Virgilio Tamberlini
E a presidente Dilma Rousseff continua caindo nas pesquisas… Levantamento realizado pelo Instituto Sensus e divulgado pela revista “IstoÉ “neste sábado mostra nova variação para baixo nas intenções de voto da pré-candidata do PT à reeleição.
Nas respostas estimuladas com todos os 11 candidatos, a petista registrou 32,2% das intenções de voto, ante 34% em abril, uma queda de 1,8 ponto percentual. Já o principal adversário, o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves – que deve ser oficializado neste sábado na convenção do partido – teve 21,5%, tendo subido 1,6 ponto percentual em relação ao levantamento anterior. A margem de erro da pesquisa é de 1,4 ponto percentual.
Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, aparece com 7,5% das intenções de voto, tendo oscilado para baixo menos de um ponto percentual, ou seja, dentro da margem de erro da pesquisa.
O grupo dos que não responderam, disseram que não votarão em nenhum dos nomes, vão votar em branco ou vão anular caiu para 28,8% ante 33,9% da pesquisa anterior.
SEGUNDO TURNO
Em eventual segundo turno, Dilma venceria Aécio por 37,8% a 32,7%, uma margem mais apertada do que os 38,6% a 31,9% de abril, mas dentro da margem de erro do levantamento.
Se fosse contra Campos, a vitória da petista seria de 37,5% contra 26,9%.
O Sensus ouviu 5 mil pessoas em 191 municípios, entre 26 de maio e 4 de junho.
Isto que a campanha ainda não começou. Existem hoje no Brasil, quase um milhão de empregos provisórios para cobrir a copa e que se extinguem na metade de julho. O que foi feito, até agora, para absorver este contingente de pessoas? Vão criar a bolsa “desempregados da copa”? Aos poucos o iceberg vai aparacendo.
Aliás, porque o PT proibiu a divulgação da entrevista do Aécio Neves no programa Roda Viva pelos canais da TV Cultura no Nordeste em 2 de junho?
Se a pesquisa ouviu, realmente, os 5000 eleitores, sua fidedignidade é um pouco superior ao do Datafolha.
A margem de erro continua subestimada, é só calcular e comprovar.
Com uma margem de erro de estimativa aproximada de 2% para cima ou para baixo, o que chama a nossa atenção, já que a inexistência do segundo turno foi superada, é que já está dando empate técnico no segundo turno entre a candidata Dilma e o candidato Aécio.
É só calcular.
Se continuar assim, nesta atual tendência de queda da presidente Dilma e de reação da oposição, como bem disse o Sr. Newton, o PT irá lançar Lula como candidato.
Perdão: em lugar de fidedignidade, aproximação. Assim: Se a pesquisa do Instituto Sensus ouviu, realmente, os 5000 eleitores, sua aproximação em relação ao quadro eleitoral é um pouco superior ao do Datafolha.
Na entrevista dada á Renata Lo Prete na Globo News. ontem â noite, o candidato senhor Aécio Neves, deu conta de que está preparado para a eleição. Ficou evidente que a jornalista não praticou a famosa entrevista vôlei, e o candidato se saiu bem mesmo quando imprensado com perguntas havidas como provocadoras, mas pertinentes às candidaturas.
Mas, o fato que deve ser destacado, foi o seu pronunciamento sobre a reeleição.
Ele é contra, e disse que, se eleito, trabalhará para sua extinção, na troca de aumento do prazo do mandato presidencial para 5 anos.
Minha opinião: como promessa de campanha, já está sendo um bom começo…
Segundo pesquisas Dilma ganha no primeiro turno, mesmo sozinha. Agora com partidos políticos apoiando ela vai às alturas. Sem dúvidas.
Um país bom pra cachorro
Escrito por Márcio Santana Sobrinho | 04 Junho 2014
A presidente Dilma disse na segunda-feira passada, em resposta às críticas feitas por Ronaldo “Fenômeno”, que “não temos complexo de vira-latas”. Os inimigos do governo estão dizendo que esse discurso foi cachorrada, mas ela falou sério — e dou razão.
Esse tal complexo poderia ser verdadeiro no passado, quando Nelson Rodrigues cunhou a expressão, rosnando e espumando em seu reacionarismo. Mas agora perdeu o sentido, caiu em desuso, os tempos são outros.
Nosso país está diferente. Vejam essas bandeirolas tremulando. É a Copa das Copas, e o tal complexo de vira-latas deixamos lá atrás, quando perdemos em casa. Dessa vez, em casa, só ganhamos porque ninguém vai levar estádio e aeroporto na mala — até porque nem ficou pronto.
Ter Copa em casa nos livra desse sentimento canino de inferioridade em relação ao resto do mundo. Alguns cães até ladram, mas a Copa não vai parar. O brasileiro aguarda o início dos jogos com a língua de fora, vendo pingar na máquina o caldo quente da propaganda. Está embriagado em sua paixão natural — e legítima, diga-se — pelo esporte. Pega a bolinha, pega.
Mas, roendo a outra ponta do osso, e sem querer ser hidrófobo, vemos algumas estatísticas que teimam em demonstrar, com o peso asfixiante dos números, que a propaganda ufanista apelando ao nosso orgulho é latido oco: o cidadão comum que vive no Brasil está mesmo revirando lixo, mesmo que não queira se enxergar dessa forma.
Ora, como péssimos cãezinhos amestrados, estamos, por diversos anos consecutivos, nos últimos lugares em rankings que medem a educação. O governo consegue gastar 280 bilhões sem ter uma única universidade entre as cem melhores do mundo.
Estamos na coleira quando o assunto é liberdade econômica. Somos o 114º país num total de 178, perdendo para o Quênia, Tunísia, Camboja, Tanzânia e Gabão. E se continuarmos em queda, não demora a chegarmos à categoria em que se enquadram, pela ordem, Coréia do Norte, Cuba, Zimbábue, Venezuela e Irã, campeões de repressão econômica.
No índice de desenvolvimento humano ocupamos a 85º posição entre 186 países. Isso significa que não somos os mais judiados de todos os cães, mas ainda estamos na rabada, e melhorando pouco.
Somos tosados em nossa liberdade de imprensa, ocupando a 108ª posição entre 179 países, e caindo! A cada oito dias é registrada uma violação grave à liberdade de expressão no país.
O Brasil é o primeiro dosdez destinos mais perigosos para um turista. Batemos o nosso próprio recorde de homicídios e temos um número absoluto de 56.337 mortes violentas por ano. Quem mora em Trinidad e Tobago, Angola, Quênia, Uganda, Congo, e Ruanda está mais seguro do que você neste momento. De fato, ninguém sai hoje de casa numa cidade brasileira sem o rabo entre as pernas.
Se quiser mais sarna para se coçar, confira os índices de percepção da corrupção,saneamento, saúde, impostos, suicídio epedofilia.
Estou de acordo, presidente: não temos complexo de vira-latas. Ou, pelo menos, não temos mais o direito à ilusão de nos imaginarmos inferiores ao resto do mundo. Nós já chegamos lá, na maior parte dos casos. Não é mais um complexo, é algo passível de demonstração estatística, e por diversos ângulos.
Mundo cão.
Márcio Santana Sobrinho é jornalista.