É difícil fazer humor se a realidade social deprime a inteligência perceptiva

Arte no nazismo: como a cultura foi usada para manipulação de massa – SOUL  ART

Durante o nazismo, não havia humor na Alemanha

Muniz Sodré
Folha

O comício do Bozo em Copacabana ofereceu ao menos um episódio marcante para o registro público dos fenômenos patéticos. Sem mais nem menos, em meio à babel de bravatas, um deputado federal passou a falar em inglês. Pretendia estar sendo ouvido por Elon Musk, entronizado no ato como o bilionário que resgatará a liberdade no planeta.

Uma escuta improvável: em órbita incerta, ele agora assedia australianos. Mas o episódio pode contribuir para reflexões de humoristas sobre as adversidades de se fazer humor hoje no país.

ELA É SURDA – É que o riso é sempre riso de um grupo num contexto psicossocial, sensível a um descompasso entre linguagem e realidade, um desencontro de códigos. No ensaio sobre o chiste e suas relações com o inconsciente, Freud conta o episódio do casamenteiro profissional a quem pedem para arranjar uma noiva.

Ela é então apresentada, mas o cliente reclama em voz baixa que não esperava uma mulher manca, careca e feia. Ao que o outro retruca: “Pode falar mais alto, ela é surda”.

O efeito cômico decorre de dois códigos de linguagem que não se encontram, passam mecanicamente um pelo outro.

Nesse automatismo, Henri Bergson enxerga o ponto de partida para a compreensão da comicidade (em “O Riso: ensaio sobre o significado do cômico”).

GESTO SOCIAL – Formas desajeitadas, desvios de padrão e de simetria, tanto em atuações como no discurso, são percebidos como mecanizações ou rigidez do fluxo vital capazes de suscitar o riso. Mas este não é um fenômeno redutível ao afeto, e sim à inteligência. O riso é um gesto social.

Censura à parte, o humor encontra dificuldades quando circunstâncias sociais deprimem a inteligência perceptiva. Ao que consta, não havia humor nazista. Hoje, na banalização protofascista que caracteriza a ultradireita, a linguagem não consegue tomar distância crítica da realidade.

A extravasão bruta de emoções excede a inteligência necessária ao senso comum para ponderar situações. Dialogar é tão inútil como jogar água no mar. E fazer humor é tarefa adversa numa realidade já grotescamente risível em si mesma.

FALTA DE CARÁTER – Os franceses sempre riram com o “con” (babaca). Georges Brassens cantava: “Ninguém destrona o rei dos cons”. Descobriu-se agora que o “connard” (mau caráter, escroto) predomina no individualismo de massa.

A diferença entre um e outro é que cons são apenas bobos, enquanto connards são perversamente conscientes e, embora dentro das leis, fazem parede meia com a psicopatia ofensiva. Elon Musk é um connard. Entre nós, fazem multidão, com “excelentíssimo” no cartão de visita.

Desafio para nossos humoristas: como fazer rir de figuras públicas das quais não mais se sabe se são casos de uma patologia epidêmica do caráter ou babacas empoderados.

7 thoughts on “É difícil fazer humor se a realidade social deprime a inteligência perceptiva

  1. Acho que para ser jornalista na Foice de São Paulo, a primeira qualidade é ser idiota. Por que assossiciar é falar de pessoas que apoiam o Bolsonaro com nazistas. Esse merda deve ter alguma deficiência. Pois, apoia um partido que é fiel escudeiro de ditaduras. Nessas ditaduras de esquerda liberdade é um palavrão, qyem ousa criticar vai para os gulags ou é assassinado. A única utilidade desse jornal, é que compro o que ficou encalhado para absorver o xixi, da cachorrinha que tenho em casa

  2. Rapaz esse vagabundo esse escroto vem com esse papo mole o que ele quer mesmo é defender a censura. Aliás esse país já está totalmente dominado. Os esquerdopatas conseguiram e fizeram do stf em minúsculas uma verdadeira pocilga. Esse escroto connard tu é um imbecil, deixa de ser imbecil. Tu com certeza tava lá no primeiro de maio em São Paulo aquela vergonha não estava vagabundo? Ah país vagabundo.

  3. Ver jornalista em pleno século 21 pedindo censura para o próprio povo..

    Os mesmos jornalistas que pediram a liberdade de expressão nos governos militares.

    O que 30 moedas não fazem com os bolsos desses jornalistas traíras covardes crápulas calhordas doentes psicopatas.
    Antes tarde do que mais tarde.

  4. Fui ver na rede quem é esse cara. Esta explicado por falar tanta asneira, e jornalista é sociólogo e trabalha na foice de São Paulo

    • Calma a velha mídia bandida corrupta maldita está agonizando e com os dias contados.

      Vou dar muita gargalhada 😆🤣🤣🤣 desses lixos.

      Muito jornalistas vão implorar por empregos

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