No conflito Israel-Palestina, quem é treinado sente de longe um fedor de antissemitismo

A ifoi executada em técnica manual com lápis de cor sobre papel, em acabamento texturizado com marcas de ponta de lápis.  A imagem horizontal, proporção 17,5cm x 9,5cm, apresenta uma paisagem das construções da antiga Massada, no topo de uma montanha em meio a penhascos íngremes (em cor azul). Num primeiro plano, no canto direito inferior, 2 corvos estão em pé de perfil no topo de umas pedreiras (em cor verde). Ao fundo, montanhas de um imponente penhasco (em cor laranja) e uma revoada de corvos. O céu, ao fundo, é cor de rosa.

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

A Israel moderna nasceu do Holocausto e pode vir a perecer noutro massacre. Como seria o mundo dos judeus sem Israel? Esta é a intenção do Hamas: a extinção de Israel. Façamos um exercício de imaginação irônica. As forças democráticas da resistência palestina, Hamas e Hizbullah, venceram a guerra e ocorre a ocupação.

A Palestina, agora livre do colonialismo judeu, poderá se tornar uma bela democracia sob a batuta do Hamas. A lei islâmica imperará sob a terra, antes ocupada por sionistas racistas.

MUITAS MUDANÇAS – Bolsas de estudo seriam dadas aos muitos defensores da resistência anticolonialista. Membros do PSOL poderiam mandar seus militantes LGBTQIA+ estudarem a lei islâmica, tal como o Hamas a entende —longe de ser a única interpretação entre os muçulmanos. Estou certo que o convívio seria o mais tolerante já visto na face da terra.

Todos os ocidentais que odiavam o extinto estado judeu poderão circular livremente pelas terras democráticas. Todas as religiões que consideravam o estado judeu terrorista poderão abrir seus templos e pregar sua fé para a população árabe, que seguramente teria liberdade para se converter ao que lhes agradar.

Mas, como fazer a gestão do extinto estado colonialista judeu e sua deplorável população? Haveria cota de pessoas a serem mortas? Estupros legítimos? As feministas antissionistas determinariam quais mulheres devem ser poupadas e quais devem ser castigadas?

AUTONOMIA FEMININA – Pessoalmente, entendo que o princípio da interseccionalidade deveria reger a assembleia, seguramente livre, e dar voz apenas as mulheres nesse assunto — claro que o Hamas concordaria com essa autonomia feminina —, já que apenas elas têm lugar de fala para decidir quem deve ser estuprada em nome de uma Palestina livre e quem merece cidadania na nova terra libertada.

O Hamas tomaria posse de toda a riqueza material e imaterial produzida pelos terroristas sionistas até então. Os jardins construídos em meio ao deserto seriam, agora, geridos por um governo amante da paz.

Mais idosos seriam eliminados em prol da população livre? O Hamas queimaria mais pessoas dentro de carros como fizeram no início da sua grande batalha anticolonialista, no último dia 7 de outubro?

DIREITOS ASSEGURADOS – Campos de prisioneiros judeus usufruiriam das práticas super-humanas típicas de grupos como o Estado Islâmico, o Talibã e o Hamas. Seguramente sinagogas seriam respeitadas e os judeus estariam livres para praticar seu culto.

Agora, de volta ao presente. Imagine alguém estuprando mães, matando filhos, arrastando pelas ruas mulheres mortas, colocando crianças em gaiolas. Agora eu pergunto: que tipo de gente é essa? Resistentes?

Que não me venham com argumentos de má-fé de que isso é resistência contra o colonialismo. Pouco importa o quanto se florear esse argumento, na base está a mesma coisa: antissemitismo. Esse fedor se sente de longe. E ele está se espalhando pelo mundo para quem tem olfato.

NADA DE NOVO – “Especialistas” no conflito israelo-palestino culpam as vítimas do massacre recente —israelenses— por terem sido massacrados. Nada de novo no front.

O antissemitismo em setores da esquerda é uma questão de princípio hermenêutico, desde Stalin. Enfim, o ódio prático do Hamas é um “ódio do bem” para quem gosta de ver judeu morto.

O conflito israelo-palestino é uma fratura espiritual na inteligência pública ocidental. Suas vísceras estão expostas depois desse ataque terrorista que começou no sábado retrasado.

MAIS EDUCADO – O velho antissemitismo volta às ruas, mas, dessa vez, comendo de garfo e faca, e se comportando dentro da etiqueta acadêmica. No fundo da alma, uma boca cheia de água de tanto gozo oculto.

Para entender um pouco a psicologia de um soldado de Israel agora você deve ter em mente que perder uma guerra para os árabes será sempre a extinção do estado judeu.

Eles lembram da história de Massada, quando a última resistência aos romanos, formada por centenas de soldados, cometeu suicídio na fortaleza de Massada, ao lado do Mar Morto. Todo soldado de Israel repete essa frase na sua formação: “Massada nunca mais”. É isso que vamos assistir na segurança de nossos lares e de nossos posts.

11 thoughts on “No conflito Israel-Palestina, quem é treinado sente de longe um fedor de antissemitismo

  1. Bem, como ambos – muçulmanos e judeus – descendem de Sem, o articulista deve estar a se referir aos católicos, umbandistas, budistas, hindus etc

  2. Não ouso contestar uma única vírgula no artigo do Pondé;
    Vou publicar na minha pagina do Face com os créditos para a Tribuna da Internet.
    Aplauso para o editor em veicular esse artigo que certamente vai desagradar a muitos convertidos.
    Agora senti valer o sob o signos de liberdade.

  3. Peguei na Wikipédia:
    Aos muçulmanos é ensinado que Deus lhes enviou outros livros. Para além do Alcorão, os outros são o livro de Abraão (que se perdeu), a lei de Moisés (a Torá), os Salmos de David (o Zabûr) e o evangelho de Jesus (o Injil). O Alcorão descreve cristãos e Judeus como “povos do Livro” (ahl al Kitâb).

    Os ensinamentos do Islão englobam muitas das mesmas personagens do judaísmo e do cristianismo. Personagens bíblicas bem conhecidas como Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Maria (a mãe de Jesus) e João Batista são mencionados no Alcorão como profetas do Islão. No entanto, os muçulmanos frequentemente se referem a eles por nomes em língua árabe, o que pode criar a ilusão de que se trata de pessoas diferentes (exemplos: Iblis para Diabo, Ibraim para Abraão, etc).

    O estudioso iraquiano e tradutor do Alcorão N.J. Dawood interpretou a relação entre Imran e Maryam no Alcorão como uma transmissão confusa da teologia judaico-cristã (confusão de tempo e pessoas na Surah al-i Imran).[17]

    A crença no dia do julgamento (ver: escatologia) e na vida após a morte (Akhirah) também fazem parte da teologia islâmica.

  4. Prometi não ser tão venenoso nos meus comentários ao amigo Nélio sobre esse conflito, mas assim é difícil.

    – Texto cheio de vitimismo e coitadismo não traz nenhuma proposta de solução, só sensibilizou a ala direitista lambe botas dos EUA e dos evanjegues “viva Israel”.

    – Inventou um monte de “e se” de multiverso pra argumentar, ainda mais que esse “e se” já existiu no passado nessa mesma região e pasme, ambos os povos viviam em paz até a chegada da Inglaterra. Filósofo medíocre que desconhece a historia ou é só mau caráter mesmo.

    – O genocídio que Israel vem praticando aos palestinos a décadas, que vão definhando por falta de agua, comida e energia, ou estraçalhado nos escombros de prédios demolidos aleatoriamente pelos israelenses não é menos importante que os atos execráveis que o Hamas pratica contra inocentes no lado de Israel. A menos que o filosofo pense que campo de concentração só é ruim quando tem judeu na brasa, mas quando é palestino em pleno século 21 tá de boa.

    – O Hamas existe graças ao apoio de Israel.

    • Certo caro Rafael,
      ia comentar algo parecido. Esse Pondé, não propõe nada, mas deixa nas entrelinhas que o bom é exterminar os muçulmanos, sob o pretexto de que quem é contra o massacre de palestinos é antissemita.

      Ora, o Hamas, que teve apoio de Israel para ser um contraponto à OLP, merece ser condenado por ser um grupo terrorista.

      Mas daí a admitir qualquer coisa para justificar seu extermínio é coisa de gente perversa.

      Esse autor usa os mesmos argumentos de quem apoiou as bombas jogadas em Hiroshima e Nagasaki de forma dissimulada..

  5. É inacreditável como a mídia brasileira é descaradamente antissemita, a máscara caiu de vez. E a esquerda brasileira também, tem um verdadeiro horror aos judeus e ao estado de Israel. Felizmente não me informo pela televisão, com a mídia descentralizada e distribuída só não se informa livremente quem não quer. E os blogs estão aí para todos os gostos, escolho os que mais me interessam e se identificam com o meu jeito de ver as coisas.

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