Com a privatização, quem administrará os preços da energia? Subirão na mesma escala dos combustíveis?

TRIBUNA DA INTERNET | Conta de luz continuará em agosto com taxa extra mais  elevada, informa a Aneel

Charge do Tacho (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

A privatização da Eletrobrás será um crime contra o Brasil, se for concretizada. Será que repetirão o absurdo feito pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que privatizou uma das maiores mineradoras do mundo, a Vale do Rio Doce, por R$ 3 bilhões, quando valia R$ 1 trilhão, no mínimo?

Estimar a Eletrobrás, num valor de 67 bilhões já seria motivo para convocação de uma CPI, mas no Brasil de hoje não podemos contar com isso.

ESTADO MÍNIMO – O pior é que também não podemos contar com a Procuradoria-Geral da República nem com o Tribunal de Contas da União. Essas duas instituições do Estado, aliás, é que deveriam ser também privatizadas. Se é para ter o Estado Mínimo como querem, privatizando nossos maiores patrimônios públicos como a Eletrobrás e Petrobras, muitas outras instituições perdem a razão de existir.

Olha, seria uma economia significativa para o país. Não é isso que os neoliberais querem? Então, que a privatização seja como a anistia política – ampla, total e irrestrita.

Como registrou Nélio Jacob aqui na Tribuna da Internet, as concessionárias privadas só tem compromisso com o lucro. A responsabilidade social e a integração nacional não têm a menor importância para essas empresas privadas.

POR EXEMPLO – As concessionárias privadas de energia terão lucro no eixo Minas, Rio e São Paulo, além dos Estados do Sul, mas e o Norte do Brasil, tão carente de energia elétrica, por causa dos entraves geográficos. Tem hidroelétricas, mas, poucas linhas de transmissão.

Por que é preciso ter preocupação com a energia? Ora, o Brasil vivia no feudalismo na década de 40. O poder civil, com Getúlio Vargas e o apoio de militares nacionalistas, criou a Companhia Siderúrgica Nacional, a Petrobras e depois a Eletrobrás, o trio do progresso da industrialização brasileira. A iniciativa privada nada fez para tirar o país do atraso. Foi o Estado, com seu poder financeiro, que investiu na industrialização, que ora vive uma fase dificílima.

E OS PREÇOS? – Agora, vão entregar tudo para os empresários, tirando do Estado mais um tripé do progresso, talvez o último. Quem controlará a política de preços? A Bolsa de Nova York, é claro. Nenhum presidente terá poderes de conter a política de preços da energia, como Bolsonaro não tem hoje com o aumento dos combustíveis.

O Brasil experimentará aumentos casados de combustíveis e energia elétrica. Sabemos que esses dois setores são vetores de inflação e carestia, principalmente para os mais pobres. Aí iremos reviver a inflação no padrão de Sarney e FHC.

E ainda tem outro detalhe, que piora ainda mais esse desastre. Se o concessionário experimentar prejuízo no negócio, por má administração, por exemplo, e desistir da concessão, será indenizado por investimentos não amortizados, conforme o ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, defendeu para os concessionários que desistiram dos Aeroportos do Galeão (Rio) e de Viracopos (Campinas). O empresário desiste e por isso é indenizado.

FIM DO CAPITALISMO – E se essa moda pega? O sujeito vai a uma agência, compra um automóvel financiado, usa à vontade por dois ou mais anos, então desiste do carro, alegando um motivo qualquer, pode ser até a pandemia, e pede indenização. Que farra, hein! Seria o fim do capitalismo. E daí? O que o ministro Tarcísio de Freitas está fazendo com o Galeão, indenizando a empresa Changi de Singapura, é o chamado socialismo reverso. Tira do Estado para dar para o Privado.

Assim, o Brasil pode estar caminhando, a passos largos, no rumo do separatismo. É assim que começa, de insatisfação em insatisfação. Depois irão chorar e espernear, conforme faz hoje, o presidente Vladimir Putin. Quem fez a lambança já morreu faz tempo, me refiro a Mickail Gorbachev e a Bóris Yeltsin.

Quem será o Yeltsin brasileiro? A Eletrobrás terá o mesmo destino dos aeroportos? E a Petrobras, seguirá o mesmo roteiro macabro? O povo brasileiro não merecia gestores desse naipe.

18 thoughts on “Com a privatização, quem administrará os preços da energia? Subirão na mesma escala dos combustíveis?

  1. Mas se eles não estivessem dispostos a entregar, não estariam onde estão.
    Digo isso, porque a Petrobrás é tão potente que precisa de décadas para destrui-la. Como tem acontecido desde 1990.
    PS: Pode ser consequência de meu analfabetismo geopolítico, mas a meu ver os militares foram “obrigados” a entregar o poder para os civis porque o Brasil estava dando certo.
    Se tivessem lutado pelas “diretas já’ que já tinha o povo mobilizado, o presidente eleito seria inevitávelmente o Engº Leonel de Moura Brizola e aí o desenvolvimento continuaria a par e passo com o dos militares e melhor ainda, acompanhado de “Educação” ampla geral e irrestrita para o povão; mas, então deixaríamos de ser quintal dos ianques.

    • Concordo com você José Pereira Filho.
      Não há outro caminho para o desenvolvimento da nação, do que o investimento exponencial na Educação de tempo integral.
      Foi o que BRIZOLA fez, entregando 500 Centros Integrados de Escola Pública, os CIEPS. Nenhum sucessor de BRIZOLA construiu uma única unidade, inclusive os dois governadores do PDT, Garotinho e Rosinha. Não acredito que Ciro, o faça. Ele nem comenta sobre esse legado educacional do BRIZOLA. A ideia foi de Darcy Ribeiro e Niemiyer colocou prática. Vocês já pensaram nesse trio de gigantes no Planalto?
      Os retrógrados Brasileiros não perdoaram Leonel BRIZOLA.
      Hoje, quem menos gasta com Educação, mais é endeusado pela Avenida Paulista.

    • Já estamos pagando muito caro hoje, Dirceu. E pior, os serviços são de péssima qualidade.
      Os trens da Supervia privatizada são um horror na prestação de serviços.
      Os aeroportos, não é só o Galeão não, hein, pioraram o atendimento aos Passageiros e as tarifas de permanência e dos aluguéis comerciais aumentaram 300%.Que fazer? Não tem jeito, nem reclamando para a Agência Reguladora.

  2. Vejam bem o que ocorre hoje nessa farra privatista:
    As Rodovias privatizadas, que deram prejuízo e três Aeroportos deficitarios que foram devolvidos, o governo está indenizando, o Concessionário privado, que desistiu da Concessão, por conta dos investimentos realizados e ainda não amortizados.
    O ideal seria decretar a Caducidade do Concessionário, que desistiu, o que isentaria o governo de indenizar. Mas, o governo prefere pagar a indenização pedida pelos desertores, do que enfrentar a Judicialização da contenda e pior, a desmoralização das Privatizações junto a opinião pública. Eles temem, mais do que tudo, que o povo perceba, que as Privatizações estão sendo um mau negócio.

    O Ministro Tarcísio de Freitas é o maior entusiasta das indenizações. Tarcísio, aceitou de pronto, pagar 3 bilhões para o Concessionário Lavajista do Aeroporto de Viracopos que desistiu da Concessão em 2018, apesar do parecer contrário da Anac. Parece, que houve uma congruência de propósitos, tanto, que o aeroporto de Viracopus, provavelmente será relicitado no segundo semestre de 2022.
    Vida que segue, diria Luiz Bunnel, o surrealista espanhol, que filmou : O Fantasma da Liberdade.
    Se Salvador Dali estivesse vivo, constataria, que o BRASIL é hoje, o maior país Surrealista do Mundo.

    LEI DAS INDENIZAÇÕES POR DESISTÊNCIA DE CONCESSÕES

    No Caderno de Economia, do Globo deste sábado, os repórteres Eliane Oliveira, Geralda Doca e Ivan Martinez- Vargas enfatizam a dificuldade do governo com a desistência das Concessões. Título da matéria jornalística:

    “Governo tem dificuldade de relicitar Concessões que foram devolvidas”.
    “Depois das devoluções de aeroportos, o governo federal começa a ver a situação se repetir em rodovias”.
    Michel Temer criou uma Medida Provisória em 2016 (752/2016), que resultou na Lei da Relicitação no ano seguinte- 2017: LEI (13.448).
    Essa Lei permitiu o pagamento de indenização em caso de Devolução da Concessão, eufemismo para Desistência.
    Olha aí, o presidente Temer teve a capacidade de assinar essa Medida Provisória, que favorece o mal gestor da Concessão, dando um prêmio ao Concessionário, que desiste do negócio.
    Foi para isso, ex-presidente Michel Temer, que sua excelência esteve no epicentro da derrubada da presidente Dilma?
    Que vergonha.
    O TCU precisa ficar atento, com a liberalidade dessas indenizações. Conforme os repórteres descrevem, o TCU de forma reservada, teme que a Lei das Indenizações por desistência pode atrair investidores aventureiros, por causa da indenização de investimentos não amortizados.
    Isso já está acontecendo e se alastrando, conforme a neta do dono da empresa ITA, Camilo Cola, que faleceu em novembro de 2020, disse sobre o investidor Sidnei Piva, que assumiu o controle da companhia em 2016 e está levando o grupo a Falência.
    Outro caso, começa a ficar claro, um investidor Sérvio está comprando a Carteira do Plano de Saúde da AMIL e ainda vai levar 3 bilhões da UNITEDHEALTH para assumir o negócio.
    Já se sabe, quem irá perder. Um doce para quem cravar nos 340 mil que pagam suas mensalidades e estão já, com dificuldades nos laboratórios e no atendimento Geral.
    Os órgãos de fiscalização do governo, se preocupam com os lobos e as raposas deixando os cidadãos pagadores de impostos, ao sol e ao sereno.

  3. Em 1978 eu pagava 100 IPCA por m3 de água da Sanepar ( Estatal de água do Paraná).
    Em 2022 eu pago 285 IPCA por m3 de água desta mesma Estatal Sanepar ( quase três vezes mais).
    Um telefone estatal em 1978 custava U$D(3.000,00) Em 2022 um telefone fixo é instalado pelas empresas privadas por 2% deste valor.

    • Vitor, de 1978, quantas vezes a moeda oscilou? Não tem como comparar os preços, confirme você sugere.
      Nesta época, realmente, a oferta de telefones fixos não atendia todos os consumidores.
      Qual a razão? Após a entrada do Estado a partir da década de 50, visando alavancar a industrialização do Brasil, até então focada na Agricultura e na Pecuária, foram criadas as empresas Estatais, na área de Energia, Telecomunicações, Petróleo e Siderúrgicas.
      Da década de 80 em diante, o pêndulo estatal mudou lentamente, para o protagonismo das empresas privadas, com o argumento de que o Estado devia cuidar somente da Educação, da Saúde e da Segurança.
      Como se fez isso?
      Deixaram de investir em novas estações de telecomunicação, compra de cabos, enfim, deixaram o sistema apodrecer para justificar a privatização.
      Quando então, conseguir privatizar o Sistema de Telecomunicação no governo FHC, como num passe de mágica,no BNDE jorrou dinheiro na mão dos novos CONCESSIONÁRIOS para investir no setor. Todas as telefônicas estaduais foram privatizadas e a Embratel. Logo foram instalados equipamentos de última geração e adveio o celular, satélite, cabos de fibra ótica.
      Hoje, você compra um pacote de dados mensal, que está incluído telefone fixo, sinal de dados para o computador e televisão a cabo com todos os canais a disposição. O serviço não é barato, a não ser quem compra ” gatonet”.
      E mais, o celular você tem que comprar. Quanto custa um celular de última geração?
      Em relação ao consumo de água, principalmente aqui no Rio de Janeiro, vamos aguardar para comparar o custo do consumo nos próximos meses
      Não creio, que será menor, do que pagamos mensalmente agora.
      O tempo dirá, quem está com a razão.

  4. Em 1998, trabalhava na transformação do FPSO em uma plataforma de exploração no estaleiro Ishibrás no Caju/RJ.
    Muitos técnicos Ingleses e eu ‘pegava carona’ nos tablóides ingleses e o que me chamou atenção foi que eles apelidavam os que tinham comprado estatais inglesas, privatizadas pela ‘dama de ferro’, de ‘Fat Cats’ ou gatos gordos, pois só queriam ‘mamar’ e quando não dava os lucros esperados, eles ‘caiam fora’.
    PS: Aqui em pindorama, deveriam chamar-se ‘vampiros gordos’.

    • Muito b lembrado, José Pereira.
      Margareth Tatcher, a primeira ministra da Inglaterra, era chamada de musa das Privatizações. Ela foi copiada aqui pelos conservadores.
      O Brasil, suas Elites não inovam em nada, estão sempre copiando o que vem de fora e sempre os piores exemplos.
      Pergunte aos ingleses, se os serviços privatizados lá melhoraram?
      Quando os lucros não acontecem os CONCESSIONÁRIOS privados devolvem para o Estado. Aqui no Brasil tem acontecido a mesma coisa.
      Esse repeteco é globalizado.
      Acho muito difícil, que o governo da Inglaterra indenize o privado que desiste da concessão, conforme nós estamos fazendo, na maior cara de pau. Ministério Público e TCU, quedam-se inertes sobre esse caso absurdo.

  5. Caro Roberto Nascimento;
    É possível comparar preços de diversas épocas.
    Suécia, Inglaterra, EUA possuem índices ( IPC) desde 1,850.
    No Brasil, a FGV tem bons índices desde a década de 40 ( Do Século XX). No caso brasileiro, devemos tomar um cuidado adicional com o numerador da fração. Mil réis,cruzeiro, cruzeiro novo, etc. Sempre dividindo por mil; e no caso especial do real, dividindo por 2,750.

    • Se você observar, Vitor, e comparar os preços das tarifas de energia, do gás e dos trens e metrô, são hoje muito mais altos e os serviços são praticamente os mesmos e em alguns, como os trens urbanos, até piorou.
      É só usar os transportes urbanos privatizados para experimentar o sofrimento do povo trabalhador.
      O empreendedor privado também não melhorou o transporte de carga.
      Se não fosse o Estado investir na Ferrovia Norte e Sul, iniciativa de Sarney, o BRASIL iria parar, na logística de exportação de grãos.

  6. Caro Roberto;
    A privatização (ou a estatização) não é uma receita de sucesso garantido. Existem casos pelo mundo afora de sucesso na privatização e vários casos aonde o Estado precisou reestatizar. O problema é dinâmico e deve ser encarado caso a caso, sempre levando em conta o resultado final para a população ( para o Funcionário da Estatal, sempre será melhor trabalhar para o Estado).

    • Nesse particular estou de pleno acordo com você, Victor.
      O processo é dinâmico ou deveria ser.
      Ainda não tive a oportunidade de ver com esses meus olhos já fatigados pela ação do tempo, nenhuma reestatização.
      Quando ocorre a desistência das Concessões, principalmente as recentes, de Estradas e AEROPORTOS, o governo prepara uma nova Concessão, que eles denominaram de: Relicitação
      O processo é demorado e burocrático, como quase tudo no Brasil.
      Por exemplo: o Concessionário do aeroporto de Viracopos desistiu da Concessão em 2018 e até agora não foi Relicitado. Segundo o ministro Tarcísio, o será no segundo semestre. A empreiteira, que estava na Lava-jato será indenizada pelos investimentos não amortizados.
      Tenho uma dúvida:
      Viracopus foi privatizada em 2012. A Lei que previu a indenização em caso de desistência, assinada pelo presidente Michel Temer em 2017, alcança o caso jurídico perfeito, antes da promulgação dessa Lei? Creio que não deveria alcançar, pelo Princípio Constitucional da Anterioridade.
      Com a palavra o TCU.
      Acho que vou fazer uma consulta, aos senhores Ministros do Tribunal de Contas da União.
      Com certeza é melhor trabalhar para o Estado. Os empresários, os engenheiros e economistas da iniciativa privada adoram presidir uma Estatal, indicados pelos políticos. Por que será ? Não tenho a menor ideia.

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