Paulo Peres
Site Poemas & Canções
O economista, cantor e compositor carioca Luiz Gonzaga do Nascimento Junior (1945-1991) , conhecido como Gonzaguinha foi, sem dúvida, um dos maiores talentos da Música Brasileira em seus diversos estilos populares. Sua obra teve, inicialmente, como característica sua postura de crítica à ditadura militar, conforme mostra a letra de “Pequena Memória Para Um Tempo Sem Memória (À Legião dos Esquecidos)”, que faz parte do LP De Volta ao Começo, gravado em 1980, pela Emi-Odeon.
Pequena Memória Para Um Tempo Sem Memória
(À Legião dos Esquecidos)
Gonzaguinha
Memória de um tempo onde lutar
Por seu direito
É um defeito que mata
São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens
São sementes espalhadas nesse chão
De Juvenais e de Raimundos
Tantos Júlios de Santana
Uma crença num enorme coração
Dos humilhados e ofendidos
Explorados e oprimidos
Que tentaram encontrar a solução
São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata
E tantos são os homens por debaixo das manchetes
São braços esquecidos que fizeram os heróis
São forças, são suores que levantam as vedetes
Do teatro de revistas, que é o país de todos nós
São vozes que negaram liberdade concedida
Pois ela é bem mais sangue
Ela é bem mais vida
São vidas que alimentam nosso fogo da esperança
O grito da batalha
Quem espera, nunca alcança
Ê ê, quando o Sol nascer
É que eu quero ver quem se lembrará
Ê ê, quando amanhecer
É que eu quero ver quem recordará
Ê ê, não quero esquecer
Essa legião que se entregou por um novo dia
Ê eu quero é cantar essa mão tão calejada
Que nos deu tanta alegria
E vamos à luta.
É lutar agora ou nunca !!!
Ou o povo para agora ou não para nunca mais !!!
* Dia 28 de abril Greve Geral !!!
Vai ser maior…
https://www.brasildefato.com.br/2017/04/12/primeira-greve-geral-brasileira-completa-100-anos/
Gonzaguinha foi um crítico do regime militar. Canções de protestos marcaram sua música. Hoje ele cantaria sobre a vida pregressa dos que ai estão, objetos da Lava Jato.
Ai vem uma mini série da Plim Plim “O dias eram assim” , tratando da ditadura militar, simplesmente para demonizar a direita e santificar a esquerda,
Gonzaguinha, todos sabem, é filho do Gonzagão – cantor do baião;. Cantaram juntos Vida de Viajante – uma delicia de se ouvir. Também foi compositor e cantor de músicas românticas, como “Começaria tudo outra vez”, interpretada por ele, Simone e outros.
Seu filho Daniel é também cantor e compositor, ainda não famoso como o pai e avô.
Gonzaguinha
Começaria tudo outra vez
Se preciso fosse, meu amor
A chama em meu peito ainda queima
Saiba, nada foi em vão
A cuba libre dá coragem em minhas mãos
A dama de lilás me machucando o coração
Na sede de sentir seu corpo inteiro
Coladinho ao meu
E então eu cantaria a noite inteira
Como já cantei, eu cantarei
As coisas todas que já tive, tenho e sei
Um dia terei
A fé no que virá
E a alegria de poder olhar p’ra trás
E ver que voltaria com você
De novo viver nesse imenso salão
Ao som desse bolero
Vida, vamos nós
E não estamos sós
Veja, meu bem
A orquestra nos espera
Por favor, mais uma vez
Recomeçar.
Sangrando
Gonzaguinha
Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando
Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo aquilo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a raça e emoção
E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar
Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar
Se Gonzaguinha não fosse compositor de outras belas músicas, Sangrando o consagraria como um imortal da MPB
“Se me der um beijo eu gosto
Se me der um tapa eu brigo
Se me der um grito não calo
Se mandar calar mais eu falo
Mas se me der a mão
Claro, aperto
Se for franco
Direto e aberto
Tô contigo amigo e não abro
Vamos ver o diabo de perto
Mas preste bem atenção, seu moço
Não engulo a fruta e o caroço
Minha vida é tutano, é osso
Liberdade virou prisão
Se é amor deu e recebeu
Se é suor só o meu e o teu
Verbo eu, pra mim já morreu
Quem mandava em mim nem nasceu
É viver e aprender
Vá viver e entender, malandro
Vai compreender
Vá tratar de viver
Viver e aprender
Vá viver e entender, malandro
Vai compreender
Vá tratar de viver
E se tentar me tolher é igual
Ao fulano de tal que taí
Se é pra ir vamos juntos
Se não é já não tô nem aqui”
Gonzaguinha – Recado
(coisa de Mestre)