A cidade onde nasceu meu pai, (o Fernandes de hoje era o Fernandez de antes) é uma das minhas alegrias. E não apenas no futebol. Resistiu e não transigiu durante a ditadura de Franco. Este, cruel, selvagem e torturador, ia a todos os jogos do Barcelona contra o Real Madri. (Lógico, em Madri, não tinha coragem de ir à Catalunha).
Torcia e ajudava o time da capital. E deu muito dinheiro para a contratação de Di Stefano, grande jogador, (“La seta rubia”) que eu vi estrear em 1948 no Chile, no primeiro teste para a Libertadores, então chamado de Torneio do Campeões. Ganho pelo fantástico time do Vasco, na final contra o Riber Plate. (Muito jovem, eu era secretário-adjunto da revista “O Cruzeiro”).
O Barcelona não contratou um jogador sequer, todos foram “feitos em casa”. Na política exatamente igual. Franco ia a todos os jogos do Real Madri contra o Barcelona, se entusiasmava nas ocasionais vitórias.
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PS- Nas derrotas, fazia como Hitler depois das 5 medalhas de ouro de Jesse Owens, no belíssimo Estádio Olímpico de Berlim, 1936. Saía ganindo pelos fundos.
PS2 – Não podia admitir que aquele negro vencesse os “arianos puros”. Que ainda perderam para outro negro quase esquecdio, Ralph Metcalf, também americano.