle chinês.

A opinião do tribunal foi simples e direta. Primeiro, levantou dúvidas sobre se a Primeira Emenda sequer se aplicava ao caso. A lei regula o controle estrangeiro da plataforma e não se aplica diretamente a nenhum dos conteúdos.

PRIMEIRA EMENDA – Mas o tribunal assumiu que a Primeira Emenda se aplicava e analisou o caso usando princípios da Primeira Emenda. O elemento chave do raciocínio do tribunal foi o reconhecimento de que a proibição era “neutra em relação ao conteúdo”, o que significa que não visava nenhuma das expressões existentes na plataforma.

Visava, em vez disso, o controle da plataforma e o controle das informações pessoais que o TikTok coleta através da plataforma.

E, nesse caso, o tribunal reconheceu os significativos riscos à segurança nacional em permitir que uma potência estrangeira hostil tivesse tanto acesso direto à praça pública americana e tanto acesso às informações pessoais dos americanos.

APOSTA ARRISCADA – O argumento de que o Congresso não poderia regular o controle chinês do TikTok sempre foi uma aposta constitucional arriscada. Nunca houve uma boa chance de que o TikTok prevalecesse no tribunal, mas não houve movimentos significativos para vender a empresa —pelo menos ainda não.

Em vez disso, o TikTok parece ter apostado todas as suas fichas na mesa política. O presidente eleito Donald Trump se opõe à proibição e pode tentar contorná-la com uma ordem executiva.

O presidente Joe Biden teria dito que não a aplicará antes de Trump assumir o cargo. Cerca de 170 milhões de americanos usam o aplicativo, e muitos políticos parecem estar percebendo que os usuários do TikTok não ficarão felizes se e quando seu aplicativo ficar fora do ar.

TESTE DE SEGURANÇA – Republicanos e democratas devem manter sua posição. De muitas maneiras, a proibição é um teste de QI de segurança nacional virtual. Por que uma nação racional daria ao seu inimigo mais perigoso um acesso tão abrangente aos dados americanos?

Como já escrevi, não é difícil imaginar cenários em que a China poderia usar o aplicativo para semear caos e confusão através de chantagem e enviando ondas de desinformação e propaganda para os lares americanos.

Os americanos estão lentamente despertando para a realidade de que estamos em uma guerra fria com a China. Mas o momento em que o TikTok desaparecer de seus telefones pode marcar um ponto de virada mais tangível. O velho mundo de cooperação está realmente acabado. A nova era de competição começou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A meu ver, a guerra fria nunca deixou de existir, ela apenas moveu seu eixo principal, que antes era a União Soviética e a Cortina de Ferro e agora passou a ser a China e a Rússia, nesta ordem, em função da importância no comércio e nas relações mundiais, em que os chineses exibem uma habilidade diplomática superior à dos russos. (C.N.).

 “Caso do Pix” comprova que há desconfiança nas políticas do governo

Charges | Brasil 247

Charge do Miguel Paiva (Brasil 247)

William Waack
CNN Brasil

É grave o episódio no qual o governo revogou a fiscalização da Receita sobre o Pix. Não estou falando do poder de uma informação falsa, a de que o Pix seria taxado, estou falando do grau de desconfiança que o episódio expôs.

O governo diz que não vai taxar o Pix? Milhões de pessoas não acreditam. Acham que o monitoramento dessa ferramenta é só desculpa.

NINGUÉM ACREDITA

O governo diz que vai ser equilibrado no trato das contas públicas? Os agentes econômicos não acreditam. Acham que o governo só vai tentar arrecadar mais, para poder gastar mais. Desconfiança é coisa muito séria em política e economia.

Quando o próprio Lula veio a público desmentir a fake news sobre o Pix, a onda cresceu ainda mais. Pois mentiras ganham força quando o que afirmam parece plausível, possível, provável.

CRÍTICAS COM BASE – Nesse sentido, o comportamento de milhões que acreditaram numas fake news é o mesmo que o comportamento de enorme número de agentes econômicos que correram para o dólar.

Uns acham que os fatos recentes indicam que o governo só quer isso mesmo: taxar e arrecadar. Outros acham que os fatos recentes indicam que o governo só fala, mas não corta gastos, piorando a questão fiscal; portanto, inflação, juros altos e dólar caro.

No fundo, o que estamos vendo não é tanto uma crise causada por fake news – embora também seja – mas uma crise causada por perda de credibilidade. Não adianta culpar o marketing. O problema é a essência.

Cessar-fogo traz alívio, mas quem vai pagar pela reabilitação de Gaza?

População inteira no norte de Gaza corre risco iminente de morte, diz Unicef

Israel destruiu o território de Gaza quase inteiramente

Diogo Bercito
Folha

O cessar-fogo negociado por Israel e Hamas traz alívio para Gaza, que viveu quase 500 dias sob intenso bombardeio de Tel Aviv. Se o acordo for respeitado, a população desse território palestino estará livre, por ora, das explosões e violentas incertezas que marcaram a sua rotina.

É um alívio, porém, com muitas ressalvas. A campanha israelense contra Gaza deixa feridas e cicatrizes. A devastação é tamanha que, segundo a ONU, pode ter rebaixado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Faixa de Gaza para os níveis de 1955, apagando 70 anos de progresso.

PEQUENO TERRITÓRIO – Gaza é um território pequeno e estreito, com área equivalente a um quarto do município de São Paulo, o que contribuiu para a dimensão do estrago. Quase 2 milhões de palestinos deixaram suas casas durante a crise, mas não encontraram onde se proteger dos bombardeios de Israel.

Agora que podem retornar para os seus lares, palestinos terão de lidar com o fato de que eles provavelmente já não existem mais. Segundo estudos preliminares com base em imagens de satélite, cerca de 60% das construções e 68% das estradas da faixa foram danificadas ou destruídas.

Gaza é, hoje, um campo com milhões de toneladas de escombros, segundo as autoridades palestinas. Para remover os detritos e reerguer a infraestrutura, serão necessárias coisas básicas como cimento. Israel hoje controla a entrada de materiais e ajuda humanitária por ar, mar e terra.

QUEM PAGARÁ? – Fica, nesse sentido, a pergunta: quem vai pagar pela reabilitação do território? No passado, organizações humanitárias e governos da região, em especial do Golfo, contribuíram com a missão. Israel acusa o Hamas de ter desviado esses fundos para se armar em vez de reconstruir Gaza.

Será difícil estabelecer prioridades. Há o dano à infraestrutura, incluindo saneamento e eletricidade, que já eram precários mesmo antes dos bombardeios. Além disso, segundo a ONU, quase 95% das escolas foram atingidas por disparos israelenses, o que afeta toda uma geração.

Todas as universidades de Gaza foram destruídas também, no que ativistas de direitos humanos descrevem como um escolasticídio, uma estratégia deliberada de impedir a produção de conhecimento. Um jovem palestino de Gaza não tem, hoje, onde cursar ensino superior.

ATENDIMENTO MÉDICO – Houve ainda dano extenso à estrutura médica do território. A ONU afirma que apenas 17 dos 36 hospitais de Gaza funcionam, e de maneira parcial. Há carência de suprimentos, e médicos dizem que realizam suas cirurgias, inclusive em crianças, sem aplicar anestesia.

A imprensa internacional não pôde entrar em Gaza para conferir muitas dessas informações. A maior parte do que se sabe é resultado do trabalho de jornalistas palestinos. Há menos deles, no entanto, como consequência dos bombardeios. Ao menos 204 foram mortos.

Gaza demonstrou resiliência no passado. Houve outros conflitos nas últimas décadas, ainda que em menor escala. Palestinos foram capazes de se reerguer. O desafio que enfrentam agora, porém, testa seus limites e pode catalisar novas configurações —sociais, econômicas e políticas.

E O HAMAS? – A pergunta, agora, é o que vai acontecer com o Hamas. Israel justificou toda a destruição humana e material como uma maneira de eliminar a facção radical. Tel Aviv conseguiu, de fato, alvejar uma importante parcela da liderança, incluindo Yahya Sinwar, morto em 16 de outubro.

Organizações como o Hamas, porém, dependem de narrativas, com as quais radicalizam as suas populações. Nesse sentido, Israel está fornecendo um motivo convincente para que essa narrativa siga adiante.

Sem a desarticulação dos problemas de base, este cessar-fogo terá vida curta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A reconstrução de Gaza tem de ser custeada pelos países árabes ricos em petróleo. Somente essas nações têm condições para esse investimento, porque o Ocidente está quebrado devido à obrigação de financiar a Ucrânia. (C.N.)

A cidadania, segundo Thiago de Mello, é direito e dever do povo

Tribuna da Internet | Thiago de Mello, um poeta à procura das cores certas  para trabalhar a primaveraO poeta amazonense Amadeu Thiago de Mello (1926/2022) ensina que “Cidadania” não é somente  um direito do povo, mas sobretudo um dever do povo.

CIDADANIA
Thiago de Mello

Cidadania é um dever
do povo.
Só é cidadão
quem conquista o seu lugar
na perseverante luta
do sonho de uma nação.

É também obrigação:
a de ajudar a construir
a claridão na consciência
de quem merece o poder.
Força gloriosa que faz
um homem ser
para outro homem
caminho do mesmo chão,
luz solidária e canção.