A poeta Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1880-1985), nasceu em Goiás Velho. Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano, conforme o belo poema onde ela pretendia ser jardineira de um coração, mas como “Coração é Terra Que Ninguém Vê”, somente encontrou uma casa vazia com a porta fechada.
CORAÇÃO É TERRA QUE NINGUÉM VÊ
Cora Coralina
Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei – nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.
Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.
Semeador da Parábola…
Lancei a boa semente
a gestos largos…
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão
Coração é terra que ninguém vê
– diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
– teu coração.
de um coração.
Sachei, mondei – nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.
Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.
Semeador da Parábola…
Lancei a boa semente
a gestos largos…
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão
Coração é terra que ninguém vê
– diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
– teu coração.
Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei…
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei…
(Colaboração enviada por Paulo Peres – site Poemas & Canções)
Genial…