
Mota, um dos maiores poetas pernambucanos
Paulo Peres
Poemas & Canções
O advogado, jornalista, professor, memorialista, cronista, ensaísta e poeta pernambucano Mauro Ramos da Mota e Albuquerque(1911-1984), no poema “Construção”, fala da vida difícil dos moradores pobres do interior do país.
CONSTRUÇÃO
Mauro Mota
Vem vindo José Maria,
vem de São Bento do Una,
vestido de roupa cáqui
e de botinas reiúnas.
No conselho de família,
só encontra a hierarquia
do avô cabo de polícia.
O pai na barbearia
do povoado trabalha,
mal completa o pagamento
da prestação da navalha.
Vem vindo José Maria,
o amarelinho de São Bento
do Una, sem genealogia.
Vem montado no jumento.
Saiu da escola. (Não tinha
nem livros nem fardamento.
Aprendeu a ler sozinho.)
Oh, que infância sem infância,
essa do José Maria!
Entrava na terra o casco
do seu cavalo de pau,
que o cabo da enxada era
a escoiceante montaria.
Tirava leite das vagas,
mas o leite não bebia.
Os animais da fazenda,
com que doçura os tangia!
Carregava areia e lenha
com o gosto do engenheiro
que uma obra construía.
Foi bicheiro e negociante
de passarinhos na feira.
Vendeu frutas e roletas
nas festas da Padroeira.
Lavou frascos na botica,
lavou os pratos do hotel,
fez os serviços miúdos
da casa do coronel.
– Pega o carneirinho mocho
para Jorginho montar.
– Vê se a novilha cinzenta
já voltou para o curral.
– Leva o peru para a ceia
do Doutor pelo Natal.
Vem vindo José Maria
vem de São Bento do Una,
vestido de roupa cáqui
e de botinas reiúnas.
Puxa ainda o seu jumento,
remexe nos caçuás.
Carrega barro e madeira
para a construção que faz
com alicerces na poesia
dos desesperos rurais.
1) Grande Mota, ótimo poeta, bom escritor.
2) Aproveito para saudar o Mequinha, time de futebol nas cores verde e branca do Recife:
3) América Futebol Clube !
4) O hino diz: “verde da Esperança e branco da Paz”.
Quase 20 anos de PT, e a poesia continua atual….
O que aconteceu com o Ultra 7? 🙂
De que é feito um poema?
Não é o tema que faz o poema
Mas sim a inspiração do poeta,
A qualidade da frase engenhosa,
A rima que dá cadência á prosa,
E a mente a que a poesia afeta,
A do leitor, que sonha como o poeta.
Gênio e genial!