Luís Barreiros
Escrevo aqui de Lisboa, onde mais vale tarde que nunca, como dizia o outro. Aproveito também para cumprimentar todos os intervenientes da Tribuna e acrescento algumas observações à excelente discussão até agora entretida após as observações do meu querido amigo prof. Ednei Dutra de Freitas sobre psicanálise.
A resposta do prof. Dutra de Freitas ao artigo do Dr. Christian Cardoso tem o mérito, entre outros, de esclarecer postulados básicos nos quais assenta a psicanálise, pelo menos a ortodoxa freudiana (porque depois de Freud a epistemologia psicanalítica sofreu outras direções e reformulações).
O SER E O ACONTECER – Estes postulados são autênticas categorias ônticas (relativas ao estudo do ser) que ligam o ser ao acontecer psicanalítico, desde o setting psicanalítico até às observações críticas sobre epistemologia da psicanálise.
Sobre o filósofo austro-britânico Karl Popper, gostava de relembrar que a epistemologia popperiana teve essencialmente, pelo menos, segundo alguns autores, três fases distintas: primeiro uma fase caracterizada por uma racionalidade científica onde se tenta demarcar aquilo que pertence à ciência e aquilo que não lhe pertence, depois uma fase de um racionalismo apelidado de “crítico” onde aparece o famoso conceito de “lógica situacional” e, finalmente, uma fase caracterizada por uma epistemologia dita evolucionária onde podemos notar o aparecimento da teoria dos três mundos (de que o Prof. Dutra de Freitas falou e que é aplicada e discutida num dos seus artigos), assim como a ideia dos famosos “programas de pesquisa metafísica” onde seria, segundo Popper, colocada a psicanálise e eventualmente a teoria da seleção natural, de Darwin, numa espécie de cozedura pré-científica.
MELHOR MANEIRA – Deixo aqui uma nota de chamada de atenção para aquilo que, pessoalmente, acho ser a melhor maneira de entendermos as críticas de Popper ao estatuto pretensamente científico (mas na verdade pseudo-científico) da psicanálise e que pode ser encontrado na sua crítica à interpretação dos sonhos, de Freud e, particularmente, na crítica feita à tese freudiana segundo a qual todo o sonho é uma realização de um ou mais desejos.
Popper, K. (1956/1997). O Realismo e o Objectivo da Ciência – Pós-escrito à lógica da descoberta científica (3 ed. Vol. I). Lisboa: Dom Quixote, pp. 182 e ss.
1) Parabéns, artigos como este tornam a TI ainda maior.
2) Por favor, escreva sempre.
3) Saudações Luso-Brasileiras de quem gosta muito de “Portugal Meu Avozinho”…
4) Título de um livro do grande jornalista David Nasser, nos anos 1950.
Caríssimo A. Rocha
Obrigado. Saudações de Portugal, igualmente. Abraço!
Freud nesta hora de dor?! Que horror! Nem nos melhores dos dias de manhãs reluzentes e na gostosura da das tardes sombrias me arriscaria a essa tola aventura. Freud? Nem se eu nada tivesse pra fazer!
A humanidade nunca esteve tão Freudida!
Ahahah
Sapo de Toga,
A psicanálise de Freud é o remédio para as horas de dor, a dor da depressão, das várias neuroses, da impotência sexual, que é revertida com o uso das palavras, sem usar medicamentos, em algumas psicoses. Você não leu o caso clínico que publiquei aqui, onde, por via da psicanálise, houve a reversão da impotência sexual de um jovem universitário, mestrando, cuja impotência sexual foi revertida por sua escolha da psicanálise por tratamento, tanto de sua depressão quanto de sua impotência. Ele chegou a pedir licença médica de seu mestrado porque a dor que sentia o tornou incapaz de continuar o mestrado. Após ser psicanalisado, a depressão e a impotência foram curadas, e ele concluiu o mestrado e conseguiu um belo emprego na área das ciências exatas.
Espero que a doença mental não venha a acometer você. Mas, se isso ocorrer, a opção de fazer ou não psicanálise é sua, e tão somente sua. Tratar-se com psicofármacos, assunto sobre os quais escrevi um livro, já na terceira edição, nem sempre ajudam os neuróticos, psicóticos e muito menos a impotência sexual que não é reversível com drogas, A escolha é sua.
Caro Sapo, mesmo nada fazendo, fazemos sempre alguma coisa, nem que seja em pensamento. Buda também cabe aqui…
Abraço
Parabenizamos o Prof. Dr. Luís Miguel Barreiros por sua intervenção aclarativa acerca da discussão em torno do “status” científico da psicanálise freudiana.
Agradecemos também ao ilustre professor, em especial, pelo cuidado em ofertar indicações contextualizadoras para uma apropriada colocação das questões correlatas.
Gratíssimo e Forte Abraço!
Cordialmente,
Christian.
Obrigado, Caro Sr. Cardoso. Trate-me apenas pelo nome, por favor. Abraço
O preconceito pode ser um instrumento de autodefesa, que se manifesta todas as vezes que uma comunidade sente os seus valores ou sua unicidade ameaçados.
Prezado Sr. Paulo III,
AQUI ESTÃO ALGUNS ENSAIOS SOBRE O PRECONCEITO CONTRA A PSICANÁLISE, ARTIGOS FORMULADOS PELA INTERNATIONAL PSYCHOANALYTICAL ASSOCIATION (IPA)
Psicanálise contra o Preconceito: O Caso da Orientação Sexual por
Susann Heenen-Wolff
Preparado para Divulgação pelo Comitê sobre o
Preconceito (Incluindo Antissemitismo) da International Psychoanalytical Association (Associação Psicanalítica Internacional)
https://www.febrapsi.org/wp-content/uploads/2018/08/ipa-e-heenen-wolff-traducao.pdf