Carlos Chagas
Desembarca amanhã em Brasília o general James Jones, Assessor de Segurança Nacional do presidente Barack Obama. Sua principal audiência não será com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, mas com o ministro de Minas e Energias, Edison Lobão.
Devemos estranhar? Nem um pouco, porque para os Estados Unidos, segurança nacional é energia. Os americanos tem feito de tudo para garantir seus autmóveis rodando e seu país funcionando. Até invadir o Afeganistão e o Iraque eles invadiram, entre outros movimentos militares, e não foi para levar a democracia aos talibãs ou, muito menos, porque Saddam Hussein dispunha de armas de destruição em massa. Invadiram para garantir suprimentos de petróleo, como sustentam a ditadura na Arábia Saudita pelo mesmo motivo.
Desde o governo George W. Bush que estão de olho nas imensas jazidas do pré-sal brasileiro. Não foi coincidência haverem recriado a Quarta Frota da Marinha de Guerra para patrulhar o Atlântico Sul. O interesse de Washington é dispor de energia a qualquer custo, se possível pacificamente, mas, se necessário, pela força das armas. Porque as reservas em território americano estão se esgotando, mesmo aquele petróleo que eles importam e estocam em poços ou cavernas na região do Golfo do México.
A luz amarela deveria estar acesa há muito tempo no semáforo fincado diante do palácio do Planalto, pois o Brasil parece a bola da vez. Nossa riqueza por enquanto incrustada no fundo do oceano desperta atenções e cobiça no mundo inteiro. Por enquanto, somos cortejados, e quem saiu na frente foi a China, outro país desesperado por energia. Tanto que Pequim já colocou à disposição da Petrobrás nada menos do que dez bilhões de dólares, com a proposta de mais cinco, para investirmos no pré-sal. Desde que saldemos essa dívida não em dinheiro, mas com o petróleo a ser extraído.
Os Estados Unidos chegaram atrasados. Depois da iniciativa chinesa o Eximbank ofereceu dois bilhões de dólares à Petrobrás, que achou pouco e obteve a promessa de mais cinco.
Para complicar as coisas, é bom referir que o nosso petróleo detectado no pré-sal, dentro e fora das 200 milhas, é um tanto caprichoso. Não basta furar e enriquecer, porque a reserva não parece contínua. Meses atrás a Chevron, segunda maior empresa petrolífera dos Estados Unidos, gastou bilhões e furou no seco. Claro que autorizada pela Petrobrás, na base de contratos de concessão celebrados antes e que dão às multinacionais uma fatia respeitável de nossas reservas. Só que essa parceria pode não bastar para encher a goela dos irmãos do Norte, se num futuro não muito distante eles ficarem ainda mais dependentes.
Em suma, é bom que o ministro Edison Lobão tome cuidado. O general quer petróleo.
As pesquisas, onde andam?
Caso os principais institutos de pesquisa eleitoral não divulguem novos números, esta semana, é bom acreditar um pouquinho na paranóia de certos grupos da oposição, para os quais o governo manipula, pressiona e se aproveita dessa atividade comercial. Porque se diminuiu sensivelmente o ritmo de divulgação dos percentuais de aprovação dos candidatos presidenciais, alguma razão haverá. As últimas pesquisas conhecidas são de maio, quando Dilma Rousseff ultrapassou a casa de um dígito, chegando a 12% nas preferências populares. De lá para cá, indica a lógica que teria crescido ainda mais. Se não cresceu, no entanto, o governo terá seus motivos para exigir das empresas que permaneçam à sombra. Direta ou indiretamente, são clientes ou dependem do poder público. Fica difícil acreditar que se tenham desinteressado de consultar o eleitorado sobre suas tendências. De qualquer forma, vamos aguardar o fim de semana…