
Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)
Luiz Felipe Pondé
Folha
Seria Jesus um místico? Nada do que direi aqui pressupõe qualquer debate teológico acerca do que significa a figura do Cristo para os cristãos. Trata-se, apenas, de um diálogo com dois grandes especialistas no “profeta de Nazaré”, como um dos dois autores aqui se refere a Jesus Cristo.
Mas, antes, um reparo. O que significa dizer que alguém é um místico? O substantivo “mística” já é, por si só, um objeto de alta credencial teológica, filosófica e histórica, que demanda repertório consistente e vasto se quisermos entender pelo menos um pouco acerca desse fenômeno que atravessa muitas religiões.
VEM DO GREGO – O substantivo é comumente derivado da palavra grega “mystikós” —em transliteração, significaria algo como “iniciado”, “oculto”. Ao longo do tempo, no mundo cristão, especificamente, a palavra, na sua versão adjetiva ou substantiva, se transformou.
Segundo um dos maiores historiadores da mística cristã, Bernard MacGinn (nascido em 1937), o termo “mística” ou “místico” foi, de início, usado no nascente cristianismo como um adjetivo qualificativo para textos sagrados nas suas camadas mais profundas de interpretação.
Com o tempo o uso migrou para a transformação da consciência do leitor mergulhado nos textos sagrados, para finalmente chegar ao adjetivo usado para pessoas que teriam uma experiência direta com Deus. Esse uso vai se tornar usual e conceitual a partir dos séculos 13 e 14 até o uso canônico no século 15 e adiante.
A PRESENÇA DE DEUS – Sua obra com diversos volumes chama-se “The Presence of God, a History of Western Christian Mysticism”, que tem vários volumes traduzidos em português, até onde sei.
Portanto, quando se usa o adjetivo “místico” para Jesus, se quer dizer que ele esteve imerso em alguma tradição religiosa em que a ideia de estar face a face com Deus — ou numa experiência direta de conhecimento de Deus — estava presente. Evidentemente, essa tradição religiosa é a judaica.
Um dos autores, Pierluigi Piovanelli, professor de judaísmo antigo e origens do cristianismo da Universidade de Ottawa, no Canadá, identifica essa tradição como sendo a mística judaica, típica do período do segundo templo israelita de Jerusalém em que Jesus viveu.
MOISÉS E JESUS – O outro autor, o teólogo Joseph Ratzinger, papa Bento 16, que dispensa apresentações, localiza Jesus na linhagem da mística mosaica em que Moisés é visto como o único que viu Deus face a face no Sinai, segundo a narrativa bíblica, e que Jesus teria ido além nesse tipo de visão direta de Deus, por ser ele mesmo, o seu filho.
A obra-chave de Piovanelli sobre o “Jesus místico” é “Le Jésus des Historiens: Entre Vérité et Légende”, ou o Jesus dos historiadores, entre verdade e lenda, sem tradução no Brasil, até onde sei.
Nessa obra, o autor afirma que Jesus era um místico da tradição da “merkava”, ou carruagem, em transliteração para o português.
NA CARRUAGEM – Aqui a alma do místico viaja numa espécie de carruagem que a leva a dimensões, mesmo perigosas, em direção ao trono de Deus no reino dos céus. Essa tradição, marcadamente visionária, é apontada pelo autor em inúmeras passagens em que são descritas visões extáticas de Jesus —ou sobre ele— no evangelho.
Seu batismo e a descida do espírito santo sobre sua cabeça como uma pomba. As tentações no deserto e as visões que o Satanás o faz contemplar.
As inúmeras referências à “Casa do Pai” e suas moradas e ao “Reino de Deus”. A transfiguração do Cristo no monte Tabor. Segundo Piovanelli, esse repertório fez de Jesus alguém que falava uma língua reconhecida pelos judeus à sua volta. Daí, seu carisma.
JESUS DEUS – Já a obra de Ratzinger é “Jesus de Nazaré, do Batismo no Jordão à Transfiguração” (ed. Planeta). Trata-se, mais especificamente, do prefácio e da introdução deste que é o primeiro volume dos três tomos dessa obra.
Aqui Ratzinger faz uma crítica metodológica sobre a abordagem histórico-crítica da Bíblia, sem recusá-la obviamente. Mais especificamente a “obsessão” pelo Jesus histórico em detrimento do Cristo da fé, para ele, uma figura muito mais ligada à leitura teológica interna da Bíblia —o que ele chama de “exegese canônica”— e o aporte posterior que construirá a ideia do Jesus Deus, do que a figura meramente histórica do profeta de Nazaré.
Nesse sentido, ele defenderá a ideia de que Jesus falava com Deus e via sua face diretamente, como é narrado em vários momentos do Evangelho, radicalizando aquela intimidade que Moisés tinha com Deus. A mística é uma forma de intimidade com Deus, sempre. Nada nesse tipo de reflexão diminui o caráter divino do Cristo para os cristãos, apenas o situa na tradição judaica de então.
Seria.
“FACE A FACE COM DEUS”, todos e todas, ficamos todos os dias, e tb com o Diabo, tipo caras-metades, neste mundão de Deus, Nosso Senhor, mas que, às vezes, parece tb do Diabo, à vista até da ruindade natural de muitas criaturas, das hostilidades e adversidades, com algumas das suas criaturas, feitas à sua imagem e semelhança, como diz a Bíblia, que no caso aprendeu a raciocinar face à complexidade do seu próprio cérebro, perguntando-lhe o que Ele, o Deus Criador, que não me parece sádico e nem masoquista mas apenas caprichoso, não importa o método, quer de nós além da procriação tipo perpetuação da espécie, tipo criaturas com prazo de validade, com começo, meio e fim, movida neste quesito a muita progesterona, muita testosterona e muito tesão que na juventude até parece não ter fim, mas tem, e é aí que a criatura sente que a sua missão fisiológica acabou, restando a impressão de que o negócio Dele, do Criador, conosco é apenas nos usar como instrumento dos seus próprios desígnios, muito mais fisiológico, tendo em vista a perpetuação da espécie no Planeta, a nossa Casa natural, não obstante as hostilidades e as adversidades naturais, com os mais fortes devorando os mais fracos, daí em diante são os nossos sentimentos humanos, bons e ruins, em parceria com a capacidade extraordinária de raciocinar, sem limites pra sonhar”, que tem que fazer a diferença por contra própria, começando pela missão n. 1 de preservar a nossa própria casa natural, dentro da qual devemos nos ajeitar e se acomodar com sabedoria para que todos tenham vida em abundância, cuidando do nosso Planeta, o nosso habitat natural, para que todas as demais missões possam ser reveladas pelo tempo e pela evolução da espécie…, não apenas como propósito do Criador mas tb para saciar a nossa própria curiosidade quando ao futuro que continua sendo descortinado por nós, pelas novas, próximas e futuras gerações, crentes de que o melhor está por vir e tudo depende de nós, simples mortais, porém criaturas sem iguais no universo sideral…, “cada quá com o seu saraquá”, em sendo a vida uma questão de escolhas e consequências, pitadas de sorte, em cada cabeça uma sentença e o que é de gosto regalo da vida, como já diziam os nossos bisavós, avós, pais e mães… Bora pra frente que atrás vem gente, com a Democracia Direta e a Meritocracia, com Deus na Causa, pedindo passagem para retomar o legado de Cristo, o primogênito, para partir de onde Ele parou, ou foi parado pela patota mentirosa do Diabo, tal seja do “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, acrescentando-lhe, e ao Homem o que é do Homem, dos Filhos e Filhas de Deus… https://www.tribunadainternet.com.br/2025/07/13/seria-jesus-cristo-um-mistico-judeu-que-ficou-face-a-face-com-deus/#comments
Hoje os mîsticos foram suplantados.
Impera a mistificação.
Tanto na religiosidade quanto na politicagem.
Quem vê aqueles 11 deuses no Olimpo de Brasîlia e duvida que lideram uma seita de extrema hipocrisia?
Afinal, supra-deuses, arquijuízes jamais precisarão do povo que exploram de forma vitalîcia, ditatorial, sem voto.
Interessante essa narrativa Jesus Cristo … Realmente as 2 naturezas são discutidas desde sempre.