No banco dos réus do Supremo, Collor é fenômeno de sobrevivência política

STF condena Fernando Collor a 8 anos e 10 meses de prisão em regime fechado  - Brasil 247

Collor consegue fugir da cadeia antes mesmo de ser preso

José Casado
Veja

O ex-presidente Fernando Collor confirmou no fim de semana de Carnaval que é mesmo um fenômeno de sobrevivência política no banco dos réus do Supremo Tribunal Federal. Ganhou mais 90 dias longe da prisão, no mínimo. É fato relevante para alguém que o Supremo condenou por corrupção a oito anos e dez meses de cadeia, o equivalente a 3.220 dias de cárcere.

A sentença é de maio do ano passado. Collor recorreu, alegou omissões, contradições e erros do tribunal no cálculo da pena. Pediu para ser reduzida a quatro anos, ou 1.460 dias de prisão.

PEDIDO DE VISTA – Com a requisição de Toffoli para análise, o ex-presidente ganhou fôlego até maio. Três meses é o prazo estabelecido no regimento do STF para que um juiz examine e devolva o processo. 

O julgamento havia começado com o voto de Alexandre de Moraes pela rejeição do recurso e manutenção da sentença. Collor foi condenado por crimes cometidos no mandato de senador, entre 2009 e 2014, quando Lula e Dilma Rousseff o reconheceram como aliado de ocasião no Senado.

Em troca de apoio parlamentar, deram-lhe uma fatia da direção do grupo Petrobras, com poder de decisão sobre contratos de construção de bases de distribuição de combustível na Baixada Fluminense e em áreas remotas da Amazônia.

EXCESSO DE PROVAS – O processo contém excesso de provas, decisivas para a sentença. Foram rastreadas 369 operações de lavagem de dinheiro em contas bancárias pessoais e empresariais. Ficou comprovado que o ex-presidente, quando senador, recebeu 20 milhões de reais (atualmente, 40,2 milhões) no espaço de 36 meses em subornos para facilitar negócios obscuros de empreiteiros com o grupo Petrobras.

Existiam indícios de corrupção em escala mais ampla, com trânsito de dinheiro por casas bancárias de Hong Kong, por exemplo. No entanto, a investigação ficou restrita à praça financeira nacional.

Collor é um político sobrevivente no banco dos réus do STF há 31 anos. Em 1989 venceu Lula, na primeira eleição com voto direto para presidente desde a ditadura. Foi deposto por impeachment, declarado inelegível e acusado de corrupção pelo Congresso em 1992. O STF arquivou o caso da usina de negociatas durante o breve governo (1990-1992).

CRIMES PRESCRITOS – Na virada do milênio, um outro processo por falcatruas em contratos públicos começou a tramitar no Supremo. Só foi a julgamento em 2014, quando ele era senador pelo PTB, com direito a foro privilegiado. Os juízes constataram que os crimes estavam prescritos, sem chance de punição efetiva.

Nessa época, ele já estava sob investigação por corrupção na Petrobras. Quase uma década depois, em maio do ano passado, recebeu a sentença de oito anos e dez meses de prisão, agora contestada.

Collor é prova eloquente da vitalidade dos arranjos reinventados a cada ciclo eleitoral para perpetuação da rede de interesses políticos na partilha privada de bens públicos. Foi revigorado nas últimas duas décadas a partir da opção preferencial de Lula e Dilma pela gerência do atraso como tática de “governabilidade”. O Judiciário fez o restante.

MUITAS IMPLICAÇÕES – Mandá-lo à prisão tem múltiplas implicações. De novo, o Supremo enfrenta o dilema sobre o que fazer com um ex-presidente condenado à prisão.

No caso de Lula, falhas técnicas nos processos ampararam a anulação das acusações, com a consequente reabilitação política dando-lhe a chance de conquistar o terceiro mandato presidencial.

Nesse novo caso Collor, a decisão do Supremo poderá orientar o rumo dos processos contra outro ex-presidente encrencado – Jair Bolsonaro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Pessoalmente, não vejo motivo para prender Collor. Como se sabe, Lula, Dirceu, Palocci, Vaccari, Maluf, Cabral, Temer, Cunha, Genoino e tantos mais estão soltos. Qual a diferença deles para Collor? (C.N.)

10 thoughts on “No banco dos réus do Supremo, Collor é fenômeno de sobrevivência política

  1. Em Brasília e no Judiciário tem tanto ladrão … quantos seriam apontados como honesto nesse grupo? Uns 20%, talvez mais, talvez menos? O que é um flato para quem ja está sujo, deixa o Collor viver a vida dele.

  2. Passando agora na TV “O homem que sabia demais” (que não posso colocar no idioma original porque, além do risco de traduzirem como “o homem que conhecia tomate”, vão me acusar de anglicismo). Collor é um destes homens.

  3. Collor cometeu o maior dos crimes no Brasil, tentou reduzir o tamanho do Estado brasileiro.

    Pior do que qualquer corrupção, pior do que projetos econômicos malucos, pior do que sequestrar a poupança das pessoas… o crime máximo no Brasil, inafiançável, inaceitável, sem defesas é tentar reduzir o Estado brasileiro.

  4. Não sr. Walsh , o maior crime que o ex-presidente Fernando Collor cometeu , foi ” confiscar , tomar e se apropriar ” , dos recursos ” dinheiro ” das cadernetas de poupanças de milhões de Brasileiros , com o agravante de que permitiu que os banqueiros se apropriassem/roubassem do dinheiro do ” Fundo de garantia por tempo de serviço – FGTS ” , que até hoje não foi devolvido , sendo que ele avisou através de sua então ministra da fazenda Zélia Cardoso de Melo , a seus amigo que iria fazer esse confisco do dinheiro da população , que tirassem seus recursos dos bancos .

  5. Sr. Newton

    È liquido e certo..

    O dinheiro vai se perder em um momento..

    Não tem jeito, o Universo se encarrega, como se dizia antigamente..

    Herdeiros pedem fim de sociedade com Collor para fugir de dívidas; entenda

    Família do ex-presidente é dona de um conglomerado de comunicação em Alagoas

    https://www.terra.com.br/economia/herdeiros-pedem-fim-de-sociedade-com-collor-para-fugir-de-dividas-entenda,572fff9dd806542c7117f5872061a3a6cv8hnb9c.html?utm_source=clipboard

    Grande Abraço

    *Temperaturas cairam de repente na cidade do Tucanistão

    Chuvas e temperaturas abaixo de 20o.

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