Moraes ao Washington Post: “A investigação do golpe vai seguir até o fim”

A imagem mostra um homem em primeiro plano, com uma expressão séria, em um evento. Ele está vestido com um terno escuro e uma gravata azul. Ao fundo, há um pano vermelho que serve como cenário. A imagem é focada no homem, enquanto outras pessoas estão desfocadas ao redor, sugerindo que ele está em uma situação de destaque ou atenção.Terrence McCoy e Marina Dias
The Washington Post

O juiz permitiu a si mesmo um momento de relaxamento. Seu amado time de futebol Corinthians estava jogando na televisão. O jogo não estava bom, disse ele, mas era uma distração útil – das sanções dos Estados Unidos contra ele, das provocações de Elon Musk e das tarifas impostas ao Brasil pelo presidente Donald Trump em resposta direta ao seu trabalho.

O breve devaneio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes não durou muito. Seu telefone começou a receber várias mensagens. Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente brasileiro que aguarda julgamento no mês que vem sob a acusação de liderar uma conspiração golpista violenta, parecia ter desobedecido a uma ordem de Moraes que o proibia de usar as redes sociais. O juiz agiu imediatamente, ordenando que o político conservador mais popular do País fosse colocado em prisão domiciliar.

REGRAS DE CONDUTA – O episódio, relatado pelo juiz em entrevista exclusiva ao The Washington Post, foi emblemático das regras de conduta de Moraes, que regeram sua carreira marcada por embates de alto risco com políticos e empresários poderosos: nunca ceder. Sempre intensificar.

Como um jovem promotor, ele enfrentou a Prefeitura de São Paulo em uma vasta investigação de corrupção. Como juiz da Suprema Corte do Brasil, ele tem entrado em conflito com Bolsonaro, Musk e outros expoentes da direita global. Agora, seu oponente não é outro senão o presidente dos Estados Unidos.

Descrevendo a relatoria de Moraes na ação penal contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e a campanha do juiz contra a desinformação online como um ataque à liberdade de expressão, Trump voltou toda a força econômica e diplomática dos Estados Unidos contra o Brasil. Ele impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e revogou o visto de Moraes para os Estados Unidos.

LEI MAGNITSKY – No final do mês passado, o Departamento do Tesouro tomou a medida extraordinária de sancioná-lo sob a Lei Magnitsky, que é tradicionalmente usada contra acusados de violações graves dos direitos humanos.

Mas o juiz não se deixou intimidar. “Não há a menor possibilidade de recuar nem um milímetro”, disse Moraes ao The Post em uma rara entrevista de uma hora em seu gabinete. “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido.”

Empoderado pela Suprema Corte para investigar ameaças digitais, verbais e físicas contra a ordem democrática do Brasil, Moraes tornou-se uma autoridade nacional e uma figura única no mundo: uma espécie de “xerife da democracia”. Seus decretos abrangentes repercutiram em todo o mundo, em sociedades cada vez mais polarizadas por debates sobre liberdade de expressão, tecnologia e o poder do Estado.

BRIGAS SUCESSIVAS – Ele suspendeu plataformas de mídia social, com destaque para o X (antigo Twitter), o que levou Elon Musk a chamá-lo de “Darth Vader do Brasil”. Ele ordenou a prisão de autoridades e destituiu, por decisão monocrática, o governador de Brasília depois que milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram a capital em 8 de janeiro de 2023. Agora, ao colocar Bolsonaro em prisão domiciliar e bloqueá-lo das redes sociais, ele efetivamente silenciou uma das figuras de direita mais reconhecidas do mundo.

“Estou triste com a deterioração da instituição”, disse Marco Aurélio Mello, que se aposentou do Supremo Tribunal Federal em 2021, após 31 anos. “A história é implacável”, continuou Mello. “Ela acerta as contas mais tarde.”

Aos olhos do governo dos Estados Unidos, Moraes é um vilão global. “Juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal”, afirmou o Secretário do Tesouro, Scott Bessent. “O rosto mundial da censura judicial”, nas palavras do diplomata Christopher Landau, número 2 do Departamento de Estado.

“É agradável passar por isso? É claro que não é agradável”, disse o juiz. Porém, segundo o magistrado, Brasil enfrentava forças poderosas que queriam destruir a democracia, e era seu trabalho impedi-las. ”Enquanto houver necessidade”, continuou, “a investigação continuará”.

AUTOCRACIA – Saboreando café dentro de seu gabinete repleto de livros, Moraes discordou. O Brasil havia sido infectado pela “doença” da autocracia, disse o juiz. E era seu trabalho aplicar a “vacina”. “De maneira alguma recuaremos do que devemos fazer,” afirmou Moraes. “Digo isso com total tranquilidade.”

Aos olhos do governo dos Estados Unidos, Moraes é um vilão global. “Juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal”, afirmou o Secretário do Tesouro, Scott Bessent. “O rosto mundial da censura judicial”, nas palavras do diplomata Christopher Landau, número 2 do Departamento de Estado.

À medida que suas investigações se multiplicavam e se expandiam, e a resistência aumentava online, Moraes enfrentou uma gama mais ampla de oponentes. Primeiro veio Musk, que no ano passado se recusou a cumprir as ordens de Moraes de remover contas do X que, segundo o juiz, ameaçavam a ordem democrática do Brasil. Em fevereiro, ele suspendeu o Rumble, uma plataforma popular entre conservadores que compartilha servidores com o Truth Social, depois que ela resistiu às ordens de remoção.

FORA DE CONTROLE – Os impasses aumentaram a visibilidade global de Moraes – e chamaram a atenção de Trump. A empresa de mídia social do presidente americano processou Moraes no início deste ano em um tribunal federal na Flórida, acusando-o de suprimir os direitos de liberdade de expressão dos usuários nos Estados Unidos.

“Este homem está fora de controle”, disse ao The Post o advogado Martin de Luca, que representa a Rumble e a Trump Media na queixa contra Moraes.

Pressionado sobre se detinha poder demais, Moraes rejeitou a ideia. Ele disse que seus colegas da Suprema Corte revisaram mais de 700 de suas ordens após recursos. “Você sabe quantas eu perdi?”, perguntou. “Nenhuma. E a investigação continuará”.

9 thoughts on “Moraes ao Washington Post: “A investigação do golpe vai seguir até o fim”

  1. MORAES disse no WALL STREET JOURNAL que “NÃO VAI RECUAR UM MILÍMETRO”: QUAL a NOVIDADE?

    O BRASIL VIROU PÁRIA INTERNACIONAL E A CULPA É DE LULA E DO STF!

    “Os Estados Unidos aplicaram ao Brasil a maior sanção econômica do mundo, 50%! Isso não é coincidência. É consequência direta da censura, perseguição política e autoritarismo praticados por Lula e pelo Supremo Tribunal Federal”.
    (deputado federal marcelvanhattem)

    “O recado de Donald Trump ao mundo é claro: o Brasil deixou de ser uma democracia. E não adianta culpar o presidente norte-americano, como a esquerda adora fazer, pois quem nos colocou nessa situação vergonhosa foram Lula e Alexandre de Moraes”.
    (deputado federal marcelvanhattem)

    “A solução para o Brasil está nas mãos do Congresso Nacional, que precisa pautar a anistia a todos os perseguidos políticos, instalar a CPI do Abuso de Autoridade do STF e TSE e o Senado deve pautar o impeachment dos ministros do STF que abusam do poder”.
    (deputado federal marcelvanhattem)

    Curtinhas

    PS.: FRAUDE BILIONÁRIA NO INSS
    A CPMI criada para investigar as fraudes no INSS será instalada nesta quarta-feira (20). A primeira sessão, ainda sem data marcada, confirmará o nome do senador Omar Aziz (PSD-AM) na presidência e do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), na relatoria. #CNNBrasil

    PS. 02: FRAUDE BILIONÁRIA NO INSS II
    “A abertura da CPMI foi anunciada tantas vezes que ninguém acreditava mais. Lula está furioso, porque um dos principais investigados é seu irmão mais velho, conhecido como “Frei Chico”, que é vice-presidente de um dos sindicatos envolvidos no desvio de recursos de aposentados e pensionistas da Previdência Social. E não é a primeira vez que fazem isso. Os petistas parecem que são viciados nessa modalidade de corrupção, que levou há alguns anos levou à cadeia o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, que então era marido de Gleisi Hoffmann”. (Tribuna da Internet, Carlos Newton)

    PS. 03: VINGANÇA FRUSTRADA CONTRA BRASÍLIA
    “Vingança frustrada. Desde sua derrota nas urnas do DF em 2022, Lula já tentou por duas vezes acabar com o Fundo Constitucional. Foi barrado pelo Congresso”.
    (Coluna Cláudio Humberto, 13/08/2025)

  2. STF pega em armas para se defender e contra-atacar quem o ataca

    Além de blindagens internas do STF, há uma ação coordenada visando o público externo

    Na falta de munição do governo, e de diálogo entre Barba e Laranjão contra os ataques americanos, quem toma as rédeas da resistência aos EUA é o Supremo.

    Que busca união interna e articula reações consensuais contra as ameaças que vêm de fora: de Laranjão e da família do ex-mito.

    Fonte: O Estado de S. Paulo, Política, 18/08/2025 | 20h00 Por Eliane Cantanhêde

    É a estratégia da ‘guerra de barricadas’ para tentar conter o avanço do ‘inimigo’ externo, que tem ‘batedores’ locais de guias.

    _______

    DINO SOBE NO RINGUE: ‘AS SANÇÕES DE LARANJÃO NÃO VALEM AQUI!’.

    XANDE ESTUFA O PEITO: ‘NÃO VOU RECUAR NENHUM MILÍMETRO (no processo do ex-mito)!’.

    E MICHEQUE JÁ FARIA A LISTA DO ‘JUMBO’ (para estadia do ex-mito na Papuda).

  3. Eu vi pela TV uma manifestação em SP em que o Bolsonaro (acompanhado de um tal de Braga Neto) ameaçou não haver eleição se o sistema de votação não fosse mudado.
    Ora, isso é abuso de poder. Se deixarmos essas coisas graves sem reação outras seguirão até termos um Trump mandando no país.
    E minha crítica vai também para a gang do PT que roubou o país e no fim, com a ajuda da nossa Justiça, ficou tudo por isso mesmo.

  4. Senhor Panorama , lembre-se que nenhuma ” Lei estrangeira ” nada pode em seus efeitos tanto no Brasil e quanto em quaisquer outros países do mundo , salvo mediante a celebração de acordos entre as partes ou por ” acordos ou convenções ” internacionais .

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