Centrão e PT atacam Haddad, sem lembrar que, se a economia afundar, estão perdidos

Haddad sofre com pressões do PT de um lado e jogo duro de outro para fazer valer política fiscal do governo Lula

Lula diz que apoia Haddad, mas será que apoia mesmo?

Eliane Cantanhêde
Estadão

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está entre dois fogos cruzados: de um lado, o Centrão faz jogo duro com a pauta econômica e, de outro, o PT e seus pontas de lança no governo não param de criar caso. Durma-se com um barulho desses!

O pior é que o problema não é só de Haddad, mas do próprio governo, do presidente Lula e do Brasil. Se a economia afundar, vão todos afundar juntos, um por um. E não tem reeleição em 2026.

PAUTA TRAVADA – Faltam poucos dias para o início do recesso parlamentar, mas a Câmara e o Senado travaram a pauta e, até agora, nada de reforma tributária, taxação de Offshore, fundos especiais e apostas esportivas, além da MP para retomar a tributação de empresas que têm benefícios com ICMS.

Sem saber como ficam as receitas, é impossível fechar o Orçamento de 2024. A previsão da Fazenda é de um reforço de arrecadação de R$ 47 bilhões, mas…

Presidente da Câmara, Arthur Lira tem a pauta na mão e decide, de acordo com seu humor, a liberação de emendas e a distribuição de cargos. Ultimamente, anda de mau humor, depois de Lula dizer em Dubai que não entrega a pauta verde para o Congresso porque seria a raposa cuidando do galinheiro. E mais: o Centrão já ganhou a presidência da CEF, mas Lira quer também diretorias e secretarias. E mais ainda: seu arqui-inimigo alagoano, Renan Calheiros, está criando a CPI sobre o desastre ambiental de Maceió.

ALCOLUMBRE COBRA – Já Davi Alcolumbre, ex e futuro presidente do Senado, cobra a sua parte em emendas na veia, ou melhor, no seu Estado. E o governo paga, docemente constrangido. Segundo o Estadão, nos três dias seguintes ao anúncio das sabatinas de Flávio Dino para o STF e Paulo Gonet para a PGR, foram liberados R$ 73,9 milhões para o Amapá. Quanto custará a aprovação da pauta econômica?

Quando se pergunta na Fazenda o quanto é difícil negociar com o Centrão, a resposta é um misto de verdade, ironia e provocação: “Centrão? Que nada! Isso é moleza, duro mesmo é enfrentar a Gleisi (Hoffmann) e o PT”.

E esse enfrentamento tem sido frequente desde o início do terceiro mandato de Lula: teto de gastos, arcabouço fiscal, reoneração dos combustíveis e o fim da isenção para importações de varejistas asiáticas. E o mais novo embate foi iniciado pelo próprio Lula, que desdenhou do déficit zero para 2024 e jogou seu ministro da Fazenda na fogueira.

“FOGO AMIGO” – O PT torce o nariz para o Centrão, o aliado de direita, incômodo, exigente e caro, mas sua pressão sobre o governo e Haddad não chega a ser muito diferente. Para Gleisi, o controle do déficit impede o crescimento e o Brasil precisa de “um estado que gasta”.

Para o deputado Lindbergh Faria, no X, ex-Twitter, “Qual o problema de termos um déficit em 2024 para garantir investimentos e renda e impulsionar o CRESCIMENTO, SIM, da economia?”.

Mas quem de fato abriu o jogo foi o líder do governo na Câmara, o igualmente petista José Guimarães: “Se tiver que fazer déficit, nós vamos ter que fazer. Porque, senão, a gente não ganha eleição em 2024″. Leia-se: a defesa enfática do “um pouco de déficit não faz mal” não é exatamente para garantir um PIB maior, o desenvolvimento do País, emprego, renda, obras e bem-estar, é apenas uma questão eleitoral.

ENFRAQUECENDO – O PT, que tem a Presidência da República pela terceira vez, comanda apenas 227 cidades, em 10º lugar no ranking de prefeituras. Logo, quer usar o governo, os recursos federais e os gastos para melhorar a posição.

Com um Centrão desses e um PT desses, Haddad não precisa de adversários nem inimigos. E de que lado está o presidente Lula, que tem de arbitrar essa guerra? Até aqui, tem apoiado Haddad e é melhor que continue assim. Se o horizonte do PT é a eleição municipal de 2024, o de Lula é mais ambicioso: a presidencial de 2026. O professor Haddad ensina:

“Não é verdade que déficit faz crescer. De dez anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu”. Com déficit e sem crescimento da economia, não tem reeleição.

5 thoughts on “Centrão e PT atacam Haddad, sem lembrar que, se a economia afundar, estão perdidos

  1. Certo. O equilíbrio fiscal é fundamental. Seria bom que todos tivessem isso em mente. Claro que esse equilíbrio, e parece que aí reside a questão, deveria ser buscado em outras fontes que não as de sempre. A reforma tributária tenta isso, porém foi tão depredada que já nem sei.

  2. Não há dúvida que a economia será uma vaca que vai para o brejo.

    Basta lembrar que o Bob Fields sai agora na metade do ano. Sinal de que as Porteiras serão abertas, no melhor estilo de Rousseff. Aguardem, mas por cautela já comprem a passagem para cair fora.

  3. Fazer o diabo para ganhar a eleição é o mesmo que levar a vaca para o brejo com ordenhador e tudo.
    Vaca atolada no brejo não elege ninguém e Bolsonaro está aí mesmo para levar a culpa de tudo, ele, Milei, Netanyahu e Trump vão ser acusados do Waterloo do Napoleão de Hospício de nove dedos.

  4. O “PROBREMA” LULA, é que, sob a égide do continuísmo da mesmice da situação e da oposição, não obstante o já super endividamento, a super carga tributária, a super herança maldita, a super massa falida, o super FEBEAPÁ, a super desesperança…, o país não cresce mas apenas incha, principalmente de muita coisa que não presta, negativa (que o diga o Gov. do Rio, Cláudio Castro), e inchaço não é crescimento virtuoso mas isto sim apenas doença. Aliás, no caso do Brasil, doença grave que segue adoecendo o conjunto da sociedade e pedindo, pelo amor de Deus, a intervenção de um super médico, que atende pelo nome de Estadista Nato, com o diagnóstico certo, e remédio certo, na dose certa, capaz de resolver a doença, com o megaprojeto próprio, novo e alternativo de política e de nação, até porque basta dessa “estória” de endividamento compulsivo e incontrolável do estado que, na real, no frigir dos ovos, não resolve coisa alguma, pelo contrário apenas agrava ainda mais a doença, que só será resolvida com mudanças de verdade, sérias, estruturais e profundas, ainda que contra os interesses dos eternos achacadores do erário, sempre de plantão, que recebem a notícia de endividamento com música para os seus ouvidos e colírio alucinógenos para os seus olhos, à moda sapos na lagoa interpretando a sinfonia da chegada da chuva, mal-acostumados a ficarem com todos os bônus para eles e legarem os ônus para as novas, próximas e futuras gerações. https://www.brasil247.com/economia/se-for-necessario-fazer-endividamento-para-crescer-qual-o-problema-questiona-lula?fbclid=IwAR3HtgddnViX1ewXVoVfGb4Qfo7tjCTNHg3aElH5HM74AKLjkqVVJR_AntA

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