Fernando Rodrigues
Folha
Está péssimo o clima político em Brasília. Uma dezena de partidos disputa um naco do próximo governo da presidente reeleita. Os 39 ministérios serão insuficientes para aplacar os ânimos. Pelo menos 20 ministros serão demitidos e vão ruminar suas mágoas no time de políticos derrotados.
São exíguas as chances de Dilma Rousseff injetar entusiasmo na sua tropa no Congresso nos próximos dias. A saída para a presidente está mais na economia do que na política. Aí está a importância da escolha do novo ministro da Fazenda.
Se a petista conseguir encontrar um nome que traga tranquilidade e boas perspectivas para a retomada do crescimento do país, o ambiente pode melhorar com rapidez. De outra forma, vários problemas políticos ficarão maiores do que já são.
PRINCIPAIS DESAFIOS
Há dois desafios principais no Congresso nos próximos meses. Primeiro, a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado. Segundo, o início formal dos processos contra congressistas acusados de envolvimentos no escândalo da Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato.
Tudo poderá ser mitigado se 2015 começar com bom vigor na economia –algo que ninguém mais acredita. Mas um nome correto na Fazenda ajudaria a conter o pessimismo.
Escândalos de corrupção só fragilizam um presidente de fato se vêm acompanhados de baixo crescimento do país. Foi assim com Fernando Collor, em 1992. Já em 1994 (quando o efeito do caso dos anões do Orçamento ainda arrasava o Congresso), o então presidente Itamar Franco lançou o Plano Real e elegeu Fernando Henrique Cardoso.
O problema de Dilma é encontrar a fórmula mágica para equilibrar as contas do país em pouquíssimo tempo. Só assim minimizará o impacto dos solavancos políticos. Talvez por essa razão a petista tenha seguido sua receita mais conhecida nessas horas. Por isso, esta semana ela se reuniu com seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Se o Lula aumentou o número de Ministério para 39, em nome da governabilidade,
a Presidente Dilma tem o direito de aumentar para 49, aí estará resolvido o problema
da governabilidade. Quanto a situação econômica do país, nada melhor para conter os
ânimos com uma vasta propaganda oficial, vendendo ilusão. Dinheiro não é problema coloca-se título do tesouro a venda. É assim que o Brasil vem funcionando nesses 12 anos de governo.