Carlos Chagas
Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva e até Joaquim Barbosa, se aceitar, pensam disputar 2014 de olho em 2018. Contam, é claro, com duas variáveis: Dilma concorrer à reeleição e Lula esquecer a volta ao poder, ano que vem ou dali a quatro anos.
Ambas as hipóteses giram em torno do imponderável. A presidente vem recuperando sua popularidade mas não está livre de uma nova crise, igual à de junho passado, capaz de levar o PT a buscar a certeza de vitória no antecessor. O Lula tem dado provas de lealdade a Dilma, ainda que não afaste o Plano B, caso premido pela necessidade de preservação do poder pelos companheiros. Também não afasta a possibilidade do chamado retorno natural, que se daria após o segundo mandato da sucessora, ainda que tendo entrado na casa dos Setenta, possa sentir os percalços do tempo.
O problema desse raciocínio é de obstruir o caminho dos pré-candidatos acima referidos. Caso não sobrevenham inusitados, eles não tem chance nem agora nem depois, quer dizer, nem em 2014 nem em 2018. Falta-lhes um curinga no baralho, um perfil em condições de sensibilizar o eleitorado.
Governador de Minas por dois mandatos, com inegável saldo positivo de administrador, politicamente Aécio ainda aparece como “o neto do dr. Tancredo”. Não deslanchou através de uma proposta fundamental, como o avô dispunha da reconciliação do país com a democracia. Não apresentou, ao menos até agora, um programa de reformas, talvez pela certeza de que o neoliberalismo dos tucanos não empolga mais ninguém. Também não se anima a evoluir no campo das mudanças sociais ainda por conquistar, setor que mal ou bem é ocupado por Dilma e Lula.
Da mesma forma, a Eduardo Campos falta um carro-chefe. “Neto de Miguel Arraes” não basta. Governador de Pernambuco, com razoável respaldo no Nordeste, ainda não vendeu sua imagem para o resto do país, exceção das elites paulistas e arredores. O rótulo de “socialista” não se coaduna com seu conteúdo conservador, do qual não se livra, seja de caso pensado, seja por acaso. Também falta a ele aquela marca registrada de lideranças passadas, a começar pelo avô. É candidato para que? Qual sua plataforma? – indagariam os antigos.
Marina Silva é um caso à parte, pois uma característica ela possui faz muito, de defensora do meio ambiente e da preservação das florestas. Só que a ecologia, se não passou de moda, perdeu muito oxigênio. Afinal, não gera empregos de acordo com as necessidades nacionais, nem ajuda a melhorar a saúde e a educação públicas, muito menos constitui-se em passaporte para o crescimento econômico. Ao contrário, pode até prejudicar, se exageradas suas metas. Também à possível candidata falta dizer a que vem, na disputa pelo palácio do Planalto.
Outro que apresenta uma identificação pessoal é o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Confunde-se com o combate à impunidade e à corrupção. Pode ser pouco, na medida em que o eleitor quer promessas de realizações, mas já é alguma coisa, tamanha a indignação nacional diante da roubalheira. “Ladrões na cadeia” afigura-se a um slogan incompleto, em se tratando de um país com tantas carências. Mas sobressai no vazio dos concorrentes.
Em suma, aos pretendentes oposicionistas à presidência da República falta dizer a que vem. Quais seus planos e programas. São personagens à procura de um roteiro.
SEM CORRUPÇÃO E FRAUDE É IMPOSSÍVEL CRIAR UM PARTIDO POLÍTICO.
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Como não me sinto (como dizem) confortável com uma ou a outra conduta foi que abandonei o PMB – Partido Militar Brasileiro também em processo de criação.
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Ontem, logo cedo, deixei um comentário na internet. Com a devida licença, repito aqui:
“PLURIPARTIDARISMO, mais um MITO, HIPOCRISIA, CINISMO e INVERDADE LEGAL.
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(A Rede atira no que vê, mas acerta no que não vê)
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Não votarei em Marina ainda que num segundo turno com Dilma. Questão de desastre menor, só.
Razões superabundam:
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De LULA (presidente) para MARINA (ministra), com afeto e sem data vênia conforme Saulo Ramos, advogado e Consultor Geral da República em Código da Vida:
“Marina , essa coisa de meio ambiente é igual um exame de próstata: não dá para ficar virgem toda a vida. Uma hora eles vão ter que enfiar o dedo no cu da gente. Então companheira , se é para enfiar, é melhor que enfiem logo”
…
Há uma contradição em sempre pretender que se cumpra o escrito; que se cumpra a lei em seu estrito significado literal. Isto é reduzir toda a legitimidade à legalidade; legalidade que não está na letra fria dos textos legais, mas sim, na dolosa ação interpretativa de um Celso de Mello. Em paralelo, em campo oposto criticar insistente e desabridamente a conduta legalista que se defende. Todo extremo é perigoso. Certo que sem lei impera a desordem.
A autoridade que está no Direito Puro enquanto dita manifestação e expressão social é a mais forte fonte de opressão dos dias atuais. Opressão consentida por se saber que se com o Estado é ruim, muito pior sem ele. Queda-se no desânimo, na desesperança e na apatia.
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O voto deixa de ser instrumento de soberania no instante que atrelado a um sistema partidário intencionalmente corrupto. Passa a ser mera ratificação de escolha anterior tornando o poder político uma dança das cadeiras. O Estado passa a ser governado por um grupo, um PUG – PARTIDO ÚNICO GOVERNISTA desfigurado ideologicamente, sem cor, sem bandeira exceto a do poder pelo poder. Risca-se o “ORDEM E PROGRESSO” e insere-se no lábaro pátrio o desfortunado dístico “PODER PELO PODER” passando-se a égide da mentira do progresso com o progresso da mentira.
O mais contraditório é que segundo a Consituição (JUDAS, CIGANA, BOMBRIL e PROSTITUTA) o princípio é PLURIPARTIDÁRIO. Não suficiente, assentado sobre o oportunismo de um milionário FUNDO PARTIDÁRIO e TEMPO na MÍDIA. A contradição está em se amarrar, restringir por lei a soberania popular, portanto a livre opção ideológica e de associação partidária, a regras que tornam esta liberdade uma ilusão, um engodo, uma mentira. Acresce que se impedem candidaturas independentes.
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SEM CORRUPÇÃO E FRAUDE É IMPOSSÍVEL CRIAR UM PARTIDO POLÍTICO.
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A “LEI Nº 9.096, DE 19 DE SETEMBRO DE 1995” é contraditória em seus próprios termos:
TÍTULO I
Disposições Preliminares
Art. 1º O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal.
Art. 2º É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos cujos programas respeitem a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.”
Em seguida arrola em dezenas de prescrições um imenso rol de restrições à liberdade que apregoa nos artigos iniciais transcritos.
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Este cenário entrega o meio político à sanha diabólica de uma camarilha composta por empresários e profissionais da política que dominam e fazem do Estado despojos do assalto a ser repartido entre eles. Os “investidores”; o privado promiscui o público, deixa de haver república, de haver democracia, de existir o espírito de um Estado de Direito, mas o Direito do Estado.