
Janja recebe o diretor da OEI, Luciano Barchini, no Planalto
Carlos Newton
Não há como provar que a primeira-dama Janja da Silva estivesse de má fé quando aceitou o cargo – e os encargos – de Coordenadora da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), uma ONG que se faz passar por organização criada pelos países de origem ibérica e se comporta com tal, para facilitar o fechamento de contratos milionários, sem a menor serventia e utilidade.
No início de 2023, Janja estava na Espanha, em sua primeira viagem internacional ao lado do presidente Lula da Silva, quando foi contatada pelos espertalhões que dirigem a OEI, que a partir de 2003, com a primeira posse de Lula, tinha começado a atuar também no Brasil, fechando um ou outros contratos de cooperação técnica, sem maior expressão.
Empolgada com a recepção à comitiva brasileira em Madri, e decidida a ter uma atuação pró-ativa no governo do marido, dona Janja aceitou a proposta do secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero, e passou a trabalhar fortemente junto ao governo, para ajudar a OEI a fechar contratos no Brasil.
JANJA NO TWITTER – Vejam como a assessoria da OEI divulgou uma visita de seu diretor ao Planalto, em 1º de novembro de 2023: “A primeira-dama Janja Lula da Silva recebeu Leonardo Barchini, o novo diretor do OEI (Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil. Conversaram sobre o planejamento da Rede de Inclusão e Combate à Desigualdade no país. Janja é coordenadora da organização desde abril de 2023”.
Em seu perfil no X (ex-Twitter), a primeira-dama deu mais detalhes: “Debatemos ideias para trabalhar transversalmente as questões de gênero e conexões com as iniciativas que já venho desenvolvendo”, disse a primeira-dama E completou: “Assim como este, os próximos anos serão de muito trabalho pela reconstrução do Brasil”.
O resultado é mesmo impressionante: em menos de dois anos, a OEI fechou um número enorme de contratos com ministérios, órgãos federais, estatais, bancos e a própria Presidência da República, foi um nunca acabar, podemos garantir, em função das informações que temos recebido.
INVESTIGAÇÃO ÁRDUA – Para o Tribunal de Contas da União e a Polícia Federal, não vai ser fácil fazer com que a investigação abranja todos os contratos celebrados pelo OEI, porque muitos nem saíram no Diário Oficial, e no embalo a ONG fechou também convênios com prefeituras e governos estaduais.
É uma mutreta atrás da outra. A especialidade da OEI é corromper governantes e oferecer serviços que são da estrita competência do poder público, em contratos sempre milionários e sem licitação ou fiscalização.
Um exemplo é o Museu de Arte do Rio de Janeiro, criado pela Prefeitura do Rio em 2013, que é gerido pela OEI. Mas será que a Prefeitura realmente não tem competência para gerir um museu? Por que a gestão foi entregue à ONG espanhola. Quanto a OEI recebe dos cofres públicos por mais esse serviço?
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P.S. 1 – Nada de novo no front ocidental. Janja apenas pedia e os ministros e executivos obedeciam. Se nem mesmo Lula tem coragem de enfrentar a primeira-dama, o que se dirá dos outros?
P.S. 2 – O caso mais grave, por óbvio, é o contrato com a Casa Civil da Presidência para administrar a COP-30 em Belém, de 10 a 21 de novembro. O governo pagará R$ 478,3 milhões à ONG internacional, sediada na Espanha, para fazer o trabalho que deveria estar a cargo do Itamaraty e do Ministério do Meio Ambiente. Detalhe incriminador – antes da assinatura do contrato, a Casa Civil já tinha liberado dois pagamentos milionários à OEI. Acredite se quiser. (C.N.)