Supremo de frango

Sylo Costa

Cozinhe o frango em fogo brando em água e sal. Deixe esfriar, desfie e refogue com temperos a seu gosto: alho, cebola, paciência. Sirva com molho à base de caldo de galinha e duas colheres de raspas de queijos podres de nomes estrangeiros, cheios de consoantes. Coisa esquisita. Virei chef de cozinha? Não, é que fui a um restaurante ontem à noite, e foi servido esse prato, imposto pelo aniversariante, que também é seu proprietário, que contrata os cozinheiros e os 11 garçons, pessoas de sua máxima confiança. Ali, o regime de trabalho é diferente, todos têm contratos vitalícios, mas nem todos fazem jus a essa vantagem. No caso, come quem tem fome e obedece quem tem juízo. O tal supremo é uma saroba de hospital, parece cardápio de porco.

Papo estranho, não estou entendendo, talvez reclame o leitor. É, não dá para entender mesmo, a hora é de confusão, exige um cobertor para cobrir as bandalheiras que acontecem debaixo dos caracóis dos nossos cabelos. Vamos mudar o rumo dessa conversa de doido.

Vamos no popular: muito se tem falado sobre o processo de judicialização das nossas instituições. Essa anomalia se dá quando o Poder Judiciário começa a legislar no lugar do Poder Legislativo. Como aconteceu agora, no caso dos mensaleiros que foram autorizados a sair para trabalhar e apenas dormem na prisão.

O QUE DIZ A LEI?

E daí? Daí que está em vigor a Lei Federal 7.210, de 11.7.1998, cujo artigo 37 reza que o condenado só poderá obter esse benefício após cumprir no mínimo 1/6 da pena. Nesse caso, o Supremo Tribunal legislou porque mudou a lei.

Lei só pode ser alterada por outra lei, e quem faz lei é o Legislativo. O ministro Luís Roberto Barroso, que não é bobo nem nada, sabe disso. E sabe também que, nessa hora em que o governo ocupa o povo com o futebol, o país está dopado. Como disse Millôr, sem dúvida uma das três cabeças pensantes desse nosso país – nosso e da Fifa –, o “futebol é o ópio do povo”.

Em palestra proferida num seminário sobre direito e desenvolvimento, realizado pela FGV, no Rio de Janeiro, o hoje ministro José Roberto Barroso disse que “não é por acaso que o ativismo se expandiu”. Segundo Barroso, isso aconteceu pelas dificuldades enfrentadas pelo Legislativo. A retração do Legislativo, constatada, é ruim e representa um grave problema. “É preciso uma reforma política urgente, pois não há democracia sem um Poder Legislativo atuante” – será que ele descobriu isso sozinho?

TRAZER A PESSOA AMADA…

E chegou a brincar, ao falar sobre o controle da constitucionalidade: “A Constituição só não traz a pessoa amada em três dias”. Então, fica pairando no ar a pergunta: será que o ministro foi indicado para o egrégio Supremo porque sabe disso tudo e, mesmo sabendo, vota e faz tábula rasa da Constituição que ele jurou obedecer? E mudar a forma de provimento do STF, que tal?

E pensar que, se reeleita, a presidente poderá indicar durante o mandato mais cinco Ministros para o Supremo. Arre!

 

7 thoughts on “Supremo de frango

  1. Caro Sr. Sylo, de poder ao homem, e ele mostrará seu verdadeiro “EGO”.
    Parabéns pelo artigo, o JB, cometeu erros, com certeza, mais honrou a Srª Justiça, e para não continuar na “cloaca”, renunciou, para não ser humilhado pelas hienas, que já são 9, e a companheira Dilma vai nomear mais uma, e a Suprema, já e consolidará de vez a transformação para “pequena”. Um País, com uma Suprema desse quilate que aí está, é o “enterro da Srª Justiça”, que já está a “mando do Rei e Rainha”, em garantir os ladrões do “Cofre Público” “direitos que não dá aos 3Ps – pobre, preto e puta, por não terem milhões para as petições e guirlandas judiciais.
    Pobre País, que não tem JUSTIÇA.
    RUI BARBOSA, morre diariamente, de vergonha, em ver sua JUSTIÇA ESTUPRADA por quem tem obrigação e DEVER de HONRÁ-LA.

  2. Se o próprio autor reconhece no próprio texto, mais precisamente no segundo parágrafo, que não o escreveu para entendimento do leitor, ao contrário. ” a hora é de confusão ” segundo suas palavras. Parece-me mais prudente ficar com quem está habilitado e capacitado a interpretação do direito. Suas excelências, o coletivo de ministros do STF.

  3. Esse Sylo deve estar acostumado com as mordomias que lhe proporcionaram os “Gilmar Mendes” e acha que do lado do governo, tem idiotas para abdicarem do direito de indicarem os Ministro do Supremo, para que os corruptos de antanho os indiquem? Abusados que são, , depois d terem cooptado o Barbosa, se julgam capazes de continuar nomeando os Gilmar Mendes. Amanhã o Cachoeira terá uma frota de jatos a serviços de nao sei quem. Né Demostenes?

  4. Na razão direta que a claque petista acima se manifesta favorável a outro bandido, o traidor Zé Dirceu, então não tem moral para criticar a decisão do mesmo STF, que possibilita tratamento diferenciado aos criminosos do PT.
    Ué, “justiça” somente para os petistas?!
    Solta a camarilha vermelha, livre o ex-senador pelo DEM.
    Aliás, este é o víes estabelecido pelo partido quanto à justiça no seu entendimento, ou seja, os seus ladrões e canalhas impunes, porém, aos demais, o rigor da Lei.
    Então, tá!

  5. Sylo e Bendl,

    O texto da lei é clara. Não carece de interpretação. É saber ler e mais nada.
    1/6 é aritmética, logo não precisa de interpretação. A professora primária da esquina diz o tempo inerente ao cumprimento da pena em regime fechado. Não há necessidade de interpretação nem o auxílio de nenhum doutor advogado reprovado em concurso público.
    Tem gente despreparada ou analfabeta funcional, querendo baderna!
    SDS
    Vitor.

  6. Caro Francisco Bendl, não façamos como a petralhada que gosta de generalizar (para tentar tirar proveito, claro). Afinal, um deles até hoje não se conforma de ter perdido a boquinha que tinha alugando linhas telefônicas, mas parece que conseguiu dar a volta por cima, pois é filiado ao pmdbandido.

Deixe um comentário para Francisco Bendl Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.