
Charge do Jônatas (Arquivo Google)
Josias de Souza
UOL
Certos silêncios merecem um barulho estridente. Até aqui, imaginando-se dispensado de comentar os negócios de sua mulher Viviane Barci com o Banco Master, Alexandre de Moraes absteve-se de demonstrar o constrangimento com palavras, lançando apenas nesta terça-feira uma nota oficial, em que não cita o Banco Master.
Mas o que era apenas inconcebível tornou-se intolerável. O xerife do Supremo foi como que intimado pelas circunstâncias a dizer meia dúzia de palavras.
FAZENDO PRESSÃO– A situação mudou de patamar nesta segunda-feira. A repórter Malu Gaspar revelou que Moraes procurou Gabriel Galípolo para fazer pressão em favor do Banco Master.
Repetindo: noticiou-se que a toga mais poderosa do Supremo, vice-presidente do tribunal, fez lobby junto ao presidente do Banco Central em favor do banco de Daniel Vorcaro, que firmou com a doutora Viviane, em 2024, um contrato de assessoria jurídica prevendo o pagamento de R$ 3,6 milhões mensais durante três anos.
De acordo com a notícia, Moraes procurou Galípolo uma, duas, três, quatro vezes. Foram três contatos telefônicos e um presencial, no último mês de julho.
SUPREMO LOBBY – O tema das conversas foi a operação de venda do Master para o BRB, o banco estatal de Brasília. Moraes teria defendido o aval do BC ao negócio.
Revelava ter apreço por Vorcaro. Dizia que o banqueiro enfrentava resistências por ocupar espaços antes restritos aos grandes bancos.
No encontro presencial de julho, Galípolo teria informado a Moraes que os técnicos do BC tinham identificado um repasse fraudulento de R$ 12,2 bilhões em créditos micados do Master para o BRB.
TEVE DE RECUAR – Submetido à informação privilegiada, Moraes teria dado meia-volta. Disse que, confirmada a fraude, a transação deveria mesmo ser vetada. Em 18 de novembro, o BC decretou a liquidação do Master. Procurados, Moraes e Galípolo inicialmente não quiseram comentar a notícia.
Deve-se raciocinar sobre o episódio com hipóteses. Das mais amplas às mais específicas. Na melhor das hipóteses, à luz do que se sabe até aqui, Moraes tentou ajudar um banqueiro por quem nutria apreço.
Na pior das hipóteses, o ministro meteu-se num negócio cujo destravamento interessava a um cliente da banca advocatícia de sua mulher. Em qualquer hipótese, a notícia expõe uma toga suprema trafegando à margem da lei. Não há meio termo: ou Moraes ilumina a cena ou permanecerá pendurado nas manchetes de ponta-cabeça.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – “Ponta-cabeça” é como os paulistas designam a expressão “de cabeça para baixo”, usada no resto do país. Em tradução simultânea, Moraes já era, pode procurar outro emprego. Como é muito rico, não terá problemas de sobrevivência, porém jamais terá respeito nem dignidade. (C.N.)
No stf atual essas duas palavras honra e dignidade são como água e óleo, não combinam
Muito pior é a conclusão a que chegam os brasileiros e expectadores estrangeiros: Nas forças Armadas existem poucos nacionalistas e esses LOCUPLETOS estão todos encagaçados!
Josias – em um momento de rara honestidade – fulminou o grupo constituído por “adevogados”, ovelhinhas, cúmplices do ladrão, macacada, velhos velhacos, cronista pé-de-cana e por todos os demais assemelhados.
Em suma: Josias já não é mais o – abaixo de painho ladrão – ídolo do grupo.