Com a morte de Ziraldo, a memória do Pasquim vai se esvaindo no tempo

Além de “O Menino Maluquinho“, relembre principais obras de Ziraldo | CNN Brasil

Um artista multimídia, que sobressaía pela inteligência

Carlos Newton

Restam poucos. Os fundadores do Pasquim, que revolucionou a imprensa brasileira, foram Tarso de Castro, seu primeiro editor, ao lado de Jaguar, Sérgio Cabral, Carlos Prosperi, Claudius, Carlos Magaldi e Murilo Reis. E houve a imediata adesão de Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Luís Carlos Maciel, Newton Carlos, Fortuna, Redi, Nani, entre tantos outros.

Com a morte do genial Ziraldo, que era um intelectual multimídia, como cartunista, chargista, escritor, pintor, dramaturgo, cronista, apresentador e humorista, criador do Menino Maluquinho (1980), autor do clássico Flicts (1969) e mais e mais, já se contam nos dedos os sobreviventes.

INTELIGÊNCIA E BRILHO – Quando comecei a escrever no Pasquim, dirigido por Jaguar, muitos deles já tinham saído, como Ziraldo. Só vim a conhecê-lo depois, quando se tornou apresentador de programas na TVE. Sua inteligência e seu brilho eram impressionantes. Junto com Fernando Pamplona, Ziraldo iluminava nossas noitadas no bar Sal & Cebolinha. Bons tempos. A gente era feliz e não sabia.

Bem, o humor brasileiro também regrediu muito, e está faltando renovação. A gente fica com saudades de Chico Anysio, Jô Soares, Oscarito, Grande Otelo e da galera do Casseta & Planeta, entre outros. Deve ser porque hoje temos poucos motivos para dar risadas.

12 thoughts on “Com a morte de Ziraldo, a memória do Pasquim vai se esvaindo no tempo

  1. Foi um expoente em tudo que tocou. Tudo tem um fim, nada é eterno. Hoje esse País, ficou mais pobre em criatividade com a morte do Ziraldo

  2. A comissão do Ministério da Justiça decidiu, na sexta-feira (4/4/2008), indenizar os cartunistas pela repressão sofrida durante a ditadura militar. Jaguar receberá uma pensão mensal de R$ 4.375,88 e uma bolada retroativa de pouco mais de R$ 1 milhão. Ziraldo terá direito ao mesmo valor mensal, mais R$ 1 milhão. Ao todo, 104 processos de jornalistas foram mapeados e considerados como prioridades legais. Do total, a comissão concluiu que 54 já poderiam ser julgados.

    Os dois cartunistas, fundadores do Pasquim e colaboradores de diversos veículos da imprensa brasileira nos últimos 40 anos, foram indenizados com o argumento de que foram vítimas da opressão do Estado na ditadura militar (1964-1985)

    Para que se tenha idéia do tamanho do desconforto que essa decisão da
    Comissão de Anistia do Ministério da Justiça causou, vale registrar o que escreveu o repórter Paulo Moreira Leite, do jornal O Estado de S.Paulo, em seu blog no portal IG. “Jornalista como Ziraldo, adversário do regime como
    Ziraldo, Vladimir Herzog foi preso, massacrado pela tortura e assassinado. Sua família teve direito a uma indenização de R$ 120 mil. (…) Ziraldo esteve preso, sofreu perseguições e perdeu empregos em diversas oportunidades,
    em função de sua atividade política. A indenização de Ziraldo é 800% maior.”

    Fico com Millor Fernandes: “Eu pensava que eles estavam defendendo uma ideologia, mas estavam fazendo um investimento”

    • Amigo Carlos Pereira, eu também achei errado Ziraldo e Jaguar receberem a indenização, até porque eles não sofreram quase nada.

      Na época, o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Paulo Rodrigues (filho adulterino de Nelson Rodrigues), me ofereceu encaminhar a indenização, junto com as de Ziraldo, Jaguar e outros, mas eu recusei.

      Depois disso, posso dizer que Ziraldo e Jaguar nunca mais foram os mesmos. Parece que isso bateu na consciência deles. É o que eu penso.

      CN

    • Boa, amigo Baptista. Essa valeu o dia, que foi muito triste para nós. Engraçado que Ziraldo tinha um jeito especial de se vestir. Mesmo no calor carioca, estava sempre de colete. Tinha mais de cem. E Fernando Pamplona também tinha uniforme. ele usava sempre camisas sociais de linho, de manga curta, impecavelmente engomadas e com um bolso, para ele levar o maço de Marlboro. E só usava cores claras. Ele era a própria iluminação.

      Abs.

      CN

  3. “Bem, o humor brasileiro também regrediu muito, e está faltando renovação. A gente fica com saudades de Chico Anysio, de Jô Soares, Oscarito, Grande Otelo e da galera do Casseta & Planeta, entre outros. Deve ser porque hoje temos poucos motivos para dar risadas.”
    Exatamente!

  4. Mesmo sem ser esquerdista eu lia o Pasquim, gostava da coluna do Fausto Wolff.
    Acho que foi o Paulo de Tarso que escreveu um artigo onde todo mundo era bicha.
    Sempre gostei de humor inteligente.
    Daquela turma meu favorito era o Millor
    Não era ideologia era investimento, matou a pau como se dizia antigamente.

  5. grande e inesquecivel tarso de castro. parabéns, newton, por recordar o valoroso Pasquim. faz falta. gostaria de ler texto do jaguar sobre ziraldo.

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