Ética e isenção no Supremo é pauta da direita, que a esquerda despreza

Tribuna da Internet | Para derrotar a direita, o Supremo quer punir  'intenção' como se fosse 'tentativa'

Charge do Duke (Itatiaia)

Diogo Schelp
Estadão

Milhares de pessoas foram às ruas de diversas capitais no domingo passado, dia 14, convocadas por organizações de esquerda. A maior fonte de indignação dos manifestantes, conforme expresso nas faixas e nos cartazes, era o Congresso Nacional — principalmente por causa do PL da Dosimetria, cujo intuito é reduzir o tempo de cadeia de Jair Bolsonaro e outros condenados por tentativa de golpe de Estado.

Foram atos mais minguados do que os de 21 de setembro passado, contra a infame PEC da Blindagem, que pretendia proteger deputados e senadores de processos.

SOBRAM MOTIVOS – Não têm faltado na nossa República razões para a revolta da população. As notícias das últimas semanas foram especialmente ultrajantes.

Esquemas bilionários para distribuição de emendas parlamentares, acordos para livrar deputados da cassação e chantagens da cúpula do Senado contra o Poder Executivo, entre outros temas, estavam na pauta dos manifestantes. “Congresso inimigo do povo” era o slogan preferido.

Algumas personalidades até mencionaram, em discursos e em postagens de convocação nas redes sociais, outra reivindicação urgente: mais ética e transparência na atuação do Supremo Tribunal Federal.

HÁ ESCÂNDALOS – Mas foi pouco, muito pouco, diante dos escândalos que vêm afetando a corte máxima do País. São histórias como a do ministro que resolveu impedir os cidadãos de solicitar o impeachment de membros do STF, voltando atrás apenas depois de uma promessa do Legislativo de discutir uma mudança na lei para atender sua exigência.

Ou do juiz supremo que, de maneira voluntariosa, interveio em uma investigação sobre fraudes financeiras, favorecendo com sigilo e outras perfumarias um banqueiro cujo advogado viaja de jatinho com esse mesmo ministro.

E de outro todo-poderoso integrante do STF, cuja esposa advogada tem contratos milionários com o tal banqueiro. Se não há nada de errado com essas relações pessoais e financeiras, o que custa prestar contas sobre elas?

ESQUERDA IGNORA – O campo da esquerda, com notórias exceções, prefere ignorar ou até mesmo justificar esses conflitos de interesse.

Tudo por causa da lógica binária da polarização: se o STF colocou Bolsonaro e outros golpistas na cadeia, deve ser aplaudido cegamente até a morte — …da democracia, se for preciso.

Além disso, identificar abusos de ministros da corte é uma pauta da direita. E se é assim, só pode estar errada. Ora, que estupidez. Uma Justiça ética e transparente deveria ser uma agenda suprapartidária.

8 thoughts on “Ética e isenção no Supremo é pauta da direita, que a esquerda despreza

    • “Não há hoje em dia lugar-comum mais comum do que descartar in limine qualquer alegação contra o esquerdismo sob o pretexto de que ela nasce do “ódio”. Mais tipicamente: do ódio “visceral”. Você diz que os comunistas promoveram os maiores genocídios da História? É “ódio visceral”. Você afirma que eles criaram o Gulag e o Laogai, redes de campos de concentração que superaram as mais macabras ambições dos nazistas? “Ódio visceral”. Você se queixa de que eles bloqueiam a divulgação de seus crimes? “Ódio visceral”. Depois de eles repetirem isso umas centenas de vezes, você ficará parecendo mais mau do que aqueles que mataram cem milhões de seres humanos, prenderam outros tantos e hoje proíbem você de tocar no assunto. Pensando bem, você é que é um genocida, um tirano, um monstro. Eles mataram apenas uns quantos milhões de pessoas, conservando mediante prodígios de inventividade lógica uma linda auto-imagem de almas santas e bem-intencionadas. Aí vem você e, impiedosamente, rasga essa auto-imagem. Você é muito malvado, rapaz. Você não tem amor no coração.”
      — Olavo de Carvalho (2002)
      https://www.facebook.com/share/p/1FcvQM2ne5/

  1. Este Diogo, que aceita tranquilamente a narrativa da “tentativa de golpe de estado”, não conhece o “Ronaldinho dos Negócios” ? Não o citou por quê ? Faz parte de algum acordo ?

  2. É a falta do Estado de Direito.

    O desprezo ao Devido Processo Legal.

    Juízo e parcialidade óbvia e financiada não combinam.

    A proteção vendida pela banca do Juiz Justiceiro do STF durou tempo sufuciente para lesar muitos, fatutar alto e em tempo recorde, ladrão de muitos bilhões da pirâmide financeira que estraga o sistema.

    E vai além

    FAVORCARO até no TCU

    É muita esculhambação

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