Mulheres desprezaram Kamala e apoiaram o machista Trump

Ministras de Lula comemoram candidatura de Kamala Harris - Política -  Ansa.it

Mulheres brancas preferiram votar em Trump, o misógino

Wálter Maierovitch
Do UOL

São muitos os temas para comentários depois da surpreendente lavada eleitoral sofrida pelos democratas, um partido dividido internamente entre radicais e centristas, com pouco espaço para os progressistas.

Mais ainda, o Partido Democrata cedeu à vontade de Joe Biden, num acordo em que constou a desistência em concorrer, em troca da indicação de Kamala Harris. Uma espécie de prêmio de consolação ao abrir mão de disputas primárias.

VOTO FEMININO -O ponto que me chama a atenção —e aterroriza quando estão em jogo a sensibilidade humana e a igualdade de todos— diz respeito à escolha feita pelas mulheres americanas.

Todas essas mulheres eram capazes de perceber que Trump é um estridente misógino e machista. Em outras palavras, ele desvaloriza as mulheres e acha os homens mais capazes.

Um de tantos exemplos está no episódio da sua condenação criminal, com sentença a ser publicada neste mês. Trump mostrou a alma e a cara, ao não assumir a responsabilidade e mentir. Processualmente, considerou e expôs negativamente a empresária contratada para serviços sexuais. Sua equipe de campanha a rotulou de “porn star”. Trump desacatou e desafiou até o juiz presidente das audiências.

ENTRE AS BRANCAS – As mulheres brancas representam 37% do total do eleitorado —é o maior grupo de eleitores dos EUA. Desse grupo, calcula-se, 47% votaram em Kamala Harris. Donald Trump foi bem mais votado, com 52%.

Entre mulheres e homens hispânicos, Trump recolheu 54% dos votos, conforme cálculo da NBC News. Neste caso, é preciso lembrar da bola fora de Trump em comício da Pensilvânia, quando humilhou e ofendeu a honra dos porto-riquenhos. As mulheres afro-americanas também abandonaram Kamala. Idem em relação aos homens afro-americanos.

Tanto as hispânicas, quanto as afro-americanas, a incluir os seus parceiros, foram egoístas, pois votaram com base no discurso contra a imigração de Trump. Esqueceram o passado e sufragaram o presidente eleito.

HEROICA KAMALA – De nada adiantou a origem de Kamala e a sua incansável e heroica luta em defesa da liberdade das mulheres.

Kamala, na sua agenda eleitoral, colocou o aborto como uma das prioridades. Nas eleições do meio do mandato presidencial (“midterm”), Kamala empenhou-se pela manutenção da decisão da Corte Suprema, no chamado “case” Roe X Wade. Idem quando era senadora pela Califórnia, onde, aliás, venceu Trump.

A respeito do “case”, a Corte Suprema entendeu, em 1973, que a Constituição protege a liberdade individual das mulheres e lhes garante a opção de fazer aborto, sem que haja nenhuma restrição por parte dos governos.

ELA E HILLARY – As mulheres americanas, pela segunda vez, deixaram passar a oportunidade de ter uma representante na presidência dos EUA.

Anteriormente, em 2016, já vacilaram com Hillary Clinton. Naquela ocasião, Hillary conquistou apenas 11% de vantagem no eleitorado feminino.

Volto a frisar: desde a eleição de 2016, as mulheres representam 30% do total de eleitores. Hillary teve 45% dos votos das mulheres, e Trump saiu com 47%, na ocasião.

Será que vingou o discurso de Trump quando afirmou que “Deus poupou a sua vida para salvar a América”? Essa frase, no X de Elon Musk, teve 2 bilhões de visualizações.

PANO RÁPIDO – James Madison, o pai da Constituição americana promulgada em 1787, escreveu o capítulo dos Direitos e Deveres. Tinha em mente a liberdade, a igualdade e o Estado laico. As mulheres, na sua maioria, trocaram os ideais de Madison pelo engodo de Trump, que o interesseiro Musk elogiou: “You are the media now (“você é a mídia agora”).

Na obra intitulada “A Constituição Americana e o seu Criador”, publicada com tradução brasileira em 1963, as duas autoras, Katharine Wilkie e Elizabeth Moseley, concluíram: “Na sua juventude, [Madison] sonhou com uma nação unificada, cujo povo fosse livre. Na maturidade, elaborou a Constituição. Nela, estavam contidos os ideais da sua juventude. Todos os anos da sua vida foram dedicados a esses ideais e ao país que amou e tão bem soube servir. Sem a menor dúvida, foi um homem que conseguiu realizar os seus sonhos”.

As mulheres americanas preferiram Trump, um misógino e hedonista, a Kamala. Ofenderam a memória de Madison.

12 thoughts on “Mulheres desprezaram Kamala e apoiaram o machista Trump

  1. Há.. Há…Há…Mais uma besta elevada a centésima potência…vomitando seu ódio contra as mulheres americanas pelo simples motivo de usarem dos seus direitos de consciência e equilíbrio. E me vem essa degenerada citar Madison…Há…Há…Há ..Há…( olha…quando alguém nada sabe do contexto histórico do que foi aquele tempo histórico pré independência das 13 colônias…é melhor ir dormir…lavar pratos…etc…Há.. Há.. Há…).
    É notório o ódio desta besta humana que não aceita que alguém use seu direito livre de consciência…insensata insiste neste idiota confronto entre sexos…Mais o choro é livre…feminista IDIOTA…perde o pleno raciocínio lógico e fica na idiota comparação de opinião e livre exercício de consciência.
    Maldita degenerada.

    YAH O ALTÍSSIMO NOSSO CRIADOR E SALVADOR SEJA LOUVADO SEMPRE…

  2. As faculdades de direito costumam estudar o caso Marbury x Madison. Eu entendi a referência mas não entendi como o articulista deixou passar “hoje as mulheres representam 30% do eleitorado”. Seria 50%,eu acho. Se as mulheres não votaram em uma mulher pode ter sido por causa das políticas dos democratas, as cenas de morte de mulheres e crianças em Gaza com a resposta americana “os Israelenses tem 30 dias para deixar entrar ajuda” foram medidas muito mal recebidas pela população. Eu acho que o maior motivo da derrota foi por causa do voto de protesto e não por apoio aos republicanos.

  3. Do Claudio Humberto.
    Perdedores
    Ao longo do ano, nas redes de TV ABC, NBC e CBS, foram positivas 86% das notícias sobre Kamala Harris e negativas 89% das notícias sobre Donald Trump. Tomaram uma surra do povo norte-americano.

    • Do mesmo site.
      Panamá julga ex-presidentes acusados na Lava Jato
      O Brasil vive a expectativa de um novo vexame internacional. Enquanto os brasileiros convivem com a rotina de descondenação de políticos ligados ao Partido dos Trabalhadores enrolados em crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, outros países punem seus ladrões denunciados pela Lava Jato. Nesta quarta-feira (13), o Panamá irá julgar dois ex-presidentes do país, Ricardo Martinelli e Juan Carlos Varela, e mais 34 acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
      Suborno onipresente
      As acusações na justiça panamenha se referem a negócios envolvendo a brasileira Odebrecht, empreiteira que mudou de nome após o escândalo.
      Peru não perdoa
      Recentemente, o Peru condenou o ex-presidente Alejandro Toledo a 22 anos de prisão por crimes denunciados na versão peruana da Lava Jato.
      Cadeia nos EUA
      Nos Estados Unidos já são vários os condenados que cumprem pena por crimes denunciados na Lava Jato, operação desmantelada no Brasil.

      Cláudio Humberto

      Voltou a viralizar nas redes o paralelo de custos da família real britânica aos da “realeza” dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2022, a realeza de verdade custava, na cotação da época, R$601 milhões, um quarto de bilhão de reais menos que os R$851,7 milhões dos “monarcas” do STF. Esse valor foi para R$897 milhões em 2024 no Brasil e R$648 milhões no Reino Unido. Em 2025, o STF irá arrebentar com R$953,8 milhões rivalizando aos R$980 milhões da turma do rei.

  4. A unanimidade midiática confirma que toda unanimidade é burra.
    Nelson Rodrigues sabia das coisas.
    Kamala perdeu e deixou metade de planeta chorando, mas como na natureza do escorpião demoniza Trump.

    O tanto de chorões pela derrocada já sugere ser maior que a corte de eunucos do rei Xerxes.

  5. Quanto ao voto das mu8lheres, o que preponderou foi a situação econômica das famílias. Já escrevi várias vezes sobre isso. Parece que minhas opiniões coincidem com as de muitos analistas. O fascismo revisitado está ganhando espaço entre a população, porque o discurso é cativante e é uma esperança de retorno aos tempos melhores. Mas a reversão é muito difícil, pois com o avanço da tecnologia a mão de obra humana não é tão essencial em muitos setores.

    “Os EUA continuam sendo o país mais rico do mundo, mas perderam o protagonismo e a influência que tiveram no pós-Segunda Guerra e no período logo depois do colapso da União Soviética.

    “Os EUA promoviam o liberalismo quando eram os grandes competidores internacionais na produção de manufaturados”, pontua Armando Castelar.

    “Queriam promover porque eram exportadores. Conforme essa competitividade vai desaparecendo, a motivação vai desaparecendo também.”

    Do ponto de vista dos eleitores, a transição de uma economia baseada na manufatura para uma economia de serviços é “dolorosa”, diz o economista-chefe da Genial Investimentos José Márcio Camargo, e ajuda a explicar porque o discurso do republicano tem apelo entre uma fatia grande da população.

    “Não é uma transição suave. A demanda por trabalho pouco qualificado diminui, e isso vira um problema político”, ele completa, referindo-se ao desemprego gerado pela transferência de parte da produção para outras regiões do planeta.

    Nesse sentido, para o economista Francis Fukuyama, o grande recado das urnas neste 5 de novembro foi a rejeição dos americanos ao liberalismo.

    Em um artigo no no jornal britânico Financial Times, ele avalia que a história americana vive uma nova fase e que o segundo mandato de Trump tem potencial ainda maior do que o primeiro para ser um divisor de águas.

    “A extensão da vitória republicana, da Presidência ao Senado e provavelmente também à Câmara dos Deputados, será interpretada como um forte mandato político que confirma estas ideias e permitirá a Trump agir como bem entender.””.

    https://www.bbc.com/portuguese/articles/cjr4lye5nn0o

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