PF descobriu que joias de Bolsonaro foram vendidas nos EUA pelo general Lourena Cid

Mauro Cid e pai são alvos de operação da PF por venda de presentes do  governo no exterior

Pai e filho são dois oficiais que desonraram o Exército

Malu Gaspar
O Globo

A Polícia Federal encontrou indícios de que o kit de joias da Chopard recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro foi colocado em leilão nos Estados Unidos, em fevereiro deste ano. O kit continha um relógio, caneta, anel, abotoaduras e um rosário árabe que foram dados ao ex-presidente durante uma viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2021.

A Policia Federal constatou, durante as investigações sobre o sumiço das joias sauditas recebidas de presente por Jair Bolsonaro, que o general Lourena Cid, pai do ajudante de ordens Mauro Cid, não só ajudou a vender as joias nos Estados Unidos como atuou para ajudar a recomprá-las quando o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenou que o ex-presidente as devolvesse.

OPERAÇÃO DA PF – Segundo fontes envolvidas na operação da PF realizada hoje com busca e apreensão em endereços ligados a Lourena Cid, mensagens, e-mails e recibos mostram que o Rolex de diamantes já tinha sido vendido a uma joalheria e estava exposto para ser revendido em Miami quando o TCU deu cinco dias para que Bolsonaro devolvesse as joias.

Uma dessas joias era o Rolex de platina cravejado de diamantes recebido de presente em viagem oficial e que Mauro Cid havia cotado por US$ 60 mil dólares (aproximadamente R$ 300 mil). Até agora, o que se sabia era que Cid havia enviado e-mails para joalherias tentando vender o relógio, mas não se tinha a informação de que ele já tinha sido vendido.

O que a operação de hoje revela é que o coronel Mauro Cid conseguiu vender o relógio, o general Lourena Cid recebeu o dinheiro na conta dele e coube ao advogado da família Bolsonaro, Fred Wassef, recomprado. O relógio estava exposto em uma joalheria de Miami.

GENERAL DE MIAMI – Lourena Cid é pai do coronel Mauro Cid e foi chefe da agência de fomento ao comércio exterior (Apex) até o último dia da gestão Bolsonaro. Ele morava em Miami.

Dada a urgência em reaver o relógio, o grupo teve que recomprá-lo por um valor maior do que o que tinha recebido pela venda, meses antes. Os valores do negócio ainda não são conhecidos.

De acordo com as informações recolhidas pela Polícia Federal, Lourena Cid atuou na venda de várias outras joias e objetos recebidos de presente pelo então presidente Jair Bolsonaro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A que ponto chegamos… Um presidente da República que vende os presentes recebidos, que nem pertencem a ele, e comete essa barbaridade com a ajuda de um general e do filho, considerado um oficial do Exército exemplar. É uma vergonha perante o resto do mundo. Tragam o balde que eu quero vomitar. (C.N.)

Perseguição a Zema foi iniciada com uma “fake news” de um jornalista do Estadão

Zema defende projeto que aumenta o próprio salário em 300%

Zema afirma que o erro do jornalista enfim está esclarecido

Marcel van Hattem
Gazeta do Povo

Tudo começou com uma fake news. Na verdade, com um “clickbait” que depois foi convenientemente transformado em “fake news”. Em entrevista a O Estado de S.Paulo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), só contou o que já era público: que seu estado estava integrando um consórcio unindo as regiões Sul e Sudeste para tratar de forma conjunta de seus legítimos interesses junto à União. Da mesma forma, aliás, já atuam os estados do Nordeste por meio do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, lançado em março de 2019.

Sendo gaúcho, acrescento: já passava da hora de os estados do Sul e do Sudeste, que perfazem mais da metade da população brasileira, seguirem o exemplo de união que os políticos do Nordeste demonstram historicamente.

ERRO DO EDITOR – A importante, propositiva e elogiável iniciativa, porém, foi transformada em uma declaração de guerra ao Nordeste pelo editor da matéria no jornal: “Romeu Zema defende frente Sul-Sudeste contra Nordeste”.

Em nenhum lugar da entrevista publicada, lido seu conteúdo com lupa, consta esta declaração. No entanto, na intenção de atrair leitores para a publicação, mais uma vez venceu a tentação do editor de atrair a qualquer custo o clique do internauta no link – daí o termo “clickbait”.

E o custo, mais uma vez, foi a transformação de uma matéria jornalística séria, uma entrevista longa com o governador do segundo maior estado do Brasil, em fonte abundante para a criação de fake news para seus adversários.

GOVERNO APROVEITA – Não tardou para que os principais líderes da esquerda atacassem Zema por suposta xenofobia, um acinte covarde contra o governador. Guilherme Boulos (PSol), Zé Guimarães (PT) e até mesmo Flávio Dino (PSB) partiram para o ataque, demonstrando mais uma vez do que é capaz a esquerda quando se une para tentar assassinar a reputação de quem identificam como adversário.

No caso de Dino, a situação é ainda mais grave: o paladino “vingador” na batalha contra as fake news foi alertado pela comunidade do X (ex-Twitter) de que sua manifestação pública era… fake news!

Dino publicou: “É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art. 19, que é proibido criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”.

HOUVE DESMENTIDO – Em resposta, a comunidade que utiliza a rede verificou a afirmação e desmentiram-na por meio de nota que agora acompanha o post: “É FALSO que a ideia do bloco seria prejudicar/antagonizar contra Norte e Nordeste, a intenção é representar interesses do Sul e Sudeste. Já existem outras alianças regionais, como o Consórcio Nordeste, que também não tem como objetivo antagonizar contra outras regiões”.

Ou seja, o ministro da Justiça que quer enquadrar todo o povo brasileiro no seu combate à suposta disseminação de mentiras nas redes sociais usou de uma rede social para disseminar, justamente, mentiras sobre Romeu Zema. Até o momento, não houve retratação.

A verdade é que o PL da Censura (PL 2.630/2020) e todo dito combate às fake news proposto pela esquerda visa unicamente suprimir o direito à oposição e à cidadania em geral de se expressar livremente. O objetivo nunca foi o de combater a mentira – até porque as ideologias socialista e comunista se baseiam, justamente, na grande mentira de que é possível obter igualdade suprimindo-se a liberdade individual.

OBJETIVO É CALAR – Quando quem define o que é verdade e o que é mentira é o governo, o objetivo de leis de censura será sempre o de calar e perseguir a oposição, como agora se vê no caso de Romeu Zema, e garantir total liberdade e impunidade aos governantes quando disseminam mentiras sobre quem os desafia.

O mais lamentável de todo este episódio é que a narrativa falsa tenha nascido de uma manchete da imprensa. Nada mais revelador de que fake news não são, nem de longe, exclusividade de “tias do zap”; e que, geradas a partir de matérias jornalísticas anunciadas por manchetes clickbait, podem servir a interesses muito mais poderosos e potencialmente devastadores.

Felizmente Zema tem encontrado suporte, inclusive de seus colegas governadores do Sul e do Sudeste, para combater as mentiras disseminadas com a verdade de suas palavras, nada mais do que isso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importante artigo do jornalista e deputado gaúcho Marcel Van Hattem (Novo), enviado por Mário Assis Causanilhas. Realmente, o editor do Estadão errou feio ao titular a entrevista. Aqui na TI, foi publicada sob o título “Zema anuncia frente política do Sul-Sudeste, com direita unida contra esquerda em 2026”. (C.N.)

Assassinato no Equador repercute no mundo como prova de terrorismo politico

Villavicencio foi assassinado covardemente nesta quarta-feira

Pedro do Coutto

O assassinato de Fernando Villavicencio, candidato à Presidência da República do Equador, chocou o mundo e alcançou uma repercussão proporcional a do crime, pois os assassinos atuaram de surpresa num encontro com eleitores, desfechando-lhe três tiros na cabeça. Morreu na hora e no momento surgiu uma onda internacional de condenações ao ato que acentuou a presença tanto do extremismo quanto de seu aliado mais recentes, o terrorismo.

O episódio está na linha da invasão do Capitólio em janeiro de 2021, na invasão de Brasília e na revelação espantosa que aponta – conforme a GloboNews divulgou na tarde de quarta-feira – de Donald Trump ter urdido até um projeto de falsificação dos votos do colégio eleitoral americano. Junte-se a isso a trama golpista do Brasil articulada por Anderson Torres e Silvinei Vasquez na sombra do ex-presidente Jair Bolsonaro para depor o governo Lula pela força.

CONEXÃO – O encadeamento de episódios radicais revela uma conexão de ideias e vontades que ultrapassa o desejo de que aconteça uma ruptura para tentativa concreta e armada de depredar a democracia e executar o próprio rompimento do quadro político com as urnas e com a democracia.

O assassinato no Equador é mais um capítulo da intolerância para com as ideias e da violência contra a própria integridade e a vida humana.  A conexão tem um caráter destrutivo que é a marca dos radicais que em momentos da história, por falta de argumentos lógicos e democráticos, recorrem ao crime, ao assassinato, à violação da lei e à destruição da propriedade, seja ela pública ou particular.

Com o crime no Equador, escreve-se mais um capítulo numa série de violências e de violações cujo percurso num rastro de morte, infelizmente, continuam. No caso de Donald Trump, a sua situação agravou-se ainda mais, tendo o ex-vice presidente Mike Pence como testemunha, pois ele recusou-se a participar da farsa cujo objetivo era falsificar o resultado das urnas americanas.

AGENDA VERDE –  Numa entrevista à Beatriz Bulla, o Estado de S. Paulo desta quinta-feira, Luciana da Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES destacou a importância de uma presença firme do banco na sustentação de uma política voltada para a economia verde e para um esforço integrado contra a poluição através de um impulso voltado em primeiro lugar para o setor de energia.

“Estamos atrasados, mas está a tempo de recuperarmos o espaço perdido, fomentando a energia eólica, a energia solar e reduzindo a emissão de carbonos que depende também do combate ao desmatamento”, afirmou Luciana da Costa, acrescentando que a preocupação climática é legítima e deve motivar todos os segmentos do governo Lula da Silva.

A diretora disse ainda que: “Não dá para a gente achar que a transição energética vai cair por inércia e nem que ela vai acontecer sem subsídio, porque os Estados Unidos estão subsidiando a transição energética. A Europa está subsidiando. Austrália, subsidiando. Não vamos ter a quantidade de subsídio que eles têm, mas vamos ter de ser mais eficientes, mais criativos. Só que temos vantagens comparativas. O custo da energia eólica e solar, no Brasil, é um dos mais baratos do mundo. Tem estudos que mostram que o hidrogênio verde no Brasil vai ser um dos mais baratos do mundo. Então, tem tudo para dar certo, mas temos de fazer dar mais certo, sim. E se a gente não regular, se a gente não organizar, a gente perde o bonde”, afirmou.

PREÇO DO DIESEL –  Reportagem de Denise Lima e Gabriel Vasconcelos, o Estado de S. Paulo de ontem, revela que o preço do óleo diesel que vem sendo cobrado pela Petrobras está 28% abaixo da cotação internacional. Isso torna a importação inviável para as empresas independentes e é preciso considerar que a importação do diesel representa 24% do consumo brasileiro.

A questão do preço já está começando a influir no abastecimento, atingindo distribuidoras em vários pontos do país.  O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores, Wallace Landim, defende um aumento de R$ 0,40 por litro. A questão do diesel, portanto, terá que ser estudada pela Petrobras.

DEFASAGEM – E não só o diesel, pois de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis, Sérgio Araújo, os preços da gasolina estão defasados na escala de 18%. É preciso, acentuo mais uma vez, confrontar os preços do óleo bruto do qual o Brasil é exportador, com os preços das importações. Não compreendo porque não é feito esse cálculo comparativo.

Quando o preço sobe, o valor das exportações brasileiras cresce. Quando o preço dos produtos refinados aumenta, as despesas com as importações aumentam também. Trata-se apenas de fazer uma conta nos dois lados para que se tenha ideia do reflexo em real dos dois valores em sentidos diferentes, mas com um resultado que deve ser único.

TESTE –  Fernanda Brigatti, em reportagem na Folha de S. Paulo desta quinta-feira, destaca que várias empresas brasileiras irão começar a testar nos próximos meses um novo modelo de trabalho com base na semana de quatro dias e com a manutenção de oito horas diárias e os salários atuais.

A empresa americana Day Week avaliará a produtividade com o novo modelo de jornada. Os interessados na experiência devem se inscrever no programa até o final deste mês, 31 de agosto. A expectativa de Renata Rivetti, da Reconnect, é que na primeira etapa 50 empresas participem da experiência. Gabriela Brasil, diretora da Day Week, disse que a base do projeto está numa mudança cultural.

Morre Dad Squarisi, editora de Opinião do Correio Braziliense, aos 77 anos

Velório de Dad Squarisi será na sexta-feira, no Campo da Esperança

Dad Squarisi era referência no jornalismo de Brasília

José Carlos Werneck

Morreu nesta quinta-feira, em Brasília, a escritora, professora de português e jornalista Dad Squarisi, aos 77 anos. Ela não resistiu às complicações de um câncer. A notícia, publicada pelo “Correio Braziliense relata que Dad Abi Chahine Squarisi nasceu em Beirute, no Líbano, em 1946.

Sua família mudou-se para o Brasil depois de seu pai sair derrotado da luta pela independência libanesa. Antes disso, ela morou na França, Espanha e Argentina, o que lhepossibilitou aprender diversas línguas. Além do português e do árabe, ela dominava o francês, o inglês e o espanhol.

GRANDE MESTRA – Importante referência na língua portuguesa e no jornalismo, Dad adotou o Brasil e Brasília como lar, e ensinou gerações a escrever e a se comunicar melhor, com a generosidade e a destreza características dos maiores mestres.

O primeiro estado em que viveu no país foi o Rio Grande do Sul. Como tinha problema grave de asma, o médico recomendou a mudança para um local seco, e os pais da jornalista escolheram Brasília.

Na capital, ela cursou letras na Universidade de Brasília e atuou como professora no Instituto Rio Branco por mais de uma década, antes de passar no concurso para consultora legislativa do Senado Federal.

NO JORNALISMO – Há 30 anos, foi convidada pelo então diretor de Redação do Correio Braziliense, Ricardo Noblat, para revisar a primeira página do jornal. “Noblat, diretor de Redação da época, falava que se o leitor visse um erro na capa do jornal, desistiria de comprá-lo”, lembrou Dad em entrevista ao Podcast do Correio

especial de 63 anos de Brasília. Poucos anos depois, tornou-se editora de Opinião do jornal.

Sua qualificação era tamanha que a então revisora tinha carta branca para mudar as chamadas de forma a garantir o entendimento.

“Se o leitor não entende o que noticiamos, não é porque lhe falta conhecimento. O erro é nosso. Precisamos saber como escrever para que todos entendam”, dizia ela, reforçando um ensinamento que semeou por toda a vida.

NA TELEVISÃO – Dad era comentarista da TV Brasília e concluiu especialização em linguística e mestrado em teoria da literatura. Machado de Assis, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa estavam entre seus autores favoritos.

Dad escreveu para adultos e para crianças; para técnicos e para leigos; brasileiros e estrangeiros; jornalistas, professores, concurseiros… A relação de públicos e de livros publicados é imensa, ultrapassa as dezenas. Em sua sala, por e-mail, mensagem, carta ou ligação, deixava as portas abertas para esclarecer dúvidas sobre o idioma que aprendeu a amar.

Ela é autora dos dois manuais de Redação do Correio. O primeiro Manual de Redação e Estilo, de 2005, virou item de colecionador. Ainda é possível ver exemplares circulando pelas mãos de jornalistas e de revisores, como referência para o exercício diário da profissão.

SEMPRE ATUALIZADA – Conectada às mudanças impostas pela tecnologia, Dad lançou, seis anos mais tarde, em 2011, o Manual de Redação e Estilo para Mídias Convergentes, incluindo orientações de escrita para plataformas digitais. A navegação entre plataformas, inclusive, era uma de suas especialidades.

Na internet, o Blog da Dad é um dos mais completos repositórios de dicas de língua portuguesa. Experimente digitar a sua dúvida nos mecanismos de busca ao lado do nome Dad Squarisi. A resposta clara e didática certamente aparecerá.

Ao lado do médico hematologista e hemo-oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Nelson Hamerschlak, Dad lançou, no ano passado, o segundo volume do livro Desafios, que reúne depoimentos de 35 pacientes que fizeram transplante de medula óssea em decorrência de leucemia. A escritora, que se submeteu duas vezes ao transplante de medula e seguia o tratamento contra o câncer, coordenou e editou as publicações.

Lula, Dilma e Bolsonaro enfim se encontram, apesar de todas as divergências que existem

Bolsonaro inelegível… Lula e Dilma estão livres, leves e soltos

Com Lula, Dilma e Bolsonaro, a política vira mesmo um circo

José Casado
Veja

Lula sancionou a ozonioterapia, Dilma Rousseff liberou a fosfoetanolamina, Jair Bolsonaro promoveu a cloroquina e a ivermectina. Lula e Dilma se dizem progressistas e de esquerda, Bolsonaro garante que é conservador e de direita.

Por razões que a razão é incapaz de explicar, os três acabaram reunidos na Tenda do Negacionismo, anexa ao Palácio do Planalto, apesar das reiteradas advertências do Ministério da Saúde, da Anvisa, de organizações médicas e científicas.

LEIS EXDRÚXULAS – Lula e Dilma avalizaram com a própria caneta leis esdrúxulas aprovadas pelo Congresso para introduzir no Sistema Único de Saúde a terapia de ozônio e a “pílula do câncer”, supostamente com efeito curador ou milagroso. Bolsonaro dispensou o biombo legislativo, mandou laboratórios estatais produzirem e promoveu um certo “kit Covid”, à base de cloroquina e ivermectina, sem amparo na Ciência.

Lula se elegeu com a promessa de acabar com o “obscurantismo” predominante em políticas governamentais de saúde, educação, ciência e tecnologia. A sanção da lei autorizando a terapia de ozônio como política pública deve sujeitá-lo às críticas por “estelionato” eleitoral.

Em caso de agruras, pode se socorrer com o médico e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-comunista e ex-ministro de Bolsonaro, dono de um longo histórico de ativismo no Congresso na defesa de terapias com ozônio, fosfoetanolamina, hidroxicloroquina e ivermectina, entre outros tratamentos milagrosos.

MESMO TERRAPLANISMO – É curioso como Lula e Dilma se deixaram enredar no terraplanismo que os distinguia dos adversários. Em abril de 2016, às vésperas do impeachment, Dilma sancionou a liberação da “pílula do câncer” (fosfoetanolamina sintética), mais tarde revogada pelo Supremo Tribunal Federal a pedido de entidades médicas e científicas.

A iniciativa no Congresso para liberação desse “remédio” contra o câncer tinha sido capitaneada pelo então deputado federal Jair Bolsonaro. É um de seus três projetos aprovados nos 27 anos em que frequentou a Câmara.

Na política, como na ciência e na vida, é sempre recomendável manter a mente aberta. Mas não tão aberta a ponto de deixar o cérebro cair, advertia o astrofísico americano Carl Sagan.

Um samba para ficar na História, como Hino da Política: “Se gritar pega ladrão…”

MAIS COISAS | Descubra a Essência do Rio | Agenda Bafafá

Ary do Cavaco, um compositor realmente genial

Paulo Peres
Poemas & Canções

O encontro de alguns políticos e de certas autoridades brasileiras mais parece o Samba “Reunião de Bacana”, dos compositores Ary do Cavaco e Bebeto Di São João. Este samba em 1980, participou do “Festival MPB Shell”, da TV Globo. 

REUNIÃO DE BACANAS
Ary do Cavaco e Bebeto Di São João

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um

Você me chamou para esse pagode
E me avisou aqui não tem pobre
Até me pediu pra pisar de mansinho
Porque sou da cor, eu sou escurinho
Deixa comigo malandro

Aqui realmente está toda a nata
Doutores, senhores até magnata
Com a bebedeira e a discussão
Tirei a minha conclusão

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um

Lugar meu amigo é minha Baixada
Que ando tranquilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça
Pois não há ladrão e é boa a polícia
Vou dizer então

Lá até parece a Suécia bacana
Se leva o bagulho se deixa a grana
Não é como esse ambiente pesado
Que você me trouxe para ser roubado

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um

Se gritar pega ladrão (pega o ladrão)
Aí meu é o seguinte
Não fica um meu irmão
Tá tudo certo só que é o seguinte vou gritar
Se gritar pega ladrão, não não fica um
E se correr o bicho vai pegar
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um

Pega, pega

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não não fica um

Na diplomacia de Lula para o ambiente está faltando estratégia e sobrando ministérios

A floresta não é um tesouro a ser saqueado, diz Lula

“A floresta não é um tesouro a ser saqueado”, disse Lula

William Waack
Estadão

O Brasil encontra dificuldades na sua “diplomacia ambiental”, descrita por Lula como “passaporte para uma nova relação com o mundo”. Além de ajudar a escapar do “lugar subalterno de fornecedores de matéria prima historicamente a nós reservado”. As dificuldades começam em casa.

Ficaram claras na Cúpula da Amazônia, que terminou sem um compromisso sobre metas de desmatamento e exploração de energia fóssil na região. Como liderar se o próprio País empurra para adiante as metas de desmatamento e não define se vai ou não explorar petróleo na faixa tropical?

BAIXO CARBONO – As mesmas dificuldades domésticas surgiram em relação à economia de baixo carbono. Os Ministérios da Fazenda, Industria e Comércio e o da Agricultura tinham chegado a um entendimento para regular no Brasil o comércio de emissões de carbono. Simplificando, seria mirar os modelos internacionais para compra e venda de permissões para emitir gases de efeito estufa.

O texto ficou praticamente pronto e faltava ao governo apenas definir se o enviaria a Câmara em forma de projeto de lei ou se o incorporaria a outras propostas em análise no Congresso. Mas o Meio Ambiente (leia-se Marina Silva) atravessou o entendimento com suas sérias dúvidas sobre a “monetização” do esquema – sugerindo em seu lugar uma espécie de “escambo” internacional.

A questão é mais abrangente do que parece – tornou-se de natureza geopolítica. O Brasil é uma reconhecida superpotência na produção de alimentos, mas especialistas como Roberto Azevedo, ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio, alertam para o fato de que o sequestro de carbono está se tornando mais relevante do que “simplesmente” produzir alimentos.

LIÇÕES A DAR – A tendência é considerada irreversível, e ligada à transição energética, um âmbito no qual o Brasil teria lições a dar. O problema para a ambição brasileira de “liderar” a pauta ambiental está, porém, no fato da Europa ter se transformado na principal plataforma regulatória internacional, o que inclui o mercado de carbono.

Nesse âmbito internacional da diplomacia ambiental a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, admite uma enorme dificuldade: o Brasil ainda precisa “mostrar ao mundo” que dispõe de métricas adequadas desenvolvidas em seu ambiente próprio de agricultura tropical. Por exemplo, que não só exibe agricultura sustentável, mas que dispõe da capacidade de certificação de emissões de carbono.

No atual governo são 17 os ministérios que se ocupam de uma maneira ou outra de questões ambientais. Produzem para a diplomacia ambiental muita fragmentação e falatório. Mas falta estratégia.

Campos Neto quer “reduzir” os juros  do cartão de crédito para 181% ao ano

O desabafo de Roberto Campos Neto no Senado

Campos Neto é insensível quanto à miserabilidade do povo

Fábio Matos
Metrópoles

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (10/8), ao participar de uma sessão especial do Senado, que o debate sobre a possível extinção do rotativo do cartão de crédito, que tem juro anual acima de 400%, está “encaminhado”.

O rotativo do cartão de crédito é uma linha de crédito pré-aprovada no cartão. Ela é acionada por quem não pode pagar o valor total da fatura na data de vencimento.

ALTERNATIVAS – Em caso de inadimplência do cliente, o banco deve parcelar o saldo devedor ou oferecer outra forma de quitação da dívida, em condições mais vantajosas, em um prazo de 30 dias.

“Temos 90 dias para apresentar uma solução, e a solução está se caminhando para que não tenha mais rotativo; nesse caso, o crédito iria direto para o parcelamento, em uma taxa ao redor de 9%”, disse o presidente do BC.

“Ou seja, você extingue o rotativo e quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento ao redor de 9%. Criamos algum tipo de tarifa para desenterrar o parcelamento de crédito sem juros tão longo. Não é proibido o parcelamento sem juros e tentar fazer com que eles fiquem um pouco mais disciplinados”, concluiu Campos Neto.

LIMITAR JUROS – Campos Neto disse ainda que uma alternativa seria limitar os juros no cartão de crédito, mas isso poderia gerar outro problema. “Limitar juros do cartão pode fazer com que os bancos retirem cartões de circulação. Ao cortar número de cartões, a gente sabe como começa, mas não sabe como termina”, afirmou.

Quanto à estabilidade da moeda, Campos Neto diz que inflação de serviços “preocupa um pouco mais”. Na véspera da divulgação do IPCA, Roberto Campos Neto, presidente do BC, afirma que inflação do setor de serviços subiu e ainda preocupa

“No caso do Brasil, o que hoje preocupa hoje um pouco mais é a inflação de serviços, que tem caído muito lentamente. Ela preocupa especialmente quando afeta a inflação de salários”, afirmou Campos Neto aos senadores. “A gente tem visto até uma melhora recente na inflação, apesar de o núcleo inflação de serviços ainda estar alto.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como é bonzinho o Campos Neto… Todos sabem que apenas os pobres atrasam cartão de crédito, a classe média se vira para não atrasar. E o presidente do BC quer cobrar do pobre uma taxa de 9% ao MÊS por atraso no cartão de crédito, diante de uma inflação de 4% ao ANO. Isso significa juros de 181% ao ano. É uma desumanidade. Tipos como Campos Neto querem que o pobre se exploda, igual ao Justo Veríssimo. (C.N.)

Lula lança o novo PAC no Rio, anunciando obras sem ter dinheiro suficiente para realizá-las

lula

Lula pensa (?) que seu governo está com dinheiro sobrando

José Casado
Veja

Lula programou para esta sexta-feira, dia 11, no Rio uma festa com sabor de nostalgia. Vai anunciar nova edição do antigo Programa de Aceleração do Crescimento — PAC na propaganda oficial —, que embalou sua campanha de reeleição (2006) e a sucessão com Dilma Rousseff (2010).

Não há nada errado com o fato de alguém ter saudade, vontade de reviver bons momentos guardados no palácio das memórias.

DE VOLTA AO FUTURO – Lula quer reviver uma experiência de duas décadas atrás, quando comandou uma expansão da intervenção do Estado na economia, em parte inspirada no projeto nacionalista de desenvolvimento do governo Ernesto Geisel, penúltimo general-presidente do regime militar.

Na época, Lula aumentou investimentos em infraestrutura e em programas sociais, para transferência direta de renda aos mais pobres.

O efeito político foi visto na sua reeleição com 21 pontos de vantagem, na contagem dos votos válidos, contra o então adversário Geraldo Alckmin, hoje seu vice-presidente. Venceu a crise do mensalão — a da corrupção na Petrobras aconteceu na década seguinte, durante o segundo governo de Dilma.

BONS TEMPOS… – Foi um período de sonho para Lula, como seria para qualquer político sentado na sua cadeira no Palácio do Planalto. O país se beneficiava do ciclo de alta nos preços dos produtos que mais exportava. Na média, os preços das matérias-primas aumentaram significativamente (15% ao ano) entre 2003 e 2010, segundo o Fundo Monetário Internacional.

No segundo mandato de Lula (2006-2010), o governo arrecadou impostos numa escala suficiente para sustentar aumentos anuais no salário-mínimo (de 6,3%), no consumo das famílias (8,4%) e nos investimentos públicos federais (11,5%) — em todos esses casos, sempre acima da inflação oficial.

Foi um “hit” político, social e econômico abaixo da linha do Equador na primeira década do novo milênio. Lula deixou o governo com popularidade recorde nas pesquisas de opinião. É razoável, portanto, que goste do seu passado e ache que tem todo o futuro pela frente — no caso, a renovação do mandato ou o comando da sucessão em 2026.

DIANTE DA REALIDADE – O problema de Lula, hoje, está na distância entre o desejo e a realidade. Não há dinheiro bastante nos cofres públicos para financiar um plano de obras que vai custar, segundo o próprio governo, nada menos que R$ 60 bilhões anuais a partir deste 2023.

O governo sequer conseguiu aprovar no Congresso sua proposta para novos limites de gastos e de endividamento, aquilo que chama de arcabouço fiscal.

Também não tem certeza de quanto, como e onde poderá gastar no ano que vem, uma temporada de eleições municipais, simplesmente porque ainda não negociou com a Câmara e o Senado a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o próprio Orçamento de 2024, ambos dependentes das novas regras que limitam gastos e endividamento público.

NÃO HÁ DINHEIRO – Evidentemente, o Congresso vai aprovar, como sempre. Mesmo assim, é provável que não haja dinheiro suficiente para sustentar os gastos na escala desenhada nessa reedição do velho PAC.

Restariam três alternativas a Lula. Duas são óbvias e podem ser combinadas: aumentar impostos e elevar o endividamento público. A terceira seria um novo ciclo de valorização das commodities, mas isso está fora do seu controle. Nesse caso, é questão de sorte. Se acontecer a oposição não poderá acusá-lo de despreparado para a oportunidade.

Se nada disso der certo, o velho PAC volta à gaveta e a vida seguirá com Lula no mesmo palanque onde já completou quatro décadas de comícios.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Belo artigo do José Casado. Com sutileza, mostra que Lula está com prazo de validade vencido e vive num passado que não existe mais.

Sonha em investir, sem ter dinheiro. Irresponsavelmente, já afirmou que “o dinheiro vai sair de onde está para entrar onde deveria estar”. Por não aceitar teto de gastos, considera superados os livros de Economia. 

Em tradução simultânea, Lula está delirante e precisa ser contido, porque vem aumentando os gastos públicos irresponsavelmente. (C.N.)

Com três anos de antecedência, Lira intensifica disputa com Renan mirando vaga no Senado

Em ponto de ebulição, conflito entre Renan e Lira acende alerta no governo  | VEJA

Lira acha que já tem força suficiente para enfrentar Renan em Alagoas

Bernardo Mello
O Globo

Projetando a disputa de uma cadeira no Senado em 2026, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), rivaliza com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), seu adversário político, pelo apoio de prefeitos em Alagoas valendo-se de recursos liberados junto ao governo Lula (PT).

Nas últimas semanas, aproveitando o recesso parlamentar, Lira intensificou sua agenda de inaugurações de obras e eventos políticos no estado, tanto em seus redutos quanto em áreas onde busca esvaziar a influência de Renan. Em meio à concorrência entre os dois caciques, Alagoas vive uma explosão de envio de emendas neste ano.

ORÇAMENTO SECRETO – O estado de Lira e Renan foi o mais contemplado pela gestão Lula em emendas herdadas pelo Ministério da Saúde após a extinção do orçamento secreto, usadas pelo Planalto para angariar apoio político.

Em um pacote de R$ 896 milhões liberados entre o fim de junho e o início de julho, quase 30% foram para Alagoas. O principal destino foi a capital Maceió, governada por João Henrique Caldas (PL), aliado de Lira, que recebeu cerca de R$ 97 milhões. Outros prefeitos declaradamente apoiadores de Lira, como os de Pilar e Boca da Mata, figuram entre os mais contemplados.

As emendas, que também atenderam aliados de Renan, são o principal instrumento de Lira para arregimentar apoios de prefeitos, fator que interlocutores consideram decisivo para projetá-lo na corrida ao Senado. Em 2022, Lira foi o deputado federal mais votado em 42 dos 102 municípios alagoanos. Já o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), eleito ao Senado, foi vitorioso em 84 municípios. Em 30 cidades, ambos foram os mais votados aos respectivos cargos.

TRAJETÓRIA EFICIENTE — “Hoje o Congresso tem uma força grande nas entregas, e Arthur está construindo uma trajetória bem eficiente. Terá apoio em Maceió e na região metropolitana, e vai disputar a classe política no interior com o senador Renan” — afirmou o ex-deputado Davi Davino Filho (PP), que concorreu ao Senado em 2022.

A importância da rede de prefeituras é exemplificada por Davino: no sertão alagoano, área largamente vencida pelo MDB, o candidato do PP ao Senado levou a melhor em Canapi, único município da região em que teve apoio da gestão.

O local é governado pela família do ex-prefeito Zé Hermes, fiel aliado de Lira. O presidente da Câmara promoveu, em maio, um encontro de Hermes com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).

NOVAS FRENTES – Além de assegurar seus domínios, Lira tenta abrir novas frentes. Entre terça e sexta-feira, o presidente da Câmara circulou em Arapiraca, segunda maior cidade de Alagoas, para inaugurar uma ciclovia e fazer uma entrega de tratores, em ações custeadas por emendas parlamentares.

Lira foi ciceroneado pelo atual prefeito, Luciano Barbosa (MDB), um antigo aliado de Renan que brigou com o clã Calheiros em 2020. Ao lado de Lira e do próprio filho, o deputado federal Daniel Barbosa (PP-AL), o prefeito elogiou o presidente da Câmara pelo envio de recursos.

Outro alvo é a família Beltrão, influente no sul do estado, hoje dividida entre Lira e Renan. O ex-prefeito Marcius Beltrão (PSB) ensaia uma divergência com o MDB para disputar a prefeitura de Penedo. No início do ano, Lira fustigou o atual prefeito Ronaldo Lemos (MDB), aliado de Renan, em meio a uma tentativa de tirar do município a sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) em Alagoas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lira está comprando uma briga feia com Renan Calheiros. Com isso, deixa Lula em má situação, porque o presidente hoje está ligado aos dois. Depende mais de Lira, porém Renan é um aliado antigo. E nessa briga de cachorro grande não há volta nem reconciliação. Na próxima eleição há duas vagas no Senado, Ou seja, provavelmente, os dois serão eleitos. (C.N.)

Estamos condenados à barbárie? Em 2022, a violência tirou a vida de 48 mil brasileiros

Violência no Brasil - Brasil Escola

O Brasil está entre os dez mais perigosos países do mundo

Maria Hermínia Tavares
Folha

Entre o final de julho e o começo de agosto, somaram 45 os mortos em operações policiais contra o tráfico de drogas na Bahia, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Do total, uma vítima era agente da lei. A tragédia escancara a brutalidade em que estamos imersos.

Em 2019, segundo o Observatório Global da Organização Mundial da Saúde, só dez países tinham taxas de homicídio maiores do que o Brasil. Formávamos um time da pesada com países a que não costumamos nos comparar: África do Sul, Lesoto e oito vizinhos latino-americanos ­—El Salvador, Honduras, Colômbia e Venezuela, além de quatro nações caribenhas.

48 MIL VÍTIMAS – No ano passado, a violência tirou a vida de cerca de 48 mil brasileiros. Em média, polícias foram responsáveis por 17 mortos a cada dia, informa o Anuário do Fórum Nacional de Segurança Pública. Como seria de prever, a barbárie não se distribui igualmente pela federação. Amapá, Bahia, Sergipe, Pará e Goiás lideram o rol de homicídios; somados ao Rio de Janeiro, também o do uso abusivo da força policial.

Tampouco a matança atinge todos na mesma proporção: de ambos os lados do tiroteio, homens negros, jovens e pobres correm risco sempre maior.

As estatísticas ajudam a perceber o tamanho da catástrofe, mas não dão a medida do sofrimento das famílias atingidas, nem do medo dos ameaçados mais de perto, nem do sentimento difuso de insegurança dos que temem a violência letal, ainda quando é menor o risco de vir a sofrê-la. Também não medem o impacto da violência sobre a vida política democrática.

EXPLORAÇÃO DO MEDO – A direita há muito descobriu que a exploração do medo — diariamente cevado pela mídia sensacionalista — e a defesa da força bruta contra suspeitos rendem votos. A cada eleição cresce a “bancada da bala” na Câmara dos Deputados, assim como o número de eleitos saídos dos aparatos policiais nos estados.

Para os paulistas, a defesa brandida pelo governador Tarcísio de Freitas dos desmandos cometidos pela Operação Escudo, em Guarujá, exuma os tempos de Paulo “bandido bom é bandido morto” Maluf.

Os democratas comprometidos com o social têm o desafio — e o dever moral— de recorrer às experiências bem-sucedidas de governos subnacionais e de organizações da sociedade, além dos confiáveis dados disponíveis, para implantar formas civilizadas de garantir a segurança pública. Nos 14 anos em que governou o país, a centro-esquerda não se destacou por inovar nessa matéria. Tem agora nova oportunidade de mostrar que não estamos condenados à barbárie.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Maria Hermínia Tavares é uma das cientistas políticas que mais admiro. Também me preocupo com esse altíssimo nível de violência, porém sou mais conformado, porque sei que nada vai mudar enquanto a sociedade brasileira for uma das mais injustas do mundo, ou enquanto houver essa diferença abissal entre o maiores e os menores salários. Não há como fazer conviver a miséria absoluta e a riqueza total. São água e óleo, não se misturam. Enquanto formos injustos, haverá violência exacerbada. Apenas isso. (C.N.)

Moraes inova ao definir que crítica à urna eletrônica é “‘atentado contra democracia”

Advogado diz que PF alega que vídeo de Moraes enviado foi editado

O ministro Alexandre de Moraes impressiona pela criatividade

J.R. Guzzo
Estadão

O ministro Alexandre de Moraes acaba de apresentar uma inovação no conceito universal da liberdade de expressão. De acordo com o que disse numa palestra, o direito de pensar não se aplica ao que o cidadão possa achar das urnas eletrônicas do TSE. Apresentar dúvidas, ou críticas, sobre o seu funcionamento é um ato contra a democracia, sustenta Moraes.

“De forma alguma podemos aceitar essa afirmação totalmente errônea de que isso é liberdade de expressão”. Não se admite tal coisa, segundo ele, “nem nos Estados Unidos”.

SEM TRADUÇÃO – Não dá para entender direito esse “nem”, e menos ainda a revelação de que falar mal do sistema de votação é um delito na lei americana – nunca se ouviu falar, desde Thomas Jefferson, que alguém tenha sido indiciado em processo penal nos Estados Unidos por fazer alguma coisa parecida.

Mas, seja como for, Moraes está dizendo o seguinte: é proibido achar que as urnas usadas no Brasil possam dar problema. Isso, em sua opinião, é atentar contra o regime democrático – e “atentados contra a democracia”, segundo afirmou na palestra, “não são exercício da liberdade de expressão”.

Desde que surgiu a ideia de que os seres humanos têm o direito de dizer o que pensam, na Grécia de 2.500 anos atrás, ninguém tinha sustentado que esse direito não se aplica a quem duvidar de algum mecanismo declarado infalível pela autoridade pública.

SEM CONTESTAÇÃO – E por que seria ilegal contestar alguma coisa, qualquer coisa, que o STF e os sábios da hora consideram infalível? Era infalível, por exemplo, a noção de que o Sol girava em volta da Terra – o sujeito podia acabar na fogueira da Inquisição por dizer uma coisa dessas.

É óbvio que a vida humana se tornaria impossível se os governos continuassem pensando assim; por isso, justamente, mudaram de ideia a respeito. Mais difícil de entender, ainda, é a conclusão de que as urnas do TSE não falham.

Quem disse que as urnas do TSE são infalíveis? O sistema de votação e apuração de eleições em vigor no Brasil não é uma lei da física – é o produto de máquinas, e por definição qualquer máquina pode falhar.

TUDO É FALÍVEL – Os maiores bancos brasileiros, por exemplo, investiram R$ 35 bilhões em tecnologia de informação no ano passado – isso mesmo, 35 bi, e só em 2022.

Apesar de todo esse esforço, o Banco Itaú, o maior banco do país, acaba de passar quase um dia inteiro sem funcionar, paralisado por falhas nos seus sistemas eletrônicos.

Porque não poderiam acontecer problemas de funcionamento nas urnas do TSE? Além do mais, elas não são utilizadas em nenhuma democracia séria do mundo; nenhuma. Será que refletir sobre isso é tentativa de golpe de Estado? Não fecha.

Decisão do Supremo sobre uso da maconha corre risco de se tornar uma medida elitista

Descriminalização da maconha chega a 32% diz Datafolha - Bahia na Política  por Jair Onofre

Charge reproduzida do Arquivo Google

Demétrio Magnoli
O Globo

Desde a Lei de Drogas (2006), ninguém é preso pelo porte de maconha para consumo próprio — se for da classe social “certa”. Mas há mais de 180 mil presos por tráfico de drogas (25% da população carcerária total), muitos dos quais jovens pobres condenados pela venda de pequenas quantidades de maconha. O Supremo tem, nos próximos dias, a oportunidade de frear a marcha dessa escandalosa injustiça social. Tudo depende, porém, de um acordo sobre gramas.

O carinha A compra maconha do carinha C para consumi-la. A lei vigente define os dois, A e C, como criminosos — mas prescreve prisão apenas para C. Como, porém, na ausência de um flagrante da transação, distinguir o consumidor (A) do “aviãozinho” (C)?

AVALIAÇÃO POLICIAL – Segundo a lei, a polícia resolve o dilema por meio de uma avaliação do “local” e das “circunstâncias” da apreensão. Sob uma pátina superficial de coerência (A e C cometeram crimes), oculta-se uma cínica distinção de classe social: um fumará à vontade; o outro ingressará na universidade do crime instalada nas penitenciárias.

Nos Estados Unidos, diversos estados, governados por democratas ou republicanos, legalizaram o comércio de maconha e seus subprodutos, vendidos em lojas reluzentes nas áreas nobres das cidades. Nossa elite política, à direita e à esquerda, furta-se vergonhosamente a rediscutir a criminalização das drogas leves.

O Supremo não pode substituir o Congresso e, portanto, está condenado a agir nas margens, produzindo interpretações legais. O risco da reinterpretação em curso é congelar a injustiça. A tese dominante, que já conta com quatro votos, vai nessa direção.

QUESTÃO DE SAÚDE – De acordo com ela, o consumidor não deve ser criminalizado, pois todos têm o direito de fazer mal à própria saúde, mas o fornecedor deve ser, pois prejudica a saúde dos demais.

Por essa via, remove-se a fina pátina original da coerência e decide-se que, numa transação voluntária entre dois adultos, um figura como vítima inocente e seu parceiro como pérfido criminoso. O carinha C continuará a ser encarcerado por crime inafiançável, enquanto o carinha A ficará livre até mesmo do registro de um crime em seu prontuário.

Os juízes têm, entretanto, uma chance de, radicalizando o exercício da incoerência, suprimir as implicações perversas da tese que elegeram. O julgamento foi interrompido justamente para propiciar a exploração dessa hipótese, por meio da substituição do arbítrio policial pela definição de uma quantidade de maconha capaz de distinguir o consumidor (não criminoso) do traficante (criminoso).

VÁRIOS PESOS – O sentido social e moral da decisão do STF depende, literalmente, de uma balança de precisão. Gilmar Mendes encarregou-se de formular uma proposta quantitativa. Alexandre de Moraes sugeriu algo entre 25 e 60 gramas. Gramas de injustiça: seriam números perfeitos para o consumidor de classe média e, claro, uma inapelável sentença condenatória para os “aviõezinhos”.

Tudo permaneceria mais ou menos como está — sem a necessidade do arbítrio policial. O Brasil de mentira celebraria o “avanço progressista”; a “guerra às drogas” seguiria seu rumo sombrio nas periferias e favelas.

A alternativa é anular parcialmente a Lei de Drogas por uma reinterpretação mais ousada. A balança do STF precisaria mover-se na direção de quantidades de maconha suficientes para converter o “aviãozinho” em “consumidor”, circunscrevendo a criminalização à elite do narcotráfico.

PARAR AS PRISÕES – O gesto ilusionista dos magistrados teria o condão de paralisar o maquinário do encarceramento em massa que só reforça as facções do crime organizado.

Convivemos, todos os dias, com o ilusionismo da barbárie. Fingimos que a “guerra às drogas” limita o uso de entorpecentes, enquanto multidões de viciados acendem cachimbos de crack, à luz do dia, nas ruas centrais de São Paulo.

Prendemos garotos que vendem papelotes de maconha nas esquinas, enquanto, em pleno porto de Santos, aos olhos de todos, o PCC administra os embarques de uma tonelada mensal de cocaína destinada aos mercados europeus. Nessas tristes circunstâncias, por que não experimentar um pouquinho de ilusionismo civilizatório?

Bolsonaro define três alvos para elevar tom contra a descriminalização da maconha

Ilustração do Gomez (Correio Braziliense)

Denise Rothenburg
Correio Braziliense

O tema da conversa do ex-presidente Jair Bolsonaro com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o governador do estado, Tarcísio de Freitas, foi escolhido a dedo para marcar a diferença do trio com os adversários que defendem a descriminalização das drogas — o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), o PT e ministros do Supremo Tribunal Federal que já votaram a favor da maconha.

Aliás, a ida de Bolsonaro a São Paulo visa justamente colocá-lo novamente em sintonia com parte do eleitorado que não tolera a descriminalização e, paralelamente, mostrar que, mesmo inelegível, o ex-presidente tem um ativo eleitoral forte.

ATRÁS DO PREJUÍZO – Todo esse trabalho, seja a ida a uma galeteria de Brasília, onde foi aplaudido, e o almoço em São Paulo, pretende colocar na vitrine do ex-presidente temas que possam compensar o desgaste sofrido com o caso da deputada Carla Zambelli, envolvida com o hacker Delgatti Neto, e com a suposta tentativa de venda do relógio Rolex feita pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens.

Com os candidatos que planejam suceder Bolsonaro na disputa da Presidência em 2026 tropeçando no discurso, como é o caso do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o ex-presidente acredita que não perderá influência no eleitorado de direita.

DEIXE QUE DIGAM… – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, faz cara de paisagem em relação às críticas que vem recebendo de senadores e vai bater o pé em defesa dos pareceres do Ibama, seja no tema exploração de petróleo na Amazônia, seja no quesito BR-319 — rodovia que, na avaliação dos ambientalistas, precisa de mais estudos.

Marina, aliás, avisam seus aliados, está do mesmo jeito que sempre esteve. Se sentir falta de respaldo no governo para pareceres técnicos, não terá o menor constrangimento em pedir o boné e ir cuidar da vida no exterior, onde é requisitada para quase todas as conferências.

E o governo brasileiro praticamente se transferiu para Belém nesta semana da Cúpula da Amazônia. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que desembarcou por lá nesta segunda-feira, leva na bagagem a expectativa de o presidente Lula liderar o Sul Global na transição energética. E, enquanto a Cúpula da Amazônia estiver na ordem do dia, a reforma ministerial continuará em banho-maria.

Lula mostra ao mundo que deseja preservar Amazônia, explorando potencial econômico 

Lula definiu com clareza sua política para a Amazônia

Bruno Boghossian
Folha

A sabotagem ambiental de Jair Bolsonaro deu a Lula uma vantagem e uma desvantagem. Bastou restabelecer padrões de preservação para entregar resultados e tirar o país da classe de pária. Por outro lado, o contraste criou sobre o governo uma pressão por metas ambiciosas que não estão na agenda do presidente.

A Cúpula da Amazônia teve um certo gosto de frustração para grupos que defendem a adoção de obrigações ambientais rigorosas pelos países da região. O documento final do encontro deixou de fora uma proposta de corte acelerado na exploração de petróleo e amenizou um compromisso de desmatamento zero.

PUXANDO O FREIO – O Brasil ajudou a puxar o freio. O governo recusou a ideia de barrar a extração de petróleo na Amazônia (para manter vivos os planos da Petrobras) e aderiu a um vocabulário mais tímido sobre a redução do desmatamento (para proteger países pobres que não cumpririam a meta).

O encontro deu a Lula um palco para se apresentar como líder de um movimento político pela preservação da floresta, mas o petista também aproveitou para traçar os limites e contornos mais nítidos até aqui de seu compromisso ambiental.

O presidente sustentou posições que sugerem uma flexibilidade maior do que algumas expectativas de rigor ambiental depositadas sobre o governo. O petista deu destaque à atividade econômica na Amazônia e disse que a região deve ser “um espaço para geração de riqueza para o povo, não um santuário”.

ATIVIDADE ECONÔMICA – A mensagem central é que o governo defende regras sérias para preservação, mas não vai abrir mão de certos interesses na exploração da economia regional.

Lula já aplicou esse modelo ao deixar a porta aberta para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas e ao criticar exigências ambientais acrescentadas pela União Europeia nas negociações com o Mercosul.

Ainda que tenha atualizado sua plataforma ambiental, o histórico mostra o peso dado pelo petista à atividade econômica. As margens que ele desenha vão balizar decisões deste governo e também os conflitos inevitáveis em torno do tema.

Candidato morto no Equador denunciou casos de corrupção da Petrochina e da Odebrecht

Quem é Fernando Villavicencio, candidato à Presidência assassinado no  Equador

Villavicencio, um jornalista que tentou entrar na política

Júlia Barbon
Folha

Fernando Villavicencio, 59 anos, o candidato à Presidência do Equador assassinado nesta quarta-feira (9), ficou conhecido por denunciar casos de corrupção enquanto era jornalista investigativo e deputado, especialmente da Petrochina e da Odebrecht. O político foi um dos grandes opositores do ex-presidente Rafael Correa, hoje autoexilado na Bélgica.

Um dos oito postulantes ao cargo, ele teve longa trajetória na vida pública e curta carreira política. Foi membro da Assembleia Nacional até três meses atrás, quando o presidente Guillermo Lasso decretou a chamada “morte cruzada”, dissolvendo o Legislativo e convocando as eleições marcadas para o dia 20.

INVESTIGAÇÕES – Villavicencio atuava como parlamentar desde 2021, período no qual foi muito ativo como presidente da comissão de fiscalização e controle político. Ele impulsionou investigações, principalmente em questões relacionadas ao petróleo, nos governos de Correa (2007-2017), Lenín Moreno (2017-2021) e de Lasso.

Apesar disso, recentemente o legislador foi acusado por opositores correístas de obstruir o processo de impeachment contra o atual presidente — que levou o líder a tomar a drástica medida meses atrás. O deputado negava as insinuações de proximidade com o governo, afirmando que a oposição agia sem evidências.

Sua maior investigação como deputado foi no caso Petrochina, em que denunciou um suposto esquema de corrupção na venda de petróleo à China por valores abaixo dos de mercado no governo de Correa.

COMO JORNALISTA – Villavicencio também ficou conhecido por sua longa carreira como jornalista, durante a qual ele fundou o portal Periodismo de Investigación. Até hoje o político se identificava como jornalista investigativo nas redes sociais e divulgava o link do seu site, por meio do qual fez diversas outras denúncias.

Ele tinha conhecimento amplo do setor petrolerio porque começou sua carreira política na década de 1990 como comunicador social e então líder sindical da estatal Petroecuador, época em que também participou da fundação do movimento político indígena Pachakutik, existente até hoje. Durante o governo de Correa, foi assessor de Cléver Jiménez, então deputado do Pachakutik. Juntos, apresentaram diversas denúncias contra Correa, principalmente relacionadas ao setor petrolífero.

Após uma das denúncias, em 2014, foram processados por Correa e condenados a 18 meses de prisão, porque a acusação foi considerada maliciosa e temerária, segundo o jornal local Primicias. Eles, porém, refugiaram-se num povo indígena na Amazônia até a pena prescrever e voltaram à vida pública.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Uma facção criminosa (Los Lobos) assumiu a morte do político, dizendo que ele não cumpriu acordo com a quadrilha, mas há controvérsias. Não se sabe se ele morreu por ser esquerdista ou por lutar contra a corrupção. (C.N.)

Anderson Torres: uma confissão tácita de um delegado pela estrada do absurdo

Torres foi acometido por uma absurda amnésia sobre o documento golpista

Pedro do Coutto

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em seu depoimento que prestou na terça-feira à CPI do Congresso, enveredou pela estrada do absurdo, mas confessou tacitamente o seu conhecimento e a sua participação na tentativa de golpe contra o presidente Lula da Silva. Torres deixou claro o seu comportamento por uma série de motivos em relação aos quais não formalizou qualquer encadeamento lógico.

Ele disse que a minuta do projeto de decreto levado a Jair Bolsonaro para intervenção no Tribunal Superior Eleitoral era um texto produzido por alguém e que lhe foi entregue, mas não se recordava por quem e que em vez de jogá-lo fora, deixou-o exposto numa mesa da sala de sua residência. Quanto à sua ausência de Brasília, voltou a afirmar que não possuía informações sobre a invasão do dia 8 de janeiro. O seu telefone celular diz que perdeu, não sabe onde.

TORRENTE DE ABSURDOS – Sobre os acontecimentos do dia 12 de dezembro, quando extremistas incendiaram ônibus e caminhões e tentaram invadir a Polícia Federal, não conseguiu falar a respeito do pensamento que lhe ocorreu quando estava jantando num restaurante de Brasília. Enfim, uma torrente de absurdos e inverdades, culminando com suas declarações de que o projeto golpista é fantasioso.

A Folha de S. Paulo, reportagem de Thaisa Oliveira, e o O Globo de Lauriberto Pompeu e Paolla Serra, edições de ontem, focalizaram amplamente o assunto que passa da realidade para uma completa fantasia com o objetivo de negar o óbvio essencial da questão. Na verdade, Anderson Torres deixou claro que confirmava toda a trama articulada junto com Bolsonaro, primeiro para impedir a posse do presidente eleito, e em seguida para derrubar o seu governo.

Diante da sequência de disparates, a senadora Eliziane Gama, da relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito, anunciou que vai propor uma acareação entre o ex-ministro da Justiça e o ex-superintendente da Polícia Federal na Bahia Leandro Almeida. Isso porque Anderson Torres deslocou-se para a Bahia no domingo do segundo turno quando ordenou a “fiscalização” dos ônibus que transitavam no Nordeste.

OBRAS – Perguntado o motivo pelo qual viajou nesse dia, Torres disse que foi verificar o andamento de obras da PF no estado. Suas declarações, portanto, como se observa, não fazem o menor sentido e deixam claro a sua participação na trama antidemocrática, inclusive porque ao entrar de férias exatamente no dia da invasão do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF, Anderson Torres encontrava-se na cidade de Orlando, justamente onde o ex-presidente Jair Bolsonaro se hospedara.  

Torres depôs com a tornozeleira eletrônica presa em seu corpo. No fundo, o seu depoimento transformou-se numa confissão por ação tácita, não dando margem a qualquer dúvida. Para complementar o episódio, na manhã desta quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques.

CONFISSÃO – O depoimento de Anderson Torres transformou-se num capítulo que ficará para sempre marcado na história política brasileira como uma confissão sinuosa, mas evidente, da trama de um golpe que procurava a invasão e as depredações de Brasília como um pretexto tão hediondo quanto praticamente impossível.

Na verdade, uma cópia da invasão do Capitólio em Washington em janeiro de 2021 para desfechar um golpe contra a vitória nas urnas de Joe Biden sobre Donald Trump. De janeiro de 2021 para a data de hoje, Trump enredou-se numa sequência de acusações criminosas e de absurdos na mesma dimensão de seus crimes. A meu ver, o bolsonarismo e Bolsonaro estavam no roteiro de Anderson Torres.

MOBILIZAÇÃO –  Em artigo publicado no New York Times, transcrito na edição de ontem no Estado de S. Paulo, Marc Tracy publica reportagem sobre a reação de atores americanos e ingleses contra a aplicação de métodos digitais à base da Inteligência Artificial para incluir suas imagens em filmes ou depoimentos em relação aos quais não autorizaram e, portanto, rejeitam as montagens e querem regulamentação legal, principalmente nos Estados Unidos, para impedir o uso da fotogrametria que permite a criação de movimentos e palavras para obras pelas quais os direitos pessoais não são remunerados.

Em jogos de futebol na Inglaterra, a Apple TV incluiu imagens de atores como se estivessem assistindo as partidas no meio da multidão para promover os espetáculos. Uma magia técnica chamada de TEed Lasso cria cenas de atores junto ao público nos estádios. A imagem do ator Peter Cushing foi usada para representar um personagem do mundo esportivo. Em Hollywood, recentemente, houve uma greve dos roteiristas que recebeu o apoio de atores e atrizes. O sistema artificial vem se tornando, sustentam os artistas, de uso de imagens e palavras numa realidade virtual inventada e não produzida.

A busca pela alma gêmea no amor, na poesia romântica de Gonçalves Dias

A vida é combate, Que os fracos abate,... Gonçalves Dias - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, etnógrafo, teatrólogo e poeta romântico maranhense Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) confessa o “Desejo” de encontrar um amor realmente igual ao seu.

DESEJO
Gonçalves Dias

Ah! que eu não morra sem provar, ao menos
Sequer por um instante, nesta vida
Amor igual ao meu!

Dá, Senhor Deus, que eu sobre a terra encontre
Um anjo, uma mulher, uma obra tua,
Que sinta o meu sentir;

Uma alma que me entenda, irmã da minha,
Que escute o meu silêncio, que me siga
Dos ares na amplidão!

Que em laço estreito unidas, juntas, presas,
Deixando a terra e o lodo, aos céus remontem
Num êxtase de amor! 

Afinal, por que não concluíram a investigação sobre o vandalismo de 8 de janeiro?

Prioridade da oposição na CPMI de 8/1 é quebrar sigilo de vídeos

Procurador pretende transformar os invasores em  “terroristas”

Carlos Newton

Na matriz U.S.A., a Justiça está caminhando com firmeza na condenação dos quase mil presos pela invasão do Capitólio, há dois anos e meio. Mas o processo é bem diferente do que acontece aqui na filial Brazil, porque a Justiça americana atribui penas maiores apenas para os mentores, vândalos e agressores de policiais no atentado ao Parlamento. Os que apenas participaram da manifestação, mas sem investir contra agentes de segurança ou vandalizar o prédio, estão sendo condenados a punições simbólicas, geralmente de quatro meses de prisão.

Mais de duas mil pessoas entraram na sede do Capitólio naquele dia 6 de janeiro. Os que não causaram danos à propriedade ou a pessoas e apenas caminharam por suas instalações estão sujeitos a no máximo seis meses de prisão.

MORTOS E FERIDOS – Na invasão, morreram três agentes de segurança, e mais um morreu depois, no hospital, e outros 250 ficaram feridos. Os responsáveis pelas mortes e agressões estão sendo condenados a até 10 anos de prisão.

Um dos personagens mais conhecidos, Jacob Chansley, que usava um chapéu com chifres de búfalo, foi condenado a apenas 41 meses de prisão. A mesma pena foi dada a Scott Fairlamb, ex-lutador de artes marciais, filmado enquanto socava um policial.

Por fim, o Departamento de Justiça descobriu que os principais mentores foram os líderes de milícias supremacistas e antigovernamentais, que podem pegar penas maiores, de 20 anos.

BAGUNÇA NA SUCURSAL – Enquanto na matriz U.S.A. tudo caminha normalmente, aqui na filial Brazil é uma bagunça. A Procuradoria-Geral da República não faz distinção entre manifestantes ativos e passivos. Todos são acusados de cinco graves crimes ligados a terrorismo, que podem dar até 30 anos de cadeia.

O pior é que não há atenuantes nem se procura descobrir quem incitou os acampados, embora se saiba que nas vésperas do protesto chegaram a Brasília diversos grupos de ativistas, que não foram para o acampamento e se hospedaram em hotéis, de onde saíram no dia seguinte para radicalizar ao máximo a manifestação e provocar a interferências da Forças Armadas. 

Foram esses agitadores que se uniram aos militantes na Praça dos Três Poderes e lideraram o ataque à guarnição da PM que tentava conter a invasão. Seriam facilmente identificados nos hotéis, mas quem se interessa?

SIMPLESMENTE SUMIRAM – Estranhamente, até hoje esses agentes desagregadores não foram  presos. É como se não existissem, mas em Brasília todos sabem que eles foram responsáveis por tudo, tinham máscaras contra gás lacrimogêneo, estavam com capuz ou rosto pintado para não serem reconhecidos.

Esses infiltrados provocaram o chamado “comportamento de manada” nos acampados, mas essa circunstância atenuante não está sendo levada em conta.

Além disso, deve-se lembrar que os manifestantes foram escoltados por batedores da PM em todo o caminho para a Praça dos Três Poderes, e por isso eles julgavam que as Forças Armadas estavam a favor de anular as eleições, e essa convicção eles formaram devido ao evidente apoio que o Comando do Exército deu aos militantes desde que montaram acampamento no QG do Exército. Mas nada disso está sendo levado em consideração.

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P.S. –
Antes de acusar e julgar, a filial Brazil precisa seguir o exemplo da matriz U.S.A., para não cometer o maior erro judiciário da História. As penas devem ser atribuídas de acordo com a gravidade do comportamento de cada um, como a Justiça da matriz procede. Não é como aqui na sucursal Brazil, onde um subprocurador delirante e distraído quer transformar em “terroristas” cerca de mil cidadãs e cidadãos que foram iludidos por líderes políticos altamente insanos e irresponsáveis, que são capazes de pedir contribuições 
em dinheiro aos aliados e usá-las para jogar na Megasena. Sinceramente… (C.N.)

Jorge Cravinho conheceu Frank, Nat, Billie, Louis, Duke, Sarah, Didi, Pelé, Garrincha…

O fã Cravinho na concentração do Brasil na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, com Didi e Pelé (no alto) e Garrincha (acima)

O fã Cravinho com Didi e Pelé (no alto) e Garrincha (acima)

Ruy Castro
Folha

Há dias, escrevi sobre meu amigo Jorge Cravo, Cravinho, que se dirigiu a Tony Bennett na rua, em Nova York, em 1986, e Tony, ao saber que ele era brasileiro, começou a falar de João Gilberto. Cravinho, modesto, não lhe contou que era amigo de João Gilberto desde 1949 em Salvador, e que passavam a noite ouvindo discos de cantores americanos de sua já fabulosa coleção. Leitores se encantaram com ele e quiseram saber mais.

Cravinho era de uma rica família baiana e louco por música. Aos 20 anos, em 1947, foi estudar nos EUA e fez de tudo menos estudar. Circulou por Nova York com Dick Farney, Lucio Alves e os Anjos do Inferno, que também estavam lá. Foi a tantos shows de Frank Sinatra, Nat King Cole, Billy Eckstine, Louis Armstrong e Duke Ellington que perdeu a conta. Eles atendiam os fãs, davam fotos autografadas. E houve sua história com Billie Holiday.

BILLIE HOLIDAY – Ao fim de um show de Billie, ele casualmente a viu sair do teatro. Seguiu-a pela rua 52 e, quando ela entrou num botequim, entrou também e sentou-se ao seu lado no balcão.

Apresentou-se, cumprimentou-a pelo show e perguntou se ela não gostaria de cantar no Brasil. Billie disse que sim. Ele lhe falou de contatos e trocaram seus endereços em NY e Salvador.

Meses depois, ela lhe escreveu dizendo que não poderia viajar tão cedo, por causa de compromissos. Cravinho lamentou e guardou a carta dentro de um disco de Billie.

NA COPA DE 58 – Outra façanha de Cravinho foi ir à Copa do Mundo de 1958, na distante Suécia. Visitava a concentração todos os dias e batia papo com Didi, Pelé, Garrincha, Bellini.

 E, na volta ao Brasil via Paris, o destino fez com que ele assistisse à gravação do LP “Vaughan & Violins”, de Sarah Vaughan — de dentro do estúdio! Há fotos.

Ah, sim, a carta de Billie. Pouco antes de morrer, em 2015, Cravinho vendeu seus discos para os americanos. Esqueceu-se e lá se foi a carta dentro do disco.