Paulo Cappelli e Augusto Tenório
Metrópoles
O destino de Bolsonaro está na caneta do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que vai decidir se formalizará ou não denúncia contra o ex-presidente. A atuação do chefe da PGR tem sido marcada pelo equilíbrio, com argumentos técnicos, nos inquéritos que apuram atos antidemocráticos e a suposta tentativa de golpe de Estado.
Apoiado por Alexandre de Moraes para comandar a PGR, Paulo Gonet já demonstrou independência. Embora sejam muitos os pontos de alinhamento com o magistrado, Gonet já emitiu pareceres que divergiram frontalmente de decisões do ministro, relator dos processos que miram Bolsonaro no STF.
CASO COSTA NETO – Em uma dessas divergências, o procurador-geral ponderou não haver necessidade de medidas cautelares contra o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, como a proibição de contato com Jair Bolsonaro e o impedimento de viajar para fora do Brasil. Eles foram alvo, em fevereiro, de uma operação sobre o 8 de Janeiro.
Em julho, o magistrado mandou prender cinco suspeitos de espionagem ilegal, apesar de outro parecer contrário da PGR. Paulo Gonet também recorreu de decisões que anularam condenações de José Dirceu e do empreiteiro Marcelo Odebrecht no âmbito da Lava Jato.
Agora em novembro de 2024, Moraes ignorou um parecer da Procuradoria-Geral da República que apontou como “incapaz” por transtornos mentais um preso nas manifestações. O ministro determinou o avanço do processo, optando por manter a prisão do réu.
PARCIALIDADE – Em março, o mesmo Paulo Gonet emitiu parecer contrário ao pedido de Bolsonaro para afastar Alexandre de Moraes do inquérito sobre a suposta tentativa de golpe. “O STF considera que as arguições de impedimento pressupõem demonstração clara, objetiva e específica da parcialidade do julgador. […] O agravante [defesa do ex-presidente], porém, não foi capaz de demonstrar a ocorrência de nenhuma das hipóteses”, afirmou o PGR.
Em agosto, Paulo Gonet arquivou uma notícia-crime apresentada pelo partido Novo contra Moraes por suposta falsidade ideológica e formação de quadrilha. A sigla apontou que o magistrado teria pedido informalmente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão então presidido por ele, dados usados no inquérito das fake news.
Em outro caso de grande repercussão, a PGR apoiou Moraes na decisão que levou ao bloqueio do X, o antigo Twitter. “Estão preenchidos os pressupostos para a aplicação plena das medidas anunciadas como consequência da insubmissão às ordens provindas do Supremo Tribunal Federal. Não há o que impeça a sua aplicação”, avaliou Gonet.
Não boto muita fé nesse cara. Nunca vi um que fosse totalmente independente. Nossa justiça está boiando numa fossa
Bolsonaro abriu a cova onde mais dia, menos dia será enterrado
Jair Bolsonaro e ministro Dias Toffoli, colega de Moraes, davam-se bem.
A pedido de Toffoli, o ministro Fábio Faria, das Comunicações, casado com uma das filhas de Silvio Santos, marcou um jantar em sua casa, no Lago Sul de Brasília, no dia 19 de dezembro, com Bolsonaro e outros convidados.
Após o jantar, Toffoli chamou Bolsonaro para uma conversa a sós.
Toffoli lhe perguntou a certa altura da conversa:
– Presidente (Bolsonaro), o senhor acredita mesmo que se houver um ato de força, os generais deixarão um ex-capitão assumir o poder? A história de 1964 prova que não.
(Derrotado pela realidade) Bolsonaro disse que jamais passaria a faixa presidencial para Lula, e admitiu que temia ser preso, e seus filhos alvos de perseguição.
Fuga. Toffoli sugeriu que ele viajasse para o exterior ainda na condição de presidente. Foi o que Bolsonaro acabou fazendo no dia 30.
Nos Estados Unidos, com certificado falso de vacinação contra a Covid-19, Bolsonaro acompanhou a tentativa de golpe do 8/1. Ele e os golpistas de dezembro torceram para que fosse bem-sucedida.
Foi mais uma Operação Tabajara.
Fonte: Metrópoles, Opinião, 27/11/2024 05:30Por Ricardo Noblat
Aguardemos, sábias decisões de quem assim, poderá fazer história, apresentando um legado de desassombrada justiça!
Paulo Gonet tem na mão o maior abacaxi que esta Terra de Santa Cruz, adubada pelo populismo e corrupção já produziu, ele terá que escolher entre exigir a aplicação da Lei e da Justiça para punir o Silvério dos Reis de Glicério pelo extenso catálogo de crimes cometidos desde que resolveu explodir uma adutora de água potável até conspirar para destruir o regime democrático e implantar uma ditadura neonazista (procurem outro nome), ou aconselhar-se com o Aras para prevaricar se fazendo surdo, mudo e cego e assim evitar uma possível comoção popular de interesses contrariados e adoradores idiotizados, que são muitos.
Como ele é ligado ao Gilmar Mendes, fico com um pé atrás quanto a sua lealdade.