Vetos e opiniões acabam tornando Bolsonaro o anticandidato de si mesmo

Charge do Aroeira (diariodocentrodomundo.com.br)

Pedro do Coutto

O presidente Jair Bolsonaro apresentou vetos à Lei do Orçamento para este ano num montante de R$ 3,1 bilhões, percentual muito pequeno diante do total orçamentário de R$ 4,8 trilhões , mas atingindo setores muito importantes da administração pública e preservando R$ 5 bilhões para o fundo eleitoral e R$ 16 bilhões para as emendas dos orçamento quase secreto de senadores e deputados federais.

No O Globo, a matéria é de autoria de Daniel Gullino, Gabriel Shinohara e Fernanda Trisotto. Na Folha de S. Paulo, de Idiana Tomazelli e Matheus Vargas. No Estado de S. Paulo a reportagem é de Eduardo Rodrigues, Daniel Weterman e Luci Ribeiro.  

CORTE – Os vetos atingiram fortemente o Ministério do Trabalho, englobando a Previdência Social, o Ministério da Educação e recursos para hospitais universitários. No caso da Previdência Social, o alvo foi o INSS, alcançado por um corte de R$ 890 milhões. O Ministério da Educação levou um torpedo de R$ 739 milhões.

Quanto ao INSS, a repercussão será enorme, sobretudo porque há necessidade de recursos adicionais para que o Instituto atenda 1,8 milhão de requerimentos de aposentadorias, pensões e também de perícias médicas. Há uma carência de pessoal na Previdência e boa parte causada pelo número de aposentadorias  de servidores.

O presidente Jair Bolsonaro, a meu ver, torna-se assim o anticandidato de si mesmo nas urnas de outubro, pois a cada ato praticado, ele atinge comunidades que prejudicadas  certamente reagirão pelo voto. Geralmente os candidatos fazem  o contrário. Nos períodos eleitorais procuram ir ao encontro da população. O presidente da República faz exatamente o contrário. É só ver os fatos e expô-los à luz da realidade.

REAÇÃO – Bolsonaro manteve no orçamento uma dotação de R$ 1,7 bilhão para reajuste de servidores. Mas especialistas acentuam que essa parcela não pode cobrir reposição inflacionária geral para o funcionalismo da União. Ele, Bolsonaro, está voltado para conceder reajuste apenas à Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Polícia Judiciária, o que vai, como é natural, causar forte reação contrária junto às demais categorias do funcionalismo público, sem reajustes há anos. Enquanto isso, os preços sobem diariamente.

Conforme já comentei, o governo tem uma política liberal para os preços e restritiva para os salários. O processo está se refletindo na fome e na queda do consumo, incluindo os supermercados. Em matéria de reajustes para categorias funcionais, Manuel Ventura, O Globo de ontem, comenta a questão.

É claro, que todos esses atos de Bolsonaro revertem contra ele junto ao eleitorado, junto à opinião pública. A queda de renda do trabalho é um fato. Na noite desta segunda-feira, a GloboNews divulgou que 51% da população brasileira encontra-se nos segmentos D e E, que figuram na base das pesquisas eleitorais do Datafolha e do Ipec e baseiam os seus levantamentos na renda da população.

VACINAÇÃO – Bolsonaro perdeu pontos, mais uma vez, com a sua posição nitidamente contrária à vacinação das crianças de 5 a 11 anos de idade, como aliás de forma absolutamente ilógica criou obstáculos ao próprio processo de vacinação a partir de 2020, quando se registraram os primeiros casos. Vetou a aquisição da Coronavac, determinando ao ministro Eduardo Pazuello que anulasse a encomenda, em seguida colocou barreiras à oferta da Pfizer.

Entretanto, acreditou na eficácia da Covaxin cuja intermediação entre o laboratório e o Ministério da Saúde era realizada pela Prática, uma empresa que desejava uma antecipação de US$ 45 milhões e cujo histórico era muito ruim em matéria de relacionamento com a própria pasta da Saúde.  A intermediação era um absurdo.

REAJUSTE – Mas as contradições de Bolsonaro não terminam neste elenco de fatos. Ele agora, revela Paulo Saldaña na Folha de S. Paulo, volta-se para barrar o reajuste de 33% no piso dos professores e professoras que atuam no Fundeb. A legislação do Fundo de Educação Básica prevê reajustes na mesma proporção do crescimento   do número de alunos.

O presidente da República estuda editar Medida provisória contra essa correção salarial. É claro que a repercussão em matéria de voto não será das melhores.Bolsonaro até hoje não fixou nenhum projeto de interesse coletivo voltado para um sentido construtivo. Esses são os fatos mais aparentes que revelam uma impossibilidade de Bolsonaro ser reeleito este ano.

São muitas convergências que desabam sobre o presidente da República que demonstra  não estar preocupado com a  popularidade e a rejeição ao seu governo. Se estivesse, logicamente o seu comportamento seria outro.

DESTEMPERO -  Numa entrevista publicada na segunda-feira pelo Estado de S. Paulo a Lauriberto Pompeu e Felipe Frazão, o ex-juiz Sergio Moro partiu para o ataque a Bolsonaro. Em encontro com investidores, sustentou que o destempero de Bolsonaro abalou a economia brasileira.

Moro centralizou a sua bateria contra o presidente, numa tentativa de superá-lo e enfrentar Lula da Silva num segundo turno. Mas a tarefa é difícil, sobretudo porque a tendência que se confirma em setores da opinião pública  é a de que o ex-presidente, se o pleito fosse hoje, venceria no primeiro turno.

11 thoughts on “Vetos e opiniões acabam tornando Bolsonaro o anticandidato de si mesmo

  1. É o que sempre tenho escrito aqui nos comentários: Pior do que um sujeito burro é um sujeito burro motivado!
    Bolsonaro quer o bem do Brasil, porém ele não tem conhecimento de nada. A ainda por cima cercou se de iguais a ele.
    E se alguém pensar diferente torna se inimigo.
    Nem será necessário muito esforço para ser derrotado.

  2. Pronto, acharam a definição condizente com a realidade
    Um sujeito burro: O LULA.
    Um sujeito burro motivado: O BOLSONARO.
    Que venha a terceira via, porque essa dupla ai, vai fazer com que demos os burros n´água.

    • O mito é sempre o mesmo, já não surpreende mais ninguém. Não veta o Fundão Eleitoral mas veta o reajuste dos professores do ensino fundamental e médio. Reajusta policiais mas não os servidores civis, vai se reeleger como?

  3. Os tarados contra as vacinas, não vão arredar pé das suas convicções. Preferem a contaminação do que a vacinação.
    Seguem a liderança do Mito.
    Que fazer,?

  4. Pedro do Couto
    O corte de quase 1 bilhão do Orçamento da Previdência Social, para este ano, indica que tanto Bolsonaro quanto Paulo Guedes não gostam dos Aposentados. Vai faltar dinheiro para atender as demandas dos brasileiros que precisam do Auxílio Doença, de Perícias Médicas. Estão apostando no caos e no sofrimento dos que precisam do INSS, justamente o povo pobre.
    Que falta de humanidade. Como pode uma pessoa, que faz esse corte absurdo, ainda vem falar em Deus, Família e Pátria?
    Pura falácia e palavras ao vento. O povo evangélico também sofre na pele, os efeitos dessa política anti social. Não adianta os pastores defenderem o governo nos cultos, pois a realidade, ninguém muda com discurso.
    Outra coisa, os cortes na Educação, demonstram, que esse governo não tem compromisso com os brasileiros que frequentam as Escolas Públicas. Com isso, condenam a classe trabalhadora, a ficar excluída da nova matriz tecnológica baseada Robótica, na Automação, e na Informática.
    Não temos computadores individuais para os alunos das escolas públicas. Na China e no Japão, além de tablets são oferecidos o 5 G para todos se conectarem.
    Nosso país, vai ficando para trás, de retrocesso em retrocesso.
    Será que ainda têm almas aqui, que concordam com isso?

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