Pedofilia, crime hediondo que o Papa Francisco combate e que Bento XVI acobertou

Casos deixam traumas inafastáveis da mente das vítimas

Pedro do Coutto

Nas edições de sexta-feira, a Folha de S. Paulo, O Globo e o Estado de S. Paulo publicaram com grande destaque o relatório sobre fatos criminosos de pedofilia ocorridos na Igreja Católica e que foram acobertados por omissão pelo Papa Bento XVI que se afastou do Vaticano e foi sucedido pelo Papa Francisco.

Os fatos são escabrosos e a omissão foi uma calamidade. Episódios se incorporam à triste história de papados que não cumpriram o dever cristão e preferiram se ocultar no catolicismo e na hierarquia. O Papa Francisco tem desenvoldio uma atitude firme no combate à pedofilia e não são poucos os cardeais, bispos e padres afastados por delitos na realidade mostruosa.

CASOS DE PEDOFILIA – O Globo, a Folha e o Estado de S. Paulo destacam o relatório do advogado Martins Pusch, de um conhecido escritório alemão, que levantou fatos de pedofilia ocorridos especialmente em Munique, entre 1977 e 1982 quando o então cardeal Joseph Aloisius Ratzinger teria abafado o inquérito de quatro padres que abusaram de quatro meninos.

O advogado disse que Ratzinger sabia dos fatos e poderia ter sido acusado de má conduta nesses casos, uma vez que se encontram relacionados entre abusos ocorridos em sua gestão e que terminaram punidos pelo Estado alemão.

Mais tarde então, já no Vaticano, lembro que ocorreram dezenas de fatos em Boston, nos Estados Unidos, que culminaram em pedidos de indenização muito elevados. Na ocasião, o cardeal da cidade era um dos acusados de omissão e as ações judiciais abrangiam centenas de casos. O Vaticano pagou indenizações, lembro bem, mas os responsáveis não foram punidos na época.

REINCIDÊNCIA – Havia casos até de reincidencia entre acusados de casos de pedofilia contra meninos. O cardeal de Boston veio a ser afastado pelo Papa Francisco, a exemplo do que aconteceu com um cardeal austríaco que ocupava um posto de destaque no Vaticano e que foi condenado à prisão pela justiça, e na qual se encontra até hoje. O Papa Francisco atua com firmeza e com o rigor indispensavel para casos covardes como são os casos de pedofilia, capazes de deixar para sempre traumas inafastáveis da mente dos que sofrem tais atentados imundos.

O Vaticano não foi alvo de denúncias pela primeira vez. Há casos que se repetem na história e omissões como no caso do Papa Pio XII, Eugenio Pacelli, que silenciou de modo absoluto diante dos crimes do nazismo e que mais tarde foi personagem de um livro sobre a sua conduta omissa cujo título é “O Papa de Hitler”.

O problema da pedofilia tem atravessado séculos. Somente agora são enfrentados, denunciados e repudiados pela Cátedra de São Pedro, através do Papa Francisco.

CENTENÁRIO DE BRIZOLA - A revista Época, agora encartada nas edições de sábado de O Globo, publicou ontem uma extensa e detalhada reportagem de Maiá Menezes e Chico Otávio sobre a trajetória política de Leonel Brizola a partir de 1947 quando foi eleito deputado estadual no Rio Grande do Sul.

Deputado estadual, deputado federal, governador de seu estado, governador por duas vezes pelo estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola foi um personagem marcante da vida política brasileira. Governador do Rio Grande do Sul, eleito em 1958, na crise da renúncia de Jânio Quadros em 1961, assegurou a posse de João Goulart na Presidência da República ameaçada por Carlos Lacerda, então governador da Guanabara, e pelos setores extremistas, inclusive presentes nas Forças Armadas.  

Brizola com seu desempenho assumiu um papel de grande destaque na vida pública do país e passou a articular sua candidatura às eleições de 1965. Mas a Constituição impedia, pois era cunhado do presidente João Goulart. Empenhou-se então por uma mudança constitucional que viabilizasse o seu projeto. E, com isso, rejeitou uma aliança com Juscelino Kubitschek que deseja novamente ser eleito presidente da República.

RADICALIZAÇÃO – Brizola criou uma tempestade, radicalizou o processo, investiu com críticas contra o próprio João Goulart, levou-o à uma radicalização que não era de seu estilo e fez naufragar o projeto democrático em 31 de março de 1964. Não foi à reunião de Jango com os sargentos no Automóvel Clube, e foi contra a presença do presidente no episódio. Mas era tarde demais. Ele havia levantado um projeto do Grupo dos Onze que aparentemente teria um propósito revolucionário. Foi asilado no Uruguai, depois acolhido pelo governo do presidente Jimmy Carter.

Retornou ao Brasil com a anistia assinada pelo presidente João Figueiredo, foi eleito governador do Rio de Janeiro em 1982 e novamente eleito em 1986. Ao disputar a Presidência da República em 1989 perdeu o segundo lugar para Lula da Silva. No primeiro turno, Fernando Collor obteve 29% da votação, Lula 16% e Brizolla 15%, um ponto atrás.

Tentaria novamente a Presidência da República em 1994, quando teve apenas 3% dos votos. Ele completaria 100 anos no dia de ontem. Ficará na história como um personagem secundário para sempre, mas o seu desempenho político impediu o retorno de JK em 1965.  

CIRO, MORO, TEBET E RACHECO -  Na sexta-feira, o PDT lançou a candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. Reportagem de Julia Chaib e Ranier Bragon, Folha de S. Paulo. focaliza o pronunciamento de Ciro Gomes e a convenção do PDT. Ciro, desta vez, escolheu Sergio Moro como alvo de seus ataques.

A meu ver, escolheu o alvo errado. Ciro Gomes só pode crescer numa campanha contra Jair Bolsonaro. Qualquer outro caminho é uma ilusão. O ataque a Moro decorre do fato de o ex-ministro da Justiça estar à sua frente nas pesquisas do Datafolha e do Ipec. Mas a distância para Lula é enorme e muito grande também relativamente a Jair Bolsonaro.

Aliás, em matéria de sucessão presidencial, os candidatos à terceira força não estão conseguindo decolar.  Simone Tebet tem condições de marcar a sua presença. Ainda dá tempo. Pacheco perdeu a oportunidade de uma exposição política a meu ver a partir do momento em que aceitou promulgar a PEC dos Precatórios de forma fatiada como propôs o deputado Arthur Lira. Rodrigo Pacheco perdeu a credibilidade.

11 thoughts on “Pedofilia, crime hediondo que o Papa Francisco combate e que Bento XVI acobertou

  1. Devida Vênia, discordo de alguns pontos da narrativa do senhor Pedro Couto.

    Graças ao BRIZOLA e Tancredo Neves, Marechal Lott.
    Jango,assumiu.
    Mas, infelizmente Jango foi bajulado pelos Marinhos, compadre Amaury Kruel,e pelo JK que fez acordo com Castelo Branco…

    No desespero, BRIZOLA tentou persuadir o cunhado,nomeando ministro e Henrique Teixeira Lott,para ministério da Guerra..
    Jango,um boêmio se fez ouvido de mercador..

  2. Outra seu Pedro Couto,a. Morte do Getúlio Vargas, abortou a manobra dos entreguistas.

    Vargas adiou o golpe,que se consumou em 64…

    PS: quando não gosto dos seus pitacos pela metade,ou escamotiando os fatos…
    Lhe chamo de queridinho da condessa Maurina P.Carneiro.

  3. “Quem fizer tropeçar na fé um destes pequeninos que creem em mim, melhor seria que fosse atirado ao mar com uma pedra amarrada ao pescoço.”
    Mateus 18:6

  4. Crimen Solitationes foi assinado por São João XXIII e era o documento papal … Bento XVI, enquanto em Munique e na Defesa da Fé, só podia aplicar tal documento.

  5. A TERCEIRA VIA

    Ainda está indefinido o candidato que ocupará esse pódio, podendo atrair os votos dos candidatos da
    primeira e da segunda via.
    Sérgio Moro se lançou ano passado cheio de espectativas, pelo Podemos. Em princípio avançou sobre os eleitores de Bolsonaro, que tremeu na base, com medo de perder o segundo turno. Mas, o xerife da Lava Jato, parou nas pesquisas. Mudou de estratégia e vem partindo para o confronto com Lula. Isso é estratégia de marqueteiro, que sabe de antemão, que o correto é reduzir o dano, de quem largou na frente para poder avançar e depois tentar encostar no cavalo que disparou na raia.
    Moro agora está tentando nova manobra, qual é? Está namorando o Partido União Brasil, sigla que surgiu da fusão do PSL com o DEM. Moro está costeando o alambrado para sair do Podemos e migrar para o Partido de ACM Neto e de Luciano Bivar, ex amigo de Bolsonaro, de olho no tempo de televisão e dos milhões do Fundo Eleitoral. A grana destinada ao Partido Podemos é curta. Sérgio Moro pensa em mudar de Partido, dois meses após se filiar ao primeiro.
    O ex- juiz já começa a usar as artimanhas da política. Tudo é igual, neste país desigual.
    Quanto a Ciro Gomes, após ouvir seu discurso, no auditório do PDT, de lançamento de sua candidatura, até agora, se mostrou como o candidato mais preparado para presidir o país em 2023. Conhece a fundo os problemas brasileiros e tem propostas consistentes e realistas. Pode surpreender e virar o jogo indo para o segundo turno. Mas, a meu juízo, comete um erro de estratégia. Deveria bater em Bolsonaro com mais contundência para tirar o presidente do segundo turno e alvejar Moro na sua parte mais fraca: o candidato da Rede Globo, dos banqueiros e dos bolsonaristas arrependidos. No entanto, sua tarefa me parece, uma luta inglória, porque dificilmente irão disputar dois candidatos do campo progressista e Lula está na frente pelo seu legado de oito anos de política social mais contundente desde a Era Vargas.
    Os candidatos João Dória e Simone Tebet não têm nenhuma chance de figurar no palanque do segundo turno. João Dória enfrenta dissidencias insanaveis no PSDB, na sua base de São Paulo, em Minas e No Rio Grande do Sul. Nessa ele não entra.
    Simone Tebet também não une o MDB, Partido que atua nos bastidores de todos os governos e tem fama de cristianizar seus candidatos para apoiar o adversário com mais chances de vencer. Exemplo do Senhor Diretas Ulisses Guimarães, abandonado pelo Partido e foi o último colocado na eleição vencida por Fernando Collor.
    Quanto a Bolsonaro, seu pior inimigo é ele mesmo. O ataque que vem imprimindo ao uso de máscaras, contra as vacinas de adultos e agora nas crianças e insistindo na Cloroquina é um tiro no pé. Está cavando um abismo sobre os próprios pés.
    Mas, tenta sufocar os adversários atuando pontualmente. Chamou o senador mineiro, Alexandre Silveira, suplente de Antônio Anastasia, que foi para o TCU, para líder do governo no Senado. Isso tem dois efeitos:
    1- inviabiliza a candidatura do presidente do Senado pelo PSD, Rodrigo Pacheco,
    2- tenta uma aproximação com Gilberto Kassab, o cacique presidente do PSD, que estava flertando um apoio ao ex- presidente Lula. Assim, ele mata dois coelhos com uma única jogada.
    O grande calcanhar de Aquiles de Bolsonaro é seu ex- Partido o PSL unido ao DEM, pois ao brigar com Luciano Bivar perdeu a chance de acordo, mas, vem namorando ACM Neto tentando abrir dissidencia na nova sigla.

  6. Alem do Negacionismo exacerbado, o atraso do país em mais de cinquenta anos, o modus operande de ser tarado contra vacina, o que está prejudicando a candidatura de Bolsonaro são os resultados econômicos.
    A vida do Povo está difícil, principalmente de quem vive do salário mínimo. Quem não tem renda fixa e transita na informalidade, a situação é desesperadora.
    A inflação alta corrói os salários, o que impede o povo de comprar itens da mais alta necessidade, de tão caros, conforme constatamos nos Supermercados e nas Feiras Livres.
    Não adianta escamotear como Guedes faz, os fatos demonstram que mentir não vale a pena, o povo não é bobo e sabe aonde o calo aperta.
    Na hora de votar, desemprego, juros do cartão de crédito nas alturas, salário miserável, Desemprego e carestia, a tendência é não votar no governante da vez. Votarão no adversário, na esperança da vida melhorar. Como dizia Gonzaguinha: não vamos botar o bumbum na janela para baterem nela. Chega de sofrimento.

  7. Fiquei surpreso hoje, com a matéria do jornal O Globo, página inteira, sobre o aniversário de 100 anos do maior político de todos os tempos, o líder do Trabalhismo Leonel Brizola.
    O legado de Leonel Brizola, o governador que mais construiu Escolas no Brasil merecia uma estátua.
    Político destemido, enfrentou os adversários de peito aberto. Foi caçado pela Revolução de 1964 e teve que se exilar no Uruguai. Se fosse preso, não sairia do cárcere vivo.
    Por que tinham tanto ódio, pelo governador Brizola?
    O conglomerado Globo não lhe dava trégua. Todas as mazelas do Rio eram imputadas a Brizola. Diziam que ele implantou as favelas, que incentivou o tráfico de drogas no morro. Na época, ninguém falava que era fakenews, era mentira mesmo. Hoje, jogam no lixo, o português para inserir palavras estrangeiras. Que fazer?
    Voltando aos 100 anos de Brizola, a perseguição da mídia aliada ao regime autoritário, se deve ao compromisso de Brizola com a Educação do povo. Ao lado de Darcy Ribeiro, montou a estratégia de manter nossas crianças o dia todo nos CIEPS. Na parte da manhã : Aulas.
    Intervalo para o Almoço de 12:00 às 13:00h.
    Na parte da tarde: Educação Física e Leitura ( tinha uma biblioteca em cada um dos 500 CIEPS).
    Isso se tornou inaceitável para o Sistema de Poder, que querem manter o povo sem Educação e Cultura de qualidade, para melhor dominar a classe trabalhadora.
    Destruíram a carreira de Brizola por causa desse compromisso com a Educação. Brizola não queria, que as crianças pobres passassem pelas dificuldades, que ele enfrentou no Rio Grande do Sul.
    Conseguiram, enfim, barrar a construção de novos CIEPS. Nenhum outro governador construiu um único sequer Centro Integrado de Escola Pública, inclusive, Garotinho e Rosinha, do PDT, que só foram eleitos governadores, com o apoio de Brizola, mas, ambos traíram os ideais de Leonel Brizola. Olha o castigo da história: Brizola está sendo lembrado e Garotinho e esposa amargam o ostracismo.
    Me refiro também ao ex governador Marcelo Alencar e o ex prefeito César Maia, que não seriam nada, sem a mão acolhedora de Leonel Brizola.
    Um conselho para Ciro Gomes, agora candidato pelo PDT: siga o exemplo de Leonel Brizola e se comprometa a construir milhares de CIEPS por todo o Brasil.
    O país não sairá do atraso se não investir pesado em Educação, como fizeram o Japão e a China.
    O que os impedem de mergulhar nesse Salto para o Futuro?

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