No almoço com banqueiros, Haddad respondeu perguntas indigestas

Pacote de corte de gastos deve ser anunciado nesta semana, diz Haddad |  Agência Brasil

Haddad se livrou dos jornalistas saindo pela porta da cozinha

Alexa Salomão
Folha

Frustraram-se os jornalistas que chegaram na hora ao almoço anual da Febraban para pegar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já na entrada. O tempo passava, e ele não aparecia. Descobriu-se, depois: chegara antes da hora.

O gesto poderia ser visto como ansiedade. O ministro iria se encontrar com a banca financeira nacional, e a cotação do dólar no mercado à vista já havia ido a R$ 6,11, outro recorde constrangedor pós-anúncio do pacote de corte de gastos. A interpretação da performance no evento, porém, foi outra: de que Haddad aproveitou, do jeito certo, uma boa oportunidade.

PERGUNTAS PESADAS – Em vez de fazer o tradicional monólogo que marca esse tipo de encontro, o ministro foi entrevistado pelo presidente da Febraban, Isaac Sidney, e pelo diretor de comunicação da entidade, João Borges. A dupla perguntou o que todo mundo na plateia tinha vontade. Não aliviou. A entidade jura que as perguntas não foram combinadas.

Para o leitor entender o nível de clareza da conversa, Sidney chegou a lembrar Haddad de que se o presidente Lula prometeu, durante a campanha, ampliar a faixa de isenção do IR, também prometeu equilíbrio fiscal.

Haddad deu todo tipo de explicações. Reforçou o seu empenho pelo corte de gastos. Falou de como é árduo contornar despesas herdadas de outros governos. Sinalizou que pode trazer outras medidas para aprimorar o ajuste fiscal. Nas entrelinhas, uns viram desabafo; outros, pedido de desculpas.

BODE DO CÂMBIO -O dólar cedeu depois de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado, garantirem que não haverá votação sobre o aumento da faixa de isenção do IR neste ano (lida no mercado como ‘enterraram o bode’).

Ainda assim, não foram poucos na plateia a afirmarem que a boa vontade do ministro deu uma contribuição à queda da moeda americana. O fato é que rolou uma empatia pelo sufoco que Haddad revelou estar passando em defesa do equilíbrio das contas públicas.

Isso não quer dizer que o dólar vai voltar para onde estava antes da confusão. Agora, é monitorar o andamento do que foi apresentado, e ver se vem mais coisas, como Haddad sugeriu.

2 thoughts on “No almoço com banqueiros, Haddad respondeu perguntas indigestas

  1. Para o dolar baixar, sugiro como receita: Mintam, que vão ferrar todo mundo e até os já miseráveis, apesar da SACANA e já NOTÓRIA aplicada agenda!

  2. Imaginemos o dólar a 10 reais caso propaguem o debochado boato de um inimaginável decreto congelando o teto, até que o salário mínimo, alcance seu religioso dízimo!

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