Caso Geddel inviabiliza a “Operação Abafa”, mas todo cuidado ainda é pouco

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Charge do Paixão, reproduzida da Gazeta do Povo

Carlos Newton

A declaração pública do presidente Michel Temer, ao lado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mostra que o chamado caso Geddel foi um duro golpe na Operação Abafa, montada pelos caciques do PMDB e dos demais partidos da base aliada para inviabilizar a Lava Jato. Desta vez, Temer deixou patente a decisão de não “patrocinar” qualquer movimento em favor da aprovação de emenda de anistia a crimes relacionados a doação eleitoral.

“FALHA DE COMUNICAÇÃO – O mais interessante foi Rodrigo Maia dizer que há uma falha de comunicação no tema sobre a anistia aos crimes eleitorais. “Começamos a discutir algo que não existe. Então, acho que a reunião de hoje é importante para esclarecer que essa emenda de anistia nunca existiu. Nenhum representante partidário assinou essa emenda, então ela não existe. Não estamos votando as dez medidas (de combate à corrupção) para anistiar nenhum crime”, afirmou Maia, ao tentar justificar o injustificável.

A propósito dessa argumentação, comentamos aqui na Tribuna da Internet que Maia precisa explicar melhor o que significa “falha de comunicação”, porque o que está parecendo que aconteceu foi “falha da conspiração”.

AINDA EM CURSO – Seria muita ingenuidade achar que a Operação Abafa está sepultada. Na verdade, esse movimento suprapartidário continua em curso e o próprio Temer aventou a possibilidade de a anistia ao caixa 2 ser aprovada e ele ter de vetá-la.

Além disso, há o projeto ressuscitado por Renan Calheiros para coibir abusos de autoridades, cujo objetivo é emparedar o Ministério Público, a Polícia Federal e a Receita Federal, que atuam em conjunto no combate à corrupção político-administrativa.

E também está em pauta a articulação para mudar os acordos de leniência previstos pela Lei de Improbidade Administrativa. A meta inicial da reforma era punir os empresários, mas preservar as empresas, em nome do interesse dos trabalhadores, mas o líder do Governo, deputado André Moura (PSC-SE), resolveu ampliar as benesses, estendendo a isenção de culpa aos próprios empresários que conduziram os esquemas de corrupção.

NENHUMA PALAVRA – Na declaração conjunta deste domingo, nenhuma palavra sobre os projetos do abuso de autoridade e da leniência das empresas. Pode ser que essas duas propostas indecentes também venham a ser sepultadas na mesma cova rasa da anistia ao caixa 2 e outros crimes, é isso que a opinião pública espera, mas todo cuidado é pouco, porque a Operação Abafa vem sendo desenvolvida desde o governo anterior.

Dilma Rousseff também fez o possível e o impossível para inviabilizar a Lava Jato, chegando até a nomear um ministro (Navarro Dantas) para o Superior Tribunal de Justiça, com a incumbência de libertar Marcelo Odebrecht e os demais empreiteiros, mas o plano “vazou” e os demais ministros derrotaram Navarro Dantas por unanimidade, mantendo a prisão dos empresários.

Foi aberto inquérito no Supremo contra a ex-presidente Dilma, o ex-presidente do STJ Francisco Falcão e o próprio Navarro Dantas, mas todos sabem como as coisas andam no Supremo. O relator da Lava Jato, ministro Teori Zavascki, tem mais de 7 mil questões (inquéritos e processos) para tocar. Parece brincadeira, mas é verdade. Com diz Gilberto Gil, na versão do reggae clássico de Bob Marley, é melhor deixar pra lá…

3 thoughts on “Caso Geddel inviabiliza a “Operação Abafa”, mas todo cuidado ainda é pouco

  1. Caro Jornalista,
    minha opinião é que não só vossa senhoria, mas toda a imprensa de bem, deixem de focar a questão Teori Zavascki e seus processos.

    Na verdade o que esse Semi-Deus deseja é que a imprensa sempre divulgue que ele está assoberbado de trabalho. Dessa forma, ele pode continuar enganando a sociedade deixando engavetados os processos contra seus amigos e parceiros.

    Penso que para o bem do Brasil, as vezes é preciso que voces jornalistas fiquem com os olhos abertos e as mídias fechadas.

  2. CN,
    Vc precisa se informar melhor! Se houve um erro da Dilma foi ter dado todo o apoio à Lavajato, sem impor-lhe os limites da lei, via Ministério da Justiça/Polícia Federal e PGR, calando-se diante dos desmandos fascistas da força tarefa, achando que, por ser proba, jamais a lavajato subiria a rampa do Planalto! Desconhecia o caráter político da lavajato e a sua ligação com o governo americano, ainda que advertida pelo serviço secreto russo. Ledo engano! Foi vítima da máxima segundo a qual “quem não faz política, sofre a política feita pelos outros”. Na realidade, foram tantos os erros políticos da Dilma que se pode dizer que ela não foi derrubada e sim se deixou cair! Efetivamente não tinha preparo político para um cargo tão espinhoso o que não valida a operação golpista do impeachment! Quanto à manobra com o Ministro Navarro não passou de armação somente engolível por quem não conhece o Ministro Navarro. Trata-se de jurista ilustre, decente e garantista. Mestre e Doutor egresso do MPF tem uma biografia limpa. Manifestou-se contra a prisão do Marcelo Odebrecht pelo simples fato de ela ter sido decretada ao arrepio da lei e da CF/88. O resto é o luar de Paquetá!

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