Petrobras quer discutir aspectos técnicos, porém Marina não aceita abrir o debate

Lula defende perfuração na Bacia da Foz do Amazonas - YouTube

A pesquisa será feita muito distante da foz do Amazonas

Julia Duailibi
g1 Brasília

Após a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, dizer nesta quarta-feira (23) que “não existe conciliação para questões técnicas”, referindo-se à discussão sobre a possibilidade de exploração pela Petrobras da bacia da Foz do Amazonas, o presidente da companhia, Jean Paul Prates, disse ao blog que “licenciamento ambiental é sempre uma questão técnica”.

Em vídeo gravado por ele e enviado com exclusividade ao blog, Prates comenta: “A questão dos licenciamentos ambientais é sempre uma questão técnica. Pode ser de técnica jurídica, legislativa, econômica, operacional ou ambiental. Portanto, o licenciamento é sempre técnico”.

SEM ACORDO – Durante audiência na Comissão de Meio Ambiente do Senado nesta quarta, Marina Silva afirmou que aspectos técnicos apontados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) não podem ser negociados em um acordo.

“Não existe conciliação para questões técnicas, não tenho como dizer diferente, porque não posso colocar numa rodada de conciliação a Anvisa, para decidir, por decisão administrativa, o que for, se aquele remédio é tóxico ou não. A mesma coisa são os processos técnicos de licenciamento do Ibama”, declarou a ministra.

Na terça-feira (22), o Ministério de Minas e Energia, que defende a exploração na localidade, divulgou parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o tema. No documento, a AGU sugere que entraves levantados pelo Ibama para a exploração da área sejam levados à Câmara de Mediação e de Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF), com a possibilidade de um acordo.

PENDÊNCIA JURÍDICA – Prates afirmou ao blog que, nesse caso, havia uma pendência de interpretação jurídica sobre a necessidade de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) de toda a área, que inclui o poço e o bloco exploratório na Foz do Amazonas. “Portanto, uma decisão técnica, um parecer técnico e jurídico interpretou que essa AAAS não é necessária”.

A citada AAASé um estudo contratado pelo governo federal para analisar o impacto socioambiental da exploração de petróleo em uma determinada região antes da concessão de áreas em leilão.

“Agora, vamos partir para outra dimensão, também técnica, que é o licenciamento específico desse poço nessa locação, com essas condições e com as condicionantes que o Ibama impuser à Petrobras, que serão integralmente seguidas”, disse Prates.

LICENCIAMENTO – O presidente da Petrobras reiterou que “quaisquer condições colocadas pelo Ibama para este licenciamento, que sabemos que é numa área sensível, que levantou uma celeuma pública muito importante, será seguido pela Petrobras.”

“Há uma dimensão política que é dos estados, do Estado brasileiro e dos municípios que querem saber se essa potencial riqueza será explorada de fato e como ela será explorada. Se em detrimento deles ou em favor da transição energética e da preservação ambiental da Amazônia”, acrescentou.

Em maio, quando negou pedido da Petrobras para fazer perfurações na área, o Ibama apresentou três argumentos principais: ausência de uma AAAS para a bacia da Foz do Amazonas, considerada necessária pelo Ibama; impacto sobre as comunidades indígenas; falhas no plano de proteção à fauna apresentado pela Petrobras.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A estatal pretende perfurar um mísero poço a cerca de 175 km da costa e a 500 km da foz do Rio Amazonas. O processo tramita no órgão ambiental desde 2014, quando a área era operada pela petroleira britânica BP. Dois argumentos de Marina são ridículos, porque não há comunidades indígenas na costa do Amapá e também não há falhas no plano de proteção da fauna numa distância tão grande da foz. E ainda há quem admire e apoie essa falsa seringueira. (C.N.)

8 thoughts on “Petrobras quer discutir aspectos técnicos, porém Marina não aceita abrir o debate

  1. De que adianta licenciar essa área, a Petrobrás gastar rios de dinheiro com sísmica, poços exploratórios, poços de produção, sondas, plataformas e toda infra estrutura produtiva pra viabilizar esse aproveitamento, tudo para que o próximo patriota de araque entregue de bandeja pras petroleiras estrangeiras?

    • Pois é caro Rafael Santos,
      muitos falam das dívidas contraídas pela Petrobras, mas esquecem que grande parte das mesmas se deveram aos investimentos em perfurações para descoberta de novas jazidas.

      Os poços exploratórios só vão render em longo prazo. E custam uma fortuna.
      O mesmo se pode dizer de investimentos em refinarias (que vale em qualquer área). Investe-se hoje para colher dividendos no futuro.

      • Pois é, mas pra que investir os tubos em um projeto caro, arriscado e de longa maturação se pode simplesmente comprar por uma merreca do papai Estado, depois que ele assumir todo esse ônus?

        Aliás se o governo do patriota quis tanto abraçar o livre mercado, porque não venderam pra iniciativa privada as refinarias inacabadas da BR, como o Comperj e o segundo trem da RNEST? Só com a conclusão dessas duas, acabaríamos com o nosso déficit de derivados. Mas o legal mesmo é vender pros amiguinhos aquelas já prontas e amortizadas. Esse é o liberalismo tupiniquim.

  2. Marina concordou com o que a AGU colocou no caso dessa área.

    Ela não pode desautorizar simplesmente o seu corpo técnico nesse assunto, sob pena de perder qualquer respeito que os integrantes do seu Ministério tenham a ela.

    O que poderia exigir-se dela é que tome providências para que o processo do estudo técnico ao licenciamento seja agilizado, preferencialmente com um trabalho conjunto entre as partes (Meio Ambiente e Petrobras).

    Claro que há outros interessados, mas sua presença nas discussões podem ser irrelevantes e atrapalharem, por não possuírem os devidos requisitos técnicos.

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