Bolsonaro encara enormes obstáculos na defesa técnica e na defesa política

Bolsonaro reage a cerco judicial em meio a rumores de sua prisão

Bolsonaro simplesmente alega que o golpe não aconteceu

William Waack
Estadão

É altíssima a probabilidade de Jair Bolsonaro ter a prisão decretada em futuro não distante. As duas linhas de defesa – técnica e política – enfrentam barreiras formidáveis, e o principal problema é ele mesmo.

A defesa “técnica” acha que os inquéritos da Polícia Federal contêm erros de origem, como afirmar que a falsificação de cartões de vacina seria passo rumo ao golpe de Estado. Mas os investigadores apresentaram, no caso específico dos cartões de vacinação, um conjunto bem detalhado que vai dar trabalho à sua equipe de criminalistas.

CONJUNTO DA OBRA – Ainda no âmbito “técnico” da acusação de tentativa de golpe de Estado, a defesa enfrenta depoimentos contundentes de ex-comandantes nas Forças Armadas que falaram como testemunhas – pesa mais do que delações. Supõe-se que a PGR montará uma peça única de denúncia, compondo com os tais cinco eixos de atuação dos investigadores esse “conjunto da obra” que vai de joias e vacinas a golpe de Estado.

O lado “político” da defesa é igualmente complicado. Ela trata obviamente de consolidar a versão de que tudo não passaria de uma perseguição judicial movida pelos mesmos tribunais superiores que o impediram de governar e favoreceram Lula. Essa versão não parece ter conquistado muito mais gente além do núcleo duro do bolsonarismo.

TESE DA PERSEGUIÇÃO – A defesa “política” ensaia repetir exemplos históricos nos quais personagens políticos transformaram os tribunais que os julgavam em grandes plataformas de propagação de suas ideias, afirmando-se como profetas perseguidos. Para desempenhar esse papel, falta a Bolsonaro principalmente a capacidade de formulação de um discurso razoavelmente coerente.

Pergunta óbvia é saber se uma provável prisão de Bolsonaro “engrandece” o personagem ou, ao contrário, o diminui como influente figura política. A resposta a essa questão especulativa depende em grande medida das investigações em curso – quanto mais politizadas, mais rápida a desmoralização delas, e uma “salvação” de Bolsonaro.

INCOMPETÊNCIA – O problema para a defesa técnica é a notória incompetência e amadorismo de Bolsonaro, que espalhou rastros.

Diante dos elementos que se acumulam, o próprio ex-presidente parece dirigir as esperanças de seus seguidores para um outro tipo de esperança, que tem contornos de autoengano.

Se Lula foi condenado em três instâncias e o STF o devolveu ao Planalto, seria razoável acreditar, nessa versão, que uma virada de maré no ambiente político proporcionaria a um eventual condenado Bolsonaro destino similar, em nome de “pacificação” ou o que seja. Mas essa maré não parece estar surgindo.

6 thoughts on “Bolsonaro encara enormes obstáculos na defesa técnica e na defesa política

  1. O que disse o coronel Cid Filho a Polícia Federal e o que o Con$órcio macabro diz que ele disse, são totalmente diferente.

    A verdade sempre aparece e a mentira também!

    Em áudios, Mauro Cid ataca PF e Moraes
    Cid afirmou que agentes da PF ficaram “desconcertados” quando ele mencionou suposta reunião de Moraes e Bolsonaro
    https://oantagonista.com.br/brasil/em-audios-mauro-cid-ataca-pf-e-moraes/

    Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid atacou a Polícia Federal (PF) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em mensagens de áudio sobre a condução de investigações que miram o ex-presidente.

    Cid, preso em maio, já prestou seis depoimentos à PF.

    Ele é alvo de investigações em três casos: trama golpista, joias sauditas e falsificação de cartões de vacina, esta última sendo o motivo para a sua prisão preventiva.

    Em setembro, o STF homologou um acordo de delação premiada com tenente-coronel, que passou a cumprir a prisão preventiva em liberdade provisória.

    Nos áudios, vazados de reportagem da revista Veja na noite desta quinta-feira, 21 de março, Cid acusou a PF de pressioná-lo a responder “coisa que eu não sei, que não aconteceu”.

    “Eles [os policiais] queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu… Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, afirmou o tenente-coronel em uma das mensagens.

    “Eu vou dizer o que eu senti: já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar, e eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem”, acrescentou em outro áudio.

    A Veja não revelou o interlocutor de nenhuma das mensagens.

    Em outra declaração, Cid atacou Moraes. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, disse o tenente coronel.

    Suposto encontro de Moraes
    A declaração mais concreta de Cid nos áudios vazados envolve um suposto trecho de seu depoimento à PF que teria sido retirado do relatório da corporação e envolveria uma suposta reunião entre Moraes e Bolsonaro em uma casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI).

    “Para mostrar ao interlocutor que haveria uma filtragem das informações que são oficializadas pela PF, Cid fala de um suposto encontro entre o ministro e Jair Bolsonaro, que não ficou registrado nos seus depoimentos”, diz a reportagem.

    No áudio em questão, Cid afirma: “Quando eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles [agentes da PF] ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale? Não vou botar no papel, porque vou me f*. Mas o presidente [Bolsonaro] se encontrou secretamente com Alexandre de Moraes na casa do Ciro Nogueira. E aí?’.”

  2. Em reunião ministerial nesta segunda-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou pela primeira vez sobre os depoimentos dos ex-comandantes do Exército à Polícia Federal (PF) e afirmou que Jair Bolsonaro não teve coragem para executar o Golpe de Estado.

    “Não teve golpe não só porque algumas pessoas que estavam no comando das Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do presidente, mas também porque o presidente é um covardão“, disse.

    O larápio deveria desmentir isso em 48h porque está negando tudo o que o STF pretende. Como não usou ex-presidente, pode estar falando de si.

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