Bolsonaro manda governo cancelar assinaturas da Folha e ameaça os anunciantes

Bolsonaro imita Trump que também cancelou assinaturas

Deu na Folha

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta quinta-feira, dia 31, que determinou o cancelamento de todas as assinaturas da Folha no governo federal. Em tom de ameaça, o presidente também disse que os anunciantes do jornal “devem prestar atenção”.

“Determinei que todo o governo federal rescinda e cancele a assinatura da Folha de S.Paulo. A ordem que eu dei [é que] nenhum órgão do meu governo vai receber o jornal Folha de S.Paulo aqui em Brasília. Está determinado. É o que eu posso fazer, mas nada além disso”, disse, em entrevista à TV Bandeirantes.

CENSURA – “Espero que não me acusem de censura. Está certo? Quem quiser comprar a Folha de S.Paulo, ninguém vai ser punido, o assessor dele vai lá na banca e compra lá e se divirta. Eu não quero mais saber da Folha de S.Paulo, que envenena o meu governo a leitura da Folha de S.Paulo.”

Questionado pelo apresentador José Luiz Datena se seria uma forma de censura, o presidente respondeu: “Não é uma forma de censura, nada”. Mais tarde, em live nas redes sociais, Bolsonaro voltou ao tema e ameaçou anunciantes do jornal. “Não vamos mais gastar dinheiro com esse tipo de jornal. E quem anuncia na Folha de S.Paulo presta atenção, está certo?”, disse.

VIOLAÇÃO – “Se confirmada, a decisão de Bolsonaro configura uma violação dos princípios constitucionais da moralidade e da impessoalidade na administração pública”, afirma Luiz Francisco Carvalho Filho, advogado da Folha. “Trata-se de atitude típica de governos totalitários. Chávez e Maduro, por irônica que seja a comparação, fizeram exatamente a mesma coisa com a imprensa na Venezuela. Os veículos todos são ameaçados, não apenas a Folha”, diz Taís Gasparian, também advogada do jornal.

Em nota, a Folha afirmou que “lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal e vai continuar fazendo, em relação a seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os outros governos”.

CAFÉ DA MANHÃ – Antes de anunciar o cancelamento das assinaturas, Bolsonaro citou um café da manhã que teve com jornalistas da Folha no Palácio da Alvorada, em 3 de setembro. Participaram desse café, além de Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência, Fábio Wajngarten, e o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP). O encontro ocorreu das 7h40 às 9h10.

Durante a conversa, o presidente autorizou que todo o teor da conversa fosse publicado, com exceção dos palavrões ditos por ele durante o café da manhã, o que foi respeitado pela Folha. À TV Bandeirantes nesta quinta-feira, porém, Bolsonaro deu uma declaração falsa ao dizer que o jornal publicou palavrões na entrevista e que o conteúdo das declarações foi todo distorcido —reclamação que ele não havia feito quando a reportagem foi publicada.

“Recebi a Folha uma questão de uns 45, 50 dias atrás. Conversei com eles numa boa e, no dia seguinte, foi um festival de desinformação. Eu até fui criticado por assessores meus, e com razão. Por que falou com a Folha? Eu fui tentar dar uma chance pra eles.”

“DESINFORMAÇÃO” – “Não saiu nada do que eu falei. Só saiu desinformação. E algumas palavras que eu usei ali e falei: ‘Isso aqui é palavrão, segura a onda, escorreguei’. Saiu palavrão [na entrevista], saiu tudo lá. Não dá pra gente confiar, por exemplo, na Folha de S.Paulo.”

O ataque desta quinta-feira não é o primeiro de Bolsonaro à Folha. Em outubro do ano passado, em entrevista ao Jornal Nacional, o então presidente eleito afirmou que “por si só, esse jornal se acabou”. “Não quero que [a Folha] acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal”. O presidente eleito, depois, completou: “Por si só esse jornal se acabou”.

FAKE NEWS – Uma semana antes do segundo turno da eleição de 2018, no dia 21 de outubro, Bolsonaro afirmou que “a Folha de S.Paulo é a maior fake news do Brasil”. A declaração, feita em vídeo ao vivo exibido em telões na Avenida Paulista, foi recebida com gritos de apoio dos eleitores do então candidato.

Na última semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou que as agências federais do país cancelassem as assinaturas dos jornais The New York Times e The Washington Post por discordar da cobertura que as duas publicações fazem de seu governo.

A seguir, a nota da Folha sobre as declarações do presidente: “A Folha lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal e vai seguir fazendo, em relação a seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os governos. A entrevista mencionada pelo presidente reflete de maneira correta o conteúdo de suas declarações. Ela foi produzida a partir de uma conversa inicialmente feita off the records (não destinada à publicação, no jargão jornalístico). Ao final da conversa, Bolsonaro autorizou que a Folha publicasse suas declarações, evitando reproduzir os palavrões pronunciados por ele. O jornal respeitou o pedido, ao contrário do que o presidente afirma agora.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGBolsonaro escolhe o mesmo caminho de Trump e a mesma linha de pensamento. Não se trata de coincidência. Nas últimas semanas, Trump tem atacado as notícias publicadas nos jornais que considera como opositores ao seu governo, chegando a declarar que a mídia é “a verdadeira inimiga do povo”, com informações “imprecisas, e até fraudulentas”.  Tal e qual. (Marcelo Copelli

14 thoughts on “Bolsonaro manda governo cancelar assinaturas da Folha e ameaça os anunciantes

  1. Embora não goste da famiglia Bosolnaro, essa atitude é certa – o governo não tem que pagar assinatura de jornal para funcionário federal. Nem deveria haver os morceguinhos servindo café e água aos juizes nocivos do STF. Nos USA, o presidente da República e demais autoridade tomam água de garrafinha plástica! Lá não há essa mordomia vergonhosa e acintosa, em República Banana tudo é possível.

  2. Mais vamos combinar a imprensa é um partido politica vou dar um só exemplo foi a reforma da previdência quem era contra e apresentava outra proposta não teve espaço para defende-la seja nas rádios tv e jornais foi um massacre,agora estão tendo que aturar o ditador eleito e aí reclamam.

  3. Por 20 dias, todos guardaram o segredo do porteiro.
    Dias Toffoli seguia sua rotina de manter Lula preso.
    Aras, ninguém nem achava que ele já estivesse em atividades na PGR.

    De 09 a 29 de outubro, todos já sabiam, com exclusividade, que o porteiro do condomínio tinha afirmado que, no dia do crime, um dos assassinos entrou no condomínio do então deputado federal, se passando por visita de Bolsonaro.

    Quando a polícia civil pegou o depoimento do porteiro pela segunda vez, o MP-RJ fez duas ações importantes: contou pra Witzel o que estava acontecendo e mandou parar as investigações, alegando foro federal.

    Foram à Brasília. Sentaram com Aras e Toffoli. Os policiais pediram permissão para manterem as investigações no Rio e, o não pronunciamento de Toffoli, por 20 dias, foi o suficiente para acionar Bolsonaro, o síndico do condomínio, dar aos suspeitos, os registros de áudio, vídeo e livros de visitas da portaria… Por 20 dias, todos os envolvidos e interessados na morte de Marielle, tiveram tempo suficiente para elaborarem grande plano de fuga pela tangente.

    Bolsonaro deixou o óleo derramando no nordeste e pegou sua comitiva dos mais encrencados com a justiça, entre eles seu fiel escudeiro fraudador do INSS, Helio Negão e partiu dar volta na Ásia e Oriente, sem agenda oficial.
    Enquanto passeava pela Muralha da China, Aras e Toffoli, MP-RJ e governador do Rio, davam “um jeito” de manterem tudo em sigilo.

    A Globo vaza o depoimento do porteiro. Sem nenhum compromisso social com nada, coloca um cidadão comum, sozinho, de frente com a mais organizada quadrilha, agora, internacional.
    Bolsonaro se desespera (porque quem não deve, não teme) e acaba se enrolando numa live pra lá de suspeita.
    Aciona Moro, Aras, Witzel, MP-RJ… Todos correm atrás do vazamento, antes que vire desastre ambiental.
    Bolsonaro, ainda enrolado, acaba confessando que Witzel lhe passou o andamento do processo em segredo de justiça, no dia que o porteiro confirmou o depoimento pra polícia civil (9 out).

    Carlos também se desespera e tenta provar que nem estava em casa, no dia do crime. Se enrola também, com documentos e aquivos em segredo de justiça, que já estavam em suas mãos, antes que estes chegassem à polícia e ao MP-RJ.
    Witzel se desespera e desmente Bolsonaro. Diz que não passou nada sobre o caso Marielle pra Jair.
    Moro se antecipa e, no início da manhã já dizia o que seria estampado nos jornais: “o porteiro mentiu e pronto”.

    Deputados e senadores se reúnem e, numa coletiva pra imprensa, defendem que o processo não corra no Supremo. Há indícios mais que claros de corrupção de Moro, Aras e PF.
    Mas o processo está nas mãos do Witzel/Bolsonaro/Carlos, no Rio.

    A polícia civil não consegue avançar com tamanha máquina criminosa e parcial, contra ela.
    A testemunha que ligaria os assassinos aos mandantes, encontrada e ouvida só há 20 dias, foi revelada pela Globo de noite e desmentida pelos suspeitos de dia.

    Queiroz que via com inveja, Adélio Bispo ser blindado, viu Adriano ser preso, Lessa ser preso, Élcio ser preso e viu sua família toda fora dos esquemas das rachadinhas.
    Mesmo tendo fugido pra São Paulo com despesas milionárias pagas, se sentiu esquecido e, com isso, ameaçado. Tudo aponta que os áudios dele, que foram parar nas mãos da imprensa, foi momento de desespero de Queiroz.
    Nos áudios ele fala de uma “pica do tamanho de um cometa” que arrombaria o clã.
    O “segredo de justiça” que a Globo teve “com exclusividade”, Moro já tinha, Aras já tinha, Toffoli já tinha, Carlos Bolsonaro já tinha e até Queiroz.

    Quem mandou matar Marielle, após 2018, tem o MP-RJ nas mãos, a GAECO-RJ nas mãos, a Globo nas mãos, a Record no bolso, a PGR, o presidente do STF, Moro, PF, o governador do Rio…

    Mataram Marielle em março de 2018, depois a mataram de novo, com ataques fascistas nas eleições e com as fake news que ofendiam sua memória.
    Hoje, os assassinos de Marielle a mataram pela 3ª vez.
    Na nossa cara.
    Por Malu Aires

  4. SE fizesse jornalismo, não precisaria ter o estado como maior assinante. Vai sofrer, vai espernear, mas se demitir pseudojornalista que gosta de agradar uns e outros, e puxador de saco de governante, e tirar a bunda da cadeira e ir pra rua, investigar, questionar, expressar os fatos sem tendências, nem adjetivos, se reportar fatos e documentos, provas e conclusões, não ideias socialistas, então volta a ter assinante.

  5. Bolsonaro começou governo já envolvido em sérios atritos com a imprensa. Nada melhorou. Piorou tudo. Encontros matinais de jornalistas com Bolsonaro não resultaram em nada de positivo, saudável ou estimulante. Maiores atritos com jornais, como Globo e Folha, mostram a incompetência do governo em dialogar e somar. Cancelar assinaturas, Santo Deus, quanta asneira. Bolsonaro não vai conquistar apreço de veículos com ameaças e retaliações. Coisa de criança que ficou sem pirulito. Igualmente errado e até patético, Bolsonaro pensar( perdão, foi mal) que aliando-se a Band, Record e SBT, vai melhorar para ele e para o governo. A audiência da Globo, gostemos ou não, dar de goleada nos 3 canais juntos.

  6. Hahaha… primeiro cancela a assinatura da Hiena de São Paulo, depois da Hiena Platinada e por úlltimo a Hiena Estadão. O chororô já começou. Calcula aí o prejuízo das matrizes da Tribuna…

  7. Se alguém se dedicar a vasculhar a vida do Editor dessa Tribuna, se investigar filhos, netos, parentes e aparentados, o que come e onde, o que bebe, se for fotografado comendo um cachorro quente vai ser acusado de populista seguidor do Trump. Tudo que o senhor escrever ou até pensar vai ser escarafunchado no sentido de te deixar mal na fita.
    Quando o senhor perceber que não existe trégua e sim estratégia de ataque coordenado visando desconstruir sua imagem e seu serviço, como o senhor reagiria?
    No seu lugar eu bloquearia, baniria do veículo.
    Na questão da Folha, o homem optou por atacar onde mais dói, no bolso, daí esse esperneio todo.
    Por lei o governo não é obrigado a pagar assinatura de jornal para servidores.
    Na questão da Globo, se não pagar o que deve e o que sonegou está fora.
    A Receita me perdoaria uma divida de milhões, perdoaria o senhor, seu Editor?

  8. Precisamos pensar antes de postarmos opiniões ou palpites que podem ser facilmente contestados, que nos deixariam meio desacreditados.

    Podemos errar, claro, mas não pode ser por desinformação ou má fé.

    Até pouco tempo atrás, a Globo era a grande inimiga para o PT, lembram?
    Tal ojeriza culminou com o impeachment de Dilma, em face das reportagens veiculadas no JN.
    Não me lembro, agora, se a Globo pediu desculpas publicamente por ter apoiado a ditadura se antes ou depois desse episódio que afastou Dilma do Planalto (Newton poderia me ajudar), de modo a diminuir a pressão que sofria por parte da esquerda.

    Compensada regiamente com verbas milionárias para elogiar as administrações petistas, a candidatura de Bolsonaro seria um risco enorme caso vencesse as eleições, então iniciou a campanha contra o atual presidente para não ocupar o Planalto.

    Bolsonaro, que tem boca de jacaré e estômago frio, dizia na sua campanha que, uma vez eleito, iria acabar com a farra do dinheiro público gasto em propaganda favorável ao governo, pois esta tem sido a imprensa nacional, que vai para onde o vento aponta.

    Estabeleceu-se, assim, a declaração de guerra entre o presidente, agora, contra a mídia e vice-versa.
    Ambos contendores lutam pelos seus interesses e conveniências:
    Bolsonaro, que não quer a sua imagem mais arranhada e danificada que já está e, a mídia, que não pode perder as verbas que sempre contou com elas à sobrevivência dos grandes veículos de comunicação, notadamente do centro do país.

    Se, nas guerras convencionais, os maiores prejudicados são as mães e a verdade, neste caso paga o pato o povo, que vê o seu presidente perdendo um tempo precioso neste combate desnecessário, e publicações de exageros e notícias que muitas vezes não são adequadas à realidade nossa.

    Bolsonaro, que prega o boicote à mídia, principalmente à Folha de São Paulo e a Rede Globo, com esses dois poderosos gigantes da comunicação não lhe deixando em paz e impedindo que trabalhe com tranquilidade.

    Resultado até o presente momento:
    O Brasil prejudicado, lesado, cada vez mais arruinado e, a imprensa, aumentando o seu descrédito junto à população.

    Legítima refrega de idiotas e imbecis, que sequer olham para seus próprios rabos, enormes, sujos e fedorentos!

  9. Em regimes democráticos nenhum chefe da nação tem poderes de pautar o trabalho da imprensa. Não será com medidas idiotas, estúpidas e deploráveis contra jornais que Bolsonaro conquistará seguidores e alcançará sucesso como presidente. Exemplo mesquinho e inacreditável; cancelar todas as assinaturas da Folha de São Paulo existentes no governo federal. Parece que Bolsonaro deseja ser lembrado pela posteridade como presidente rancoroso, incapaz de gestos nobres e grandiosos.

  10. Credo, quanta contradição!

    Se estamos em um regime democrático, o presidente tem a liberdade de escolher não só o que quer ler, quanto deixar de adquirir jornais que não quer ou não gosta!

    Não há intenção de pautar a imprensa, mas de a mídia citada pare de ter a imagem de Bolsonaro como única existente para criticas, calúnias, difamações e desestabilização do governo!

    Por outro lado, aplaudo o cancelamento de assinaturas de jornais para o servidor público se deleitar!
    Que compre o jornal que quiser, mas que pague do seu bolso, assim como faz o trabalhador da iniciativa privada, que vive do seu salário para adquirir o que precisa a cada mês.

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