Paulo Peres
Poemas & Canções
O jornalista, cronista, romancista, contista, ensaísta e poeta alagoano Lêdo Ivo (1924-2012), membro da Academia Brasileira de Letras, no poema “A Mudança”, afirma que se pode mudar e permanecer bem longe das mudanças, sendo, ao mesmo tempo, quem vive e quem morre.
A MUDANÇA
Lêdo Ivo
Mudo todas as horas.
E o tempo, sem demora,
muda mais do que fia.
Mudo mas permaneço
bem longe das mudanças.
Como uma flor, floresço.
Sou pétala e esperança.
Mudo e sou sempre o mesmo,
igual a um tiro a esmo.
Como um rio que corre.
Sem sair de onde estou,
de tanto mudar sou
o que vive e o que morre.
Clap, clap, clap!
Que poeta sensacional, o acadêmico Ledo Ivo.
Mudança, é uma contradição. Mudar para que tudo continue na mesma.
Viver e morrer todo o tempo. O poeta sabe, que morremos todos os dias, um pouquinho na caminhada da vida.
É preciso entender o recado do alagoano ilustre.
No poema Queimada, Ivo alerta para queimar todas as cartas, deletar todos os e- mails. Qual a razão?
Um jeito pragmático de ser
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Ao nascer de um novo dia,
Sopre fraco ou forte o vento,
Saúdo a vida com alegria,
Pois estar vivo é um alento.
Deixo sempre para trás o passado,
E nunca antecipo o incerto amanhã;
Do pouco que tenho, nada me foi dado,
E não luto por coisas que são fúteis e vãs;
Não faço preces para pedir benesses,
Mas faço amigos a toda parte que vou;
Levo a vida feliz, como se tudo tivesse,
E, àquele que pede, não meço o que dou.
E assim vou vivendo, é assim que eu sou.
“Mudo e sou sempre o mesmo,
igual a um tiro a esmo.”
—
Por mais que se possa querer
Não se muda e permanece o mesmo
Porque mudar significa cambiar, changer
E, até o dia, tem a noite e o amanhecer.
Tem-se que aproveitar a mudança
E, do mesmo jeito, com vontade
Encarar a tempestade e a bonança.
É de sua autoria senhor Rue?!!!
É, obrigado por perguntar.