/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/o/A/f6OCW5SaqkJKJtHD5BGQ/112628552-pa-brasilia-df-07-10-2025-manifestacao-bolsonarista-na-esplanada-dos-ministerios-em-bras.jpg)
Senado de 2026 vira palco da disputa interna
Samuel Lima
O Globo
Em São Paulo, as articulações do campo bolsonarista para definir quem concorrerá ao Senado em 2026 têm sido marcadas por divergências e tentativas de reaproximação. Uma das duas vagas deve ser do deputado federal Guilherme Derrite (PP), enquanto a outra é disputada por nomes como Ricardo Salles (Novo) e a deputada federal Rosana Valle (PL).
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) tenta reforçar o capital político de aliadas como Rosana. A deputada federal, mencionada na última semana por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, como possível candidata ao Senado no estado, teve o nome incluído em pesquisas internas a pedido de Michelle, ainda que reservadamente mostre reticência em abrir mão de uma disputa menos arriscada à reeleição na Câmara.
COTADOS – Se Michelle emplacar a escolha, Rosana ocuparia um lugar antes reservado ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos e responde a um processo por coação no Supremo Tribunal Federal (STF) após articular sanções de Donald Trump a autoridades brasileiras. Outros cotados na direita para a disputa seriam o Dr. Marco Feliciano (PL), o vice-prefeito da capital, coronel Mello Araújo (PL), e o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos). O ex-governador Rodrigo Garcia, atualmente sem partido, corre por fora.
Recentemente, Rosana esteve em um evento no Palácio dos Bandeirantes para entrega de veículos do Fundo Social, chefiado pela primeira-dama do estado, Cristiane Freitas, para dezenas de prefeituras paulistas. Além de figurar no palco ao longo de todo o evento, ela tirou foto com praticamente todos os beneficiários, mesmo quando as emendas anunciadas eram assinadas por outros parlamentares.
APELO FEMININO – Um dirigente partidário envolvido nas conversas sobre a chapa estadual destaca que Rosana é próxima de Tarcísio e Cristiane e poderia surgir como um nome de consenso, apesar de o governador ter mais poder de veto do que de escolha para essa vaga. Um aspecto relevante é o apelo feminino, que poderia ser usado por Valdemar para barrar, por exemplo, Ricardo Salles, de quem é desafeto.
De olho nesses movimentos, alguns políticos bolsonaristas têm procurado organizar um encontro entre Salles e Valdemar para apaziguar a relação, e até uma volta do ex-ministro bolsonarista ao antigo partido (do Novo ao PL) estaria na mesa. Salles tornou a permanência na sigla insustentável no ano passado após atacar publicamente a ala de Valdemar quando tentava se cacifar para a eleição à prefeitura de São Paulo. O PL acabou apoiando o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que saiu vitorioso, enquanto Salles optou pelo influenciador Pablo Marçal (PRTB), contrariando a ordem de Bolsonaro.
DOBRADINHA – A reaproximação tem a simpatia de Derrite, ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, que estaria interessado em uma dobradinha com Salles para o Senado. Para Salles, a conveniência é tanto por aglutinar o campo da direita com o grupo de Tarcísio e Bolsonaro quanto pela maior envergadura do PL para a campanha.
Em evento em Fortaleza no último 30, no qual Michelle criticou a aliança do PL com o ex-governador Ciro Gomes (PSDB), a ex-primeira-dama deixou claro que teria opiniões próprias com base na “autonomia do meu movimento feminino que se tornou o maior da história” e que Valdemar não necessariamente representa a sua posição política — ou a do marido. A fala irritou os filhos de Bolsonaro, que a criticaram publicamente e depois recuaram, após visita ao ex-presidente na Polícia Federal.
EM DISPUTA – Ainda no Ceará, Michelle apoia o nome da vereadora de Fortaleza Priscila Costa, atual vice-presidente da ala feminina do partido, para o Senado. O presidente estadual do PL, deputado federal André Fernandes, que foi “desautorizado” por Michelle, defende a candidatura do pai, o deputado estadual e pastor Alcides Fernandes (PL). As vagas em disputa são ocupadas hoje por Eduardo Girão (Novo) e Cid Gomes (PSB), e o ex-senador Eunício Oliveira (MDB) pontua bem nas pesquisas.
Michelle também se posicionou em favor da deputada federal Carol de Toni (PL) como candidata ao Senado em Santa Catarina, onde o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL) planeja ser candidato. Há uma ala do partido que deseja apoiar o senador Espiridião Amin (PP) como segundo voto, de forma a aproximar a sigla da chapa de reeleição do governador Jorginho Mello (PL). Outra parlamentar mulher que tenta se viabilizar no pleito é a deputada Júlia Zanatta (PL).
Racha dela ameaça caciques da direita?