Acílio Lara Resende
Os debates de hoje ganharam maior divulgação, ou seja, maior amplitude. Além dos jornais, do rádio e da televisão (e esta veio bem depois dos dois), inaugurou-se a internet, que ensejou as redes sociais. Cada detentor de um site ou um blog se transformou num canal de comunicação. A informação, hoje, está à mão de quase todos os cidadãos, mas, quando se buscam as redes sociais, há que se garimpar e desconfiar sempre. O seu grau de confiança deixa muito a desejar.
Com grande ênfase sobre as redes sociais, e com a ajuda da mentira na mão de quem a sabe usar, os debates se tornaram, em época de eleições, mais ríspidos. O escritor, humorista, jornalista e palestrante norte-americano Mark Twain, que nasceu em 30.11.1835 e morreu em 21.4.1910, já dizia o seguinte sobre essa arma: “Uma mentira pode dar volta ao mundo, enquanto a verdade ainda calça seus sapatos”.
NÓS CONTRA ELES
O PT (refiro-me à sua cúpula), desde sua fundação, é um mestre na matéria e, de lambuja, implantou o tal “nós contra eles”, extremamente prejudicial ao país. Parece que o que ele deseja é nos dividir. Nada melhor, pois, do que a mentira para se obter essa divisão.
Nesta disputa entre Aécio e Dilma, o baixo nível dos debates, com o insistente uso de mentiras, de meias verdades ou da negação da própria, se deve muito mais aos que estão no governo e querem continuar lá. Já ficaram 12 anos, mas querem mais, muito mais. O que de fato aspiram é a permanência eterna, a eternidade no poder. A “democracia” que defendem não prevê alternância, já que só eles detêm a fórmula da felicidade dos pobres e desprovidos. A ameaça de Lula, em reunião de companheiros com a presidente, está gravada: “Dilma”, disse, “vou lhe contar uma coisa: eles não sabem (e, devagar, repetiu a frase quatro vezes) do que seremos capazes de fazer para que você seja a nossa presidente, por mais quatro anos, deste país” (sic).
VALE-TUDO
Ninguém se sente bem (a não ser “eles”) com o vale-tudo em que se transformaram os debates entre candidatos. A ordem, por culpa do marqueteiro, é simplesmente destruir o adversário. O PT fez isso com Eduardo, com Marina e tenta fazer agora com Aécio. A disputa se transformou numa luta de MMA. Com isso, o tempo passa, e não sobra chance para se debaterem os problemas que garroteiam o país.
Se os 12 anos do PT no governo não contassem com inúmeros malfeitos, só a simples alegação de que democracia significa, principalmente, alternância no poder, a meu ver, já seria suficiente para pôr fim a um período, que teve bons momentos, mas que precisa passar agora o bastão a um mineiro legítimo. Isso permitirá a oxigenação em todas as áreas do governo, perigosamente tomadas pelo lulopetismo.
Que o PT vá para a oposição e reflita, por um bom tempo, sobre sua real finalidade. Que reaprenda a tratar a liberdade, o nosso maior bem. Se é que algum dia soube de fato tratá-la… E que Lula reflita sobre a paranoia que o domina e o faz pensar que não há ninguém nem maior nem mais esperto do que ele. (transcrito de O Tempo)