Fernando Gabeira
O Globo
Bolsonaro deve falar nesta terça-feira em Nova York. É o acontecimento da semana, embora as semanas no Brasil surpreendam com frequência. Escrevi um artigo tentando elaborar sobre o contexto que espera Bolsonaro. No passado não era assim. Os presidentes brasileiros inauguravam a sessão da ONU com discurso protocolar e bocejos na plateia.
Sarney foi criticado por citar um obscuro poeta maranhense em seu discurso. Se o problema agora fosse esse, nem valeria escrever sobre o tema.
FORTE REAÇÃO – Bolsonaro ignora o ímpeto das forças que despertou com sua política amazônica. Ninguém o avisou. Seu chanceler acha que a Nasa não distingue fogueira de queimada. Internamente, estimulou os predadores. Era evidente que o enfraquecimento da fiscalização, a promessa de trazer mineradoras americanas para atuar na Amazônia, tudo isso contribuiu para a frase que estava no ar: da próxima vez o fogo.
Nos Estados Unidos houve quem afirmasse que as queimadas na Amazônia são uma grande ameaça à segurança nacional e devem ser tratadas como armas de destruição massivas.
Macron recuperou, timidamente, o discurso de Mitterrand sobre soberania limitada. Mitterrand a mencionou em dois casos: destruição ambiental e grandes violações dos direitos humanos.
CONSEQUÊNCIAS – Esse debate aparece pouco no Brasil. Mais concretas são as consequências econômicas. Fundos de pensão estrangeiros, que administram trilhões, exigem uma política de preservação da Amazônia. No meio da semana, a Áustria fez saber que não apoiaria o tratado da Europa com o Mercosul por razões ambientais.
São muitas as oportunidades que o Brasil pode perder se insistir no tom de Bolsonaro. O centro do debate não é a soberania, mas o que o Brasil faz dela numa região específica que interessa ao planeta.
Num contexto tradicional de buscar as melhores vantagens para o país, a Amazônia é dos maiores trunfos para nossa diplomacia. Basta reconhecer como legítima a preocupação internacional, que não é apenas dos líderes mundiais, mas também de seus eleitores.
COOPERAÇÃO – A partir daí, é possível definir um amplo campo de cooperação. Só não fico aflito porque sei que uma coisa é Bolsonaro e suas redes; outra é o Brasil real. Nove governadores da Amazônia Legal falam pela região e desenvolvem uma política própria. Sabem melhor o que estão fazendo porque conhecem a Amazônia e se preocupam com a sorte de 28 milhões de pessoas que vivem na região.
De uma certa forma, isso acontece também com o Trump nos Estados Unidos. Os governadores que levam a sério as mudanças climáticas desenvolvem uma política própria.
O problema, no caso brasileiro, é que Bolsonaro é um presidente bastante conhecido no exterior. Nova York não se importa tanto com a ONU e os discursos. Mas a imprensa e a televisão certamente vão se interessar. Será uma semana de grandes debates sobre o clima na ONU. Manifestações e tudo mais.
O QUE DIRÁ? – Não sei precisamente o que Bolsonaro falará. Mas, se falar o que pensa, vai escandalizar; se falar o que não pensa, talvez não seja convincente.
Se pelo menos citasse poetas maranhenses. O passivo já é grande. É preciso reconstruir a relação com os europeus, afastar as sempre presentes ameaças de boicote comercial.
Bolsonaro vê a Amazônia com os olhos dos fazendeiros que o apoiam. Critica os fiscais e ignora um campo em que precisa crescer: o combate à biopirataria.
CONHECIMENTO – O centro da tragédia de sua política amazônica é subestimar o conhecimento que a floresta pode produzir e o já acumulado pelos seus habitantes. No Pará existe um homem que cria cobras e vende seu veneno para a indústria farmacêutica. Ganha bem, e o veneno tem inúmeras utilidades medicinais. Novas espécies são identificadas pelos pesquisadores, às vezes cinco por semana.
O conhecimento da Amazônia é o instrumento estratégico que o Brasil precisa manobrar, definindo a cooperação estrangeira, direitos autorais de povos da floresta, enfim exercendo sua soberania nos fatos onde realmente ela interessa, e não em discursos para entusiasmar eleitores, cada vez menos entusiastas, cada vez mais envoltos nas brigas internas.
Quando não há horizontes, a sensação é de naufrágio, que, aliás, se define mesmo como a perda do horizonte.
-Eu fico pensando se as cenas abaixo fossem na Amazônia, a dondoca (ou viúva Porcina) que todo mundo quer levar para a cama. Ainda neste mês as tropas da OTAN ocupariam a Região Norte. Com a esquerda brasileira abrindo caminho na linha de frente a facão!
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/09/23/queimadas-deixam-ceu-vermelho-na-indonesia-isso-nao-e-marte-e-a-provincia-de-jambi.ghtml
não há nada de bom que Bolsonaro possa dizer que uma rápida busca no Google não desminta: quem falava em matar, em desmatar, em garimpar, em escorraçar índios de suas terras? Pouco vai adiantar desfilar a cunhã que embalou como bagagem para lá.
http://bit.ly/2mGjoqW
O cara é bom. Está conseguindo ser notícia mundial, fale mal, mas falem de mim. Isso é o que importa.
“…sabem melhor o que estão fazendo porque conhecem a Amazônia e se preocupam com a sorte de 28 milhões de pessoas que vivem na região.”
-Ué?
-Parece que os Coronéis do Norte só começaram a se preocupar com a miséria das pessoas da região agora, depois do dia 01 de janeiro de 2019.
-Sendo assim, então o Bolsonaro, o “despertador das virtudes”, deveria ter sido presidente na época do José Sarney, para fazer esse “despertar” acontecer mais cedo na alma de quem sempre usou o Estado para si. Aí teríamos trinta anos de preocupações com a pobreza, com o emprego e com o desenvolvimento da região.
-Talvez esses patriotas, que têm “amazonino” até no nome, já tivessem resolvido esses problemas, que foram todos mantidos no esquecimento até 31 de dezembro de 2018.
Ele gostou do abraço hétero. E tava de tanguinha de crochê. O que é isso, cumpanheiro?
Os dados sobre o desmatamento na Amazônia mostram que de 1994 ate 2004 (pico) ocorreu um elevado aumento no desmatamento, mas de 2004 ate 2012 (minimo), a queda no desmatamento foi constante e colossal.
Essa queda evidencia os esforços dos governos federal e locais para a melhoria do quadro. E olhe que nesse período, o Brasil experimentou forte crescimento econômico e social. O Brasil virou referência mundial nesse quesito. Seria possível crescer economicamente e preservar o ambiente.
Mas, desde 2012, o desmatamento vem aumentando a uma taxa crescente, com 2018 chegando a um valor acima do esperado.
Com Jair na presidencia, surge o alerta vermelho: o desmatamento nos primeiros meses do ano de 2019, é muito maior do que todas as previsões mais pessimistas.
Então, ou Jair mostra ação para reduzir o desmatamento na amazônia ou será visto como um genocida ambiental, que esta queimando os esforços de uma década do Brasil para reduzir os desmatamento e garantir a preservação do maior tesouro da Amazônia: sua biodiversidade.
“De admiradora de Jean Wyllys a eleitora de Bolsonaro: a youtuber indígena que defenderá o governo na ONU:
“Existe muito fake news dizendo sobre as queimadas. Estão dizendo que é culpa do governo Bolsonaro, que ele entrou e está queimando todo o Xingu. Não existe isso daí. A nossa cultura é fazer roça pra plantar mandioca e pra plantar outras coisas. Isso faz parte da nossa cultura, não é porque entrou um novo governo e ele tá queimando tudo. Nessa época de ano, essa época quente, sempre houve queimadas pra queimar roça. Isso faz parte, é normal. Isso é tudo exagero que a mídia está fazendo, não é culpa do governo”, afirma Ysani em um vídeo de dois minutos e meio postado há dois dias na página do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, com legendas em inglês.”
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49804834
(Evoluir é preciso!)
Gabeira poderia ter ido com Bolsonaro para os EUA, mas não pode, seu passado como guerrilheiro o condena.
Bozolado, o fogueteiro, segue o mesmo caminho, ainda será banido, expatriado, expulso do Brasil.
E a tramontina do Adelio vai junto.
Verdade. Tempos atrás teve o pedido de visto negado.
Não sei se hoje ele já foi perdoado pelo governo americano.
Se depender de passado Bolsonaro está perdido, pois era apaixonado por Hugo Chavez e votava com o PT. Inclusive chegou a ser preso quando era capitão do exército porque descobriram um plano dele para explodir bombas em quartéis por aumento de soldo.
A nível mundial grupos conquistaram direitos de autonomias regionais e até independência por pressões mundiais e da ONU.
Tem político (e jornalista) brasileiro mais preocupado em mostrar indignação às insinuações e assédios estrangeiros ao território, mas a via para alcançarem um determinado status pode ser outra, indireta, ao incluir o elemento povos indígenas.
Se os militares e o governo que pretende demonstrar nacionalismo sem (de fato) ser quisessem o Brasil respeitado, agiria com respeito às minorias.
O DISCURSO DE JAIR BOLSONARO NA ONU VAI SER UM FRACASSO – REVISTA VEJA
https://veja.abril.com.br/podcast/o-discurso-de-jair-bolsonaro-na-onu/
Com todo respeito que Fernando Gabeira merece, não concordo com seu artigo publicado aqui.
Primeiramente, com o nível de candidatos que disputaram a eleição passada, daria para Gabeira se eleger presidente ou governador (parece ter conhecimento necessário para assumir ambos os postos, mas prefeririu não se candidatar a nenhum dos dois. E agora, assim como FHC, usa essa tribuna para dar pitacos prematuros).
É interessante lembrar, que o governo iniciou em janeiro e a “porteira” estava arrombada. Nenhum político brasilieiro seria capaz de fazer nenhuma melhoria acentuada em tão pouco tempo e é bom lembrar que “vários políticos sobrenaturais” simplesmente se omitiram de fazer algo, pois sabiam da bagunça que encontraria o país.
A esses, tenho um ditato bem objetivo “É MUITO FÁCIL SER PEDRA, QUERO VER SER VIDRAÇA”.
Aprendi mais um termo, Despertador das Virtudes.
É fato, depois que ele assumiu houve um surto de virtudes despertadas e os virtuosos estão em pé de guerra, como pode um cara desse ser presidente?
A esquerda é o berço desse parto de virtuosidade.
Antes era o céu, agora é inferno.