Carlos Chagas
Uma ideia, depois de pensada, coloca em ação engrenagens incapazes de regredir, mesmo se quem pensou pretender guardá-la apenas para si, porque ela passa a pertencer à Humanidade. Ou o pensador, para pensar, não se valeu de fatores externos, como ter sido alimentado enquanto criança, frequentado a escola, lido livros e ouvido conselhos?
Multiplique-se a expressão “ideia” por descobertas, soluções, criações, empreendimentos de toda ordem e, em especial, movimentos populares.
Essas referências se fazem a propósito das manifestações que explodiram em junho, primeiro no Rio e em São Paulo, depois no país inteiro. Não dá para voltar atrás e pretender que não tenham existido. Ou imaginar que não vão continuar.
O problema está em que seus primeiros artífices , os jovens da classe média, não mais dominam a reação por eles iniciada. Acima dos protestos físicos e nem sempre pacíficos, alastrou-se por toda a sociedade um sentimento irreprimível por mudanças profundas no modo de vida do conjunto. A sensação de poder expor seus reclamos estendeu-se por todas as camadas sociais.
É esse fenômeno que nem o Executivo, nem o Legislativo e nem o Judiciário compreenderam até agora. Suas cúpulas agem como se tivesse havido uma inusitada crise de soluço na população, capaz de ser curada com bolsas de água quente, ou seja, com paliativos.
Ressentem-se com a inevitável reação nas ruas e no máximo temem as próximas eleições, certos de que irão desaguar apenas nas urnas futuras a inconformidade e a indignação nacionais. Deveriam preocupar-se, porque falta mais de um ano para o povo votar, interregno capaz de trazer desagradáveis surpresas para eles.
Não basta o governo promover sucessivas reuniões com líderes parlamentares. Nem mesmo ficar a presidente da República viajando como nunca pelos municípios, apresentando projetos e inaugurando obras. Muito menos parece suficiente deputados e senadores votarem reformas restritas e insuficientes. Até o Supremo Tribunal Federal deveria tomar cuidado com a protelação do cumprimento das sentenças expedidas aos réus do mensalão.
Tudo são paliativos, vale repetir, executados pelos que não entenderam que o povo pensou uma ideia nova, impossível de ser regredida. No caso, a de materializar seus protestos agindo pelas próprias mãos. Numa dessas próximas e continuadas manifestações poderá dar-se a ruptura. A explosão depois da qual, com os inevitáveis excessos, emergirá uma nova sociedade.
LIÇÕES DE ALEXANDRE
No antigo Império Persa, que vinha conquistando, Alexandre recebeu proposta do rei Dario, oferecendo a paz e a divisão do poder entre eles. Parmênio, o segundo em comando, disse que se seu nome fosse Alexandre, aceitaria a proposta. Alexandre retrucou que se chamasse Parmênio, também aceitaria. E rejeitou o pedido de paz, acrescentando já ter a Pérsia na mão e não pretender dividi-la com ninguém.
Conta-se o episódio a propósito do convite que o PSDB fará ao ministro Joaquim Barbosa para ser o vice de Aécio Neves. O presidente do Supremo não gosta de dividir o poder…
O HoMeM do Mapa da Mina, o Fato Novo de Verdade, poderá ser o Candidato da Esquerda puro sangue em 2014, pela Mega-Solução.
Os projetos novos e alternativos de nação e de política-partidária-eleitoral estão sendo cuidadosamente estudados por lideranças de segmentos político-partidários da Esquerda puro sangue, que, a qualquer momento, poderá anunciar o HoMeM do Mapa da Mina do bem comum do povo brasileiro como candidato alternativo ao continuismo da mesmice até aqui praticado pela situação, oposição e gollpismo-ditatorial. Tremei, continuistas da mesmice, o HoMeM veMM aí. Unam-se ao HoMeM, ou fujam da raia enquanto há tempo, porque de 2014 o continuismo não passa. O Bicho vai pegar. E quem avisa amigo é, diz a sabedoria popular.