
Charge do Jota A (O Dia/PI)
Carlos Newton
Publicamos importante reportagem aqui, nesta terça-feira, dia 24, revelando como a “corrupção na Petrobras eleva perversamente o preço do gás”. Explicamos que “ante a opção de importação do gás da Bolívia, até 4,5 vezes mais barato, a Petrobras efetuou a importação do gás natural norte- americano, muito mais caro, e os sacrificados consumidores brasileiros arcam com esse peso em seu orçamento devido ao Preço de Paridade Internacional aplicado também ao gás”.
Uma reportagem investigativa importantíssima, absolutamente exclusiva e totalmente baseada em informações oficiais do próprio governo brasileiro, através dos Ministérios da Economia e de Minas e Energia.
Diante desse tipo de informação, surge o comentarista José Vidal, para colocar em dúvida e tentar desmentir os dados estatísticos oficiais do país. Com essa postura (aliás, não é a primeira vez que Vidal tenta desmentir informações do editor deste Blog), o comentarista demonstra que não conhece o estilo de trabalho da Tribuna da Internet, há 13 anos publicando denúncias gravíssimas, com exclusividade, sem jamais ter sofrido um só processo judicial, todas as informações sempre incontestáveis.
Vejam, a seguir, como procedeu José Vidal, no afã de menosprezar o trabalho deste jornalista.
JOSE VIDAL – Acho que há um engano. Atualmente o GN da Bolívia está mais caro ou igual ao GNL importado dos EUA (os EUA têm excesso de produção de GN devido à exploração do xisto para produção de petróleo).
CN – De fato, os EUA têm um excedente, mas só se converte em preços baixos no solo americano. E o gás liquefeito está sendo comprado pelo Brasil a um preço enorme. Podemos conferir isto no relatório do Ministério de Minas e Energia, cuja íntegra devo disponibilizar a quem interessar possa, com gráficos e tudo o mais.
É possível ainda conferir os dados da Tribuna “carga a carga”, a partir do extrato do Comércio Exterior do Ministério da Economia, presente no mesmo relatório, onde vemos cargas de gás americano sendo compradas a até 38,88 dólares por milhão de BTU, enquanto o preço boliviano era de cerca de 5,90 dólares por milhão de BTU.
VIDAL – Mesmo assim, a Bolívia é a maior fornecedora, porém em maio a estatal cortou o fornecimento ao Brasil em 30%, em descumprimento ao contrato vigente.
CN – Em 2021 a Bolívia forneceu menos que o agregado dos terminais de gás liquefeito. Ela é a maior fornecedora única, mas isso não anula o crescimento da importação de GNL em 2021, justamente quando essa fonte ficou mais cara. Agora, em 2022, parece que estaríamos encaminhando para uma redução no GNL norte-americano, mas ainda a preços historicamente altos, enquanto a Bolívia estaria em preços historicamente baixos.
O descumprimento do contrato é informação que eu não tinha, e até agradeço a Vidal, mas esse detalhe revela ainda mais o grau de imperícia negocial e pouca transparência. Um descumprimento de contrato desta ordem na Europa causaria muitas manchetes e criaria um furor, seria algo notavelmente público e envolveria o Itamaraty deles.
Basta ver que os contratos de gás Rússia-Alemanha continuam vigentes e funcionando, apesar da guerra na Ucrânia e da pressão dos EUA. Uma explicação razoável é que a Bolívia não estaria disposta a fornecer mais gás (sobretudo nesse baixíssimo preço). Mas será que a Petrobras e o governo tentaram negociar? Será que não deveria haver publicidade destes fatos que oneram o cidadão e são negociados à margem dele?
VIDAL – Também há planos para um aumento de plantas para processar o GN (UPGN) do pré-sal que é rico em propano e butano e pode aumentar em muito a capacidade de fornecimento de GLP, o qual importamos em grande quantidade. A construção de gasodutos também é outra demanda importante.
CN – Verdade, há planos para resolver a questão no longo prazo com fornecimento nacional do gás rico do pré-sal e a possível autossuficiência de GLP. Mas esses planos foram severamente atrasados (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj, por exemplo), por cancelamentos dos investimentos da Petrobras desde 2015.
Houve um período em que o alto endividamento e a solvência foram usados como justificativa para os cancelamentos (e depois a pandemia). No entanto, em 2021, a Petrobras distribuiu 95% do lucro aos acionistas e tem a dívida sob controle. Os investimentos estão indicados, mas se a cada onda de risco forem cancelados, e os recursos para os investimentos, quando disponíveis, forem todos direcionados à distribuição de dividendos, essas obras estratégicas jamais serão executadas. De qualquer forma, o horizonte para os próximos 5-10 anos no gás brasileiro é bem mais positivo.
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P.S. – Bem, gostaria que comentaristas de alto nível, como José Vidal, colaborassem para fortalecer a Tribuna da Internet, por ser um dos espaços que mais frequentam, ao invés de tentar desmentir as denúncias exclusivas aqui publicadas. Quem deveria contestar a TI são os próprios denunciados – como a Petrobras, neste caso do gás. Mas sabemos que a estatal jamais poderá contestá-los, porque os dados aqui publicados são fornecidos pelo próprio governo brasileiro, repita-se. (C.N.)
Até o Bozo sabe que não se deve entregar estatais estratégicas
https://twitter.com/jairmearrependi/status/1527737771548344320
Para acabar roubos na Petrobras ou qualquer estatal, privatize inteligentemente: crie competição e leis que punam os ladrões. Estatizar é manter o status quo. O que não dá é uma lava-jato apontar ladrões e o STF torná-los inocentes. Um até se candidatou a presidente!
Caro CN, gostaria de receber esse relatório. Afinal de contas, gosto de saber a verdade. O relatório a seguir é da Fazcomex. E fake? https://www.fazcomex.com.br/blog/importacao-de-gas-natural-e-liquefeito/
Desculpe, Vidal, só trabalho com dados oficiais. Nunca ouvi falar em fazcomex, tampouco em comexStat, que é a fonte desses números.
Abraços,
CN
Prezado Editor,
Parabéns pelo texto.
Vamos corrigir, no terceiro período do objetivo e preciso texto:
Onde se lê:
“… com exclusivamente,,,”,
Leia-se:
“… com exclusividade…”
Abraço do seu revisor eventual.
PS: E não podemos esquecer de acompanhar a quantas anda o Jabuti do Centrãoduto.
https://www.cartacapital.com.br/politica/centraoduto-deputado-pede-que-comissao-ouca-empresario-rei-do-gas/
Ou vide anexo, com muitas informações pertinentes: http://antigo.mme.gov.br/web/guest/secretarias/petroleo-gas-natural-e-biocombustiveis/publicacoes/boletim-mensal-de-acompanhamento-da-industria-de-gas-natural/-/document_library_display/M02KzA2dNdQq/view_file/1660058?_110_INSTANCE_M02KzA2dNdQq_redirect=http%3A%2F%2Fantigo.mme.gov.br%2Fweb%2Fguest%2Fsecretarias%2Fpetroleo-gas-natural-e-biocombustiveis%2Fpublicacoes%2Fboletim-mensal-de-acompanhamento-da-industria-de-gas-natural%2F-%2Fdocument_library_display%2FM02KzA2dNdQq%2Fview%2F1522049%3F_110_INSTANCE_M02KzA2dNdQq_redirect%3Dhttp%253A%252F%252Fantigo.mme.gov.br%252Fweb%252Fguest%252Fsecretarias%252Fpetroleo-gas-natural-e-biocombustiveis%252Fpublicacoes%252Fboletim-mensal-de-acompanhamento-da-industria-de-gas-natural%253Fp_p_id%253D110_INSTANCE_M02KzA2dNdQq%2526p_p_lifecycle%253D0%2526p_p_state%253Dnormal%2526p_p_mode%253Dview%2526p_p_col_id%253Dcolumn-1%2526p_p_col_pos%253D1%2526p_p_col_count%253D2
Pelo que vi nos relatórios, o GNL e o GN eram importados (Bolívia e EUA) por aproximadamente U$ 7 /MM BTU. Pg 15 do relatório acima. Mas pode ser que os valores mudaram desde então..
CN não é nada pessoal. Se contesto algumas informações é porque tenho outras que são diferentes.
É meu estilo de proceder.
Um abraço.
Já vi o relatório que o editor referiu. Realmente, o GNL aumentou muito de preço (eu estava desatualizado), não só dos EUA, como em todo o mundo. E em fevereiro de 2022 atingiu o valor de U$ 31,64 /MM BTU, bem como CN se referiu.
O valor do GN da Bolívia está bem abaixo, em torno de U$ 6 /MM BTU, talvez seja por isso que eles reduziram a cota contratada pelo Brasil.
A importação de GNL caiu pela metade, mesmo assim, o Brasil gastou 727 milhões de dólares para importar GNL dos EUA em fevereiro.
Da Bolívia o GN importado custou 141 milhões de dólares em fevereiro, mesmo em quantidade maior.
Não sei como são esses contratos, se os valores contratados podem ser negociados, mas o governo deveria fazer uma negociação, ainda mais se essa guerra Rússia-Ucrânia perdurar.. Chamar isso de corrupção da Petrobras, acho que é demasia. Incapacidade? Talvez.
https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/secretarias/petroleo-gas-natural-e-biocombustiveis/publicacoes-1/boletim-mensal-de-acompanhamento-da-industria-de-gas-natural
As previsões muitas vezes são furadas: https://cenariosgas.editorabrasilenergia.com.br/gas-para-todos-a-renegociacao-do-acordo-brasil-bolivia/
As verdadeiras razões para o corte de gás da Bolívia. É uma questão de negociação. Nada de corrupção. O governo brasileiro aceitará negociar?
https://www.la-razon.com/economia/2022/05/25/bolivia-busca-renegociar-con-brasil-un-mejor-precio-de-venta-de-gas-natural/
Olha o Vidal aí, gente! É o novo advogado da Petrobras, onde todo mundo sabe que não há corrupção… Ha-ha-há – eis a gargalhada gráfica criada por Helio Fernandes.
CN
Bonito CN, que argumentação. Coloco uma notícia de um jornal boliviano a respeito do porquê o país americano não quer aumentar a remessa de gás e até cortou, e vens com essa ironia.
Esperava algo mais inteligente de tua parte, mas sempre temos algo a aprender do caráter dos humanos.
De qualquer forma,
um abraço.
Prezado Vidal,
Eu denuncio corrupção não investigada no setor Internacional da Petrobras e você escreve: “Não há corrupção”, sem ter a menor base para afirmar isso.
Sem nenhum motivo, você chama um jornalista de mentiroso, eu ironizo e você replica atacando meu caráter. Seu modo de proceder é, no mínimo, curioso… E eu fico aprendendo sobre o caráter dos humanos.
De qualquer forma, um abraço.
A mim, cabe parabenizar os Senhores Vidal e CN, pelo alto nível de civilidade.
Muito obrigado; faz renascer nossa esperança em uma sociedade mais esclarecida e atuante.